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Nº 00151/MD
5. A projeção para 2014 indica que na maioria dos aeroportos das cidades que
sediarão a Copa do Mundo haverá algum tipo de gargalo na infraestrutura, seja em pátio, pista ou
terminal de passageiro, independentemente da realização do evento.
13. Com o mesmo escopo concorrencial, propõe-se que o poder concedente possa
estabelecer condicionantes à obtenção e transferência da concessão, respeitados os três primeiros
anos do ajuste, período no qual não será possível realizar a transferência da concessão. Além
disso, incumbe à ANAC aprovar previamente a cisão, a fusão, a transformação, a incorporação e
a redução do capital da empresa concessionária, bem como a transferência de seu controle
societário ou a subconcessão.
15. Outro ponto relevante é que eventual interesse militar no aeroporto será
preservado nos contratos de concessão, que preverão possíveis limitações decorrentes desse
interesse, para observância pela concessionária, com base na manifestação do Ministério da
Defesa.
16. Sobre o aspecto econômico regulatório, convém salientar que a ANAC
determinará o teto tarifário a partir de critérios específicos e a forma de seu reajuste. Para o
cálculo do teto, as receitas alternativas poderão ser computadas total ou parcialmente, tendo-se
em vista a modicidade tarifária e, eventualmente, a expansão da infraestrutura aeroportuária.
19. Cumpre esclarecer que as medidas que ora se apresentam seguem a tendência
mundial de reformular e modernizar a prestação de serviços aéreos. A principal contribuição da
presente proposta está em definir o marco regulatório do setor de infraestrutura aeroportuária, de
modo a viabilizar uma gestão diferenciada para atender a demanda crescente no setor.
21. Por fim, cabe informar que a aprovação da presente proposta não implicará em
aumento de despesas no orçamento da União.
22. São essas, Senhor Presidente, as razões que me levam a propor a Vossa
Excelência a edição do Projeto de Decreto em questão.
Respeitosamente,
NELSON A. JOBIM
Ministro de Estado da Defesa
1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências:
Necessidade de, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005, se
estabelecer o regime jurídico aplicável à concessão para exploração do Aeroporto de São
Gonçalo do Amarante - ASGA, localizado no Município de São Gonçalo do Amarante, no
Estado do Rio Grande do Norte, incluído no Plano Nacional de Desestatização - PND por meio
do Decreto nº 6.373, de 14 de fevereiro de 2008.
4. Custos:
A medida proposta não acarretará nenhum aumento de despesa.
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente se o ato proposto for medida
provisória ou projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência):
Não se aplica.
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medida proposta possa vir a tê-lo):
Não há.
Texto Proposto
Não se aplica.
DECRETA:
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o regime jurídico aplicável à concessão para exploração
do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante - ASGA, localizado no Município de São Gonçalo do
Amarante, no Estado do Rio Grande do Norte, incluído no Plano Nacional de Desestatização - PND por
meio do Decreto nº 6.373, de 14 de fevereiro de 2008.
Art. 3º Para os fins deste Decreto, a Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC - exercerá
o poder concedente, nos termos da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005.
CAPÍTULO I
Parágrafo único. As restrições previstas no caput poderão ser excepcionadas pela ANAC,
em decisão fundamentada, no caso de concessão de parte da infraestrutura aeroportuária.
Art. 9º A transferência da concessão será vedada ao longo dos três primeiros anos de
execução do contrato de concessão.
Art. 12 O prazo de concessão será de até trinta e cinco anos, podendo ser prorrogado uma
única vez, mediante justificativa, por prazo máximo igual ao período originalmente contratado.
§1º. A prorrogação de que trata o caput só poderá ocorrer para fins de reequilíbrio
econômico-financeiro decorrente de riscos não assumidos pela concessionária no contrato de concessão.
CAPÍTULO II
DA REGULAÇÃO TARIFÁRIA
Art. 16 O teto tarifário será determinado a partir de um dos seguintes critérios, fixados no
edital:
I- a receita, por unidade de passageiro e carga equivalente;
II- um valor que corresponda à média ponderada dos valores das diversas espécies de
tarifas; ou
III- um valor máximo para cada uma das diversas espécies de tarifas.
Art. 17. O teto tarifário será reajustado anualmente, por um índice de preços ao
consumidor, e revisto ordinariamente a cada 5 (cinco) anos, a fim de preservar o equilíbrio econômico-
financeiro do contrato, nos termos do artigo 19 deste Decreto.
II - fator de produtividade.
Art. 19. Caberá à ANAC a prerrogativa de escolher a forma pela qual será implementada a
recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, a favor do poder concedente ou do
concessionário, podendo ser utilizadas as medidas abaixo elencadas, individual ou conjuntamente, sem a
exclusão de outras medidas cabíveis:
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, deverão ser observadas as seguintes
condições:
§1º Quaisquer descontos nas tarifas definidos conforme os parâmetros deste artigo deverão
ser estendidos a qualquer usuário que atenda às condições para a sua fruição.
§2º Os descontos praticados pelo concessionário em relação ao teto tarifário não poderão
ser utilizados como fundamento para sua revisão.
CAPÍTULO III
VII - aos níveis de serviços (parâmetros de qualidade) que deverão ser atendidos pela
concessionária na execução do contrato e que poderão gerar a necessidade de realização de investimentos,
bem como a previsão das sanções em caso de não atendimento dos níveis exigidos;
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÃO FINAL
PARECER N°
N° 150/CONJUR/MD-2010
I - RELATÓRIO
1. Vem para o exame desta Consultoria Jurídica proposta de Decreto, oriundo da Agência
Nacional de Aviação Civil - ANAC, por meio do qual se pretende estabelecer as regras que compõem o
regime jurídico das concessões para exploração do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante - ASGA.
2. Conforme é relatado no documento de encaminhamento, a presente minuta de Decreto é
encaminhada a este Ministério da Defesa nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 11.182, de 27.9.2005, no qual
se prevê que a autarquia deverá elaborar proposta de modelo de concessão da infraestrutura aeroportuária,
a partir das orientações, diretrizes e políticas estabelecidas pelo Conselho de Aviação Civil - CONAC,
para apreciação e aprovação do Presidente da República.
3. É o relatório.
II - ANÁLISE
4. A questão que se coloca em análise desta CONJUR diz respeito à reflexão de aspectos
jurídicos do modelo de concessão proposto pela ANAC para a exploração do ASGA, a fim de que se
possa averiguar a compatibilidade das medidas e, assim, atestar o pleno cumprimento do art. 3º, II, da Lei
nº 11.182/2005.
5. Nesse sentido, cumpre apresentar, inicialmente, o ambiente normativo em que está inserida
a matéria.
6. A Constituição Federal atribuiu à União a responsabilidade pela exploração da
infraestrutura aeroportuária. No ponto, também previu, expressamente, a possibilidade de a exploração
ser realizada tanto diretamente pelo Ente central como indiretamente, isto é, por meio dos institutos da
concessão, permissão e autorização. Nesse sentido, verbis:
15. Tal organização indica, desde logo, que os pontos de relevância para a construção do
regime jurídico de concessão estão sendo tratados no documento. E, a partir da leitura dos respectivos
artigos, confirma-se o pensamento acima.
16. De fato, a exemplo dos modelos estabelecidos para outros setores, como os de
telecomunicações (Lei nº 9.472, de 16.7.1997), petróleo (Lei nº 9.478, 6.8.1997), energia (Lei nº 9.427,
26.12.1996), e transportes terrestres e aquaviários (Lei nº 10.233, de 5.6.2001), a proposta aborda
aspectos fundamentais de toda concessão, como situação patrimonial dos bens, reversibilidade, política
tarifária, elementos necessários à elaboração do edital e do contrato, hipóteses de extinção da concessão,
atribuições da Administração Pública Federal, dentre outros temas de igual importância. Muitas das
disposições contidas na proposta foram reproduzidas ou assemelham-se em grande medida às normas
vigentes para aqueles setores.
17. Ainda nessa perspectiva, observa-se que a disciplina proposta pauta-se nas diretrizes
estabelecidas pela Lei nº 8.987, de 13.2.1995, e apóia-se na experiência normativa de setores que, nos
últimos anos, observaram a participação da iniciativa privada.
18. Dessa maneira, restam minimizados os riscos de questionamentos inoportunos e de
dificuldades regulatórias futuras.
19. No mérito, cabe sugerir, no art. 14 da proposta, tão somente a modificação do termo
autorização para delegação, termo mais adequado na espécie, nos termos do que prevê o art. 8º, § 6º, da
Lei nº 11.182/2005.
20. Com relação aos aspectos formais do documento, inexistem observações a serem feitas, na
medida em que a articulação está redigida de forma clara, concisa e lógica, segundo se exige pela Lei
Complementar nº 95, de 26.2.1998 e pelo Decreto nº 4.176, de 28.3.2002.
21. Pelas razões acima, conclui-se pela constitucionalidade e legalidade da proposta.
III - CONCLUSÃO
22. Pelo exposto, conclui-se que a proposta que estabelece o regime de concessão a ser
aplicável ao Aeroporto de São Gonçalo do Amarante - ASGA é constitucional e legalmente válida,
estando apta para decisão de seu envio ao Exmo. Sr. Presidente da República.
23. À consideração superior.