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Teste Diagnóstico Set 2010
Teste Diagnóstico Set 2010
Língua Portuguesa
Tudo ia muito bem até que Godofredo entrou na minha aula, pediu licença e foi falar
com D. Cecília Paim. Só sei que ele apontou para a flor da jarra. Depois saiu. Ela então
olhou para mim com tristeza.
Quando a aula terminou, chamou-me.
- Quero falar contigo, Zezé. Espera um pouco.
Ficou a arrumar a bolsa. Via-se que não estava com vontade nenhuma de me falar e
procurava coragem. Finalmente decidiu-se.
- Godofredo contou-me uma coisa muito feia de ti, Zezé. É verdade?
- Da flor? É sim, senhora.
- Como é que fazes?
- Levanto-me mais cedo e passo junto do jardim da casa do Serginho. Quando o
portão está só encostado, entro depressa e roubo uma flor. Mas há lá tantas que nem faz
falta.
- Sim, mas isso não está certo. Não deves voltar a fazer isso. Não é um roubo, mas já
é um pequeno furto.
- Não é, não, D. Cecília. O mundo não é de Deus? Tudo o que há no mundo não é de
Deus? Então, as flores são de Deus também... E eu sou filho de Deus.
Ela ficou espantada com a minha lógica.
- Só assim é que eu podia, senhora professora. Em minha casa não há jardim. Uma
flor custa dinheiro... E eu não queria que a mesa da senhora ficasse sempre de jarra vazia.
Ela engoliu em seco.
- De vez em quando a senhora não me dá dinheiro para comprar um bolo recheado?
- Poderia dar-te todos os dias, mas tu somes-te...
- Eu não podia aceitar todos os dias...
- Porquê?
- Porque há outros meninos pobres que também não trazem merenda.
Ela tirou o lenço da bolsa e passou-o, disfarçadamente, nos olhos. As lágrimas
estavam descendo.
- Tu vais prometer-me uma coisa, Zezé, porque tens um coração maravilhoso.
- Eu prometo, mas não quero enganar a senhora: eu não tenho um coração
maravilhoso. A senhora diz isso, porque não me conhece lá em casa.
- Não tem importância. Para mim tens. Daqui em diante não quero que me tragas
mais flores. Só se ganhares alguma. Prometes?
- Prometo sim, senhora. E a jarra? Vai ficar sempre vazia?
- Essa jarra nunca vai ficar vazia. Quando eu olhar para ela é como se lá visse sempre
a flor mais linda do mundo.
2. Por que razão a professora não tinha coragem para começar a conversa com
o Zezé?
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3. Que indícios existem, no texto, de que o Zezé era muito pobre?
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Bom trabalho.