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A CRISE HUMANA NO MUNDO MODERNO

Falar em crise é algo complexo, isto porque existem muitas delas. Mas, como
entender a crise raciocinando sobre ela – eis a questão! Eu diria que todas as crises
tem dois estados: o antes e o depois. A crise é em si mesma a transição entre estados
diferentes de um fenômeno natural ou social. Ela é a possibilidade de mudança de
um lado-estado para o outro – nos dois sentidos! Podemos destacar a natureza das
crises: política, ecológica, econômica, cultural, educacional, identitária, existencial,
material, espiritual etc. Na crise política-econômica, por exemplo, podemos
identificar inúmeros pares: capitalismo-socilalismo, capitalismo-feudalismo etc. E
assim por diante. E mesmo dentro de um fenômeno pode haver uma divisão e
transição. Ou seja, para se ter o fenômeno da crise tem que haver um par-fenômeno.
E esse par-fenômeno deve estar sendo afetado por uma força superior que provoca
um movimento de mudança, transformação ou fluxo. Nesse sentido, a crise do
capitalismo não ocorre por ele mesmo, mas por uma força abstrata superior que o
força a uma mudança. Em outras palavras, todas as crises sociais ocorrem devido às
forças sutis humanas em movimento, evolução e transformação. As crises naturais
seguem a mesma lógica. E considerando o ser humano como uma entidade
pertencente a um cosmos - um processo universal e transcendental - o homem pode
também influenciar uma mudança nesse par-fenômeno natural. O equilíbrio seria o
lugar ou espaço onde a crise não se manifestaria. O equilíbrio é o lugar da unidade na
totalidade de todos os fenômenos – que estão interligados e interdependentes!
Em outras palavras, a única possibilidade de se manifestar o estado de não-crise é no
estado de equilíbrio das forças antagônicas (que gera competição ou conflito) ou
complementares (que gera cooperação ou solidariedade) em movimento em busca de
unidade. E esse lugar é em verdade uma utopia – porque é um espaço que transcende
a dimensão psico-biológica do homem racional que conhecemos. Eu denomino esse
lugar de Transcendência Ontológica. Nesse contexto, estaremos em eterna crise ou
conflito enquanto não descobrirmos o verdadeiro sentido do fenômeno de equilíbrio
na unidade em si mesmo. O ser humano é nesse contexto uma natureza que caminha
oscilante para uma evolução autotranscendente da unidade em si – AMOR. Ele é,
portanto, multidimensional e utópico em sua estrutura ontológica.
A consciência humana é a força sutil e abstrata que provoca as alterações ou
mudanças de estado no par-fenômeno. Ela é tanto sensibilidade, inteligência e
energia em processo de criação. Assim, todas as respostas aos problemas humanos
dependem do autodomínio desse poder-lugar invisível, porém vivencial.

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