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O surgimento de novas formas de aceder e produzir

informação/conhecimento

O
aparecimento da Web 2.0 em contexto educativo tem provocado alguma agitação nas
escolas, no âmbito das práticas pedagógicas. De facto, o acesso livre à informação e o
aparecimento de ferramentas que permitem a utilização interactiva dos conteúdos
curriculares, abalou as metodologias tradicionais de conceber a sala de aula e o processo
de ensino/aprendizagem.

A Web 2.0, não sendo apenas uma nova tecnologia ao serviço do ensino, mas
constituindo-se como uma nova forma das pessoas se relacionarem com a internet, pois
não liga só as máquinas mas as pessoas, provoca enormes consequências sociais e, por
conseguinte, profundas consequências educativas.

O facto de se centrar no utilizador e de permitir uma forte interacção, ou seja, partilha


de informação, ideias e conhecimentos, cria condições particulares para a construção
pessoal do conhecimento, o que outrora só era disponibilizado pelo professor e pelo
manual escolar.

Deste modo, a Web 2.0 introduziu um novo paradigma educativo. Este novo paradigma
confrontou a escola com diferentes modelos de aprendizagem/construção do
conhecimento. Este novo paradigma exige o alargamento das literacias implicadas no
acesso à informação e à construção do conhecimento, numa sociedade em rede e onde a
informação, não validada por critérios editoriais, se encontra à distancia à distancia de
um rato. (Pinheiro e Proença, 2010).

O novo contexto de aprendizagem exige, no entanto, um conjunto de competências, sem


as quais a conquista do conhecimento fica comprometida.

Podemos distinguir sobretudo dois tipos de competências: as competências


informacionais e as competências tecnológicas e digitais. As primeiras dizem respeito
ao modo como acedemos e usamos a informação e as segundas prendem-se com as
competências específicas de utilização das TIC e das ferramentas digitais.

A aquisição de competências informacionais resulta de uma atitude critica que devemos


manter, face à quantidade de informação a que acedemos através da internet. A
quantidade deve dar lugar, assim, à qualidade, isto é, à selecção de informação
pertinente e qualificada que deverá ser posteriormente trabalhada e produzida, de modo
a tornar-se, de facto, num conhecimento pessoal.

A aquisição de competências tecnológicas e digitais, prende-se com a utilização


habilitada da internet e das ferramentas disponibilizadas pela Web 2.0, para aceder à
informação qualificada, rentabilizando todos os seus recursos.

O paradigma educativo que a Web 2.0 introduz, através do conjunto de aplicações


interactivas que oferece, cria evidentemente um novo conceito de aprendizagem. Este
vai para além do espaço físico da sala de aula e proporciona uma nova relação
pedagógica professor/aluno e aluno/aluno: o professor assume-se como um mediador
fundamental da aprendizagem e o aluno assume o seu papel como construtor do
conhecimento.

A escola do século XXI é, assim, uma escola da sociedade da informação e não pode
adiar por muito mais tempo este seu incontornável estatuto. Este desafio passa pela
conquista da autonomia, do espírito crítico, e do conceito inadiável da aprendizagem ao
longo da vida. É, portanto, a conquista das literacias, onde não são tão importantes os
conhecimentos, quanto os processos para a sua conquista eficaz.

António Nogueira

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