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NOME: GABRIELA MAIUMY RITA

RGM: 2623387-8

TRABALHO: 1

URBANIZAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA


Durante a primeira metade do século XVI foram criadas pela coroa portuguesa as
capitanias hereditárias, a primeira forma fundiária do Brasil, foram feitas 14 capitanias
que segundo Mendes (1988) possuíam cerca de 30 a 50 léguas, contando-se da costa
até a linha de Tordesilhas, mas na verdade ultrapassavam esta estimativa já que
somente se conhecia seu início.
As 14 capitanias não eram dadas pelo rei, mas sim concedidas com o objetivo de
poder estender seu império em terras povoadas por pessoas de sua corte, Octavio Mello
Alvarenga (2:15-16, apud MENDES, 1988, p. 15) comentou sobre: “Queria que o sujeito
trouxesse dinheiro, homens, ferramentas, animais, lavrasse a terra, valorizasse-a com
o que o Rei receberia seus impostos, tanto que reservava certos direitos regaleanos.”.
O Brasil passaria a ser a fazenda do rei como forma de reembolso pelas expedições
feitas até a descoberta das terras (MENDES, 1988).
Aqui na américa a coroa era representada oficialmente pelos capitães-mores, a
quem eram concedidas as terras através de cartas de doações feitas pelo rei e
regulamentadas pelos forais; os capitães tornavam-se delegados lusitanos ao obter as
terras e na colônia eram responsáveis pelo controle político, militar e pela partilha das
terras e criação de vilas que deveriam influenciar a povoação do território (MARX 1991:
32, apud ASSUMPÇÃO, 2008).
Com o poder de distribuição de terras dos capitães-mores assim é instaurado o
sistema de sesmarias no Brasil, sistema que já havia sido discutido em Portugal e tinha
como objetivo inicial a distribuição de terras que em algum período já haviam sido
lavradas, mas no momento de sua doação não eram mais utilizadas por seus senhores.
A concessão das sesmarias era feita para qualquer um que tivesse interessado nas
terras, mas existiam algumas condições como: as terras deveriam ser usadas para
cultivo, caso contrário poderiam ser recolhidas e distribuídas novamente, as pessoas
que as receberiam, os sesmeiros, deveriam ser cristãos e teriam que pagar um dízimo
à Ordem de Cristo (MENDES, 1988).
“A "Lei de Sesmaria" foi baixada em Portugal para enfrentar a
indolência dos senhorios, que nem trabalhavam nem permitiam que
outros o fizessem; no Brasil, havia, pelo contrário, carência de braços
- de braços que se subordinassem ao domínio português.” (MENDES,
1988, p. 15).
Os sesmeiros por sua vez dividiam suas terras e as concediam para pessoas que
se interessavam em morar e trabalhar como forma de pagamento nelas, com estes
acordos consequentemente surgiam núcleos de povoamento, também havia a doação
de terras para a igreja católica sempre muito presente e influente na formação de
cidades. A Igreja construía ermidas ou capelas nessas terras doadas, para poderem ser
oficializadas necessitavam da visita regular de um padre; estas construções religiosas
ajudavam no fluxo de pessoas já que sempre havia alguém para orar, com o
crescimento destes lugares para arraial e posteriormente freguesia, o comércio que
florescia junto com a influência da Igreja fazia com que os núcleos urbanos se
elevassem a paroquia ou freguesia, e quando estas conseguiam sua independência
econômica transformando-se em vilas ou cidades (ASSUMPÇÃO, 2008).
As primeiras cidades a surgirem no Brasil colonial possuíam importância militar para
tanto para defender as novas terras de outros países, como para controlar as áreas
exploradas pela coroa portuguesa. Portugal reafirmava seu domínio através de igrejas,
fortes militares e centros administrativos. Com o passar do tempo áreas distantes dos
litorais começaram a ser exploradas, através da Missão Bandeirante, mas apenas com
o objetivo exploratório e não de povoamento, eles buscavam pedras e metais preciosos
que foram encontrados no Mato Grosso e Goiás, 1719 e 1725 respectivamente, fazendo
com que o fluxo de mineradores e tropeiros aumentassem na área do triangulo mineiro,
na época conhecido como “Sertão da Farinha Podre”, região pertencente a capitania de
São Paulo (BESSA, 2013).
O então, Sertão da Farinha Podre tornou-se uma área de circulação, pela saída das
pedras e dos metais preciosos que aconteciam na rota Mato Grosso/Goiás - Triângulo
Mineiro - São Paulo/Rio de Janeiro e no sentido contrário eram enviados insumos
necessários para os mineiros. Graças a esse fluxo no Triângulo Mineiro várias vilas
foram surgindo, segundo Bessa (2013, p.512) “[...] o surgimento dos primeiros
povoamentos aglomerados da região.”, mas sem muitos moradores visto que não era
uma região interessante, sendo apenas um núcleo de mineração. Muitos povoados
surgiram da mesma maneira, a maioria acabou por desaparecer completamente, de
acordo com Bessa (2013), principalmente por conflitos contra fazendeiros no final do
séc. XVIII e início do séc. XIX, mas alguns dos centros atuais de Minas Gerais
originaram-se destes pequenos povoados.
Com a descoberta de riquezas a coroa Portuguesa começa a se preocupar com a
proteção e administração do território brasileiro, e passa a intervir pessoalmente nas
terras com riquezas, enquanto as mais pobres ficam sob responsabilidade da Câmaras,
até então autoridades dos centros urbanos. Ocorre a separação da capitania de São
Paulo e Minas de Ouro, que se torna uma capitania autônoma, com a coroa
concentrando-se em Minas que possuía ouro e joias; enquanto a capitania de São Paulo
fica com agricultura, o limitado comércio de gado, também havia o escasso
abastecimento para as minas que pioraram e estagnaram o crescimento econômico de
São Paulo após a criação do Caminho Novo da Piedade (ASSUMPÇÃO, 2008).
Por volta de 1762 o Brasil já era cobiçado por outros países como a Inglaterra e
França por conta de suas riquezas e na segunda metade do séc. XVIII surge um
diplomata, o Marques de Pombal que instaura uma política que visava os direitos de
Portugal e suas colônias; no Brasil Pombal encoraja a agricultura. Assumpção (2008)
cita três das medidas tomadas por Pombal, entre elas a determinação de que: “Portugal
deve conquistar e ocupar a maior área territorial possível, e conseqüentemente
estabelecer uma relação comercial e militar com suas colônias.” (ASSUMPÇÃO, 2008,
p. 61), já que outros países europeus somente reconheciam os “direitos” sobre qualquer
outro país se houvesse uma ocupação efetiva e relações militares e econômicas com
as colônias.
Percebemos que aos olhos do Marques de Pombal o Brasil tomava uma posição
de interesse e privilégio quando comparada a outras colônias visto que o país era uma
importante fonte de renda de Portugal, ele criou leis que libertassem os índios, entendo
que estes eram as bases de sustentação para as atividades jesuíticas no território;
também por parte do Marques houve o incentivo aos estudos acadêmicos, com muito
foco em matemática, direito, medicina e ciências naturais, a Coroa Portuguesa deu
bolsas de estudo para a formação de engenheiros e médicos e ao final do sec. XVIII
havia uma equipe de cientistas e bacharéis brasileiros faziam parte de uma politica de
restauração e inclusão de novos meios de cultivo (DIAS, 2005: 55, apud ASSUMPÇÃO,
2008).
Por conta da dispersão territorial encontrada em São Paulo Pombal encontra um
problema para a proteção da capitania, que tinha fácil acesso ao oeste brasileiro, a
região Sul, Oeste e ainda possuía fácil acesso as minas. O marques também tem a
preocupação com a expansão para o sertão brasileiro. Em 1765 acontece a restauração
da capitania de São Paulo com a nomeação do Morgado de Mateus, D. Luís Antônio de
Souza Botelho Mourão, que foi enviado ao Brasil da capitania abandonada (BELLOTO,
2007: 63, ASSUMPÇÃO, 2008).
O Morgado de Mateus possuía formação militar, e ao ser nomeado para a capitania
de São Paulo era possível ver em seu plano de restauração o caráter militar e comercial,
como o território paulista tinha acesso a tantas partes importantes do Brasil sua
restauração era também estratégica contra possíveis invasores. O Morgado entendeu
que para a restauração poder ocorrer era necessária uma urbanização maior, porém a
política de urbanização não ocorreu tão facilmente com muitos paulistas escondendo-
se nas matas para não se alistarem na defesa da região sul do país e a dispersão
aumentando. Morgado de Mateus consegue criar uma rede de núcleos urbanos e até
1771 ocorre a criação de pelo menos quinze novos núcleos (BELLOTO 2007: 149 e 152,
ASSUMPÇÃO, 2008).
BIBLIOGRAFIA

ASSUMPÇÃO, Rodrigo Vitorino. A formação das identidades urbanas em São Luís do


Paraitinga e Bananal: patrimônio arquitetônico e religioso. Campinas: PUC-Campinas,
2008.

BESSA, Kelly. A gênese do urbano no triângulo mineiro: os núcleos de povoamento e a


rede de arraiais do século XIX. Brazilian Geographical Journal: Geosciences and
Humanities research medium, Ituiutaba, v. 4, n. 2, p. 509-528, jul. /dec. 2013.

DEFFOINTANES, Pierre. Como se Constituiu no Brasil a Rêde das Cidades. Bulletin de


la Societé de Geographié de Lillie, Tomo 82, nº9, Lillie, dez. 1988.

MENDES, Ubirajara Carlos. SESMARIAS - UMA DÁDIVA DO REI. Semina: Ciências


Sociais e Humanas, 9(1): 13-21,1988.

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