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Fernando Pessoa Ortó nimo

José António Coelho Inês


Índice
I. Características...............................................................................................................................3
II O fingimento poético.....................................................................................................................5
III Alberto Caeiro.............................................................................................................................10
IV Ricardo Reis................................................................................................................................13
V Álvaro de Campos.......................................................................................................................15
VI Mensagem...................................................................................................................................17
VII Os poemas:................................................................................................................................21
Caracteristicas

I. Características

Características temáticas

 Identidade perdida

 Consciência do absurdo da existência

 Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência,


sonho/realidade

 Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade,


esperança/desilusão

 Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção

 Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia,


cansaço, desespero, frustração

 Inquietação metafísica, dor de viver

 Auto análise

Características estilísticas

 Musicalidade: aliterações, transportes, rimas, ritmo, tom


nasal (= prolongamento da dor, do sofrimento)

 Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas)

 Predomínio da quadra e da quintilha – utilização de elementos


formais tradicionais

 Adjectivação expressiva

 Linguagem simples mas muito expressiva – cheia de


significados escondidos

 Pontuação emotiva

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Caracteristicas

 Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários paradoxos


- pôr lado a lado duas realidades completamente opostas)

 Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água,


o mar...)

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O fingimento poetico

II O fingimento poético

II.1 Autopsicografia
 A arte nasce da realidade

 A poesia consiste no fingimento dessa realidade: a dor


fingida ou intelectualizada

 A intelectualização é expressa de forma tão artística que


parece mais autêntica que a realidade

 Relação do leitor com a obra de arte:

o Não sente a dor real (inicial): essa pertence ao poeta

o Não sente a dor imaginária: essa pertence ao criador


(poeta)

o Não sente a dor que ele (leitor) tem

o Sente o que o objecto artístico lhe desperta: uma quarta


dor, a dor lida

 A obra é autónoma, quer em relação ao leitor, quer em relação


ao autor (vale por si)

 Há uma intelectualização da emoção: é recebido um estímulo


(emoção) – dado pelo coração – que é intelectualizado – pela
razão; o que surge na criação são as emoções
intelectualizadas. Ou seja, o pensar domina o sentir – a
poesia é um acto intelectual

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O fingimento poetico

II.2 A dor de pensar


O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao nível do sensível para poder
desfrutar dos momentos – porque a constante intelectualização não o permite. Sente-se como
enclausurado numa cela pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque,
assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante,
confuso e negro. Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda, quando ele
observa a realidade parece que tudo se evaporou.

Ela canta pobre ceifeira – a ceifeira representa os sensacionistas e o seu canto seduz o poeta, que
mesmo assim não consegue deixar de pensar; o poeta quer o impossível: ser inconsciente mas saber
que o é, sentir sem deixar de pensar – o seu ideal de felicidade; acaba por verificar que só os
sensacionistas são felizes, pois limitam-se a sentir, e tem então um desejo de aniquilamento;
musicalidade produzida pelas aliterações, transporte, metáfora e quadra

“Não sei se é sonho, se realidade” – exprime uma tensão entre o apelo do sonho (caracterizado pela
tranquilidade, sossego, serenidade e afastamento) e o peso da realidade; a realidade fica sempre
aquém do sonho e mesmo no sonho o mal permanece – frustração; conclui que a felicidade, a cura
da dor de viver, de pensar, não se encontra no exterior mas no interior de cada um.

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O fingimento poetico

II.3 O eu fragmentado

O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se consegue encontrar nem
definir em nenhum deles, é incapaz de se reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio.

“Não sei quantas almas tenho” – o poeta confessa a sua desfragmentação em múltiplos “eus”,
revelando a sua dor de pensar, porque esta divisão provém do facto de ele intelectualizar as
emoções; a sucessiva mudança leva-o a ser estranho de si mesmo (não reconhece aquilo que
escreveu); metáfora da vida como um livro: lê a sua própria história (despersonalização, distancia-
se para se ver)

Entre o sono e o sonho – símbolo do rio: divisão, separação, fluir da vida – percurso da vida; é a
imagem permanente da divisão e evidencia a incapacidade de alterar essa situação (o rio corre sem
fim – efemeridade da vida); no presente, tal como no passado e no futuro (fatalidade), o eu está
condenado à divisão porque condenado ao pensamento (se fosse inconsciente não pensava e por
isso não havia possibilidade de haver divisão); tristeza, angústia por não poder fazer nada em
relação à divisão que há dentro de si; metáfora da casa como a vida: o seu eu é uma casa com várias
divisões – fragmentação

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O fingimento poetico

II.4 O tempo: factor de degradação


Para o poeta viver é o presente. O passado não interessa, porque recordar não é viver, é estar preso
a algo que não volta – “O futuro é algo que não conheço e o passado algo que já não tenho. Um
pesa-me como a possibilidade de tudo, outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem
saudades”. Esta atitude mostra que o poeta está descontente em relação ao que foi, porque não foi
nada do que quis, e revela desmotivação e falta de esperança pois crê que também no futuro as
coisas não melhoram, também nele os sonhos não vão passar disso.

Assim, ele surge como uma sombra, um vestígio da si próprio.

Ó sino da minha aldeia – sino é símbolo da passagem do tempo (dolorosa); pouca expectativa em
relação ao futuro; inconformismo, procura constante do eu; tempo dividido em fragmentos (o
passado não existe, já passou e nele eu não fui capaz de sentir, de ser feliz na altura); solidão
ansiedade, nostalgia da infância; musicalidade - aliteração

No entardecer da terra – 1o momento em que o poeta descreve o que vê; 2º momento em que faz a
passagem para o seu interior; análise ao seu interior: frustração em relação ao passado (os sonhos
não se concretizaram), incapacidade de viver de acordo com o momento – só posteriormente se
apercebe que esse momento não foi verdadeiramente vivido (não se sente feliz, realizado em
nenhum momento), tristeza, angústia, solidão

O tédio, o cansaço de viver

O poeta constata que não é ninguém, ele é nada – o sonho de ir mais além desaparece. Diz que não
sabe nada, não sabe sentir, não sabe pensar, não sabe querer, ele é um livro que ficou por escrever.
Ele é o tédio de si próprio: está cansado da sua vida, está cansado de si.

Bóiam leves, desatentos - poema apresenta um conjunto de elementos que sugerem indefinição e
estagnação, estados que provocam o tédio e o cansaço de viver (“bóiam”, “sono”, “corpo morto”,
folhas mortas”, águas paradas”, casa abandonada”); todos estes elementos apontam para a dor, a
incapacidade de viver, a angústia, o tédio; os seus pensamentos andam como que à deriva, não têm
onde ficar, pois ele é nada; são insignificantes, sem consistência, vagos, sem conteúdo;
impossibilidade do sujeito sair do estado de estagnação em que se encontra (entre a vida e a não
vida); musicalidade: transporte, anáfora (repetição duma palavra), ritmo (lento, parado – como ele)

Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar - sujeito não quer desejar muito mais para além do
que é natural e espontâneo na vida;  tudo aquilo a que o homem se pode agarrar é imperfeito e inútil
(ex:amor); a melhor maneira de passar pela vida é não desejar, não se sentir atraído por nada

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O fingimento poetico

(apatia, cansaço total); revela um certo desejo de morte porque já n quer nada; desejo de comunhão
com a natureza
 

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Alberto Caeiro

III Alberto Caeiro


Alberto Caeiro, desejando-se um simples homem da natureza, inteiramente desligado dos valores
da cultura, pretendeu, sobretudo, ser. Tentou, assim, desenvolver uma arte de ser. 

III.1 Características temáticas


 Objectivismo:

 Apagamento do sujeito

 Atitude antilírica

 Atenção à “eterna novidade do mundo”

 Integração e comunhão com a Natureza

 Poeta da natureza

 Poeta deambulatório

 Sensacionismo:

o Poeta das sensações tais como são

o Poeta do olhar

o Predomínio das sensações visuais e auditivas

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Alberto Caeiro

III.2 Características estilísticas


 Verso livre, métrica irregular

 Despreocupação a nível fónico

 Pobreza lexical (linguagem simples, familiar)

 Adjectivação objectiva

 Pontuação lógica

 Predomínio do presente do indicativo e do gerúndio

 Frases simples – predomínio da coordenação

 Comparações simples e raras metáforas

III.2.1 A “Arte Poética”


E há poetas que são artistas (poema XXXVI d’O Guardador de Rebanhos) – poetas artistas (não são
espontâneos, são artificiais e monótonos, demasiado preocupados com a forma, mais do que com o
conteúdo); poetas espontâneos (são naturais e variados como ele); ele não procura explicações nem
a perfeição, deixa-se levar pela passagem do tempo sem se preocupar; defende que o melhor é viver
sem dor nem revolta, ter calma perante a realidade; a sensação é tudo, o pensamento é uma doença
 

III.2.2 Sensancionista
Eu nunca guardei rebanhos (poema I d’O Guardador de Rebanhos) - quatro momentos (o poeta
compara-se a um pastor que deambula pela natureza; rejeição do pensamento porque ele não deixa
que se aprecie verdadeiramente a natureza e que se seja feliz; ele é um poeta espontâneo, natural, e
só escreve aquilo que sente; dirige-se aos leitores e transmite-lhes uma mensagem de objectividade
e espontaneidade e que o vejam como fazendo parte da natureza - quer que os leitores encontrem na
natureza a paz e a felicidade que ele próprio encontra); tal como o pastor, o sujeito vive sozinho e
isolado; a escuridão traz consigo o “perigo” do pensamento – traz inquietação. 

Sou um guardador de rebanhos (poema IX d’O Guardador de Rebanhos) – a realidade precisa de


ser observada, não pensada; o sentido das coisas reduz-se à sua cor, forma e existência.  

III.2.3 O poeta antimetafísico

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Alberto Caeiro

O meu olhar é nítido como um girassol (poema II d’O Guardador de Rebanhos) - o mais importante
é ver (procura extasiar-se com o que vê); atitude que ele quer ter perante a realidade: atitude de
ingenuidade, sem preconceitos, conceitos ou teorias, como uma criança; o mundo está feito não
para pensarmos nele mas para o observarmos e nos sentirmos em harmonia com ele; desejo de um
amor espontâneo, sem calculismos 

Li hoje quase duas páginas (poema XXVIII d’O Guardador de Rebanhos) - os poetas místicos
pensam e introduzem no que observam a sua subjectividade; a natureza deve ser amada por aquilo
que é e não por aquilo que ela provoca em mim; a natureza não tem mistério nenhum (“Porque a
Natureza não tem dentro”), as coisas não têm sentido oculto. 

O mistério das coisas, onde está ele? (poema XXXIX d’O Guardador de Rebanhos) – as coisas são
aquilo que parecem ser: não têm significação, têm existência. 

III.2.4 O poeta do objectivismo


Quem me dera que eu fosse o pó da estrada (poema XVIII d’O Guardador de Rebanhos) - a única
maneira de não ter angústias é ser algo concreto, simples e útil – o poeta manifesta o desejo de se
transformar em coisas simples, de se dispersar pela natureza; o modo conjuntivo indica apenas um
desejo de ser aquilo que não é - Uma vez mais estamos perante o drama de Fernando Pessoa que,
através de Caeiro, procura libertar-se da sua condenação ao pensamento (se se realizasse a vontade
ele teria alcançado o sonho e era feliz)

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia -

aceitação calma da ordem natural das coisas; eu controlei a minha vida, ela pertence-me e vivi da
maneira que me causava menos sofrimento; predominância da objectividade (“Vi como um
danado”); rejeição do pensamento – nunca se deixou absorver por ele; importância do real e da
observação – prazer de descobrir a diversidade da natureza.

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Ricardo Reis

IV Ricardo Reis
Ricardo Reis não desejou mais que viver segundo o ensinamento de todas as culturas,
sinteticamente recolhidas numa sabedoria que vem de longe e que nem por isso deixou de ser
pessoal. Viver conforme a Natureza, liberto das paixões, indiferente às circunstâncias e aceitando
voluntariamente um destino voluntário era uma parte da sua filosofia. Ele desenvolveu, assim, uma
arte de viver.

IV.1 Características temáticas


 Epicurismo:

o Busca da felicidade relativa

o Moderação dos prazeres

o Fuga à dor

o Ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbação

 Estoicismo:

o Aceitação das leis do destino (aceitação voluntária de um destino involuntário)

o Indiferença face às paixões e à dor

o Abdicação de lutar

o Autodisciplina

 Horacianismo:

o Carpe diem: vive o momento

o Aurea mediocritas: a felicidade possível no sossego do campo (proximidade de


Caeiro)

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Ricardo Reis

IV.2 Características estilísticas


 Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita corresponde a uma expressão
perfeita

 Forma métrica: ode

 regulares em verso decassilábico, alternadas ou não com hexassílabo

 Verso branco

 Recurso frequente à assonância (repetição de sons vocálicos), à rima interior, à aliteração


(repetição de sons consontânticos), ao hipérbato (alteração da ordem natural das palavras) e
ao eufemismo; por vezes também recorre a metáforas e comparações

 Predomínio da subordinação

 Uso frequente do gerúndio e do imperativo (na 1ª pessoa do plural, dando um certo tom
moralista)

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Álvaro de Campos

V Álvaro de Campos
Esforçou-se principalmente por sentir, em lúcida histeria, de acordo com os ritmos do mundo
moderno – uma arte de sentir.

V.1 Características temáticas


1ªfase - decadentismo

2ª fase - Futurismo:

 Elogio da civilização industrial e da técnica

 Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional

 Atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida Sensacionismo:

 Vivência em excesso das emoções (“Sentir tudo de todas as maneiras” o afastamento de


Caeiro)

 Sadismo e masoquismo

 Cantor lúcido do mundo moderno

3ª fase - Pessimismo (reencontro com o ortónimo):

 Dissolução do “eu”

 Dor de pensar

 Conflito entre a realidade e o poeta

 Cansaço, tédio

 Angústia existencial, solidão

 Nostalgia da infância irremediavelmente perdida

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Álvaro de Campos

V.2 Características estilísticas


 Verso livre, em geral muito longo

 Mistura de níveis de língua

 Construções nominais, infinitivas e gerundivas

 Assonâncias, onomatopeias, aliterações

 Enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva

 Metáforas ousadas, oxímoros, personificações, hipérboles, ironia

 Estrangeirismos, neologismos

 Estética não aristotélica na fase futurista – a ideia de beleza assenta na ideia de força

 Desvios sintácticos (“fera para a beleza de tudo isto”; “de todos os nervos dissecados fora”)

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Mensagem

VI Mensagem
Mensagem foi o único livro completo publicado em vida do poeta. É também uma obra de quase
toda a sua vida: 21 de Julho de 1913 a 26 de Março de 1934. A obra tem este nome principalmente
por razões simbólicas: no Livro Sexto de A Eneida, Anquises explica ao seu filho Eneias, que
desceu aos infernos, o sistema do Universo. Pessoa, tal como Anquises, explica aos seus filhos
espirituais – os portugueses – o sentido da sua pátria (“Mens ag [itat mol] em”: “o espírito move a
massa”). Descida aos infernos da decadência, ela renascerá, como a Fénix, das cinzas e alcançará a
etapa final da Perfeição.

A Mensagem é uma obra lírica, épica, simbólica e mítica. Nela encontra-se claramente o idealismo
platónico, reduzindo o mundo visível à cópia grosseira do mundo invisível; na terra “tudo é
nocturno e confuso”, tudo são projecções, sombras – no outro mundo é que vivemos como almas.
Assim, são as potências do invisível, o mito e a lenda que transformam a existência - mero vegetar -
em vida – perseguição do Impossível, grandeza de alma insatisfeita. Foi o ser eterno, “a vida
verdadeira” da pátria, o que o poeta tentou na sua poesia. Tal como pretendeu para si próprio e a
sua vida. E foi uma certa e peculiar história de Portugal, aquela que ficou expressa na Mensagem,
como uma criação mítico-poética. Aí também ele tentou captar um ser “para além do espaço e do
tempo”: esse feito de sentido eterno e transcendente múltiplas vezes formulado na sua obra como
ideal último a atingir.  

VI.1 Estrutura:
A estrutura da Mensagem, sendo a de um mito, numa teoria cíclica, transfigura e repete a história
de uma pátria como o mito de um nascimento, vida e morte de um mundo (morte que será seguida
de um renascimento). Está simbolicamente tripartida – Brasão, Mar Português e O Encoberto. Esta
é, assim, uma obra simbólica. 

1ªparte – Brasão (constituída por poemas que fazem referência a figuras e mitos que estão
relacionados com a fundação e nascimento de Portugal)

 Os campos (2 poemas)

 “O dos Castelos”

 “O das Quinas”

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Mensagem

 Os castelos (7 poemas)

 “Ulisses”

 “Viriato”

 “O Conde D. Henrique”

 “D. Tareja”

 “D. Afonso Henriques”

 “D. João, o Primeiro” e “D. Filipa de Lencastre”

 As quinas (5 poemas)

 “D. Duarte, Rei de Portugal”

 “D. Fernando, Infante de Portugal”

 “D. Pedro, Regente de Portugal”

 “D. João, Infante de Portugal”

 D. Sebastião”

 A coroa (1 poema)

 “Nun’Álvares Pereira”

 O timbre (3 poemas)

 “A Cabeça do Grifo: O Infante D. Henrique”

 “Uma Asa do Grifo. D. Jão o Segundo”

 “A Outra Asa do Grigo: Afonso de Albuquerque”

2ªparte – Mar Português (corresponde à evocação de todas as proezas que possibilitaram a


construção do império português)

 “O Infante”

 “”Horizonte”

 “Padrão”

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Mensagem

 “O Mostrengo”

 “Epitáfio de Bartolomeu Dias”

 “Os Colombos”

 “Ocidente”

 “Fernão de Magalhães”

 “Ascenção de Vasco da Gama”

 “Mar Português”

 “A Última Nau”

 “Prece”

3ªparte – O Encoberto (esta parte é toda ela um fim, uma desintegração; mas também toda ela cheia
de avisos e pressentimentos, de forças latentes prestes a ressurgir, que irão ser o motor para a
construção do 5º Império, o império espiritual, que é aquele que a tudo resiste – para Pessoa)

Os símbolos (5 poemas)

 “D. Sebastião”

 “O Quinto Império”

 “O Desejado”

 “As Ilhas Afortunadas”

 “O Encoberto”

 Os avisos (3 poemas)

 “O Bandarra”

 “António Vieira”

 “Screvo o meu livro à beira-mágoa”

 Os tempos (5 poemas)

 “Noite” 

 ”Tormenta”

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Mensagem

 “Calma”

 “Antemanhã”

 “Nevoeiro”

Repare-se que o conjunto de poemas da Mensagem está agrupado intencionalmente em blocos de 2,


7, 1, 3 e 12, num total de 44 poemas. Pessoa tira assim partido do simbolismo do número três e dos
seus múltiplos. De notar que o número um é reservado apenas para o poema “Nun’Álvares
Pereira”, inserido sob o título de “A Coroa”; este caso assinala a importância concedida a este herói
nacional, que se destacou na luta contra os castelhanos. Tal facto está de acordo com a simbologia
desse número: a totalidade, a comunhão com o transcendente.

Também os nomes dados a cada parte e alguns nomes referidos nos poemas são também
simbólicos:

 Brasão: o passado inalterável

 Campo: espaço de vida de acção

 Castelo: refúgio e segurança

 Quinas: chagas de Cristo – dimensão espiritual

 Coroa: perfeição e poder

 Timbre: marca – sagração do herói para missão transcendente

 Grifo: terra e céu – criação de uma obra terrestre e celeste

 Mar: vida e morte; ponto de partida; reflexo do céu; princípio masculino

 Terra: casa do homem; espelho do céu; paraíso mítico; princípio feminino

 Padrão: marco; sinal de presença; obra da civilização cristã

 Mostrengo: o desconhecido; as lendas do mar; os obstáculos a vencer

 Nau: viagem; iniciação; aquisição de conhecimentos

 Ilha: refúgio espiritual; espaço de conquista; recompensa do sacrifício

 Noite: morte; tempo de inércia; tempo de germinação; certeza da vida

 Manhã: luz; felicidade; vida; o novo mundo

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Mensagem

 Nevoeiro: indefinição; promessa de vida; força criadora; novo dia

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Os poemas

VII Os poemas:
Ulisses (1ªparte – Os Castelos) (Ulisses, segundo a lenda, terá aportado no rio Tejo e aí fundado
uma cidade com o seu nome. Olisipo=Lisboa) – sendo Ulisses o pai mítico dos portugueses, estes
terão herdado as marcas genéticas daquele – são, pois, predestinados para as aventuras marítimas; o
mito/sonho é imprescindível para a realidade: sem ele a vida não tem sentido 

D.Dinis (1ªparte – os Castelos) – visionário; importância da cultura na grandeza da nação: o Quinto


Império será cultural; lança as sementes dos descobrimentos 

D. Fernando, Infante de Portugal (1ªparte – as Quinas) – Deus é o agente da história, o homem é o


seu instrumento, para o bom e para o mau – o que importa é a acção, não o resultado (visão
messeânica da história);  

D. Sebastião, Rei de Portugal (1ªparte – As Quinas) – é o sonho (loucura) que dá sentido à vida e à
morte, é através dele que se criam novos mundos; sem ideal, cai-se no viver materialista; apelo de
alcance nacional e universal: pede aos seus destinatários que continuem a perseguir o sonho e a
agir; 

O Infante (2ªparte ) – é a vontade de Deus (agente) e a sua escolha de um instrumento que desperta
o sonho no homem e levam a que a obra se realize 

Mostrengo (2ªparte) – exaltação da coragem, audácia e capacidade de superar os medos, do povo


português 

Mar Português (2ªparte) – os perigos, a dor, o sofrimento, os sacrifícios do povo português; atingir
um objectivo implica sofrimento e a pátria justifica o sacrifício individual; simbolismo do céu –
neste contexto, é a realização do sonho e da glória: o mar espelha o céu, quem conquistar o mar,
conquista o céu = a glória 

Prece (2ªparte) – esperança num novo mundo, que ainda pode ser avivada; apelo para que a glória
volte e os portugueses voltem a sonhar, este poema constitui o desenvolvimento do tema presente
nos dois últimos versos do poema “O Infante” e faz a ligação à 3ª parte, pois é um apelo:
ultrapassar o período de decadência e voltar aos tempos de glória 

O Quinto Império (3ªparte) – a insatisfação constante é o motor que conduz à felicidade, à


realização; o sonho evita a mediocridade da vida e possibilita a grandeza da alma; passados os

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Os poemas

quatro impérios que a tradição estabeleceu surgirá o Quinto Império: a idade perfeita, a eterna luz, a
paz universal; o advento do Quinto Império apenas se concretizará com o regresso de D.Sebastião;
qual Fénix, fará surgir das cinzas o Império Universal, cuja cabeça será a pátria lusitana. Retoma o
poema “O dos Castelos”, fortificando assim a unidade da obra 

escrevo meu livro à beira-mágoa (3ªparte – Os Avisos) – tristeza perante a situação do mundo; a
crença na existência de D.Sebastião atenua o sofrimento do poeta, levando-o do desespero à
esperança; o sonho pode concretizar-se no futuro, só é preciso que alguém o concretize; o
sebastianismo é encarado como uma nova religião, que substituirá o cristianismo, trazendo a paz
universal e afastando o mal e a infelicidade – o poeta é o seu profeta;  

Nevoeiro (3ªparte Os Tempos) – incerteza, indefinição, obscuridade, mas tb esperança/promessa de


um novo dia ® depois do nevoeiro vem a luz que permitirá encontrar o caminho certo para a glória,
apelo para que todos lutem por um novo Portugal 

Síntese da temática da Mensagem

 O mito é tudo: sem ele a realidade não existe, pois é dele que ela parte

 Deus é o agente da história; ou seja, é ele quem tem as vontades; nós somos os seus
instrumentos que realizam a sua vontade. É assim que a obra nasce e se atinge a perfeição

 O sonho é aquilo que dá vida ao homem: sem ele a vida não tem sentido e limita-se à
mediocridade

 A verdadeira grandeza está na alma; É através do sonho e da vontade de lutar que se alcança
a glória

 Portugal encontra-se num estado de decadência. Por isso, é necessário voltar a sonhar,
voltar a arriscar, de modo a que se possa construir um outro império, um império que não se
destrói, por não ser material: é o Quinto Império, o Império Civilizacional-Espiritual.

 D.Sebastião, além de ser o exemplo a seguir(pois deixa-se levar pela loucura/sonho), é


também visto como o salvador, aquele que trará de novo a glória ao povo português e que
virá completar o sonho, cumprindo-se assim Portugal.
 

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