Você está na página 1de 3

Barão de Mauá (1813 - 1889)

Irineu Evangelista de Souza , mais conhecido pelos títulos de nobreza de Barão e


Visconde de Mauá, representou na história do segundo reinado, importantíssimo papel
como homem de excepcional visão nos setores comercial e industrial do Brasil.
Notável empresário, industrial, banqueiro, político e diplomata brasileiro nascido
em Arroio Grande, município de Jaguarão, RS, um símbolo dos capitalistas
empreendedores brasileiros do século XIX. Órfão de pai, viajou para o Rio de Janeiro,
RJ, em companhia de um tio, capitão da marinha mercante e, aos 11 anos, empregou-se
como balconista de uma loja de tecidos. Passando a trabalhar na firma importadora de
Ricardo Carruthers (1830), este lhe ensinou inglês, contabilidade e a arte de comerciar.
Aos 23 anos tornou-se gerente e logo depois sócio da firma.
Em 1839, Irineo voltou ao sul para buscar sua mãe, irmã e sobrinha, Maria
Joaquina de Souza Machado, com quem se casou dois anos depois, ela com 15 anos,
tiveram 18 filhos dos quais sobreviveram 10. A viagem que fez à Inglaterra em busca de
recursos, em 1840, convenceu-o de que o Brasil deveria caminhar para a
industrialização. Alguns anos mais tarde, inspirado no que havia visto, decidiu liquidar
seu estabelecimento comercial e comprar uma fundição localizada na Ponta da Areia,
em Niterói, onde funcionava também um pequeno estaleiro. Justificando essa aquisição,
disse: “ A indústria que manipula o ferro, sendo mãe de todas as outras, me parecia o
alicerce da aspiração”.
Iniciando sozinho a frente do ousado empreendimento de construir os estaleiros
da Companhia Ponta da Areia, fundou a indústria naval brasileira (1846), em Niterói, RJ,
e, em um ano, já tinha a maior indústria do país, empregando mais de mil operários e
produzindo navios, caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes,
prensas, armas e tubos para encanamentos de água. Da Ponta da Areia saíram 72
navios, dos quais muitos tiveram participação ativa nas guerras platinas.

A partir de então, dividiu-se entre as atividades de industrial e banqueiro.Em 1851foi


pioneiro no campo dos serviços públicos: fundou uma companhia de gás para a
iluminação pública do Rio de Janeiro. onde fabricou os encanamentos destinados aos
rios Maracanã e Andaraí Grande e os lampiões de ferro destinados à iluminação a gás
na cidade do Rio de Janeiro., Em 1852, organizou as companhias de navegação a vapor
no Rio Grande do Sul e a incorporação da Cia de Navegação e Comércio do
Amazonas, mediante Decreto de 1852, que lhe concedeu o privilégio exclusivo de 30
anos para explorar a navegação naquele rio; a construção da Estrada de Ferro Santos –
Jundiaí, mais tarde chamada São Paulo Railway. Esta empresa foi um dos grandes
motivos de sua falência, por não ter sido reembolsado na quantia que havia emprestado.

Em 1852 implantou a primeira estrada de ferro, da Raiz da Serra à cidade de Petrópolis


RJ A inauguração oficial da E.F. Mauá se deu em 30 de abril de 1854. Sua denominação
partiu de D. Pedro II, mas na verdade seu nome oficial era Imperial Companhia de
Navegação a Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis. Tinha uma extensão de 14,5 km, e
seu trecho inicialmente era compreendido entre a Praia da Estrela e Fragoso, no Estado
do Rio de Janeiro. Em 16 de dezembro de 1856, finalmente a ponta dos trilhos chegava
à Raiz da Serra, ficando assim a ferrovia com 15,19 km.

Em virtude desse empreendimento, Irineo Evangelista de Souza foi agraciado com o


título nobiliárquico de Barão de Mauá, por ser Mauá o nome do antigo Porto da Estrela,
que ficava ao lado do terminal da ferrovia.
, inaugurou o trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país,
entre Petrópolis e Juiz de Fora (1854), realizou o assentamento do cabo submarino
(1874) e muitas outras iniciativas. Em sociedade com capitalistas ingleses e cafeicultores
paulistas, participou da construção da Recife and São Francisco Railway Company, da
ferrovia dom Pedro II (atual Central do Brasil) e da São Paulo Railway (hoje Santos-
Jundiaí). Iniciou a construção do canal do mangue no Rio de Janeiro Em 1872 explorou o
ligando o Brasil à Europa

, recebendo o título de Visconde de Mauá.

Como banqueiro iniciou sua atividades em 1851, quando fundou, na cidade do Rio de
Janeiro, o Banco do Brasil. No entanto, ao perceber que a organização fugia dos
objetivos para os quais fora criada, isto é, servir a nação, Irineo recusou o cargo de
diretor e tratou de fundar seu próprio estabelecimento – a Casa Mauá Mac Gregor & Cia,
que começou a operar em 1854 com grande acolhida do comércio e com filiais em várias
capitais brasileiras e em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu.. Nesta
época, Irineo era o maior empresário e um dos maiores financistas do Império.

Liberal, abolicionista e contrário à Guerra do Paraguai, forneceu os recursos


financeiros necessários à defesa de Montevidéu quando o governo imperial decidiu
intervir nas questões do Prata (1850) e, assim, tornou-se persona non grata no Império.
Suas fábricas passaram a ser alvo de sabotagens criminosas e seus negócios foram
abalados pela legislação que sobretaxava as importações. Foi deputado pelo Rio Grande
do Sul em diversas legislaturas, mas renunciou ao mandato (1873) para cuidar de seus
negócios, ameaçados desde a crise bancária (1864). Com a falência
do Banco Mauá (1875) o visconde viu-se obrigado a vender a
maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros. Doente,
minado pelo diabetes, só descansou depois de pagar todas as
dívidas, encerrando com nobreza, embora sem patrimônio, a
Biografia de sse grande empreendedor. Ao longo da vida recebeu
os títulos de barão (1854) e visconde com grandeza (1874) de
Mauá.

Em 1852, Irineo negociou com o governo imperial a concessão para a construção da primeira
estrada de ferro do Brasil.

Em 1875, o Visconde tentou junto ao Banco do Brasil um empréstimo para saldar suas dívidas,
porém só conseguiu uma moratória de 3 anos. Começa a enfrentar dificuldades financeiras e em
1878 decreta falência. Em 1884 consegue a sua reabilitação comercial, após pagar as dívidas.

Mauá morrera a 21 de outubro de 1889, aos 75 anos, de diabetes, menos de um mês antes da queda do Império para cujo
desenvolvimento, no terreno dos transportes, tanto havia trabalhado e sofrido. Seus despojos mortais foram levados de
Petrópolis para o Rio de Janeiro e assim, "na sua última viagem, num trem da The Rio de Janeiro & Nortern Railway, o corpo
do Visconde de Mauá atravessa, frio e inerte, a estrada de ferro à qual, nos ardentes dias de entusiasmo industrial, ele dera
a vida". Foi enterrado no cemitério da Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco, no Catumbi.

Apesar da insuficiência de recursos e incompreensão dos homens, Mauá deixou aos brasileiros um forte exemplo de
determinação, de espírito empreendedor e de confiança em nosso país.

Sobre a Casa do Barão de Mauá

No princípio da Av. Barão do Rio Branco, esquina da Rua Piabanha, bem em frente à Praça da Confluência está situado o
palacete que pertenceu ao Barão de Mauá.

O terreno pertencia ao colono Felipe Erbis I, natural da Alemanha.


Em 1848, parte de sua propriedade, com testada para o Quarteirão de Nassau (atual av. Piabanha), foi vendida para Jean
Baptiste Binot. A outra parte voltada para Westphália (atual Av. Rio Branco) foi adquirida em 1852 por Irineo Evangelista de
Souza- futuro Barão de Mauá . De abril deste ano a março de 1854 foi construída sua casa, usada por ele como residência de
verão, desenhada pelo engenheiro Otto Reimarus e intitulada “residência de Mauá”, a única que mandou construir, apesar de
possuir outros imóveis. Neste período vinha a Petrópolis para acompanhar a construção da primeira estrada de ferro do Brasil

No século XIX, em matéria de arquitetura, o Brasil ocupou uma posição de vanguarda. Arquitetos brasileiros foram chamados
para desenhar grandes obras em outros países

A vinda da família real de Portugal para o Brasil, no início do mesmo século, introduziu uma mudança sensível nos usos e
costumes da vida da colônia. A vinda de uma missão composta por pintores, escultores e arquitetos franceses, no ano de
1816, determinou uma nova alteração nos rumos da arquitetura brasileira. A partir de então, todas as construções locais
deveriam observar rigorosamente os padrões vigentes na França, considerado o maior centro da civilização ocidental.

O estilo neoclássico veio romper a linha contínua da influência portuguesa sobre a arquitetura colonial, estimulando a
melhoria das técnicas de construção e adoção de materiais adequados aos diversos tipos de obras.

O palacete de Mauá seguiu o estilo da época. Até hoje conserva suas linhas neoclássicas, sóbrias, com seus telhados
escondidos por beiras de alvenaria, janelas e portas no mesmo estilo usado na época do II Império. Encrustado em meio à
densa floresta tem à sua volta belo jardim gramado, com algumas espécies de raras palmeiras e árvores frutíferas. A
propriedade é toda murada de alvenaria e gradís de ferro, vindos do estaleiro do próprio Mauá.

O prédio acabou sendo empregado no pagamento de parte da dívida dos credores, quando da falência de Mauá em 1878.

Devido a estes problemas financeiros, a casa de Petrópolis foi vendida ao Sr. Alberto de Faria, sogro do pensador católico,
Alceu de Amoroso Lima, o Tristão de Athayde, que passou longas temporadas na residência.

Na década de 1950/60, Vinícius de Moraes, na ocasião casado com a Sra. Lucinha Proença, descendente de Alberto de Faria,
também veraneou no antigo palacete de Mauá. Aí compôs “Pobre Menina Rica” em parceria com Carlos Lira, como também
“Apelo”.

As dependências do palácio são claras, espaçosas, arejadas, com uma linda vista para a mata, e da sua sala principal, de
entrada, descortina-se as montanhas do Caxambu e Morin, além de se ter uma bela visão da torre da Catedral. Nesse
mesmo salão, encontra-se uma mesa que tem sobre seu tampo uma pintura sobre porcelana representando Luiz XVI cercado
de damas de côrte, poltronas e cadeiras, adquiridas num castelo francês –móveis do século XVIII. A casa sofreu várias
reformas. Seus tetos pintados a óleo se perderam e foram substituídos por madeiras de lei. Os banheiros tem pias inglesas.

A sala de recepção é aberta ao público de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana e feriados, podem ser visitados
também o átrio e a sala de reuniões.

Você também pode gostar