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NTRODUO
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Com o objetivo de assim caracteriz-la, na primeira parte, denominada Escritura,
procuramos identificar a performance como tal, de modo a v-la alm do
transbordamento da linguagem, reflexo da prpria crise da metafsica com suas
estruturas marcadas pela lgica opositiva hierarquizante e consequente desigualdade,
poder e dominao. Isso porque, a despeito da nossa eterna e desesperada tentativa de
conservar o que nos conhecido superando e contendo o caos, o desconhecido;
enquanto escrita, a performance no procura por refgio ou exilio num sentido de
origem fixa, garantidora de uma harmonia forjada, ao contrrio, se estabelece como o
prprio confronto com o outro, o diferente, o desconhecido, porque s assim vontade
de manter o desejo que a prpria diferena representa. Para isso, usamos como
estratgia refleti-la a partir da operao desconstrucionista que utiliza a prpria estrutura
para subvert-la.
Na segunda parte, denominada Autoperformance, procuramos tratar do sujeito
da performance num processo de narrativa do eu, a partir do seu carter de
descentramento, tendo como parmetro performances solos de carter autobiogrfico
que foram problematizadas a partir da ideia de crise do sujeito contemporneo. Com
esse objetivo trouxemos o conceito de autoficionalizao utilizado na literatura
contempornea para caracterizar a impossibilidade de empreender uma narrativa de si,
sem que seja por meio de uma auto fico. Como consequncia, a noo de identidade
do performer, da persona, do self, na autoperformance, perde seu carter de estabilidade
e passa a ser visto como identificao, como processo contnuo de construo, por seu
carter de fluxo.
Na terceira parte, denominada Emergncia, procuramos analisar como essa
escritura, que denominamos autoperformance, se configura como um sistema de
mltiplos textos interconectados que se auto organizam, sem a necessidade de um
referencial de comando. Com esse objetivo, partimos da ideia de que os textos do
performer se inter-relacionam com os do outro, como um hipertexto, deixando de ter
uma autoria determinada, comeo, meio ou fim. Relaes que se problematizam com o
uso de novos suportes, apontando novas formas de relaes, nas quais a estabilidade,
segurana ou completude trocada pela experienciao improvisada, porque no se d
por meio de nenhum referencial modelar.
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