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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA - PGEQ/UFC
DISCIPLINA: PROCESSOS QUÍMICOS INDUSTRIAIS

Talita Macedo dos Santos


Doutoranda em Engenharia Química
Sumário da aula

1. Gado – Curtume

2. Colágeno, Gelatina

3. Pescado – Quitina, Quitosana

4. Farinha, Hidrolisado Protéico do Pescado


Resíduos industriais
 Indústrias de processos químicos
 Resíduos sólidos,líquidos e gasosos;
 Menor impacto possível para o meio ambiente.
 Efluente urbano: encaminhamento a um corpo de
água.
Coprodutos de origem animal
A carne não é a única parte bovina aproveitada pela
indústria.
Pelo menos 49 segmentos industriais dependem da
pecuária!
Coprodutos de origem animal
 Porções de subprodutos, carcaça e carne sem osso de
vários animais, em % do “peso vivo”.
Bovinos Novilhos Suínos Ovinos
Subprodutos e
49 40 22 52
resíduos
Carcaça 51 60 78 48
Ossos, gorduras,
tendões e perda de 16 21 33 13
peso (água)
Carne sem osso 35 39 45 35
Mercado -Coprodutos de O. A.
 Exportações de Couros e Peles apresentadas pela
SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), referentes a
Março/2013: superação no valor alcançado no mesmo
mês do ano anterior e em relação à Fev./2013.

No total: exportados US$ 191,490 mi, alta de 10,2% em


relação a Março/2012, e alta de 1,4% em relação a Fev. de
2013.
Mercado -Coprodutos de O. A.
 Mercado
Composição -Coprodutos de O. A.
 Pele animal é constituída por:
 Proteínas (95% dos sólidos, 35% do peso);
 Lipídeos, carboidratos, sais minerais, água.

 Proteínas:
 Colágeno
 Elastina
 Queratina
 Glicoproteínas, Albuminas, Globulinas
Composição -Coprodutos de O. A.
 Ossos:
 Minerais (50%, predominando cálcio e fósforo);
 Proteínas (25%);
 Água (25%).

 Proteínas:
 Colágeno (80%);
 Glicoproteínas.
Coprodutos de origem animal
 Peles e ossos de animais e seus produtos: materiais
coloidais com propriedades quase indefinidas.

 Pele crua: constituída por diversas proteínas complexas,


com estruturas diferentes para diferentes animais.

 Fabricação de couros: grande número de substâncias


ativas que afetam as peles – enzimas, bactérias, álcalis,
ácidos, óleos, gorduras e sais.
SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL - I

Peles Ossos

Gado vacum. Novilha Desengordurados Frescos


Coelhos ou ou porco
outros

Gelatina Osseína
Cola de comestível Extrato de
Cola de
couro cola de
ossos
ossos Gelatina
Gelatina frescos
não comestível
comestível Ossos
extraídos Sebo
Gelatina Gelatina
fotográfica técnica
Farinha de
ossos Graxa
Gelatina Gelatina
farmacêutica fotgráfica
Graxa de
ossos Resíduos

Gelatina
farmacêutica
Ossos
Resíduos extraídos

Graxa
SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL - II

Vísceras/ Penas /
Sangue
Água Água

Peneira Peneira Depósito


Água Peneira
Água de piso Pré-
Digestor Aquec.
Digestor
Fossa
Flotação Percolador Coagulador
Gordura Percolador
Separador
Detector Água /
Lagoa
Prensa metais Sangue
Depósito Expeller
Secador de Fossa de
anel Flocação
Moinho
Expedição

Silos Lagoas
Silos

Expedição
Expedição
Couro curtido
 Química e Engenharia no setor de Couros:
desenvolvimento lento do controle científico.

 Couro curtido: pele do animal preservada da putrefação


por processos denominados de curtimento, e que a
tornam flexível e macia.

 Curtimento: natureza fibrosa da pele é mantida, porém


as fibras são previamente separadas pela remoção do
tecido interfibrilar e pela ação de produtos químicos.
Pele
 Pele: tecido desordenado constituído por fibras unidas
entre si.

 Constituição: cadeias de aminoácidos (glicina e prolina).

 Estrutura secundária: forma de hélice, interage com


outras cadeias por ligações transversais (colágeno).

 Propriedades: grande resistência ao rasgamento, alta


capacidade de absorção de água.
Pele
 Temperatura de contração: aproximadamente 60oC.

 Para evitar esta contração: etapa de estabilização do


colágeno durante o processo de curtimento.

 A pele do animal, assim como é concebida pelo curtidor,


poderá ser dividida em três partes: epiderme, derme e
hipoderme.
Pele
Epiderme, derme e hipoderme.
Tipos de pele para curtume
 Bovina: produção de
couros pesados.
 Ovelha: maior espessura
da flor, couro esponjoso.
 Porco: camada reticular
rica em tecido adiposo.
 Cavalo: semelhante à
bovina.
 Peixe: epiderme delgada,
escamas.
Couro cru X Couro curtido
Pele ou couro cru Couro curtido
Flexibilidade Perde logo a flexibilidade Mantém a flexibilidade.
e torna-se dura e
quebradiça.
Durabilidade Apodrece muito Extremamente durável,
rapidamente. não é atacado por
bactérias.
Resistência à água Absorve água e é Possui grande resistência
facilmente permeada pela à água.
água.
Ação de água fervente Converte-se em gelatina, Atacado com grande
por hidrólise. dificuldade.
Resistência mecânica Boa. Boa.
Fluxograma básico do curtimento

Caleação e
Classificação Descarnagem Divisão
depilação

Descalcinação
Piquelagem Curtimento Prensagem
e Purga

Tingimento e Lixa e
Rebaixamento
secagem acabamento
Tipos de resíduo do processo
Tipos de resíduo do processo
 Dinamizar a apresentação!!!!!

 Cal e sulfetos livres;


Características de efluentes do processo
 As principais características dos despejos são:
 Cal e sulfetos livres;
 Elevado pH;
 Cromo potencialmente tóxico;
 Matéria orgânica (soro, sangue, produtos de
decomposição de proteínas); traduzida por elevada
DBO;
 Elevado teor de sólidos em suspensão;
 Coloração leitosa devida à cal;
 Dureza das águas de lavagem;
 Elevada salinidade (sólidos dissolvidos totais);
 Elevada DQO.
Processo de curtimento em vídeo
Indústria de curtimento
Tipos de couro e princípio químico
 Curtimento Mineral (inorgânico): sais de cromo
trivalente (cromo III).
 Couro wet-blue: curtido unicamente com sais de
cromo. Couros obtidos: elevada maciez,
elasticidade, baixo peso específico.

 Curtimento Vegetal (orgânico): mais comum é o


realizado com taninos vegetais, combinados ou não
com taninos sintéticos, entre outros.
 Couros obtidos: maior peso específico, menor
estabilidade à lavagem, não são empregados para
a fabricação de vestuário.
Tipos de couro e princípio químico
 Reação envolvida com a encalagem (cal ataca o laço
dissulfeto da queratina da epiderme).
 RSSCH2R + H2O RSH + RCH2SOH
 RCH2SOH RCHO +H2S

 Curtimento Vegetal: feito com agentes tanantes


(taninos: misturas de glicosídeos de polifenóis.
 Pele + tanino couro + açúcar (pH ácido)
Tipos de couro e princípio químico
 Curtimento Mineral (ao cromo): licor de cromo

 NaCrO7 + 3SO2 + H2O 2Cr(OH)SO4 + NaSO4

 Adicionam-se cargas ao couro para solados, para


lhe atribuir propriedades resistentes à água.
Exemplos de couros
 Wet blue - curtume de semi-acabado.
 Acabado
Colágeno
 Proteína abundante presente nos tecidos conectivos de
animais vertebrados (cerca de 50% do total da proteína
humana) e invertebrados.

 Principal proteína fibrosa que constitui ossos,


cartilagens e peles.

 Fibras no tecido conectivo – sarcolema


Colágeno
 Insolúvel em água e em soluções diluídas de ácidos,
álcalis e em solventes orgânicos em temperaturas
ordinárias.

 Principal característica: fibras insolúveis com alta força


elástica, capacidade de hidratação e reabsorção e baixa
antigenicidade.
Colágeno
(a) (b)

Estrutura tripla hélice: (a) filamento (b) modelo compacto.


Colágeno
 Tripla hélice: necessária
glicina (Gly) a cada terceira
posição ao longo da
cadeia.

 Unidade repetitiva Gly-X-Y,


X e Y são prolina e
hidroxiprolina.

 Aumento de T: destruição
da estrutura terciária,
formação de gelatina
(estrut. desorganizada).
Colágeno

Esquema representativo da hidrólise alcalina dos grupos


carboxiamidas.
Colágeno
 Vantagens da utilização:
 Disponibilidade;
 Conhecido química e estruturalmente;
 Baixo índice de alergenicidade;
 Biocompatível;
 Pode sofrer modificação da estrutura;
 Grande resistência à tração;
 Biodegradável;
 Diversas formas (gel, membranas, filmes, esponjas).
 Matriz para liberação de fármacos.
Utilizações do colágeno e queratina
Colágeno
Hidrólise Proteína da carne
Queratina

Hidrolisado Exaustão ácida

Indústria Indústria Agentes de


química compósitos enchimento

Cola Cola
Surfactante

Compósitos
biodegradáveis
Enchimento
lubrificante
Gelatina
 Complexo hidrocolóide produzido por hidrólise parcial
do colágeno animal;
 Constituída por proteínas (entre 85 e 92%), além de sais
minerais e umidade ainda deixada depois da secagem.
 Utilizada em alimentos, medicamentos, fotografia e
indústria de cosméticos.
Fluxograma de obtenção da gelatina
Matéria-prima

Trituração

Desengorduram.
Soxhlet-benzeno
T = 80°, t = 6 hs
Maceração com
álcalis e ácidos.
6 a 8 hs.
Extração por
cocção. T = 98°C,
2 hs.
Quitina
 Biopolímero β-(1-4)-N-acetil-D-glucosamina (cadeias de
resíduos β-(1-4)-2-acetamida-2-dexosi-D-glicose).

 Segundo mais abundante encontrado na natureza.

 Encontrada no exoesqueleto de crustáceos, na parede


celular de fungos e em outros materiais biológicos.
Quitina
 Insolúvel em água, solventes orgânicos, ácidos diluídos
e álcalis. Sólido cristalino ou amorfo.

 Diferentes formas polimórficas, descritas como α-


quitina, β-quitina, γ-quitina, (estr. cristalina, disposição
das cadeias e presença de moléculas de água.)
Quitosana
 Diferença estrutural da quitina: grupo amino na posição
2 (quitina: grupos acetoamino).

 Poliamina linear com grupamentos amino disponíveis


para reações quím. (propriedades de maior interesse).

 Grupamentos podem adquirir uma carga positiva em


presença de sol. ácidas: solubilização em ác. orgânicos.
Quitosana
 Obtida pela desacetilação alcalina da quitina.
 Condições dessa reação conferem à quitosana suas
características principais:
 Peso molecular médio do biopolímero,
 Grau de desacetilação.
Aplicações da Quitina e Quitosana
 Quitina: agente floculante no tratamento de efluentes,
adsorvente na clarificação de óleos, e principalmente na
produção de quitosana.

 Quitosana: tratamento de esgotos industriais,


confecção de fios de sutura, curativos com propriedades
bactericidas, fungicidas e cicatrizantes.
Fluxograma de obtenção da quitina
Matéria-prima

Materiais
Pré-tratamento
grosseiros

HCl 2,5%
Desmineralização
ou 7%

NaOH 5% Desproteinização

NaClO
0,36% Desodorização

H2O Secagem QUITINA


Fluxograma de obtenção da quitosana
Quitina seca Desacetilação Quitosana

Dissolução

HCl 2,5% Retirada do


Centrifugação precipitado
ou 7%

NaOH 5% Precipitação

NaClO Retirada dos


0,36% Centrifugação reagentes

H2O Secagem QUITOSANA


PURIFICADA
Resumo
Farinha de pescado
 Farinha de pescado (fish meal) obtida para ração: utiliza
somente processos físicos.
 Farinha para consumo humano:
 A partir de descartes comestíveis da indústria;
 Extração dos lipídeos via solventes (etanol).
Farinha de pescado
SOLVENTE ÓLEO

MATÉRIA-PRIMA DESINTEGRAÇÃO EXTRAÇÃO CENTRIFUGAÇÃO

FARINHA DE
MOAGEM E PESCADO PARA
LAVAGEM SECAGEM
PENEIRAGEM CONSUMO
HUMANO

VAPORES
Hidrolisado protéico de pescado
 Concentrado protéico obtido a partir de enzimas que
hidrolisam as proteínas do pescado, isolando a fração
protéica (90%).
 Feito a partir de pescado magro.
 Utilizações:
 Consumo animal;
 Substituto ou complemento do leite para
mamíferos.
Hidrolisado protéico de pescado ENZIMA
ÁC./ALCAL.

DIGESTÃO (25° A
MATÉRIA-PRIMA TRITURADOR
70°)

CENTRIFUGAÇÃO PASTEURIZAÇÃO DESIDRATAÇÃO

ESPINHAS
LÍQUIDO
E PELE HIDROLISADO DE
PESCADO
Silagem de pescado
 Silagem: Hidrólise de resíduos de pescado com ácidos
orgânicos e enzimas do próprio pescado.

 Vantagens:
 Conserva o valor nutricional (não utiliza-se de
tratamento térmico em seu processamento).
 Baixo custo de fabricação. Não exige mão-de-obra
especializada. Não necessita de refrigeração.
 Não exala fortes odores durante a sua preparação.
Silagem de pescado
 Desvantagens:
 É um produto volumoso, portanto, há dificuldades
na estocagem e no transporte.
 Utilizado para alimentação animal.
Links e materiais interessantes
 http://marianaplorenzo.com/2010/10/09/processos-de-um-
curtume/
 http://www.cicb.org.br/?page_id=6369
 http://www.centrodocouro.com.br/website/index.php?optio
n=com_content&view=category&layout=blog&id=75&Itemi
d=112
 http://www.gelatine.org/en.html

 http://www.sic.org.br/praqueserve.asp

 OETTERER, M. et al. Fundamentos de Ciência e Tecnologia de


Alimentos. Alimentos e Nutrição, Barueri, SP, 2006, 612 p.
OBRIGADA!

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