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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construgao Civil ISSN 0103-9830 BT/PCC/92 Concreto Projetado: O Controle do Processo de Projegao Antonio Figueiredo Paulo Helene Sao Pauio - 1993 Opresente trabalho ¢ parte da dissertagao de mestrado apresentada pelo Eng? Antonio Domingues de Figueiredo, sob orientagda do Prof, Dr. Paulo Melene: “Cancreto projetado: fatores intervenien- tes no controle da qualidade do proceso”. AA integra da dissertagao encontra-se & disposi¢ao com 0 autor ena biblioteca de Engenharia Civil da Escola Politécnica/USP. Figueiredo, Antonio boningues de Conereto projetade: o controle do proceso de pro jJecda / A.D. de Figueiredo, .R.L, Helene. -- Sac Paulo : EPUSP, 1993, 34p. -- (Boletim Tecnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Conscrucdo Civil, BI/PCC/92) L.Conereto projetado 2.Materiais de construcio 1. Helene, Paulo Roberto do Lago t.tniversidade de Sao Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Construgao Civil 11T.Tfeulo IV. Série cpp 691.32 691 CONCRETO PROJETADO: © CONTROLE DO PROCESSO DE PROJEGAO Antonio D, Figueiredo Paulo Helene RESUMO Conereto projetado é aquele pneumaticamente transportado e projetado a alta velocidade, sobre uma superficie, sendo auto-compactado. Assim, denota-se que suas propriedades sao dependantes do processo de projegao utilizado. Desta forma, para se controlar a gualidade do material, é importante ter-se o conhecimento do seu processo de produgao (se por via seca ou umida, equipamentos e mao-de-obra, etc.) © das propriedades especificas do concreto projetado (como a reflexao, o desplacamento e a liberagdo de po¢ira ou névoa) e as respectivas formas de controle. Finalnente, para a obtengao de um material de boa qualidade, € fundamental seguir as recomendagdes para o controle do processo de projegdo como um todo. ABSTRACT Shotcrete is concrete pneumatically conveyed and projected at high speed onto a surface, compacting itself. Thus its properties depend on the shooting process. It is important to know the shooting process (wet or dry-mix process, equipaments and working crew, etc.), the specific properties of shotcrete (rebound, sloughing and dust generation) and respective mean of control. Finally, to obtain a good quality material, it is very important to follow the recommendations on all shotcreting process quality control. SUMARIO 1. INTRODUGAO 2. 0 PROCESSO DE PROJECAO . 2.1. PROCESSOS DE PROJEGAO DISPONIVEIS 2.2. BQUIPAMENTOS DE PROJECAO POR VIA SECA 2.2.1. Maquina de projegao 2.2.2. Sistema de alimentacao 2.2.3. Dosadores de aditivo 2.3, OPERACAO DO PROCESSO 2.3.1. Equipe de projecao 2.3.2. Operagdo da maquina de projecao 2.3.3. Cuidados com as mangueiras 13.4. Umidificagdo da mistura + PROPRIEDADES DO CONCRETO PROJETADO IMPORTANCIA E FORMA DE CONTROLE :_REFLEXAO 2. Dinamica da reflexao 2.1. Fatores que influenciam a reflexdo 12.2. Variagdo do traco em fungéo da reflexdo 3. Bfeito do processo de projecao 4. Oclusao da reflexdo 5. Controle da reflexao + DESPLACAMENTO - Causas dos desplacamentos : Controle do despiacamento através da consisténcia : POETRA E NEVOA Causas da produgao de poeira e névoa Controle da poeira e da névoa + HOMOGENEIDADE 1. Defeitos tipicos 1.1. Efeito de sombra 1.2. Laminagao 1.3, Inmperfeicoes superficiais 22. Variagao das propriedades 3. 3 3 3 ole 22. ontrole da homogeneidade a. Controle visual 2. Controle da pega e endurecimento 3. Controle da resisténcia a compresséo DERENCIA 1. Causas da falta de aderéncia +2. Controle da aderencia 4, A QUALIDADE DO PRODUTO 1. INTRODUCAO As definicédes sobre concreto projetado tém, come ponto en comum, 9 fato de serem uma descrigao Go processo de projegao. 0 "American Concrete Institute (ACI) Committee 506" no seu “Guide to Shotcrete"(+) define concreto projetado como “argamassa ou concreto pneumaticamente projetado a alta velocidade sobre uma superfici Neste caso tem-se uma definicdo mais sucinta e abrangente, pois insere a possibilidade de utilizar ou nado agregados graudos @ optar pelo processo de projecdo, se via seca ou umida. No Brasil a Associacdéo Brasileira de Normas, Técnicas (ABNT) através da Comissao de Estudos CE 18:306'?) fez uma boa Gefinicéo contemplando todos estes aspectos: "o concreto projetado ¢ um concreto com dimensao maxima do agregado Superior a 4,8 mm, transportado atraves de uma tubulagao e projetado, sob pressdo, a elevada velocidade, sobre uma superficie, sendo compactado simultaneamente". © que fica claro nestas definigoes de concreto projetado é a sua total interdependéncia com o processo de projecéo, o que constitui o enfoque principal deste trabalho. 2. 0 PROCESSO DE PROJECAO Como aierta o aci'!], "o sucesso da aplicagaéo do concreto projetado requer um equipamento com operacao e manutengao apropriada”. Portanto, ¢ fundamental o conhecimento do processo de projecao, para que se possa tirar o maximo Proveito do equipamento, o qual sera estudado neste item. 2.1. PROCESSOS DE PROJECAO DISPONIVEIS © processo de projecdo pode ser classificado segundo o tipo de equipamento utilizado. Ele define em que condigoes se ird trabalhar com o material, bem como as propriedades que ele iré apresentar. Assim, com os equipamentos disponiveis atualmente séo possiveis dois tipos basicos de processos de projegaéo: o via seca (dry mix) e o via umida (wet mix). © processo de projegaéo por via seca é assim chamado pelo fato do concreto ser levado a maquina de projecao seco. Neles uma mistura de agregados e cimento é conduzida por ar Comprimido através de um mangote até o bico de projecao, onde ¢ entéo adicionada a agua (Figura 1.). Existe uma grande possibilidade de variacao deste esquema basico, que aparece em linha cheia no diagrama da Figura 1. As variagées, apresentadas na figura através de jlinhas tracejadas, se concentram nas diferentes possibilidades de adicao de aditivos aceleradores ou da agua no processo. Existe una terceira denoninaggp, de processo de projecdo no Brasil chamada via semi-umida'?). Na verdade, este processo consiste num caso especial da via seca, pois se utiliza o mesmo equipamento modificando-se apenas o local de entrada de agua na mistura. Na chamada via semi-imida além da entrada de agua no bico se dispde de outra que ocorre a alguns metros antes do bico no mangote atraves de um anel prée-umidificador. Besta forma, neste trabalho dar-se-4 preferéncia pela utilizagao do termo pre-umidificagao para designar este procedimento. No caso dos cauipamentos de projegéo por via tmida, © concreto chega & bomba com toda a agua necessaria jd misturada, sendo o ar comprimido utilizado para acelerar a projecéo no bico e, em alguns casos, para pressurizacao de camaras da bomba de concreto ou mesmo para transporte da mistura umida pelo mangote. Na Figura 2, se encontra um Giagrama do esquema basico do processo de projegdo por via amida (em linha cheia) e algumas variantes do mesmo (em linha tracejada). Na Tabela 1. se encontra uma comparacao resumida dos dois processos. ‘GONCRETO PROMETADO EQUIPMENTS DE MiSTURA [ative Tames SPOASTIFICANTE muncore/ co FIGURA 2: Diagrama do processo de projegdo por via umida. TABEL Fatores ligados & projegao por via seca # umidal?), FATOR VIA SECA VIA UMIDA 1. EQUIPAMENTO | -nenor investimento total -manutengao simples e pouco fregiente -ficil operacadol® vmenos equipamentos | | no local de trabalho -menor desgaste de bico, nangueiras e | bomba para a mesma | produgao |;consumo de ar até | 60% menor 2.MISTURA ! 3.PRODUCAO E -na obra ou na usina -possibilidade de uti- lizagao de misturas pré-dosadas -desempenho alterado pela umidade da arcia -raramente ultrapassa -na usina e apurada -a umidade da areia nao interfere no | processo +2-10m7/h na projegao ALCANCE, os 5m7/h no campo. manual | -pode transportar ma- |.até 20m*/h na proje- terial a maiores dis-/ cao mecanizada-roba tancias 4-REFLEXAO | .15-40% para paredes | .baixa reflexdo que verticais +20-50% para o teto socorre formagdo de bolsées de material refletido -variagao do trago na estrutura por perda intensa de agregado pode ser menor que 10% nao ocorre formagao de bolsées de mate- rial refletido -peguena perda ae agregado 5. QUALIDADE -alta resisténcia de- vido ao baixo fator a/c -menor homogeneidade do material «depende da experién- cia da méo-de-obra maior dificuldade para obter grandes resisténcias (alto fator a/c) -naior honogeneidade na qualidade 6. VELOCIDADE, DE IMPACTO -maior com melhor ade~ sdo e facilidade de aplicagdo no teto -maior facilidade de compactagao do material -geralmente adequada para emprego en tu- neis e minas «material menos com- pacto, geralmente 7. ADITIVOS sem pd adicionados na betoneira ou antes da cuba de alimentacao -liquidos adicionados no bico de projegao -utiliza-se apenas os aditivos Viguidos TABELA,,1: Fatores ligados a projecdo por via seca e timidal4?. (continuagao). FATOR VIA SECA VIA UMIDA | j8-PORTRA & +grande producéo de }-muito pouca formagao NEVOA, poeiral de poeira -dificuidade de visua-|.melhor visibilidade lizacao do trabalho | .pode produzir nevoa -formagao de ambiente | de aditivo liquido insalubre em tineis | de alta alcalinidade (exige ventilacao) e@ téxica exigindo ventilacao 9.VERSATILI- |.pode ser utilizada | .pode ser utilizada | DADE | para jateamento de como sistema de bom- areia, projecao de beamento convencinal argamassa e materiais| de concreto | refratarios e { recobrimentos | 10.FLEXIBILI-|.facilidade de inter- |.exige planejamento DADE rupgdo com pouca ou | cuidadoso para mini- nenhuna perda de mizar perdas por in- material interrupgao do -ajustavel as condi- | trabalho goes da superficie |.apresenta dificulda- (em presenca de d4gua)| de de operacdo em superficie molhada (exige maiores teo- res de aditivos aceleradores) 2.2. EQUIPAMENTOS DE PROJEGAO POR VIA SECA Entende-se aqui como equipamento de projegao aquele composto pela maquina de projecdo © todos os acessérios necessarios Para a condugao do processo. Chama-se maquina de projecao a “bomba" de concreto projetado propriamente dita. 2.2.1. Maquina de projecao A maquina de projecéo via seca que é utilizada na quase totalidade das obras de tuneis e em grande parte das obras de recuperagdéo de estruturas e de revestimentos em geral 6 a de rotor de camaras (Figura 3.). Esta é a tinica maquina de projegdo de concreto via seca fabricada no Brasil pela ESTE Industrial e Comercial ttda(®). Neila a mistura seca 6 Jancada na cuba alimentadora onde é mantida em movimento pelos bracos rotativos de um agitador (Figura 3.). Da cuba alimentadora a wistura vai, por gravidade, para as camaras do rotor. No rotor a mistura faz um giro de 180°, chegando ao lado oposto da entrada, onde ¢ impulsionada por uma corrente de ar comprimido, descendo para o interior da tubulagaéo. Um outro jato de ar comprimido carreia a mistura através do mangote até o bico de projecao, no quat é entao adicionada a aqua. (A) REGISTROS DE AR MISTURA SECA (2) CUBA DE ALIMENTACKO. (C) ROTOR (D) MANGOTE (E) REGISTRO DE AGUA ENTRADA DE AR ENTRADA DE AGUA FIGURA 3: ESquema de funcionamento da mdquina de projecao com rotor de camaras. 2.2.2. Sistema de alimentacao A alimentagaéo da maquina de projecdo com a mistura seca pode ser feita de diversas formas, dependendo do equipamento disponivel para isto e mesmo do lay-out da obra. 0 que é importante notar é que este sistema deve proporcionar uma alimentagéo o mais continua possivel, para que se evite problemas de interrupgaéo das atividades do trabalho. Uma alternativa seria a utilizagéo de alimentadoras continuas, cuja justificativa basica seria a garantia de um fluxo constante de mistura seca, o gue possibilita uma dosagem controlada de aditivo, quando utilizado em ps. Alén disso, se obtém uma maior produtividade, poupando os operdarios de um trabalho extenuante, com reducéo das perdas de material. As alimentadoras continuas podem ter um sistema de carreamento do material provido de esteira rolante ou de rosca-sem-fim (Figura 4.). Outro tipo de alimentagéo continua, que pode ser executada quando o lay-out da obra assim o permite, é¢ a alimentacao direta da betoneira a maquina de projecdo através de dutos (Figura 5.}. Além de prdtica, este sistema garante o teor e a homogeneidade da mistura do aditivo acelerador de pega em pé, uma vez que sua dosagen pode ser feita diretamente na betoneira. outro sistema que poderia ser utilizados ¢ 0 chamado pre- bagging, ja empregado no Canadal’), que possibilita o emprego de microssilica e aditivo de maneira mais eficiente. Este sistema, consiste no fornecimento da mistura totalmente seca em sacos de 30kg ou em embalagens pldsticas de 1600kq. Como o processo de mistura é industrial, evita-se o problema da umidade responsdavel pelo fenémeno da pré-hidratagao, que seria agravado pela presenga dos aditivos. CORREIA OU ROSCA-SEM-PIM A aa __wsoussn ob provecRO il Tt == ZI | FIGURA 4: Esquema de alimentadora continua. BETONEIRA MXQUINA DE PROSECAO sscaatieads \ FIGURA 5: Esquema de alimentagao continua por conduto. 2.2.3. Dosadores de aditivo Este equipamento é de grande importancia na produgdo de concretos projetados com boa uniformidade. Compde-se basicamente de um veservatcrio e um dispositive de langamento do aditivo na esteira ou rosca-sem-fim da alimentadora, o qual pode ser de varios tipos. 2.3, OPERAGAO DO PROCESSO © conhecimento da operagéo do processo de projecao é fundamental para a obtengao de um concreto projetado de boa qualidade. Na projegao por via seca, a primeira pergunta que se deve fazer, e que é de importancia vital para o bom andamento do trabalho, é quem executara o servico? Assim é fundamental saber como a equipe de trabalho deve se organizar e, principalmente, como esta qualificada. A experiéncia profissional e a formacdo da mdo-de-obra é um requisito que Molinari j4 chamava a atencdo em 1948(8), @ vem sendo realcada ao longo do tempo. Isto se deve ao fato do mangoteiro sero responsdavel pelo controle da umidificagao do material, que 6é o principal fator determinante das propriedades do material e da variagdo destas. Além disso, © mangoteiro deverd receber em suas maos um fluxo constante de mistura seca (cimento mais agregados) para que a dosagem de agua, que é fornecida sempre numa vazao constante, ocorra de maneira simples e adequada garantindo a homogeneidade do material na estrutura. Crom(?) aponta como condigéo para se obter o desejado fluxo constante o fato de se possuir equipamento e material adequade e uma equipe bem treinada. Além disso, devem ser tomados alguns cuidados na aplicagdo para que o material que ficar na estrutura esteja homogéneo e isento de falhas. 2.3.1. Equipe de projegao!!) A equipe de projecdo é apontada pelo act‘) como o elemento mais importante para que se obtenha uma aplicacéo de concreto projetado bem sucedida. Uma equipe basica 6 composta por um encarregado, um mangoteiro, um assistente de mangoteiro, um operador de méquina de projegao, um operador de betoneira, ajudantes e um encarregado de acabamento, quando este servico é necessdrio. Estas funcées devem ser preenchidas de acordo com as necessidades especificas do trabalho, podendo caber mais de uma fungéo a uma unica pessoa ou ser atribuida a um grupo de pessoas. © encarregado de projegao tem a funcdo de pianejar ¢ organizar o trabalho da equipe, manter as condicées de seguranca ¢ monitorar os procedimentos de controle de qualidade. Ele ¢ © responsdvel pelas condigées de funcionamento e manutencdo do equipamento, como a regulagem Go dosador de aditivos por exemple, e¢ pela motivacao e fiscalizagao do trabalho de toda a equipe. Por isso ele é normalmente wn mangoteiro veterano, capaz de desempenhar qualquer tarefa dentro da equipe. © mangoteiro tem um papel chave em todo © processo. Ele é o responsavel pela aplicagéo do material e, aiém de controlar a quantidade de 4gua adicionada ao material, garante que o fluxe de ar estd ocorrendo de maneira uniforme e na vazao © pressao adequadas para a boa compactacdo. £ o primeiro a perceber a ocorréncia de problemas e, portanto, encarregado de transmitir ao restante do grupo as informagées e pedidos necessarios a manutengdo das boas condicées de operacdo. Isso traz & tona o problema da comunicacao, normalmente executada por gestos, que em certas condigées pode se tornar dificil, principalmente quando o material é transportado a grandes’ distancias ©, 9g, condigoes de visualizagdo se tornam mais dificeis. ryan(t0) “apontou uma série de gestos que podem ser utilizados pelo mangoteiro para expressar informagées importantes (Figura 6.)- © mangoteiro tem, acima de tudo, a responsabilidade de conhecer e executar a aplicagaéo adequadamente, evitando problemas como a iaminagdo, a reflexao excessiva, o efeito de sombra, a ociusaéo da reflexdo, os desplacamentos e as imperfeicées superficiais. movEMsN70 08 REBER: = unente « pressic ae 900 ‘styn. BE vasrtavo: + Eneupamente ~ Eetou erente + © entupunente fei senade = A preetlo ge ar ee =n alinent pe (10) | re FIGURA 6: Sinais do mangoteiro 10 2.3.2. Operagdo da maquina de projegao No caso da mdauina de projegdo via seca de rotor de camaras, o primeiro item que chama a atencdo ¢€ o correto preenchimento da cuba de alimentagdo. Como as camaras do rotor s4o preenchidas por gravidade, ¢ necessdrio que a cuba de alimentacao permaneca totalmente preenchida, quando da utilizagao do equipamento. Para isso, recomenda-se sempre a utilizacaéo de uma alimentadora continua e 0 controle da umidade excessiva da mistura seca deve ser rigoroso para se evitar que o material fique retido na cuba alimentadore por coesdo. Caso isto nao ocorra, haverd um preenchimento irregular das cAmaras do rotor variando, conseqientemente, o fluxo de material no mangote. outro ponto importante 6 o controle da entrada de ar comprimido que é feita na maquina de projecao, através de dois registros como o indicado na Figura 3. Um destes registros controla a vazao de ar que vai para a parte superior da camara do rotor e outro controla a entrada de ar para © cotovelo posicionado logo abaixo (Figura 3.). Para que o fluxo ocorra de maneira eficiente, ¢ necessario que o ar comprimido seja enviado com uma pressao e vazdo adequadas e, além disso, que © equipamento receba a manutengao adequada. Isto porque o rotor é montado com dois discos de ago, também conhecidos como discos de friccdéo, presos a ele que ao girarem em conjunto friccionam dois discos de borracha posicionados na base da cuba e na parte superior da naéquina, que se desgastan intensamente (Figura 7.}. Com este desgaste surgem falhas de contato entre os discos de fricgao e os de borracha, que possibilitam o escape do ar comprimido. Como consealiéncia disto tem-se, além da grande liberacéo de poeira, o risco de nado se proceder ao esvaziamento completo da camara e, consegiientemente, variagéo do fluxo do material no mangote. __-DISCO DE BORRACHA ae DE FRICCAO “ ROTOR FIGURA 7: Detaihe de montagem do conjunto rotor de cémaras, discos de friccao e discos de borracha. aL Alen da insalubridade gerada pela maior liberagéo de poeira e da possibilidade de producdo de um material heterogéneo, a omissdo na execugéo de um programa de manutengaéo adequado pode gerar, também, paralisagoes desnecessarias do trabalho. 2.3.3. Cuidados com as mangueiras As mangueiras e o mangote devem receber grande atencgao na Ranutengdo pois estdo sempre sujeitas a eptupimentos ¢ rupturas e a um desgaste intenso. Assim o act!!) recomenda a utilizagao de mangueiras cuja capacidade minima seja igual ao dobro da carga de servico. © interessante que se tenha correntes ou cabos de seguranga nas jungoes do mangote para evitar que ele escape com movimentos violentos quando da ocorréncia de entupimentos que podem gerar graves acidentes. Além disso 6 interessante que se gire o mangote de 90° em 90°, pois sua parte inferior sofre sempre um desgaste mais acentuado. Para maior garantia do andamento do trabalho é sempre conveniente gue se possua equipamento de reserva (méquinas e mangueiras), principaimente nas obras de tuneis onde a aplicagao do material deve ser feita respeitando curtos prazos de tempo. 2.3.4, Umidificagao da mistura Na via seca convencional, a adigao de dgua a mistura seca é feita com o que se ‘convencionou chamar de um anel umidificador (Figura 8), que o faz através de varios orificios distribuidos radialmente. No entanto, esta agua, normalmente dotada de baixa pressdéo, nao é capaz de penetrar integraimente no fluxo da mistura seca ppixando o seu interior nao umidificado (Figuras 8. e 9.{41). Isto gera graves problemas como a grande liberagdo de pocira e a nao uniformidade do material, que o mangoteiro busca compensar com una grande novimentacao /,49,,Ricg ) de projegao, cono apontan algumas recomendacoes(1)(89) (11) “aumentando o seu desqaste fisico. = ENTRADA DE AGUA CONCRETO PROJETADO <—— ENTRADA DE MISTURA ee ee FIGURA 8: Detalhe de bico de projegdo via seca convencional. 12 ANEL UMIDIFICADOR PARTE SECA DA MISTURA PARTE UMEDECEDA DA MISTURA FIGURA 9: Esquema da porgao umidificada da mistura seca pelo ci porg 2) Pe bico convencional (corte transversal){*), Além da boa umidificagado o ico de projecdo deve proporcionar um cone de projegdo de concreto com a maior concentracdo possivel e com velocidade de projecao adequada, pois ela determina as propriedades finais do concreto projetado(!) através de uma hoa compactacéo com minima refiexado. Para se alcancgar este objetivo utiliza-se alguns expedientes como o afunilamento do bico (Figura 10.). Um outro expediente utilizado para a eliminacao da poeira na via seca 6 a utilizagdo da pré-umidificacdo através de uma entrada de agua simples (Figura 11.). A pré-umidificacgao simples tem como vantagem o alf{vio de peso para o mangoteiro que, por outro lado, tem a possibilidade de regulagem rapida da vazdo de agua na de dupia entrada. © bico de projegao via seca apresenta como principais pontos a seren otimizados a concentracéo do jato e a umidificacao perfeitamente homogénea do material. 0 que se apresenta hoje como un sistema otimizado seria a utilizagéo da pré- umidificacao com entrada de agua sob elevada pressdéo com um bico ligeiramente afunilado (para concentragao do jato) e leve, caso ndo esteja na ponta de um braco mecanico (Figura 32.)! 3. PROPRIEDADES DO CONCRETO PROJETADO 3.1, IMPORTANCIA E FORMA DE CONTROLE Uma das grandes criticas, que sempre se fez, ao concreto projetado era defini-lo como um material de grepge variabilidade quanto as suas propriedades. Lorman' afirmou que em varias pesquisas, executadas entre 1911 e 1965, as propriedades fisicas do concreto projetado variaram do pobre ao excelente. Informacdes deste tipo geram duvidas quanto a confiabilidade do material "questionando sua 13 viabilidade a longo prazot(13), alguns autores‘14) , creditaram ao fato de, “devido 4 sua propria maneira de langamento e o uso comum de aditivos aceleradores, o problema de execucéo de corpos de prova é unico e separado daqueles correlacionados com 0 concreto moldado convencional". Isto faz com que o proprio "controle de qualidade do concreto projetado forneca resultados insatisfatérios", quando executado sem os devidos cuidados. Pode-se perguntar, entdéo, se "os trabaihos que apresentaram estes resultados tdéo variados foram baseados em testes vdlidos, apropriadamente executados e avaliados? Se as matérias primas utilizadas eram de boa qualidade? Se o concreto foi projetado apropriadamente? E se, dado o grande numero de varidveis envolvidas, pode-se comparar SopgEgeos projetados executados em dreas e regides diferentes?" Glassgold(13) aponta algumas respostas para essas questées como o conhecimento das dificuldades que se tém para se identificar causas e efeitos sem uma documentagdéo adequada. A maioria dos textos publicados, apresentando casos histericos normalmente, e nao fornecem um "suporte efetivo, completo ou até mesmo substancial para se poder avaliar adequadamente suas conclusées". ENTRADA DE AGUA BICO AFUNILADO FIGURA 10: Detalhe de bico de projegao via seca afunilado. Mawaore misTURA ‘SECA = kaw) FIGURA 1i: Sistema de pré-umidificacdo simples'1), 14 \ reour oe ous 08 PRESERO FIGURA 12: Esquema do sistema de pre-umidificagao com injegdo de dgua sob presséo otimizado. Por isso, é necesséario que, nos relates, sejam descritos o equipamento e o suporte utilizado pare a projegao do concreto @ sejam daqgs,detalhes completos sobre © ambiente e a forma de execugdo‘!4). caso contrario corre-se o risco de ao nado se ter satisfeitos os requisites e critérios de desempenho exigidos do material creditar a ele toda a culpa. Alén da caracterizagéo do processo de projegéo utilizado, deve-se indicar a forma como foram obtidas as propriedades do material, uma vez que no Brasil ainda nao existem ensaios normalizados para tal. © segundo ponto reside no fato de que © controle sobre o material concreto projetado também deveria abordar todos os aspectos envolvidos no processo de projegéo, desde a dosagem até o uso. A seguir serdo analisadas uma série de propriedades especiticas do concreto projetado devido ao fato de serem totalmente dependentes do processo de projeqao. 3.2, REFLEXAO Denomina-se reflexéo o fendmeno que ocorre durante a projecéo do concreto, onde parte do material é refletido nao ficando incorporado'ao alvo de projegéo, caindo ao chao conseqtentemente, Para se representar a reflexdo utiliza-se basicamente o indice de reflexao, que € uma proporcdo média, dada em porcentagem, que relaciona a quantidade total em massa de material que foi projetado e em relacéo ao que foi 1s refletido, a saber: IR = (MR/MT) x 100, onde IR = indice de reflexéo MR = massa do material refletido MT = massa do material projetado 3.2.2. Dinamica da reflexdo A reflexéo ¢ um processo dinamico que Parker et a1iii(+5) dividiu em duas fases. A primeira fase corresponde & formagao de um colchédo de amortecimento para o concreto projetado. Este colchéo consiste, basicamente, numa fina camada de pasta e argamassa. Quando se inicia a projegao a reflexéo ¢ muito intensa pois sé a pasta de cimento é capaz de se aderir & superficie do alvo de projecao. A medida que esta camada tem sua espessura aumentada, — passasse progressivamente a incorporar agregados de dimens6es maiores até que seja possivel incorporar o agregado gratido. A partir deste momento se da inicio a segunda fase onde a intensidade da reflexao torna-se constante com niveis bem inferiores a primeira fase. Esta dindmica se encontra qualitativamente ilustrada na Figura 13. Este comportamento tem uma explicacdo muito simples: como inicialmente nao hd forma de dissipar a energia cinética dos graos dos agregados, os mesmo sofrem um choque elastico com © alvo de projecao, retornando com grande velocidade. A medida que vai se formando uma camada de pasta e, em seguida, arganassa,o choque dos agregados com a superficie passa a ser aneldstico, pela deformagao plastica sofrida pela camada de amortecimento, que possibilita a incorporacdo de agregados de dimensdo cada vez maior (Figura 14.). PRIMERA FASE | BEOUNDA FASE INTEN! ESPESSURA DA CAMADA/ TEMPO. FIGURA 13: Variacdo qualitativa da reflexaéo em fungao da espessura projetada. 16 ico PRIMEIRA FASE PRIMERA FASE SEGUVOR FASE FIGURA 14: Dinamica da formagao da camada de amortecimento do concreto projetade. 3.2.2.1, Patores que influenciam a reflexao Quando hd a necessidade de executar uma grossa camada de concreto projetado, pode-se obter uma reflexdéo maior. Isto porque nen sempre é possivel se executé-la numa tinica e Continua operagao de projegéo devido a ocorréncia de desplacamentes. Assim, @ | normal se esperar pelo endurecimento de uma camada para que se execute a outra. No entanto, quanto se vai executar uma camada sobre a outra ja endurecida volta-se a situagaéo da primeira fase e, conseqilentemente, temos uma maior reflexéo. Desta forma, tanto a reflexao como a heterogeneidade do material sera maior quanto maior for o numero de passadas utilizadas para se obter uma mesma espessura de camada. Quanto maior for a quantidade e a dimensao do agreyado maior serd a reflexdo. Isto ocorre basicamente por dois motivos: 0 primeiro porque quanto maior for o agregado maior sera a camada necesséria para o seu amortecimento, o que aumenta a dura¢éo da primeira fase e, conseqiientemente, a reflexao. Além disso, maior serd a probabilidade de ocorrer choques elasticos com outros agregados. Da mesma forma, quanto maior for 0 consumo de cimento ou, mais precisamente, o teor de finos da nistura que ajimenta a maquina de projegdo tanto menor serd a reflexdo{l®), & por isso que se indica a utilizagaéo de microssilica como redutor da reflexéo, pois, além de aunentar a coesao, dadg_gua grande tinura, aumenta o teor total de finos da mistura‘7). Quanto main for 2 quantidade de dgua da nistura menor serd a reflexdo(!?), o que pode ser representado pela relagdo agua/cimento conforme o apresentado na Figura 15. Isto porque, maior sera a plasticidade da mistura projetada e, conseqiientemente, maior sera a capacidade que o colchdo de amortecimento tera de tornar o impacto anelastico. E obvio que a quantidade de agua nao pode exceder a certos valores 17 que fluidifiquem a mistura, o que faz com que a mesma perca a sua coesao impedindo, desta forma, que ela permaneca aderida a parede. A reflexao ¢ também afetada pelo substrato onde se esta projetando o concreto. Quanto mais irregular for este substrato, maior serd a superficie necessdéria para se recobrir com a camada de amortecimento e, consegiientemente, @ primeira fase tera uma maicr duragdo aumentando assim a reflexdo. © mesmo acontece quando temos superficies mais rigidas que demandam uma espessura maior da camada de amortecimento. Por outro lado, quando se projetar sobre telas que vibrem e, desta forma, desprendem os gyaes fracamente aderidos tem-se uma maior reflexao também (78), (ar REFLEKRO RELACKO AGUA/CIMENTO FIGURA 15: Efeito da relacao Aapp/cinento na reflexao do conereto projetado por via secalt/)_ 3.2.2.2. Variagao do trago em funcdo da reflexao A variagdo do proporcionamento dos materiais constituintes do concreto projetado que ficou na parede, tanto em relacao tanto as suas préprias camadas quanto 4 mistura que entrou na maquina de projecdo, se deve ao material refletido ser constituido em sua maior parte por agregado graudo principaimente na primeira fase. Desta forma, o material que ficou retido no aivo de projegao é mais rico em finos (ineluindo ai o cimento) do que a nisturg seca com que se alimentou a maquina de projecdo. A Alival?®), numa tentativa de orientar a estimativa de gastos com materiais constituintes do concreto projetado, estabeleceu uma relacao de tracos para um indice de reflexéo de 25%, a qual se encontra descrita na Tabela 2. No entanto, quanto maior for a reflexao tanto maior sera a variacdo do trago do concreto 18 no alvo de projegde, 0 que possibilita a determinacdo do indice de reflexaéo por reconstituigao de trago Para melhor ilustrar este aspecto, tem-se o fate de o proprio ACI indicar em seu Guide to shotcrete(™) una correlagéo entre o trago da mistura que alimentou a méquina de projegao e aguela gue ficou efetivamente incorporada 4 estrutura (Tabela 3.). 0 grande problema destes dados, que 4 um erro muito comum no que se refere ao concreto projetado, reside no fato do ACI negligenciar a relacéo que estes valores tem com 0 préprio indice de reflexdo, restringindo- se a informar apenas que se trata de uma “reflexao média™ m quantifica-la. TABELA 2: Tragos de mistura seca, refl a0 2 concreto projetado para um indice de reflexao de 258!76), MATERIAL crmen7o JAGREGADOS] AGUA | TRAGO (kg) (kg) (kg) | EM PESO MISTURA SECA 280 1168 47 | 23 4,17 (4000 1) | conc. eroserano | asa) ave! ae [da ane | (855 1) i i | ave=0,46 REFLEXAO(~250 1) 28 292 29 | bt 10,43 TABELA 3: Variagdo tipica do traco do concreto projetada!!), TRAGO DA MISTURA TRAGO DO CONCRETO LANCADA A MAQUINA PROJETADO QUE FOL DE PROJECAO INCORPORADO A ESTRUTURA 1 1: 2,0 1 1: 2,8 1 1: 3,2 2 1:36 a 1: 3,8 1 Taya 3.2.3. Efeito do processo de projegao Um dos fatores ligados ao processo de projecdo que influenciam a reflexdo é 0 préprio tipo de processo, o que é apontade como "una ag grandes vantagens da via vmida, que é @ pequena reflexdo"(*), “Isto ocorre devido a maior coesao do material projetado por via wmida, que j4 vem total e homogeneamente umidificado, e & menor velocidade de projegao, em relacao 4 via seca. 19 norman(!2), em 1968, ja havia apontado que a "reflexéo aumenta com grandes pressées no mangote e, consealentenente, grandes velocidades de projecio", devido 4 maior energia que devera ser dissipada para que o material permaneca aderido a estrutura. Além da pressdo de ar comprimido, a veiocidade de projegao pode ser alterada pelp, jjipo de bico utillzado na velagdo inversa ao seu didmetro!15), Outro fator importante 6 o anqyle que o jato de concrete faz com a superficie de projecao th) G8) Got Na literatura é comun afirmar que quanto mais proximo o angulo de incidéncia estiver dos 90° em relagao ao alyo de projegg menor serd a reflexao (Figura 16.) sendo que alguns chegarom a esbocar uma quantificagdo para este efeite (Figura 17). A distancia ideal do bico em relagao a superticig ge trabalho é obtida de mode a minimizar a reflexao!20)(21) Nos gréficos da Figura 18. se encontran algumas tentativas de quantificacdo deste efeito. A distancia ideal, normalmente entre os 0,60n ¢ 1,80m, 6 aquela que fornece o/ paior grau de compactagio para a menor reflexdo possivel(4), o que & influenciada pela granulometria do agregado, pelos requisitos de acabanento da superficie do concreto projetade e pela pressao do ar comprimido e velocidade de projecao!4), 3.2.4. Oclusdo da reflexdo Uma das primeiras causas da heterogeneidade do concrete projetado esta correlacionada com o efeito de oclusio da reflexéo, Este é um fenomeno localizado, que pode produzir regides de baixa resisténcia e alta permeabilidade, devido & aita quantidade de agregado que ali se concentra. A ocluséo da reflexado consiste num efeito colateral da reflexac. Trata~se da parcela do material refletido que, ao inves de se precipitar ao chéo, acaba se aderindo a armadura, & férma, a& cambotas, aos cantos, etc. ste material forma uma canada de concreto projetade de baixa qualidade’ }, isto é, com pouco teor de finos ¢ uma compactagéo muito reduzida, uma vez que nado foi "projetada com uma velocidade adequada. Estas falhas na camada estrutural deven sey renovidas preferencialmente antes do seu endurecinento(l), 0 seu controle deve ser feito visualmente pelo préprio mangoteiro. 3.2.5. Controle da reflexao Existem algumas dificuldades no controle da reflexdéo, onde um deles é a auséncia de ensaios normalizados publicados no Brasil. Isto, no entanto, tem um horizonte muito promissor uma vez Se conta, na ABNT, de textos em discussie (28822723 J definindo trés métodos de ensaio para a determinagao da reflexdo. bk 20 Te ’, a we oS Trcomect = wt XS OK A) REFLEXKO Ys \S ney gh BAIXA ‘ REFLEXAQ . , “ aN EXTREMA es REFLEXAO ALTA FIGURA 16: Influéncia do Angulo de projegdo na reflexaol4). - ( a REFLEXKO ANGULO DE INCIDENCIA FIGURA 17: anguio de projegao Avaliagao, quantitativa da reflexdo em fungao do = ] ] T / 2 ——'_ KOBLER i /\ 5 30) : LANGERLE. eto | &= 20) SS t ~~ | . j RHI : | 10. | i | ! | i \ | ! | | 0. - a 70 B80 30 100 uo 120 130 DISTANCIA DO BICO A SUPERFICIE DE APLICACAO (cm) FIGURA 18; Quantificagaéo da de projecdo segundo Langerie' eflexéo en fungao da distancia YS eopier 1 aL © primeiro mety gy denominado determinagao da reflexao por medigao direta tem por metodologia a coleta e pesagem de todo o material refletido durante a projegao em determinado trecho representativo da obra. Desta forma seria possivel determinar com grande precisdo o indice de reflexao da obra. Este método foi utilizado inicialmente na obra do ttinel pertencente ao anei vidrio da cidade de Campinas(24), A utilizagao do nétedo 4 facilitada pela regularidade do piso onde se coletara a reflexdo. Isto nem sempre acontece e, portanto, este método, apesar da grande precisdo, nado é indicado para o controle rotineiro da producao, mas sim para a andlise de viabilidade e ajuste do processo de projegac como um todo. Este papel caberia aos outros dois métodos. A determinagdo da reflexio em placas(?3) seria o nétodo destinado a ser feito durante a execugao da obra, em conjunto com a moldagen de placas para o controle da resistencia a compressdo. Ele nao representa as condigoes reais da obra, pois o substrato 6 diferente e fixo, mas permite avaliar, comparativamente, 0 desempenho do processo. Assim, ele seria un instrumente {nteressante para checar se © processo de projegéo como um todo esta obedecendo aquilo que foi definido durante a execugéo da sua andlise de viabilidade. Sua execugdo é simples e muito pouco dispendiosa, consistindo basicamente na coleta do material refletido da placa de concrete projetadc, feito através de lonas convenientemente posicionadas, durante a sua moldagem. © método de determinagdo da reflexdo por reconstituigao de trago foi desenvolvido a partir do conceite no qual o trago do concrete que ficou incorporado a estrutura e o da propria reflexao sdo alterados em fungdo da intensidade desta Wltina. E ideal para a avaliacéo rapida e simples da reflexao em locais onde ha a dificuldade de se posicionar de maneira conveniente as lonas para a coleta do material da reflexdo. E importante se obter amostras representativas uma vez que este nétodo é executado com uma pequena quantidade de material. 3.2. DESPLACAMENTO Q concreto projetado normal, composto apenas de cimento, agregados e agua, dificilmente conseque atingir uma espessura de camada de 506 a 75 mm, quando se projeta no teto, sem que ocorra o rompimento do material por falta de coesdo A este fenémeno denomina-se desplacamento, 0 qual, como a reflexdo, representa uma grande possibilidade de perdas para quem executa o concreto projetado. Normalmente, a espessura requerida para a camada de concreto projetado ¢ superior a esses valores. Assim, para atingty ‘la, ou se recorre a execu¢do da camada em varias passadas + que aumenta sobremaneira a reflexdo, ou entao a ygflizagao de aditivos aceleradores de pega e/ou microssilica 3.3.1. Causas dos desplacamentos A utilizacde des aditivos e da nicrossilica tem como efeito principal o aumento da coesao do concreto projetado, para assim garantir a obtengéo da espessura desejada. Entdo, verifica-se que a ocorréncia do desplacamento se a4 quando acentece uma falha na coeséo do material. Isto pode advir por varios meios como os apontados por Cron a. Ocorréncia de lentes de areia, que podem se originar pela oclusdo do material de reflexao; b, Umedecimente exagerado de uma camada, o que esta associado a uma falha do mangoteiro ou a uma interrupcéo do fluxo de mistura seca por falha do equipamento; c. Execucdo de camadas com espessura excessiva devido a uma falha no controle de execugao da mesma & d. Falha no fornecimento de aditivos aceleradores Todos estes fatores produzem zonas ou nesmos camadas inteiras com coesdo insuficiente, © que induz ao aparecimento do fissuramento (interno ca camada_e, conseqiientemente, a0 desplacamento!t!), 3.3.2. Controle do desplacamento através da consisténcia © desplacamento produz um aumento do risco de acidentes graves no servigo de projecao, pois ha a possibilidade de queda sobre algum operario e, principalmente, o mangoteiro. Por isso, o seu controle nao pode ser negligenciado. Isto pode ser feito de maneira indireta, avaiiando-se a coesao do material, ‘através da determinacao da consistengia do concreto recém projetado pela agulha de Proctor(?°), para assim verificar se a mesma esta adequada para a obtencéo da espessura requerida. Um cuidado importante a ser tomado, 6 a verificagéo visual da ocorréncia de possiveis falhas que venham a acarretar o desplacamento. 3.4. POEIRA E NEVOA 3.4.1. Causas da produgdéo de poeira e névoa A liberagdéo de poeira durante a projecéo ¢ um fenémeno tipico da via seca onde a umidificagao completa da mistura durante a sua passagen pelo anel umidificador é muito dificil de se obter. No entanto, o jato de concreto projetado ndéo é a unica fonte de producdo de poeira. A propria alimentacdo da cuba da maquina de projecdo, quer 23 seja manual ou necanizada (Figura 4.), gera una grande quantidade de p6, até superior 4 produzida no bico!? No caso da alimentacao manual, 0 problema 6 mais grave, nao so pela maior liberacio de 6, como também pela naior proximidade dos operdrios con a fonte de poeira. Outro ponto de grande 1iberacao “de poeira ¢ a propria maquina, de projegaéo, principalmente se for ¢ caso de uma a rotor(?® (Figura 3.}. Isto adquire proporcées graves no caso dos equipamentos que nao receberam manutengao adequada e, con o desgaste de certas pecas (discos de friccao e de borracha), podem produzir uma densa nuven de poeira ao seu redor pelo jerre provocade pelo escapanento de ar comprimido pelas juntas mal vedadas. No caso da via seca com injecdéo de 4gua a elevada pressao, onde a umidificacdo das particulas de cimento e demais finos é mais eficiente, pode ocorrer um outro problema semelhante, que ¢ a produgac de uma névoa a partir do jato pulverizado de agua. Este jato de agua € expelido pelo bico pelo ar comprimido formando uma névoa que prejudica a visualizacéo do servico. No entanto, quando se utiliza o aditivo liquido diluido na agua, o quai é normalmente a base de aluminatos ou silicates de sddio ou potassio e tem elevado pH, pode-se provocar uma atmosfera = altamente —scdustica—e, conseqientemente, nociva 4 salide dos operdrios. 3.4.2, Controle da poeira e da névoa © controle da pooira ou da névoa pode ser feito ageaves de equipamentos especiais como o Dupont modelo P-2500(48), onde o principal objetivo é a determinagdo do teor de poeira respirdvel. Isto é fundamental em ambientes fechados, como & o caso dos tineis, onde pode haver uma concentragdéo intensa do material em suspensao. 3.5, HOMOGENETDADE Tanto 0 conereto projetado como o moldado pela forma convencional pode apresentar falta de homogeneidade. No entanto, no caso do concreto projetado, isto pode ocorrer de uma maneira generalizada para o material com uma frequéncia bem maior. Isto se deve ao proprio processo de projecdo que normalmente possibilita a maior parte dos defeitos do concreto "devido a uma execugéo descuidada" gcasionada por "falta de experiéncia ou mesmo indiferenga"(1§), os defeitos mais comuns, que ocorrem no concreto projetado, e que sao causas da heterogeneidade do material sao a iA comentada oclusdo de material refletido, a laminagdéo, o efeito de "sombra" ¢ alteragées na superficie do material. 24 A falta de homogeneidade pode se caracterizar ‘ambém peia grande variacéo nas propriedades do material, como a resisténcia & compresséo com clevado coeficiente de variag&o. Este fenémeno, que em parte pode estar associado & ocorrencia de defeitos. 2.5.1, Defeitos tipicos 3.5.1.1. Efeito de sombra Uma das causas de heterogeneidade do material que, como a oclusdo da reflexdo, tamben produz defeitos localizados, 6 0 chamado efeito de Sombra, que se encontra representado na Figura 19. Este efeitoe ‘esta ligado a projegdo sobre as armaduras, que pode produzir vazios por detrds das mesmas. A origen deste fenomeno esta associada a projegdo inadequada do wonerete, onde ndo se obedece a una distancia agequada ou adiciona-se aditivo acelerador de pega em demasia!!!). Isto produz uma camada de concreto aderida a barra da armadura que, ao aumentar © seu diametro, prejudica o preenchimento do espago posterior 4 mesma. Este efeito é tao mais intenso quanto “maior for o diametro das barras de ago e é particularmente perigoso para a corrosao das armaduras por facilitar a entrada de agentes agressivos diretamente sobre o metal. 3.5.1.2. Laminagao © efeite conhecido por laminagdo consiste, basicamente, na formagao de faixas alternadas de material de alta e de baixa densidade no sentido perpendicuiar ao da projegao, resultandg, num material anisctropico e de durabilidade reduzida(?7), 9 fenémeno se encontra esquematicamente apresentado na Figura 20. A ocorréncia da laminagéo se deve, em parte, ao préprio jateamento do concreto sobre a superficie que acaba orientando o material em fun¢do das camadas que se depositam unas sobre as outras, Isto pode ser verificado bem nitidamente quando da utilizagao de fibras no concreto projetado, as quais acabam por ter uma orientacao bidimensional preferencial, yo sentido do plano perpendicular ac da projecao!?8), outro fator que pode produzir este defeito é a projegéo do concreto muito seco (isto explica o fato de sua ocorréncia ser rara na via umidal?7Y), “9 que dificuita a compactacéo do material e aumenta a reflexéo, o que implica num material com variagées de traco e, assim, surgem as camadas heterogéneas. 0 proprio 25 processo de projegao via seca com maquina de rotor de camaras pode produzir estas variagdes de tra¢o através das variagdes de fluxo (por entupimento total ou parcial de algunas das camaras) e@ de uma segregagio do material no mangote, conduzindo assim a laminagao'??). A utilizagao de aditivos aceleradores @ base de aiuminato, por dificultaren a compactacaéo do material, podem produzir uma certa laminagao. DIRECAO DE PROJECAO CORRETO INCORRETO FIGURA 19: Efeito de sombra(t?). ore. oe URES SuBsTRATO FIGURA 20: Esquema da laminagaéo do concrete projetado. 26 Outro fator, apontado por Reading{?9), 6 a utilizagdo de waéo-de-vbra pouco qualificada para a projegao ou mesmo una supervisdo inadequada. Além disso, a laminagao tambén pode ser produzida pela mistura inadequada dos materiais secos, que, por nao apresentaren as mesmas condigdes que o concreto convencicnal, podem exigir mais tempo no equipamento de mistura para se obter uma boa homogeneidade. Neste caso especifico, deve-se tomar cuidado com as misturas secas produzidas em usinas de concrete sem pré-misturador, onde o trabalho de honogeneizagao fica regtrito ao caminhao betoneira. Em outro trabalho, Reading!?!), alertou para o fato de que a laminag4o, em conjunto com os bolsdes de areia produzidos pela oclusae do materiai refletido, afetam negativanente a durabilidade do material. 3.5.1.3, Imperfeigées superficiais AS imperfeigées superficiais do concreto projetado podem ocorrer por diversos fatores. Um deles é 0 uso excessivo ou inadequado de aditivos aceleradores de pega ou de patros produtos quimicos que podem provocar eflorescéncias!l®), 9 excesso de agua pode produzir a "lavagem" dos finos quando ela escorre pela superficie do concrete, produzindo un aspecto muito rustico com o afloramento dos agregados graidos. A projecao inclinada do concreto pode produzir pequenas dunas na_ superficie. Além Gisso, o manejo inadequado do bico gg, projecdo pode produzir variagées na rugosidade e manchas‘??), 3.5.2. Variagdo das propriedades © que se entende aqui por variacdo das propriedades do concreto projetado é a produgéo de um material neterogéneo, © que se reflete numa variancia elevada. Mesmo sob este ponto de vista, 0 concreto projetado _apresenta, tradicionalmente, uma grande variabilidade. Uma prova disto € que, 9 ,coeficiente de variagéo de 30 % especificado pelo Metro(33)" para a resisténcia compressdo do concreto projetado aos 28 dias de idade. Este valor foi definido "levando gm, consideragéo experiéncias anteriores com 0 material"(37), sendo que, atualmente, com a injegao de dgua sob pressdo, obtém-se valores abaixo dos 20 2. Na construgéo da Ferrovia do Agol32), obteve-se os coeficientes de variacéo da resisténcia a compressdéo as 10 horas da ordem de 43,3%. Isto pode ser atribuido em parte pelas proprias dificuldades de controle das resisténcias as baixas idades. A comprovagao deste fato de que o coeficiente de variacgdéo a 24 horas, 3 dias, 7 dias e 28 dias foram, vespectivamente de até 26,8%, 20,18, 15,8% e 21,7%. a7 Outra experiéncja importante foi aguela realizada por Simondi et alliif?4) nos tuneis da SABRSP em Sado Paulo, onde tambén foi empregado o concrete projetado por via seca. La foram extraidos testemunhos da prépria estrutura do tunel e 0 coeficiente de variagdo obtido, no caso do Tdnel Ana Luisa, foi de até 22,35 €, no caso do Tunel Eliana, foi de até 22,75. 3.5.3. Controle da homogeneidade 0s indicadores estatisticos, ao contrdrio da constatacdo dos defeitos, podem fornecer wna apreciagdo quantitativa da qualidade do material, o que facilita © seu controle. cabe ressaitar, que estes indicadores nao suprimem a necessidade do controle “qualitativo" da ocorréncia de defeitos no material pois, dado o cardter pontual de alguns destes defeitos, se torna dificil a sua deteccdo por uma andlise amostral. Com isto em vista pode-se indicar trés formas para 9 controle da uniformidade do material: o controle visuat dos defeitos pontuais e o controle da pega e endurecimento, 08 quais serdo discutidos a sequir. 2.5.3.1, Controle visual © controle visual ¢@ essencial no concreto projetado por varios motivos. Primeiro pela grande possibilidade de se produzir defeitos pontuais. além disso, como a propria resisténcia a compressdo é, normalmente, determinada atraves ae corpos-de-prova preparados a partir de testemunhos extraidos de placas e nao da estrutura é importante que se garantam as mesmas condigées de moldagen para ambas. A Projecao do concreto por ser um fendmeno extremamente @indmico, torna possivel cobrir certas falhas com outra camada de concreto projetado de maneira muito rapida. A correta supervisdéo do trabalho do mangoteiro 6 essencial para que se garanta a qualidade final do material. 0 controle visual do material é uma forma ja4 tradicional de controle, o que acaba sendo uma vantagem para o mesmo. No entanto, nado se deve restringir o seu controle a inspecado visuat, como ocorreu no inicio da década de 80, quando foi apontada como "a unica forma encontrada, para se avaliar a unifermidade do concreto projetado"(34) "Na $ppca, esta inspecdo possibilitou as seguintes verificagées(3*); @. Detectar zonas onde ocorriam vazios, por desprendimento do material e por deficiéncias durante a projecdo. b. Avaliar se as quantidades de dgua havian ultrapassado as maximas recomendadas. ¢. Estimar o indice de reflexéo e efetuar corregées na dosagem, Se necessdrio. 28 3.5.3.2. Controle da pega e endurecimento! 35) © controle da pega e endurecimento no concreto projetado & de particuiar importancia quando da utilizagao de aditivos aceleradores. Pode ser também definido como controle da resisténcia a baixa idade, isto é, inferiores a 8 MPa, sendo empregados dois tipos de aparelho para o seu controle, quais sejan o Penetronetro de Heynadier (PEM) © 0 Penetrénetro de Energia Constante (PEC)(2°), © PEM é empregado para resisténcias inferiores a 1 MPa e 0 PEC ¢ destinado a cobrir a faixa gue vai de 1 MPa a 10 MPa. Ambes tém como principio basico de funcionamento a correlacdo entre a penetragao de uma aguiha no concreto e sua resisténcia a compressao. 0 PEM é um equipanento operado manualmente, que fornece um indice para a penetragao de 15 mm de uma agulha padronizada no concreto. 0 PEC utiliza o disparo de uma mola para penetrar no concreto um pino padrao. 0 que é fixo aqui n4o é a profundidade de penotragao mas a energia imposta para tal. Assim, neste caso a resisténcia do concreto projetado ¢ obtida através de uma correlacgéo com a profundidade de penetragao. Em ambos os casos, os resultados da andlise de seu emprego foram muito satisfatorios. Estes equipamentos podem ser utilizados também para a avaliagdéo da uniformidade do material, uma vez que para a obtengde da resisténcia 4 compressdo do material é feita uma série de penetragées, a qual pode ser analisada quanto a dispersdo dos resultados. Dada a facilidade de manuseio, o Penetrénetro de Meynadier pode fornecer resultados sobre o material imediatamente apés a projegao do concrete, o que poderia agilizar a avaliacdo da qualidade da homogeneizagao dos aditivos aceleradores de pega e endurecimento. 3.5.3.3. Controle da resisténcia a compressdo 0 controle da resisténcia do concreto projetado para idades maiores que 24 horas é, normalmente, realizado através de corpos-de-prova | preparados a partir de testemunhos cilindricos extraidos (NBR 7680 da ABNT)...Também j4 foram especificados corpos-de-prova _ctbicos'32), obtidos de testemunhos serrados em placas de concreto é, pelo fato de apresentaren grandes dificuidades de extragéo direta da estrutura, tém seu uso muito restrito atuaimente. A extracaéo de testemunhos cilindricos permite a avaliacaéo da unifornidade do material nao sé pela andlise da variagdo dos valores obtidos para a resisténcia, como também pela verificacdo da ocorréncia de defeitos como a laminagdo ou lentes de areia ou ainda a ocorréncia do efeito sombra, quando da extragéo de testemunho contendo uma barra da armadura. 29 3.6. ADERRNCIA A aderéncia 6 uma propriedade fundamental para o concreto projetado pois nao é possivel se cxecutar nenhuma camada estrutural com o material se ele néo permanecer aderido 4 superficie que € alvo da projegdo, assim, a falta de aderéncia 6 um problema sério, nao sé a nivel de seguranca estrutural, como a nivel de custos © seguranga operacional, pelo fato de produzir desplacamentos. Ne caso de tuneis, exige-se que o concreto projetado se mantenha aderido a superficie do macigo, de maneira a "preservar sua resisténcia petural @ manté-lo sem alteragées © quanto for possivel"(*), assim percebe-se que seu desempenho como material estrutural esta fortemente ligado 4 aderéncia gue o material tem com o substrato. 3.6.1. Causas da falta de aderéncia A obtencéo da aderéncia seria facilitada pelo préprio processo, uma vez que, com o jateamento do concreto contra a superficie, procede-se ao tamponamento dos poros e fissuras do mesmo com a pasta formada durante a chamada primeira fase da reflexdo. Esta camada de pasta de cimento atua, apés o seu endurecimento, como uma ponte de aderéncia entre o substrato e a camada de concreto projetado. Com isto se entende melhor o porque de seu melhor desempenho quando jateado sobre suportes rugosos e FEgistentes como o proprio conereto quando rugoso e rochas - Da mesma forma, se entende que a falta de aderéncia estd associada a substratos fracos, ou muite lisos, ou contaminados com material solto ou parcialmente endurecido como o oriundo da reflexdo, material ulverujents raxas, tintas, desmoldantes ou Unidade excessival C7) (SE Outra causa importante para a ocorréncia de baixas resisténcias de aderéncia 6 a pequena resisténcia do material nas primeiras horas apdés a projegdéo. Nesta situagdéo, o material pode apresentar fissuraménto junto ao substrato devido ao proprio peso da camada e 4 sua grande deformabilidade, o que tornaria a aderéncia nula. Para contornar este problema, a solugdo normalmente empregada é a utilizagdo de uma maior quantidade de aditivos aceleradores de pega. Algumas das alternativas para se melhorar a aderéncia do concrete projetado com o substrato seria, em primeiro lugar, a utilizagao de ‘nicrossilica(?), particularmente em areas umidas, e, om segundo lugar, a utilizagdéo de fibras que, diminuindo a fissuragao Br retracdo, aumentam a capacidade de aderéncia do material(*). 30 . Controle da aderéncia Uma das primeiras formas de controle, e também a mais efetiva, ¢ 0 controle preventivo que consiste no prepare, da superficie em que g@ré aplicado 9 rato iar() TRIBE Apesar de o act(!} indicar que o concreto projetado apresenta boas caracteristicas de aderéncia com concreto, alvenaria, rocha, aco e muitos outros materiais (chegando até a indicar valores para resisténcias quanto ao cisalnhamento com o préprio concrete projetado medida pelo ensaio de "guilhotina" com a tensao aplicada na superficie de contato) 6 praticamente impossivel medi-la quando se tem como substrato um solo friavel, mole ¢ umido pois, neste caso, ela é sabidamente pobre‘4), Nestes casos, 0 critério de avaliacdo deste desempenho que se dispoe atualmente e o proprio sistema de execucdo do revestimento: se nao houver despiacanento esta aprovado. (ma outra forma de se avaliar a aderéncia do concreto projetado con um substrate de concreto mais antigo, 6 a extracdéo testemunhos cilindrico, de maneira que a superficie de aderéncia contenha o secu eixo, e posterior ruptura da nesma por compressao dismetral. Fate procedimento, utilizado por Palermo e Marques'3°) em seu estudo, apresenta como grande desvantagen a restri¢gao de seu uso a concretos projetados em placas. 4. A QUALIDADE DO PRODUTO Apés se examinar varios aspectos das propriedades do concreto projetado, pode-se afirmar que um produto de qualidade pode ser obtido a partir de materiais convencionais e uma equipe habilitada. © ponto critico em todo © processo de projegéo do concreto tem sido a mao-de- obra, que pode tornar este material de qualidade om potencial num outro cheio de falhas executivas. Como isso da um cardter artesanal ao conereto projetado, o controle da qualidade asscciado ao processo de projegdo, torna-se un fator dos mais importantes para a obtencdo do concreto projetado de qualidade. Para que estes aspectos se to-1em realidade sao imprescindiveis 0 conhecimento, a habilidad: e a experiéncia. Como sintese destas informagdes, ¢ apresentada uma relagao de cuidados na Tabela 4. 31 TABELA 4: Sintese das recomendacdes para o controle do processo de projecdo. ATIVIDADES COMENTARTOS: (A) Formacao e ‘qual if icacao a mao-ce-obra A nio-de-obra deve receber formacao adequada ou ter experiéncia e habilidade comprovada por meio de teste(37) Deve ser verificado se os operarios respeitam as regras de seguranca e higiene no trabalho e, principalmente, se utilizam equipamento de protecao individual. (8} Verif icacao dos equipamentos ~ vazio @ pressdo de ar e dua Avaliagéo das condigdes de manutencdo @ ajuste dos mesmos: Presso e vazao de ar comprimido, alimentacao continua e homogénea da mistura seca e aditivos, umidif icacéo na intensidade otima e com pressao acima da de ar comprimido. (C) Dosagem 0 encarregado deve conhecer as valores especif icados na dosagem, suas tolerancias e a freqiéncia de amostragem. {D) Materiais As propriedades definidas a dosagem devem ser verificadas durante o recebimento dos materiais. Os agregados devem ser armazenados sem riscos de contamina coes e grandes va- Tiacdes no teor de umidade dos mesmos. Os aditivos devem ser conservados em lugar fresco e seco, sem contato com a juz solar. Antes da sua utilizacao, deve-se verificar a ocorréncia ou nio de cristalizacac. {E) Preparo da superficie JA superficie deve estar limpa, isenta de material refleti- do, poeira, graxas. dieos e materiais provenientes do solo (F) Mistura seca Verificar, por inspegdo visual, as condicdes de homogenei- Zagao através da variacdo da cor (0 que,ggo deve ocorrer). Verificar, por reconstituicao de tracol38), se o concreto misturado em central, mantém o traco definido na dosagam. (G) Inicio de operacéo + ar comprimido + bomba de agua + alimentadora maquina de projecéo dosador de adit ivos Caso a maquina de projecdo esteja com sua cuba cheia deve- se inverter os itens 3 e 4, obviamente 0 item 5 sd sera efetuado no caso de utilizacao de aditivo liquido pois, no caso de se utilizar aditivos em pé ele deve ocorrer concomitantemente com o item 3 (H) Ajustes iniciais + vazio e pressao de are agua fAvaliaggo visual, realized pelo mangoteiro e encarregado. Os indices de consisténcial2>) recomendados séo: na parede de 40 a 60, no teto: de 60 a 80, com aditivos a base de aluminato: acima de 80. A alteracdo do ajuste da Squa ocorrerd com uma réo conformidadé nestes indices. (1) Direcdo do jato de concreto Deve-se dirigir o jato perpendicularmente 20 plano de pro- decao, 0 que resulta em menor reflexao e maior compactacao (J) Movimento do bico de projecao © bico deve receber movimentos circulares para homogenei- zar o materia} grojetado. {k) Distancia do bico bico a superficie de aplicacao Deve permanecer no intervalo de Im a 1,5m, pois abaixo disso tem-se grande reflexao e maior dificuldade de visua- lizagao do trabatho e, acima, aumenta-se a reflexio e di- minui-se @ compactacao do concreto com risco de sombra. 32 TABELA 4: Sintese das recomenda¢des para o controle do processo de projecdo (cont.) ATIVIDADES COMENTARIOS (L) Manutencdo de fluxo|Visa manter a umidade canstante e evitar: poeira, maior constante de mistura {reflexao, despiacamentos, escorrimentos, etc. seca pelo mangote (M) Entupimentos Procedimento: interromper 0 processo de projecdo e identi = no mangote ficar o ponto de entupimento, iniciando a procura pelos + na linha d’égua estrangulamentos. Caso 0 problema ocorra na linha de adi- = na linha de aditivo |tivo liquido, deve-se remover todo o aditivo cristalizado (N) Prajecda em tocais /Iniciar da parte inferior da superficie para a superior e limitados por cantos |das bordas para o centro do espaca. (0) Desplacamento Interromper de imediato o processo (prevenir acidentes} ¢ determina-se a consisténcia que, sendo baixa implica na avaliacao do tear de umidade e de aditivos e sendo normal ou alta, na verificacdo de faihas na alimentacao do aditi vo, ocorréncia de Jentes de areia e espessuras exageradas (P) Ocorréncia de sola-|Eliminar as irregularidades internas do mangote, que pro- vancos duzem acimuios e posterior desprendimento dos materiais. (Q) Fim de operacao Deve-se garantir que o mangote esteja limpo antes de se 1. alimentadora interromper o fluxo de ar. {m interrupcdo mais Tonga, |2. dosador de aditivo jdeve-se desmontar e limpar a maquina de projecao, 3, agua e ar comprimidoutilizando vassoura e ar comprimide (R) Limpeza da maquina }Toda a mistura seca deve ser removida de projecio (S} Limpeza dos dosado- 0 equipamento deve permanecer isento de sobras de adit ivo res de aditives No caso de aditivos liguidos, deve-se bonbear agua limpa pelo sistema até se garantir que esteja isento de aditivo (1) Limpeza do mangote |timpar cuidadosamente o bico de projecao e o dispositivo a ig pi d 5 . quando utilizada a |pré-umidificador, desconectando 0 mangote, principalmente pre-umidif icacao concretos com micra-silica e aditives liquidos. (U)Defeitos localizados|Corrigir falhas do mangoteiro-verificar se é qualificado. (V) Laminacao Verificar se ocorre variacdes de Fluxo, excasses de agua, excesso de aditivo, erros no direcionamento do jato ou ainda mistura seca nao homogeneizada. (W) Fatha superficial ~ Dunas + Corrigir direcionamento do jato. + Manchas - Verificar o teor de aditivo. ~ Rugosidade - Werificar se nao se ha umidificacdo em excesso. (X)Espessura da camada | Verificar adequacdo dos gabaritos e espacadores {Y) Cura Verificar se a cura estd sendo executada adequadamente (Z) Etevado coeficien- |Verificar se hd falas na umidificacio do material, cono te de variacdo equipamento inadequado e intervencdes constantes do mango teiro e na alimentacdo e homogeneizacao da aditivo 33 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS (1) AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI manual of concrete practice: part & Guide to Shotcrete (ACI 506R-90). Reported by ACI Committee 506. Detroit, USA, 1990. 41 pp. (2) ABNT, Argamassa_e Concreto Projetads. Projeto de norma CE 18:03.07- 001 da ABNT. S80 Paulo. 1990. (3) CIPRIANI, J. C. 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