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I. Características
Características temáticas
Identidade perdida
Auto análise
Características estilísticas
Adjectivação expressiva
Pontuação emotiva
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Caracteristicas
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O fingimento poetico
II O fingimento poético
II.1 Autopsicografia
A arte nasce da realidade
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O fingimento poetico
Ela canta pobre ceifeira – a ceifeira representa os sensacionistas e o seu canto seduz o poeta, que
mesmo assim não consegue deixar de pensar; o poeta quer o impossível: ser inconsciente mas saber
que o é, sentir sem deixar de pensar – o seu ideal de felicidade; acaba por verificar que só os
sensacionistas são felizes, pois limitam-se a sentir, e tem então um desejo de aniquilamento;
musicalidade produzida pelas aliterações, transporte, metáfora e quadra
“Não sei se é sonho, se realidade” – exprime uma tensão entre o apelo do sonho (caracterizado pela
tranquilidade, sossego, serenidade e afastamento) e o peso da realidade; a realidade fica sempre
aquém do sonho e mesmo no sonho o mal permanece – frustração; conclui que a felicidade, a cura
da dor de viver, de pensar, não se encontra no exterior mas no interior de cada um.
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O fingimento poetico
II.3 O eu fragmentado
O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se consegue encontrar nem
definir em nenhum deles, é incapaz de se reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio.
“Não sei quantas almas tenho” – o poeta confessa a sua desfragmentação em múltiplos “eus”,
revelando a sua dor de pensar, porque esta divisão provém do facto de ele intelectualizar as
emoções; a sucessiva mudança leva-o a ser estranho de si mesmo (não reconhece aquilo que
escreveu); metáfora da vida como um livro: lê a sua própria história (despersonalização, distancia-
se para se ver)
Entre o sono e o sonho – símbolo do rio: divisão, separação, fluir da vida – percurso da vida; é a
imagem permanente da divisão e evidencia a incapacidade de alterar essa situação (o rio corre sem
fim – efemeridade da vida); no presente, tal como no passado e no futuro (fatalidade), o eu está
condenado à divisão porque condenado ao pensamento (se fosse inconsciente não pensava e por
isso não havia possibilidade de haver divisão); tristeza, angústia por não poder fazer nada em
relação à divisão que há dentro de si; metáfora da casa como a vida: o seu eu é uma casa com várias
divisões – fragmentação
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O fingimento poetico
Ó sino da minha aldeia – sino é símbolo da passagem do tempo (dolorosa); pouca expectativa em
relação ao futuro; inconformismo, procura constante do eu; tempo dividido em fragmentos (o
passado não existe, já passou e nele eu não fui capaz de sentir, de ser feliz na altura); solidão
ansiedade, nostalgia da infância; musicalidade - aliteração
No entardecer da terra – 1o momento em que o poeta descreve o que vê; 2º momento em que faz a
passagem para o seu interior; análise ao seu interior: frustração em relação ao passado (os sonhos
não se concretizaram), incapacidade de viver de acordo com o momento – só posteriormente se
apercebe que esse momento não foi verdadeiramente vivido (não se sente feliz, realizado em
nenhum momento), tristeza, angústia, solidão
O poeta constata que não é ninguém, ele é nada – o sonho de ir mais além desaparece. Diz que não
sabe nada, não sabe sentir, não sabe pensar, não sabe querer, ele é um livro que ficou por escrever.
Ele é o tédio de si próprio: está cansado da sua vida, está cansado de si.
Bóiam leves, desatentos - poema apresenta um conjunto de elementos que sugerem indefinição e
estagnação, estados que provocam o tédio e o cansaço de viver (“bóiam”, “sono”, “corpo morto”,
folhas mortas”, águas paradas”, casa abandonada”); todos estes elementos apontam para a dor, a
incapacidade de viver, a angústia, o tédio; os seus pensamentos andam como que à deriva, não têm
onde ficar, pois ele é nada; são insignificantes, sem consistência, vagos, sem conteúdo;
impossibilidade do sujeito sair do estado de estagnação em que se encontra (entre a vida e a não
vida); musicalidade: transporte, anáfora (repetição duma palavra), ritmo (lento, parado – como ele)
Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar - sujeito não quer desejar muito mais para além do
que é natural e espontâneo na vida; tudo aquilo a que o homem se pode agarrar é imperfeito e inútil
(ex:amor); a melhor maneira de passar pela vida é não desejar, não se sentir atraído por nada
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O fingimento poetico
(apatia, cansaço total); revela um certo desejo de morte porque já n quer nada; desejo de comunhão
com a natureza
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Alberto Caeiro
Apagamento do sujeito
Atitude antilírica
Poeta da natureza
Poeta deambulatório
Sensacionismo:
o Poeta do olhar
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Alberto Caeiro
Adjectivação objectiva
Pontuação lógica
III.2.2 Sensancionista
Eu nunca guardei rebanhos (poema I d’O Guardador de Rebanhos) - quatro momentos (o poeta
compara-se a um pastor que deambula pela natureza; rejeição do pensamento porque ele não deixa
que se aprecie verdadeiramente a natureza e que se seja feliz; ele é um poeta espontâneo, natural, e
só escreve aquilo que sente; dirige-se aos leitores e transmite-lhes uma mensagem de objectividade
e espontaneidade e que o vejam como fazendo parte da natureza - quer que os leitores encontrem na
natureza a paz e a felicidade que ele próprio encontra); tal como o pastor, o sujeito vive sozinho e
isolado; a escuridão traz consigo o “perigo” do pensamento – traz inquietação.
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Alberto Caeiro
O meu olhar é nítido como um girassol (poema II d’O Guardador de Rebanhos) - o mais importante
é ver (procura extasiar-se com o que vê); atitude que ele quer ter perante a realidade: atitude de
ingenuidade, sem preconceitos, conceitos ou teorias, como uma criança; o mundo está feito não
para pensarmos nele mas para o observarmos e nos sentirmos em harmonia com ele; desejo de um
amor espontâneo, sem calculismos
Li hoje quase duas páginas (poema XXVIII d’O Guardador de Rebanhos) - os poetas místicos
pensam e introduzem no que observam a sua subjectividade; a natureza deve ser amada por aquilo
que é e não por aquilo que ela provoca em mim; a natureza não tem mistério nenhum (“Porque a
Natureza não tem dentro”), as coisas não têm sentido oculto.
O mistério das coisas, onde está ele? (poema XXXIX d’O Guardador de Rebanhos) – as coisas são
aquilo que parecem ser: não têm significação, têm existência.
aceitação calma da ordem natural das coisas; eu controlei a minha vida, ela pertence-me e vivi da
maneira que me causava menos sofrimento; predominância da objectividade (“Vi como um
danado”); rejeição do pensamento – nunca se deixou absorver por ele; importância do real e da
observação – prazer de descobrir a diversidade da natureza.
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Ricardo Reis
IV Ricardo Reis
Ricardo Reis não desejou mais que viver segundo o ensinamento de todas as culturas,
sinteticamente recolhidas numa sabedoria que vem de longe e que nem por isso deixou de ser
pessoal. Viver conforme a Natureza, liberto das paixões, indiferente às circunstâncias e aceitando
voluntariamente um destino voluntário era uma parte da sua filosofia. Ele desenvolveu, assim, uma
arte de viver.
o Fuga à dor
Estoicismo:
o Abdicação de lutar
o Autodisciplina
Horacianismo:
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Ricardo Reis
Verso branco
Predomínio da subordinação
Uso frequente do gerúndio e do imperativo (na 1ª pessoa do plural, dando um certo tom
moralista)
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Álvaro de Campos
V Álvaro de Campos
Esforçou-se principalmente por sentir, em lúcida histeria, de acordo com os ritmos do mundo
moderno – uma arte de sentir.
2ª fase - Futurismo:
Sadismo e masoquismo
Dissolução do “eu”
Dor de pensar
Cansaço, tédio
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Álvaro de Campos
Estrangeirismos, neologismos
Estética não aristotélica na fase futurista – a ideia de beleza assenta na ideia de força
Desvios sintácticos (“fera para a beleza de tudo isto”; “de todos os nervos dissecados fora”)
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Mensagem
VI Mensagem
Mensagem foi o único livro completo publicado em vida do poeta. É também uma obra de quase
toda a sua vida: 21 de Julho de 1913 a 26 de Março de 1934. A obra tem este nome principalmente
por razões simbólicas: no Livro Sexto de A Eneida, Anquises explica ao seu filho Eneias, que
desceu aos infernos, o sistema do Universo. Pessoa, tal como Anquises, explica aos seus filhos
espirituais – os portugueses – o sentido da sua pátria (“Mens ag [itat mol] em”: “o espírito move a
massa”). Descida aos infernos da decadência, ela renascerá, como a Fénix, das cinzas e alcançará a
etapa final da Perfeição.
A Mensagem é uma obra lírica, épica, simbólica e mítica. Nela encontra-se claramente o idealismo
platónico, reduzindo o mundo visível à cópia grosseira do mundo invisível; na terra “tudo é
nocturno e confuso”, tudo são projecções, sombras – no outro mundo é que vivemos como almas.
Assim, são as potências do invisível, o mito e a lenda que transformam a existência - mero vegetar -
em vida – perseguição do Impossível, grandeza de alma insatisfeita. Foi o ser eterno, “a vida
verdadeira” da pátria, o que o poeta tentou na sua poesia. Tal como pretendeu para si próprio e a
sua vida. E foi uma certa e peculiar história de Portugal, aquela que ficou expressa na Mensagem,
como uma criação mítico-poética. Aí também ele tentou captar um ser “para além do espaço e do
tempo”: esse feito de sentido eterno e transcendente múltiplas vezes formulado na sua obra como
ideal último a atingir.
VI.1 Estrutura:
A estrutura da Mensagem, sendo a de um mito, numa teoria cíclica, transfigura e repete a história
de uma pátria como o mito de um nascimento, vida e morte de um mundo (morte que será seguida
de um renascimento). Está simbolicamente tripartida – Brasão, Mar Português e O Encoberto. Esta
é, assim, uma obra simbólica.
1ªparte – Brasão (constituída por poemas que fazem referência a figuras e mitos que estão
relacionados com a fundação e nascimento de Portugal)
Os campos (2 poemas)
“O dos Castelos”
“O das Quinas”
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Mensagem
Os castelos (7 poemas)
“Ulisses”
“Viriato”
“O Conde D. Henrique”
“D. Tareja”
As quinas (5 poemas)
D. Sebastião”
A coroa (1 poema)
“Nun’Álvares Pereira”
O timbre (3 poemas)
“O Infante”
“”Horizonte”
“Padrão”
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Mensagem
“O Mostrengo”
“Os Colombos”
“Ocidente”
“Fernão de Magalhães”
“Mar Português”
“A Última Nau”
“Prece”
3ªparte – O Encoberto (esta parte é toda ela um fim, uma desintegração; mas também toda ela cheia
de avisos e pressentimentos, de forças latentes prestes a ressurgir, que irão ser o motor para a
construção do 5º Império, o império espiritual, que é aquele que a tudo resiste – para Pessoa)
Os símbolos (5 poemas)
“D. Sebastião”
“O Quinto Império”
“O Desejado”
“O Encoberto”
Os avisos (3 poemas)
“O Bandarra”
“António Vieira”
Os tempos (5 poemas)
“Noite”
”Tormenta”
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Mensagem
“Calma”
“Antemanhã”
“Nevoeiro”
Também os nomes dados a cada parte e alguns nomes referidos nos poemas são também
simbólicos:
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Mensagem
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Os poemas
VII Os poemas:
Ulisses (1ªparte – Os Castelos) (Ulisses, segundo a lenda, terá aportado no rio Tejo e aí fundado
uma cidade com o seu nome. Olisipo=Lisboa) – sendo Ulisses o pai mítico dos portugueses, estes
terão herdado as marcas genéticas daquele – são, pois, predestinados para as aventuras marítimas; o
mito/sonho é imprescindível para a realidade: sem ele a vida não tem sentido
D. Sebastião, Rei de Portugal (1ªparte – As Quinas) – é o sonho (loucura) que dá sentido à vida e à
morte, é através dele que se criam novos mundos; sem ideal, cai-se no viver materialista; apelo de
alcance nacional e universal: pede aos seus destinatários que continuem a perseguir o sonho e a
agir;
O Infante (2ªparte ) – é a vontade de Deus (agente) e a sua escolha de um instrumento que desperta
o sonho no homem e levam a que a obra se realize
Mar Português (2ªparte) – os perigos, a dor, o sofrimento, os sacrifícios do povo português; atingir
um objectivo implica sofrimento e a pátria justifica o sacrifício individual; simbolismo do céu –
neste contexto, é a realização do sonho e da glória: o mar espelha o céu, quem conquistar o mar,
conquista o céu = a glória
Prece (2ªparte) – esperança num novo mundo, que ainda pode ser avivada; apelo para que a glória
volte e os portugueses voltem a sonhar, este poema constitui o desenvolvimento do tema presente
nos dois últimos versos do poema “O Infante” e faz a ligação à 3ª parte, pois é um apelo:
ultrapassar o período de decadência e voltar aos tempos de glória
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Os poemas
quatro impérios que a tradição estabeleceu surgirá o Quinto Império: a idade perfeita, a eterna luz, a
paz universal; o advento do Quinto Império apenas se concretizará com o regresso de D.Sebastião;
qual Fénix, fará surgir das cinzas o Império Universal, cuja cabeça será a pátria lusitana. Retoma o
poema “O dos Castelos”, fortificando assim a unidade da obra
escrevo meu livro à beira-mágoa (3ªparte – Os Avisos) – tristeza perante a situação do mundo; a
crença na existência de D.Sebastião atenua o sofrimento do poeta, levando-o do desespero à
esperança; o sonho pode concretizar-se no futuro, só é preciso que alguém o concretize; o
sebastianismo é encarado como uma nova religião, que substituirá o cristianismo, trazendo a paz
universal e afastando o mal e a infelicidade – o poeta é o seu profeta;
O mito é tudo: sem ele a realidade não existe, pois é dele que ela parte
Deus é o agente da história; ou seja, é ele quem tem as vontades; nós somos os seus
instrumentos que realizam a sua vontade. É assim que a obra nasce e se atinge a perfeição
O sonho é aquilo que dá vida ao homem: sem ele a vida não tem sentido e limita-se à
mediocridade
A verdadeira grandeza está na alma; É através do sonho e da vontade de lutar que se alcança
a glória
Portugal encontra-se num estado de decadência. Por isso, é necessário voltar a sonhar,
voltar a arriscar, de modo a que se possa construir um outro império, um império que não se
destrói, por não ser material: é o Quinto Império, o Império Civilizacional-Espiritual.
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