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II Tdio
Um dia, conversando com a tia, descobriu-se a si mesma. Descobriu-se ou criouse? Algum disse um dia que nossa vida no pode ser uma pintura posto que ser
sempre um esboo. E tem aquela histria de que o espetculo da vida no admite
ensaios. Enfim, essa divagao toda devia ser devido ao seu dosha, aprendeu numa
oficina de horta que teve na poca do cursinho, uma mulher que ensinava medicina
ayuvrdica dissera que cada um tem um dosha. O seu devia ser o kapha. Lento, pesado,
calmo, muitas divagaes, pouco objetivo. E outro que disse, escrever reescrever, eu,
Cortina, posso divagar o quanto queira por aqui, se no ficar bom, apago e tento
denovo, ou deixo como est por pura preguia. Ou vontade de criar um estilo prprio?
Que seja, a escrita me permite reler as divagaes, portanto, voltemos tia.
Sempre fui meio entediada, tia. Ao mesmo tempo que sou encantada. Sabe, acho
que espero demais da vida e me decepciono rpido demais quando no consigo o que
sei que ela pode me oferecer. Talvez eu devesse me livrar. Dessas coisa que me fazem
sentir tdio. Dessas coisas que fao por obrigao. Mas como identificar isso? No sinto
falta, por acaso, dos almoos de domingo quando no posso t-los? Insatisfao crnica
existe?
Talvez eu devesse fazer mais pelo que quero da vida. Sei sempre que s tenho essa
chance, por outro lado, d uma preguiiia macunamica. E o feitio vira contra o
feiticeiro. O mesmo argumento que me faz querer viver como se no houvesse amanh,
tudo ao mesmo tempo agora, me faz pensar que no vale a pena muito esforo, j que
tudo terminar em decomposio da matria, tudo que, no fim das contas, eu sou.
III