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Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.

Política Externa Brasileira

❖ Aula 2 (16/08)

● Narrativa oficial da política externa brasileira: A trajetória da política externa


brasileira é uma trajetória de continuidades, uma vez que é uma política de Estado
e não de governo.
- A ênfase nas continuidades é essencial para a estabilidade nas relações do
Brasil com o internacional
- Diferença das narrativas de transição histórica, que dão ênfase nas rupturas

● Inicialmente, as narrativas da política externa brasileira estavam no primeiro nível,


em função do indivíduos. Em 1950, começou a se dar ênfase em causalidades
estruturais em detrimento de razões de ordem individual, o que se mantém até hoje.
Logo, podemos dizer que a narrativa da política externa brasileira está focada no
segundo nível.
- Virada estruturalista: responsável pelo fato das ciências sociais e políticas
externas não enfatizarem o individual. Estabeleceu que o que é legítimo das
ciências humanas são as causalidades coletivas e não as individuais.
- A narrativa da política externa brasileira não foca na terceira imagem porque,
se a causalidade estiver no sistema internacional, a posição que o Brasil
ocuparia seria de país periférico e irrelevante diante das grandes potências.

● A narrativa da política externa brasileira enfatiza a segunda imagem (Estado) e


diminui a primeira imagem (exceto Rio Branco) e a terceira imagem (enfraquece a
posição do Estado brasileiro perante o sistema internacional). Isso acontece pela
necessidade de manter a continuidade política do Estado, não importando o sistema,
apenas os interesses brasileiros.

● Rupturas e distorções da PEB (exceções): assinatura do Tratado Loizaga-Cotegipe


+ Guerra do Paraguai

● Quem constrói essa narrativa oficial da PEB são os diplomatas, que estão
valorizando o seu próprio papel, de servir a uma política de estado e evitar os danos
de presidentes que buscam romper com as continuidades. Eles sabem o interesse
nacional e levam esses interesses para a diplomacia, independente dos interesses
do governo vigente.
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- Despolitização do debate: tornar técnicas (ou seja, apenas na mão de


especialistas) as decisões da atualidade. Ênfase na burocracia, diplomatas e
no Itamaraty

● Essa visão apresentada é a visão do Ministério das Relações Exteriores e que foi
irradiada para o meio acadêmico, para manterem uma linha de continuidade.

Tratados

1) Tratado de Madrid (1850)

● Histórico de atividades econômicas no Brasil (Eixo econômico)

- O preço alto do açúcar explica porque outras atividades econômicas foram


desenvolvidas no Brasil, sendo uma dessas atividades, a pecuária, que se expandiu
para o Sul do país. Os gaúchos, eram os indivíduos que iam para os matos capturar
bois que começaram a ser criados nas missões jesuíticas. Nesse momento, os
gaúchos também descobrem que podem aproveitar a carne para vender para partes
brasileiras que tinham necessidade de gado.
➔ Necessidade de salgar a carne para levar para os núcleos urbanos (charque
- carne de sol)

- Aceleração da urbanização do Brasil: a primeira atividade majoritariamente urbana


do Brasil é a descoberta de ouro, na região de Minas Gerais. Com o ouro, cria-se a
necessidade de abastecimento dessas regiões com a pecuária
➔ Início da narrativa de bandeirantes como desbravadores do território
brasileira, construindo uma ideia de paulistas como os primeiros brasileiros
que viviam em uma república.

- Bandeiras de prospecção (vicentinos estimulados pela Coroa Portuguesa para tentar


descobrir metais preciosos no Brasil, seguindo o curso dos rios, chegando até a
Amazônia) ou bandeiras de apresamento (bandeiras em que
bandeirantes/sertanistas vão para as zonas meridionais, capturar pessoas nativas e
escravizá-las)
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➔ Conflito entre jesuítas e colonos pela ausência da mão de obra, dando


origem à Revolta de Beckman, em que os colonos querem expulsar os
jesuítas por conta do controle de mão de obra.

- Neste momento, existem três fatores que devem ser considerados


➔ Terra: abundante e acessível
➔ Capital: viabilização do financiamento internacional para competir com o
açúcar que vinha da Holanda
➔ Mão de obra: escassa, cara e inacessível

- Monções: bandeiras que seguiam para abastecer a região do Mato Grosso e outras
mais centrais do Brasil. Essas missões também seguem o curso dos rios.

- Amazônia: facilidade de abastecimento por conta da cidade de Belém e ampla via


fluvial, com a Bacia Amazônica. Desde 1549, a Coroa Portuguesa autorizou a
Companhia de Jesus a atuar nessa área, de modo que 95% da região fosse
controlada/ocupada por padres jesuítas, que obrigavam os indígenas a realizarem
esse trabalho de abastecimento para outras regiões (também conhecido como
descimento)
➔ O desejo era descerem para o lugar onde estão os portugueses e se
tornarem agricultores. No entanto, para isso, era necessário convencer os
indígenas apresentando curiosidades sobre o catolicismo.
➔ A Coroa Portuguesa fundou dois fortes para controlar a boca do Rio do Prata
(colônia do Santíssimo Sacramento em 1680, em Belém). A Ação da Coroa
está sempre envolvendo algum conflito geopolítico de outra nação europeia:
Na Amazônia, contra os franceses. Em Sacramento, contra os espanhóis

- Litoral: A atividade desenvolvida era a cana-de-açúcar

- Em resumo, nesse período, as atividades econômicas do Brasil estavam divididas


da seguinte maneira:

Região Atividade econômica

Sul e Sertão do Nordeste Pecuária

Região Central Mineração


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Rios Missões jesuíticas e drogas do sertão

● Histórico europeu (Eixo político)

- Os ingleses vendiam têxteis para toda a população de Portugal, enquanto Portugal


exportava vinho para os ingleses. Essa aliança econômica é importante de ser
observada porque os vinhos não são tão importantes como os têxteis, uma vez que
o consumo do último é muito maior.

- Portugal estabelece uma aliança duradoura com os ingleses, enquanto a Espanha


estabelece uma relação com os franceses, o que criou uma espécie de balança de
poder na Europa no século XVIII.

- Colônia de Sacramento reflete esse cenário geopolítico, tendo sido um centro de


conflito considerável: Após a Guerra Civil na Espanha, quem governa é a Dinastia
Bourbon. Desse modo, é criado um processo de aliança em que Portugal está
sempre ao lado dos ingleses e a Espanha sempre ao lado dos franceses. A Colônia
de Sacramento foi devolvida em 1681 à Portugal, no entanto, em 1700, a Espanha
invade novamente a região e os portugueses são cercados.

● Por que negociar o Tratado de Madrid? → Necessidade de reavaliar a realidade de


territórios divididos. Em 1750, os portugueses já estavam ocupando a maior parte
dos territórios que estavam demarcados pela linha de Tordesilhas, de modo que a
realidade econômica e territorial não tem mais correspondência na América do Sul.

❖ Aula 03 (21/08)
Tratados - Continuação

1) Tratado de Madrid (1850)

● Tratados anteriores ao Tratado de Madri

- Tratado de Haia (1661): legitimação da expulsão dos holandeses no Brasil.


Holandeses estavam em guerra, logo, os portugueses aceitam em troca pagar uma
indenização aos holandeses, comprando o Nordeste, também pelo açúcar. Os
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holandeses fazem açúcar nas Antilhas e em outras regiões, o que fez com que o
preço do açúcar no Brasil declinasse.

- Primeiro Tratado de Lisboa (1681): devolução da Colônia de Sacramento


- Segundo Tratado de Lisboa (1700): também relacionada à Colônia de Sacramento

- Primeiro Tratado de Utrecht (1713): assinado por todos os países. Para os


portugueses, esse tratado é importante porque os franceses abrem mão da região
do Amapá. O rio Oiapoque separa o território francês do território português no
Brasil, e, portanto, essa seria a primeira vez que existe uma definição do território do
Norte do Brasil (França em cima, Portugal embaixo)
- Segundo Tratado de Utrecht (1715): não envolve todos os países, apenas Portugal e
Espanha. A guerra entre Portugal e Espanha se resolve e a Espanha devolve a
colônia de Sacramento a Portugal, pela terceira vez.

● O Tratado de Madri é um tratado compreensivo de fronteiras, sendo a primeira


vez que a colônia portuguesa decide negociar todos os limites do território brasileiro
com a Espanha. Portugal queria que a Espanha reconhecesse que o território
brasileiro não era mais o estabelecido na Linha de Tordesilhas.
➔ Termos simbólicos: primeira vez que há uma noção de que esse é o limite do
território brasileiro, sendo a formação do “corpo da pátria”
➔ “O fato importante a reter é que, terminado o período colonial de nossa
história, ao se encontrar o Brasil independente e cercado por dez vizinhos, se
não havia propriamente acordos de fronteira, havia, sim, uma ideia geral dos
limites do território nacional que vinha dos grandes tratados coloniais.”
(Synésio Gomes Filho)

● Alexandre de Gusmão foi o responsável pela assinatura deste tratado. Gusmão era
um dos maiores especialistas em termos coloniais, tendo nascido no Brasil e
conquistado um alto conhecimento em mapas. Três motivos que ajudam a
conquistar o sucesso de Portugal na negociação do Tratado:
➔ Superioridade técnica e cartográfica: Alexandre de Gusmão havia tido
contato com a melhor cartografia do planeta, a cartografia francesa. Ele
mandava fazer seus próprios mapas, compilando todos os relatos de
viajantes somados à sua capacidade de identificar as localidades das
atividades econômicas e políticas no Brasil. Os espanhóis não tinham tanto
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conhecimento cartográfico e não sabiam o quanto os portugueses haviam


ultrapassado a linha de Tordesilhas.
Ex: Mapa das Cortes - mapa modificado criado por Alexandre de Gusmão,
que foi o mapa base da negociação
➔ Boa vontade da Coroa Espanhola: a Coroa Espanhola estava disposta a
negociar. Episódio conhecido como Troca das Princesas, em que a antiga
rainha espanhola perdeu o trono para uma nova rainha portuguesa. A nova
rainha portuguesa conhecia Alexandre de Gusmão e estimulou a assinatura
do Tratado.
➔ Sistema Internacional: Disputas entre a França, Inglaterra e a Península
Ibérica. Portugual estava sempre do lado da Inglaterra e a Espanha sempre
ao lado da França, por razões dinásticas. O sistema internacional europeu
era bipolar, nesta época, com disputas entre FRA X ING, logo, havia a
necessidade de travar uma negociação antes que começasse uma guerra na
Europa e que poderia impactar na América do Sul. O ideal era que Portugal e
Espanha não ficassem subordinados aos interesses das duas potências e se
blindassem da situação. Portanto, ficou acordado que, em caso de guerra
entre as potências, as colônias portuguesas e espanholas continuariam
estáveis.
➔ Argumento jurídico: Uti Possidetis - se ocupado por muito tempo um
território e essa ocupação for de boa fé e boa vontade, o território é de sua
posse. Ou seja, quem possui de fato a terra, deve possuí-la de direito. O
argumento não tinha legitimidade no direito internacional até Alexandre de
Gusmão e passou a ser uma medida legal, ao invés de provisória/cautelar.
➔ Argumento asiático: os espanhóis estavam relutantes em assinar o Tratado e
Alexandre de Gusmão descobriu que os espanhóis ocuparam territórios
portugueses na Ásia. Portugal estava disposto a abrir mão das Ilhas Molucas
nas Filipinas em troca da aceitação do Mapa das Cortes por parte do
governo espanhol (Tratado de Saragoça).

OBS: Além disso, a Colônia de Sacramento também estava envolvida nesta negociação,
mesmo sendo uma região absolutamente estratégica pelo acesso do Rio da Prata e um
desejo do Brasil neutralizá-la (altos cultos de militarização para proteger a área). Alexandre
de Gusmão está disposto a oferecer Sacramento, trocando por Sete Povos das Missões. No
entanto, essa era uma permuta simbólica porque a região de Sete Povos das Missões
ficava na fronteira entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, uma das poucas regiões que
sobreviveram aos bandeirantes no século 17.
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Resultado: triplica o tamanho do território português na América do Sul.

● Motivos para a anulação do Tratado de Madri (durou apenas 11 anos): o Tratado de


El Pardo foi o Tratado que anulou o Tratado de Madri, quem anulou o Tratado foi
Marquês de Pombal

- Todos que assinaram o Tratado de Madrid não estavam mais envolvidos na história
e na política (faleceram) e Marquês de Pombal não concordava com a concessão da
Colônia de Sacramento

- Guerra Guaranítica (1763-65): na região dos Sete Povos das Missões, os indígenas
resistiram à ocupação do território, gerando uma guerra.

- Marquês de Pombal queria modernizar o reino português, modernizando Portugal e


estimulando o desenvolvimento manufatureiro. Em 1761, a Espanha invadiu
Portugal, obrigando Pombal a pedir socorro para a Inglaterra. Quando a Espanha
em 1776-77 resolve invadir Sacramento e Sete Povos das Missões, Pombal não
pode pedir socorro para a Inglaterra, que estava preocupada/envolvida com a
questão das Treze Colônias. Os espanhóis criaram o vice-reino do Prata.

- Tratado de Santo Ildefonso (1776-77)


- Tratado de Badajoz (1801)

2) Tratado de Santo Ildefonso (1776-77): manutenção do princípio de uti possidetis


para todo o Norte e Centro-Oeste do Brasil, mas na região do Prata é hegemonia
espanhola (ficam com Colônia de Sacramento e Sete Povos das Missões, em troca
de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entretanto, esse tratado não envolvia
mudança de população
➔ A disputa entre Tratado de Madri e de Santo Ildefonso não é colonial, mas
são utilizados pelos países para negociação, o que perdura por grande parte
do Império e pelo início da República.

3) Tratado de Badajoz (1801): não é tratado de limites porque envolve a Guerra das
Laranjas entre Portugal e Espanha, em que Portugal é invadido pelo exército
espanhol aliado à França. É um Tratado firmado entre Portugal e Espanha, aliada à
França, no contexto das guerras napoleônicas
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➔ Acordou a paz entre Portugal e Espanha, com cessação das hostilidades e


evacuação das tropas do território português, sob as condições de
fechamento dos portos portugueses à Inglaterra, a manutenção pela
Espanha da praça-forte conquistada de Olivença (1801), na Península
Ibérica; na América do Sul, Portugal permaneceu em poder dos territórios
conquistados (as missões do e a parte atual do Rio Grande do Sul), fixando a
fronteira sul do Brasil na linha Quaraí-Jaguarão-Chuí. A Espanha continuou
na posse de Sacramento;
➔ Não ratificou o Tratado de Santo Ildefonso (1777), nem determinou
restabelecer o status quo ante bellum
➔ Não ratificado pela França no prazo estipulado (art. IX), é substituído pelo
Tratado de Madri, imposto por Napoleão de modo ainda mais contrário à
Portugal
➔ Tratado de Fontainebleau (1807) entre França e Espanha e a subsequente
invasão franco-espanhola a Portugal implicaram na anulação de Badajoz, ao
violar a paz (art. IV). Diante disso, D. João, no Rio de Janeiro, considera
“nullos e de nenhum vigor”, os Tratados de Badajoz e Madri de 1801 e
declara guerra à França em 1808, meses após a sua chegada, dando ordens
para a invasão de Caiena.
➔ A soberania portuguesa sobre Olivença seria reconhecida pelo Congresso de
Viena, mas a retirada espanhola nunca foi cumprida.

OBS: Anos depois, Argentina, Uruguai e Paraguai que ocupam a região, o que acaba
gerando novos impactos para a política externa brasileira.

❖ Aula 04 (23/08)

1808-1821: Período Joanino

● Política externa brasileira ou política externa feita no Brasil?

- D. João e sua família chegam em Salvador, em 1808

- Nesse período, temos uma espécie de política externa portuguesa feita dentro do
território brasileiro. Com a mudança do rei D. João para a colônia - devido às
guerras napoleônicas - o Rio de Janeiro torna-se uma capital global.
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- Não existem precedentes sobre isso na história da humanidade, de modo que a


narrativa oficial da política externa brasileira acredita que isso faz parte da política
externa brasileira

● Medidas Iniciais

- Abertura dos portos (1808): Início do comércio internacional e fim do pacto colonial.
José da Silva Lisboa - um radical liberal, que defendia as ideias de Adam Smith -
convence o rei a abrir os portos; dando início a um projeto de liberdade e abertura
econômica. Essa medida permitiu que, a partir de janeiro de 1808, o Brasil pudesse
fazer comércio com qualquer nação amiga.
➔ A Inglaterra queria vantagens das nações favorecidas e o príncipe queria que
as vantagens fossem aplicadas à Inglaterra. No entanto, as medidas liberais
vão ser revogadas pelo Tratado de 1810;
➔ Início da integração gradual da elite colonial com a elite reinóis (elite dos
portugueses que chegaram ao Brasil)

- “Tratados Desiguais” (1810): Dão continuação à Abertura dos Portos, mas não são
tratados no sentido liberal. Dão vantagens aos ingleses em 3 termos:
➔ Comércio e navegação: Inglaterra só pagava 15% de tarifa alfandegária aos
produtos brasileiros e todos os outros países pagavam 24%. Os ingleses só
podiam fazer comércio em 4 portos (Salvador, RJ, Recife e Belém). No
entanto, os ingleses poderiam abastecer em qualquer ponto da costa
brasileira. O governo inglês também tinha direito de vistoria em qualquer
lugar do oceano, podendo mandar parar os navios portugueses para verificar
se havia contrabando. Houve uma promessa de abolição do tráfico de
pessoas (fim do tráfico negreiro), não cumprida pelo Rei.
➔ Aliança e amizade: Flexibilização da presença de igrejas católicas exclusivas
na colônia (A Inquisição parou de funcionar no Brasil nesse período,
decretando tolerância religiosa em relação aos ingleses e estrangeiros, o que
significa a presença de templos protestantes). Se um inglês cometesse
crimes no Brasil, ele poderia ser julgado por juízes ingleses e pelas leis
inglesas, ou seja, estavam presentes juízes conservadores ingleses no
território brasileiro.
➔ Revogação do Alvará de 1785: feito por D. Maria em Portugal, o Alvará dizia
que estava proibido manufaturas no território da América portuguesa apenas
a indústria têxtil estava permitida. É um alvará marcado por uma lógica
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mercantilista e mercantilista, estabelecendo o intuito agrário na colônia.


Inclusive, muitos historiadores o identificam como uma das razões do atraso
da industrialização brasileira.
Quando o príncipe chega ao Brasil, ele começa a incentivar manufaturas em
território brasileiro, para abastecer as elites coloniais e reinóis, que estavam
altamente interessadas nesse abastecimento. Esse pode ser considerado o
início da história da indústria brasileira, que vai ter dificuldade em concorrer
com os Tratados Desiguais

OBS: Teoricamente, os tratados estabeleceriam uma troca de vantagens, mas a Inglaterra


obtinha as vantagens. A Inglaterra oferece segurança e reconhecimento (única dinastia no
trono português que seria reconhecida é a de Bragança) e o Brasil dá vantagens.

● Reformas Joaninas

OBS: Em azul, as medidas de política externa no período joanino

- Banco do Brasil (1808)


- Faculdade de Medicina da BAHIA
- Biblioteca Real e Museu Real (Museu Nacional) → geram a necessidade de cargos
- Aumento dos impostos (Pernambuco): Havia necessidade de aumento de cargos
para essas novas instituições no Brasil, de modo que aumentassem os impostos
para financiar todo o corpo burocrático. A província de Pernambuco era um dos
principais portos de exportação do açúcar e do algodão (Rev. Industrial inglesa com
demanda imensa de algodão + 13 colônias que tinham acabado de declarar a sua
independência). As províncias do Norte ficaram insatisfeitas com o aumento dos
impostos e tentaram se separar do Brasil
- Escola de Belas Artes + “Missão Francesa”: artistas desempregados com a queda
de Napoleão; debate se os portugueses trouxeram ou não os franceses para o
Brasil.
- Jardim Botânico: o real Horto; era onde estavam concentrados os estudos e
pesquisas botânicas no Brasil
- Academia Militar: fundamental para a política externa e para invadir outras regiões
- Estradas do Sudeste: Necessidade de estradas para abastecer a corte, as regiões,
abundância de mão de obra escrava e novas zonas agrícolas são abertas para a
exploração da agricultura. Se nessa zona agrícola tiver indígenas, eles serão
mortos, como no Vale do Rio Doce.
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- Declara de guerra “justa” aos botocudos: o príncipe declara guerra aos índios da
região no Vale do Rio Doce, justificado pela expansão da fronteira agrícola para
abastecimento de uma população crescente.
- Declaração de guerra à França
- Invasão da Guiana Francesa: devido à guerra com a França, que tinha invadido
Portugal, o príncipe retaliou invadindo a Guiana Francesa. Entre 1809 e 1817, um
governo português foi estabelecido na Guiana Francesa
- Fábrica de Pólvora e Incentivo às Manufaturas
- Intervenções militares na Banda Oriental (1811, 1816)

● Durante o Congresso de Viena (1815), D. João decide por elevar o Brasil à condição
de Reino Unido à Portugal, dando fim oficial ao período colonial.

- O Brasil não seria mais colônia, mas um reino, em posição de igualdade. D. João é
rei de Portugal e do Brasil ao mesmo tempo.

- Após a guerra, Portugal estava decadente e o rei estava morando no Brasil. O


príncipe morava aqui e as ordens eram recebidas aqui e na ausência dele, nomeou
um inglês para governar Portugal.

❖ Aula 05 (28/08)

“A interiorização da metrópole” - Maria Odila Leite da Silva Dias

● Singularidade do processo de independência e emancipação do Brasil e que está


relacionado com a transmigração da Corte

- A independência do Brasil foi um processo: não foi algo que aconteceu diretamente
no dia 7 de setembro, mas que ocorreu desde a vinda da Corte até 1853, durando
aproximadamente 30 anos.

- Esse processo tem uma especificidade geográfica, acontecendo apenas na região


do Centro-Sul (MG, RJ e SP). Não havia um processo análogo de defesa da
independência na Cisplatina, Amazônia, etc. A metrópole só se concentra em torno
do RJ e as outras regiões do Brasil continuam sendo tratadas como colônias.
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➔ MG tinha entrado em declínio com a mineração, o que direcionava ainda


mais o abastecimento da Corte para o rj
➔ Norte e Nordeste - sobretudo Pernambuco - eram tratados como colônia,
mesmo que arcassem com altas cargas tributárias.
➔ O Centro-Sul tinha uma relação de metrópole-colônia com o resto do
território
➔ Escolha do 7 de setembro como data: construção de uma narrativa histórica
que busca valorizar uma política que está localizada no Centro-Sul;

● Com o declínio da mineração, M. de Pombal fez um renascimento agrícola, com


ascensão das atividades que entraram em declínio no Nordeste como fumo, cacau,
pesca de baleia e extração da madeira. A atividade que se destacou na região do
Norte e do Nordeste e teve um desenvolvimento acelerado no fim do século 18 e
início do século 19 foi o algodão.
➔ O algodão tem um impacto extraordinário na pauta de exportações
portuguesas e foi uma das razões pelas quais a Corte Portuguesa veio para
o Brasil: os portugueses acreditavam que poderiam perder o comércio de
algodão no Brasil se houvesse uma revolução ou um golpe de Estado, logo,
vieram para garantir o abastecimento do algodão.
➔ Com o fim das 13 colônias, a produção de algodão acelera ainda mais no
Nordeste brasileiro para abastecer o mercado inglês. Portugal tinha que
compensar os acordos de têxteis e vinhos com o ouro brasileiro e Portugal
não tinha mais condições com a diminuição do ouro → produção de algodão
brasileira faz com que superávit inglês diminua e Portugal vende e compra
tão igualmente como a Inglaterra, de modo que Portugal começa a ter
superávit com a Inglaterra.

● Uma série de medidas que foram realizadas nas Reformas Joaninas são pagas pela
produção de algodão e pelo renascimento agrícola: momento de dependência
absoluta do orçamento do Estado brasileiro no setor externo da economia, de modo
que o Estado só consegue arrecadar com importação e exportação
➔ Não existia imposto de renda para todos, apenas para funcionários públicos,
que pagavam cerca de 1% a 2% para o Estado; o corpo burocrático era
grande mas não era suficiente para sustentar o Estado brasileiro
➔ Impostos de exportação nos 4 portos que foram abertos, para cobrar o
comércio inglês
➔ Tentativa falha de taxar escravos e terras
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● Conflagração no resto da América Espanhola e no Brasil: se esse processo tivesse


ocorrido, poderia ter levado à uma indisposição entre os portugueses que vieram e
os brasileiros que aqui viviam. As relações na América Espanhola e no Brasil eram
distintas. Na América Espanhola haviam os criollos e os chapetones; no Brasil havia
uma aliança entre reinóis e colonos, sem oposição e com um nível de relação
próximo.
➔ Os colonos e os reinóis têm divergências, mas mesmos assim se unem pois
acreditam que a vinda da Família Real é um período de prosperidade, com a
Coroa investindo no Brasil (fator socioeconômico). Além disso, eles se
juntam pelo haitianismo - que é o medo de ter uma revolução de pessoas
escravizadas, assim como houve no Haiti (fator político). Com o aumento das
populações escravizadas, havia o temor de que elas pudessem se rebelar.
➔ Utilização da mão de obra escravizada nas lutas de independência
aumentava o temor de uma rebelião generalizada.

● Outra interpretação da Independência → A independência do Brasil foi uma guerra


civil portuguesa: portugueses no Brasil x portugueses em Portugal

● Mais uma interpretação da Independência → independência do Brasil a partir dos


olhares de Pernambuco pode ser identificada como um movimento de funcionários
públicos que são burocratas do Rio de Janeiro e querem continuar explorando
Pernambuco.

Política Externa Joanina (1808-1821)

● A política externa está dividida em dois eixos:

- SIMÉTRICO: relações de indivíduos que têm o mesmo nível de poder que eu, à
época, a Argentina. Fala das potências que têm o mesmo poder do Brasil, na região
do Prata.
➔ No Prata, a relação de D. João com os vizinhos foi extremamente
intervencionista: duas intervenções foram realizadas na Banda Oriental
➢ A primeira em 1811-13: tropas brasileiras ocuparam o Uruguai a
pedido do vice-rei do Prata (imbróglios maritais). Quando o governo
brasileiro ocupa toda a região, o vice-rei do Prata percebe que ele
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cometeu um erro, haja vista que os soldados não queriam ir embora.


Assim, D. João foi obrigado a se retirar por pressões inglesas
(interferências indevida do eixo assimétrico no eixo simétrico)
➢ A segunda em 1816-20: Gervásio Artigas (progressista e defensor de
uma reforma social, projeto republicano). O Brasil invade para
massacrar e reprimir Artigas, que tem um projeto considerado
perigoso. É uma guerra contra Artigas, que foge derrotado para o
Paraguai. D. João toma a região da Cisplatina (parte Oriental do
Reino do Prata - atualmente o Uruguai) e a incorpora para o Reino
Unido de Portugal e Algarve.

➔ D. João declara outras duas guerras: França e Guiana Francesa (invasão de


Caiena, em 1809-17)

- ASSIMÉTRICO: relações do Brasil com países que têm maior poder, à época, a
Inglaterra (posteriormente EUA, China, já nos séculos XX e XXI).
➔ A relação de D. João com a Inglaterra era protetiva, em que a Inglaterra
queria oferecer proteção à D. João, em uma lógica de
subordinação/submissão/dependência, com base nos tratados desiguais:
➢ Submissão tarifária: as tarifas para a Inglaterra eram muito baixas
➢ Vistoria: portugueses deveriam aceitar a vistoria inglesa em seus
navios
➢ Jurisdição inglesa no Brasil

OBS: Esses eixos simétricos e assimétricos, de forma geral, vão dando origem a novos
períodos da política externa brasileira. A cada mudança de período, costumamos identificar
continuidades ou rupturas em relação ao período anterior. Podemos afirmar, portanto, que
houveram mais continuidades, o que fortalece a narrativa do Itamaraty sobre a política
externa brasileira.

● Objetivos da Participação de Portugal no Congresso de Viena

- Ficar com a Banda Oriental ou receber uma indenização pelo território invadido pelo
vice-rei. O Brasil gastou dinheiro deslocando as tropas → Não conseguimos
- Continuar com a Guiana Francesa → Franceses são grande potência e ficaram com
a Guiana. Não houve indenização para o Brasil
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- Proposição do governo inglês: primeira decisão de multilateralismo, de proibição do


tráfico de escravos acima da linha do Equador, o que é contra os interesses
portugueses
- Região da Olivença
- Proposição da elevação do Brasil à Reino Unido a Portugal e Algarve (diplomata
Conde de Palmela)

● O Brasil era um país fraco, logo, os interesses portugueses não foram considerados
no Congresso de Viena, o que fortalece o eixo assimétrico. A participação estava
mais centrada nos interesses de Portugal relacionados ao território do Brasil e não
de Portugal em si.

● Quem declarou a independência do Brasil foram os portugueses, o que aconteceu


foi a desagregação do Império Português, sob a necessidade de garantir que o Rio
de Janeiro fosse o centro do Império português na América. Paralelamente, Lisboa
afirmava que eles deveriam ser o centro do Império Português.
➔ Revolução do Porto: Revolução Liberal que acabou com a censura, com
absolutismo, eleição para deputados na Assembleia Constituinte Portuguesa.
Foi amplamente apoiada em todo o Brasil, celebrando o fato de que teria
uma constituição em Portugal. Entretanto, é perigoso para a elite do Rio de
Janeiro, já que tira o seu protagonismo político.
➔ Guerra de independência = guerra de desagregação acerca do debate se o
centro seria Rio de Janeiro ou Lisboa

● Reações

- Insurreição Pernambucana (1817): movimento liberal, que quer a Constituição.


Considerada a “Revolução dos Padres”, defendem ideias progressistas e D. João
precisa dos recursos do algodão, logo, reprime a região de Pernambuco. Advogam
pela liberdade em relação à repressão sofrida.

- Revolução Liberal do Porto - Portugal (1820): Portugal perdeu o rei em uma espécie
de inversão colonial, em que perdeu o controle monopolista. Desde que Napoleão foi
derrotado, Portugal é governado por ingleses. É estabelecida, então, uma rebelião
marcada pela elite portuguesa, que queria a volta de D. João e da família real.
➔ O retorno da família real é essencial para os portugueses, que propõem a
Constituição brasileira, que é bem aceita em várias partes do Brasil. D. Pedro
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

aceita a Constituição e ainda está no Brasil e a elite interiorizada não quer


que o príncipe volte.
➔ Posteriormente, a elite interiorizada começa a apoiar a volta de D. Pedro
para que não haja subordinação.

● Outra interpretação sobre a Independência do Brasil → desagregação do Império


Português no projeto de D. Pedro x Cortes. As cortes queriam que D. Pedro fizesse
uma viagem por toda a Europa, no entanto, D. Pedro está satisfeito aqui sendo
príncipe.

- O projeto do Rio de Janeiro era um projeto que precisava de D. Pedro e que garantia
a legitimidade dinástica em oposição ao projeto liberal. Logo, há uma articulação de
D. Pedro com as elites.

● A partir de 1815, D. João tem uma tentativa de autonomia e de minimizar a presença


inglesa, melhorando a sua situação com o país. Este período ficou conhecido como
hiato de autonomia e as medidas tomadas foram:

- 1814: Expulsão de Strangford (persona non grata)


- 1817: Aliança dinástica com a Áustria, com o casamento de D. Pedro com a
princesa de Habsburgo
- Trazer artistas franceses para o Brasil, fazendo com que houvesse uma
aproximação com a França (rival da Inglaterra na Europa)

● José Bonifácio de Andrada e Silva organiza o processo de independência do Brasil.


Apoiador de Dom Pedro, que toma duas medidas importante:

- Diplomática: conseguir o apoio dos povos do mundo com o que está acontecendo no
Brasil, de modo que escreve o Manifesto às Nações Amigas (primeiro documento da
diplomacia brasileira)

- Militar: José Bonifácio também era ministro de guerra, de modo que contrate
mercenários para formar a marinha brasileira, sendo o mais famoso deles o
Almirante Cochrane.

❖ Aula 06 (30/08)
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

A desagregação do Império Português

1) Guerra

● A Guerra de Independência aconteceu em 4 regiões do território português, havendo


disputas favoráveis a Portugal x elites favoráveis ao Rio de Janeiro. As elites
dividiram-se entre as Cortes de Lisboa e o Rio de Janeiro.

- Lado de Lisboa: Bahia, Pará, Maranhão e Cisplatina. A marinha brasileira foi


fundamental para desmobilizar esses movimentos na época.
➔ Na Bahia, os latifundiários eram a favor de D. Pedro I, mas a cidade de
Salvador tinha soldados portugueses e o Rio de Janeiro não conseguiria se
consolidar. Para eles, a independência teria acontecido no dia 2 de julho,
com a expulsão das tropas portuguesas.
➔ Ponto de vista terrestre: Piauí teve tropas favoráveis à Lisboa e ao Rio de
Janeiro

- Lado do Rio de Janeiro: apresenta uma postura mais liberal do que as Cortes
portuguesas, havendo uma discussão no Rio de Janeiro sobre como será adotado o
liberalismo. O rei quer fazer uma Constituição, mas há um debate - sobretudo em
sociedades secretas conhecidas como maçonarias - sobre como a Constituição será
feita.
➔ Organização de grupos radicais e moderados que seriam o embrião dos
partidos políticos
➔ Gonçalves ledo (projeto republicano, federalista, próximo das ideias
jacobinas) X José Bonifácio (posição de monarquia centralizada, com pautas
sociais progressistas)

● José Bonifácio

- Pautas sociais
➔ Combate à escravidão
➔ Fim do tráfico negreiro
➔ Defesa da miscigenação no território brasileiro
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

OBS: A posição anti-escravidão, dificilmente aceita pelos latifundiários do Brasil, fez com
que ele tivesse que exilar.

- “Patriarca da Independência”: participa da Assembleia Constituinte, mas a


Constituição de 1824 é outorgada por D. Pedro I, sendo esta a primeira Constituição
do Brasil.

- Propõe que a capital do Brasil não seja no Rio de Janeiro por questões de
superlotação e pela possibilidade de serem atacados pela costa

● É falso dizer que não houve confronto militar no processo de desagregação do


Império Português. Composição não-pacífica, sobretudo, da região Nordeste.

2) Marcos, legados e apropriação

● Todo esse processo de independência e emancipação é utilizado para valorizar


questões políticas. O processo de independência é a construção de mitos
republicanos e anteriores que vão sendo legitimados.

● Datas

- A data comemorada no Rio de Janeiro seria 12 de outubro, dia do aniversário de D.


Pedro I, e que ele voltou ao Rio de Janeiro e foi aclamado pelo povo, recebendo o
título de “defensor perpétuo do Brasil”.
- Exemplo: Quadro de Moreaux → é possível observar que, neste quadro, D. Pedro
não está com a sua figura militarizada, todos olham para o céu, como se a
independência fosse uma divindade concedida. O quadro foi produzido em 1840, na
preocupação do pós-regência e na necessidade de construir a ideia de que todos os
brasileiros são iguais
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

- Quadro de Pedro Américo “Independência ou Morte” → O quadro de Pedro Américo


está com todos olhando para D. Pedro e todos os soldados estão vestidos como
oficiais portuguesas. Só tem o Ipiranga e a casa para fins de dizer que estão em São
Paulo. Este quadro foi pintado em 1888, às vésperas da Proclamação da República,
e mostra uma preocupação em tentar retratar o povo no quadro, mas há apenas
uma pessoa. Nesse momento, trata-se de 7 de setembro como o momento de
reconhecimento da independência

● 100 anos de Independência: Desde 1917, o governo brasileiro já estava preocupado


com a sua comemoração, logo, a diplomacia convida países para a exposição do
centenário e decidem renovar o museu, feito por um historiador. Começaram a
contratar pessoas para fazerem esculturas de bandeirantes para construir uma
versão paulista da independência brasileira.
➔ Discordância dessa visão: 1922 - Semana de Arte Moderna. Contrários às
versões paulistas, mostram a exclusão do processo de independência,
buscando construir uma identidade nacional sem interferência europeia,
apenas repensando a arte da Europa. Isso faria parte de um novo projeto
estético de identidade nacional, mas ainda sim era uma visão paulista e de
progressismo.
➔ 7 de setembro de 1922: primeira transmissão de rádio feita por um
Presidente da República
➔ Essa visão de 7 de setembro inspirou uma visão ufanista de integralismo
posteriormente

● 150 anos de independência (1972): Em abril de 1972, o presidente da República de


Portugal consegue trazer o corpo de D. Pedro I para o Brasil, celebrando os 150
anos da independência. Isso foi feito porque o governo salazar precisa de apoio
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

brasileiro diante da situação de descolonização africana, com Portugal temendo


perder suas colônias e apelando para o apoio brasileiro.

● É possível afirmar que existem múltiplas interpretações do processo de


independência do Brasil, de modo que a verdadeira história tenha se perdido ao
longo do tempo com essas narrativas.

3) Política Externa e reconhecimento

● O reconhecimento da Independência tem duas fases

- Soberanista: representada por José Bonifácio. Projeto nacionalista que envolvia


reforma agrária, defendia o meio ambiente, fim da escravidão. Proposta autônoma e
independente, soberanista, que não aceitava concessões.
➔ Dificuldade de ser aceito pelos ingleses, que tinham interesses no Brasil.
Logo, a Inglaterra se oferece para fazer a mediação entre a independência
de Portugal e o Brasil.
➔ José Bonifácio é demitido

- Dinástica: representada por D. Pedro. Fase que toma rédeas do reconhecimento.


D. Pedro já havia renunciado ao trono em favor da sua filha, situação que deixava
ambiguidade porque não poderia voltar a ser Reino Unido à Portugal. O que vigora
são os interesses dinásticos de D. Pedro em relação aos nacionais.

● O reconhecimento da independência brasileira contou com a presença de 3 nações:


Brasil, Portugal e Inglaterra. → D. Pedro está disposto a fazer concessões aos
portugueses e aos ingleses para que sirvam de mediadores e façam Portugal
reconhecer a independência do Brasil. Para D. Pedro, seria interessante a Inglaterra
pressionar Portugal. Charles Stuart - representante da Inglaterra - tinha concessão
para reconhecer o Brasil independente em nome de D. João VI. Esse pode ser
considerado o primeiro erro da diplomacia brasileira

- Concessões exigidas por Portugal para reconhecer a independência do Brasil


(Tratado estabelecido em 1825):
➔ Pagamento de uma indenização de 2 milhões de libras
➔ Não-apoio à qualquer tipo de separação dos portugueses no território
africano
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

➔ D. João exigiu ter o termo de “Imperador emérito do Brasil”, enquanto fosse


livre
➔ Independência deveria ser considerada “livremente concedida”, o que não é
verdade: A independência livremente concedida não condiz com a realidade
pois houveram muitas guerras até conquistar a Independência do Brasil

- Exigências dos ingleses para serem “padrinhos” da independência brasileira


(Tratado estabelecido entre 1825-27):
➔ “Renovação” dos Tratados desiguais de 1810: Capacidade de continuarem
utilizando vistoria para julgar se os navios eram legítimos ou ilegítimos
➔ Prazo de 3 anos para o encerramento da questão do tráfico negreiro: Após
1830, não poderiam entrar pessoas escravizadas no Brasil e todos que
entrarem aqui seriam considerados livres.
➢ “Africanos livres”: não falam português, estão no território brasileiro e
não têm possibilidade de voltarem para o seu país de origem. Logo,
são colocados para trabalharem compulsoriamente, sendo
“civilizados” e educados por 14 anos. Na realidade, eles são
colocados para trabalharem praticamente como escravos.
➢ Período de intensificação da entrada de pessoas escravizadas no
Brasil de maneira ilegal, baseando toda uma sociedade em uma
legislação que não valeu.

Primeiro Reinado (1822-1831)

● Governo de D. Pedro I, considerando defensor perpétuo do Brasil, apesar de - para


uma monarquia - ter governado um curto período de tempo.

● Período de sucessão de crises; bases internas de instabilidade

- Política: Questão da Constituição Outorgada de 1824, apesar de liberal. Já na


Assembleia Constituinte em 1823, os grupos entre os colonos e reinóis que se
juntaram para fazer a independência do Brasil começam a se dividir
➔ Partido Português (apoio à D. Pedro I, por parte dos reinóis) x Partido
Brasileiro
➔ Posteriormente, Portugal pega essa Constituição com algumas
considerações, até o período da Proclamação da República de Portugal
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

- Econômica: Crise agrária (concorrência do açúcar de beterraba europeu, que


sofreu diminuição dramática de preço) + Crise financeira (saída de D. João do Brasil
levou o Banco do Brasil à falência, uma vez que ele levou embora recursos) + Crise
orçamentária (o Estado tinha muitos gastos, sobretudo com as guerras, e
arrecadava pouco tendo em vista os tratados desiguais, tráfico negreiro era a
principal atividade mesmo que proibido)

- Guerras: 4 guerras em um período de 8 anos


➔ Guerra de Independência (1822-1823): marinha nova, contratação de
mercenários ingleses
➔ Confederação do Equador (1824): Pernambuco ofereceu apoio à D. Pedro e
ao Rio de Janeiro, sob a liderança de Frei Caneca
➔ Guerra Civil em Portugal: Abdicação do trono para D. Maria da Glória,
estabelecendo uma guerra civil entre os partidários de D. Miguel e de D.
Maria da Glória, que eram os mesmos de D. Pedro. Isso agrava as tensões
entre o Partido Português e o Partido Brasileiro.
➔ Guerra da Cisplatina (1825-1828): Conflito entre D. Pedro e Buenos Aires
(Argentina, províncias Unidas do Prata, na época). O cabildo de Montevideo
e da Flórida entraram em um acordo. Indivíduos querem se juntar à B. Aires
e D. Pedro declara guerra aos argentinos.
➢ A guerra durou bastante tempo devido à superioridade naval de D.
Pedro, que permitiu o bloqueio do Prata pelos rios. Os argentinos
tinham superioridade terrestre
➢ Batalha dos Arigós: partitura musical

● Política Externa do Primeiro Reinado

- D. Pedro tinha uma imagem muito diferente de D. João: D. Pedro era expansivo e
forte, enquanto D. João era indeciso. Os traços de continuidade só podem ser
explicados pela segunda imagem, o que é coerente com a narrativa de política
externa brasileiro do governo. Quem faz a política é o Estado.
- Eixo Assimétrico: Continuidade (ambos têm uma postura de subordinação em
relação à Inglaterra, com D. João em relação aos Tratados Desiguais e com D.
Pedro em relação ao reconhecimento da Independência)
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

- Eixo Simétrico: Continuidade (ambos têm postura de intervencionismo, com D. João


em relação às invasões da Banda Oriental e Guiana Francesa e D. Pedro com a
invasão na região da Cisplatina)

D. João (1808-1821) D. Pedro (1822-1831)

Eixo Assimétrico Dependência/ Subordinação


(Inglaterra) Subordinação, (Tratados de
Reconhecimento da
(Exemplificado nos Tratados Independência de 1825/27)
Desiguais de 1810)

Eixo Simétrico Intervencionismo Intervencionismo


(Prata)
( Banda Oriental e Guiana (Continua tendo intervenção
Francesa) na região da Cisplatina)

Período Regencial (1831-1840)

● Política Interna:

- Rebeliões que provocam instabilidade, com continuações da construção da imagem


nacional das elites

- Centralização x Descentralização: tentativa de aplicar um sistema federalista, de


maior autonomia
➔ Primeiro momento: Descentralização - Avanço Liberal
➔ Segundo momento: Centralização
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→ Avanço Liberal - Descentralização (1831-1837)

- Medidas de descentralização:
➔ Criação da Guarda Nacional: descentraliza o poder militar do Brasil e
também é um símbolo de descentralização da segurança, fazendo com que
todos sejam potencialmente soldados, sobretudo os brancos que têm renda.
Elegem um oficial que será o comandante
➔ Fortalecimento da figura do Juiz de Paz: descentralização da justiça
➔ Regência Trina (Lei dos Regentes): Escolha de 3 regentes que governaram
entre 1831-1835. Eles tem uma série de limitações ao governar como
➢ Impossibilidade de declarar guerras
➢ Impossibilidade de nomear ministros
➢ Impossibilidade de dissolver o Parlamento
➢ Não podem assinar Tratados Internacionais

- O grande nome do avanço liberal era o Ministro da Justiça da Regência, chamado


Diogo Antônio Feijó (Padre), que tinha preferências liberais. Ele buscava acabar
com os 3 símbolos máximos da centralização do poder real do Primeiro Reinado:
Poder Moderador, Conselho de Estado, Senado do Império (vitalício)
➔ O Senado era vitalício e, portanto, os senadores não queriam sair do poder, o
que fez Feijó dar um golpe de estado. Consequentemente, Feijó foi obrigado
a sair do Ministério da Justiça, o que impediu o projeto liberalista de maiores
avanços.

- Ato Adicional de 1824 (única emenda constitucional): espécie de compromisso entre


as ideias liberais de Feijó e as ideias de centralização que começam a acontecer:
➔ Fim do conselho de Estado (descentralização)
➔ Criação de Assembleias Legislativas nas províncias que não existiam, de
modo que cada província teria a sua Assembleia (descentralização)
➔ Criação da Regência Una (centralização; mas também pode ser entendida
como descentralização porque o regente uno será eleito por voto popular e
terá mandato de 4 anos. Isso ficou conhecido como uma experiência
republicana no período da monarquia, o que assustou os conservadores)
➔ Capital do Rio de Janeiro passou a ser Niterói
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

- Ato de Anarquia: Bernardo Pereira de Vasconcellos, insatisfeito com a criação da


regência Una faz um discurso em que fala “Fui liberal. É preciso parar o carro da
revolução, trocando de lado e tornando-se centralizador.

→ Regresso Conservador - Centralização (1837-1844)

- Lei Feijó: proíbe definitivamente o tráfico de pessoas escravizadas no Brasil, assim


como a entrada de pessoas escravizadas no Brasil
➔ “Lei para inglês ver”

- Partidos Políticos: progressistas x regressistas (Bernardo Pereira Vasconcellos). Os


regressistas são favorecidos pela grande quantidade de rebeliões localizadas que
eclodiram no Brasil após o Ato Adicional. Além disso, os regressistas tentam
enfraquecer as assembléias legislativas.

OBS: Durante a regência, o Estado brasileiro carecia de legitimidade arbitral. As rebeliões


acontecem porque, na hora que os cargos são criados, as elites começam a brigar para ver
quem vai governar e não há ninguém para arbitrar. Cada uma dessas rebeliões, nada mais
é do que um conflito entre elites dentro do Estado.

- Rebeliões (levam ao colapso do governo de Feijó, que durou de 1835-1837)


➔ Farroupilha
➔ Cabanagem
➔ Balaiada
➔ Sabinada
➔ Revolta dos Malês

❖ Aula 08 (06/09)

Período Regencial (1831-1840)


Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

● O período regencial é marcado por um conflito entre centralização e autonomia, que


se dá majoritariamente entre os regressistas e os progressistas, que são do grupo
dos liberais-moderados, herdeiros do Partido Brasileiro

● Com a abdicação de D. Pedro I, os restauradores querem de volta D. Pedro I e


mandaram ensaios para Portugal e Paris, para chamá-los de volta. O grupo dos
portugueses viram o grupo dos restauradores mas desaparecem por falta de apoio
político e pela falta de vontade de D. Pedro de voltar.

● Liberais moderados (manter a ordem vigente de monarquia, latifúndio/escravidão,


unidade territorial) X Liberais exaltados (questionar a ordem vigente, querendo a
República, eram abolicionistas e separatistas)
➔ Todo o período regencial é governado pelos liberais moderados

● Esse foi um momento de muitos movimentos abolicionistas, com jornais feitos por
pessoas escravizadas, mestiços ou multados, com objetivos de divulgar a situação
da população oprimida.

● Partido Consevador: Saquaremas, com o Visconde de Itaboraí como a principal


figura X Partido Liberal: Luzias

● Política Externa

- Aspectos Institucionais:
➔ Forças Armadas: estavam enfraquecidas por conta das revoltas, que
tomaram muita atenção das Forças Armadas. Além disso, sofriam com falta
de dinheiro e com a descentralização do exército a partir da criação da
Guarda Nacional. Durante a regência, o exército brasileiro contava com
apenas 10 mil soldados.
➔ Ministros: 11 ministros das Relações Exteriores em 8 anos e meio, o que
indicava uma instabilidade política e agendas pouco estáveis e organizadas.
Pode ser um período caracterizado por alta rotatividade de ministros.
➔ Conselho de Estado: órgão vitalício que contava com uma seção de 3
pessoas que formulavam a política externa, no entanto, esse setor não
compensou a alta rotatividade de ministros, sendo extinto no Ato Adicional de
1834
➔ Ordem interna marcada por rebeliões generalizadas em todo o país
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

➔ Recursos financeiros: muitos gastos com a revolta + baixa arrecadação


(redução de impostos e tratados desiguais) + Lei Bernardo Pereira de
Vasconcellos (afirmava que só seria cobrado 15% de tarifas de todos os
países)

- Consequências
➔ Região do Prata: Imobilismo, devido à ausência de condições militares e
financeiras de atuar na região. Com o fim da Farroupilha em 1845, há um
debate que dura 5 anos em que defendem o retorno do intervencionismo x
apaziguamento com o Rosas. Os gaúchos, que representavam o
intervencionismo na região venceram, ocorrendo o sequestro da política
externa brasileira para a região do Prata.
➔ Região da Amazônia: Presença não era bem-sucedida, Cabanagem na
região da Amazônia + disputas territoriais de soberania com a Inglaterra
(presença imperialista britânica na Amazônia, de modo que os ingleses
apoiem a retirada dos franceses) + disputas com a França
➔ Relação com a Inglaterra: Confusão de soberanias entre Brasil x Inglaterra +
Tratados Desiguais (pressão para o fim do tráfico negreiro, mesmo com a Lei
Feijó). O Brasil ainda é dependente da Inglaterra, com questões de
subordinação.

● Nesse momento, os Estados Unidos estão vivendo graves conflitos entre o Norte e o
Sul do país, com um Norte mais industrializado e abolicionista e o Sul utilizando-se
de mão de obra escrava e latifúndios. Os sulistas, com medo de uma guerra civil,
começam a pensar em uma alternativa para manter o sistema escravocrata, de
modo que pensassem que uma solução seria expandi-lo para outras regiões. Nesse
sentido, o Tenente Morrey (EUA) alega que a Amazônia brasileira era uma boa
região para avançar, iniciando um movimento no Sul dos EUA para fazer
Washington pressionar o Brasil para abrir a Amazônia e a produção de algodão.

● De modo geral, a política externa do Período Regencial pode ser marcada por
subordinação e imobilismo, mas com uma postura reativa que responde à presença
imperialista, aos tratados desiguais e as disputas internacionais.

❖ Aula 09 (11/09)
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

● Relembrando: Breve cronologia política da História do Brasil

- 1822-1831: Primeiro Reinado

- 1831-1837: Período de Avanço Liberal

- 1837-1844: Regresso Conservador

➔ Em 1840, há um golpe para colocar D. Pedro II no trono, depois dele ter sido
consultado, elevando a maioridade do imperador. Desse modo, ele assume sem
contestação. Era importante para os conservador que não tivesse revoltas, pois era
por isso que estavam advogando nos últimos tempos.

➔ Embora fosse um projeto conservador, ele foi aplicado pelos liberais. Afinal, existiam
algumas diferenças entre esses dois grupos (de acordo com José Murilo de
Carvalho)
➢ Partido Conservador: mais homogêneo - muito forte e vinculado ao Estado,
ministros, promotores, procuradores, burocratas, quase todos com a mesma
formação acadêmica em Direito baseada em Coimbra
➢ Partido Liberal: mais heterogêneo - pessoas de diversas províncias, classes
médias, classes baixas, membros da alta elite, etc.

➔ Os liberais dão golpe nos conservadores e vão ficar no poder por alguns meses,
sendo conhecidos como “Gabinete da Maioridade/Gabinete dos Irmãos”, uma vez
que dos 6 ministérios existentes, 4 eram ocupados por irmãos e outros dois eram os
ministros de Pernambuco, que também eram irmãos.
➢ Preocupação em fraudar as eleições, conhecidas como “Eleições do Cacete”:
isso fez com que o Imperador demitisse todos os liberais e contratasse os
conservadores de volta

➔ 1842: onde seria o fim dos tratados desiguais, que tinha validade de 15 anos.
➔ 1844: Lei Alves Branco - estabelece, de fato, o fim dos tratados desiguais. Essa
lei estabelece medidas protecionistas para o Brasil, com as taxas passando de 15%
para 30%; existiam casos em que as taxas poderiam chegar até 60% para produtos
similares que existem no território brasileiro (manufaturados e industrializados). Essa
foi a primeira vez em que houve uma política de fomento à indústria no Brasil, com o
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

objetivo de ter revolução industrial no Brasil. Existiam 3 motivações principais para o


estabelecimento dessa lei:
➢ Farroupilha: proteger a indústria do charque
➢ Aumentar a arrecadação do Estado brasileiro, com mais dinheiro e mais
recursos
➢ Proteger e fomentar a indústria nacional, buscando a revolução industrial no
Brasil

- 1844-1848: Quinquênio Liberal

Marca o fim do período regencial. Neste instante, os tratados desiguais e os pagamentos de


indenizações acabam e o governo cria a Lei Alves Branco, que revogou a Lei Bernardo
Pereira de Vasconcelos

➔ A assinatura da Lei Alves Branco deixa a Inglaterra descontente. Sua reação é


institucionalizar o Brazilian Act (Lei Bill Aberdeen), que tinha como intuito capturar
e fiscalizar os navios brasileiros para ver se eles estavam comercializando escravos.

➔ Enquanto D. Pedro II não completava 18 anos, o palácio e a Facção Áulica que


governavam o país. Quando D. Pedro completa 18 anos, em 1844, ele busca se
libertar dessa Facção Áulica e iniciando uma política de maior autonomia.

➔ 1847, “Parlamentarismo às avessas”: como ficou conhecido o parlamentarismo do


Império, com a Lei de 1847, que cria a Presidência do Conselho de Ministros. O
imperador abre mão de nomear os ministros, nomeando uma pessoa para nomear
os ministros.

➔ 1845: fim da Farroupilha - Paz do Poncho Verde, marcando a paz entre os gaúchos
e o Rio de Janeiro, como consequência da assinatura da Lei Alves Branco. A
Farroupilha vai durar até meados da Grande Guerra. Rivera, representante dos
colorados, era simpático aos gaúchos. O governo brasileiro sempre fica com pé
atrás com ele, mas não tem escolha porque ele é o opositor de Rosas.
➢ O fim da Farroupilha marca o fim do imobilismo e a volta do intervencionismo

- 1848-1853: Gabinete Saquarema


Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

Política Externa Brasileira - Tempo Saquarema (1848-1850)

Durante o quinquênio liberal, houve vários momentos de insatisfação e turbulências na


sociedade brasileira. O principal desmonte do governo liberal foi devido à falha de conter
insatisfações populares, à exemplo da Revolta Praieira, em Pernambuco. Dito isso, a volta
Saquarema significou a volta da centralização do poder, marcando uma fase de regresso.

● Política Interna

- Estabilidade: fim da dependência econômica da Inglaterra, com a assinatura da Lei


Alves Branco + fim das revoltas, que foram reprimidas

- Hegemonia cafeeira: os Saquaremas - do Rio de Janeiro - estão congruentes ao


comando econômico, de modo que quem comanda o país são os políticos da região
do Vale da Paraíba, onde é produzido o café.

➔ Café brasileiro se torna o principal produto exportador do país: triplicação da


população dos Estados Unidos, que passa a ser o maior produtor de café do
Brasil. Essa necessidade de café veio para atender aos anseios da
Revolução Industrial. Agora, com luz elétrica, as pessoas podem trabalhar no
período da noite, de modo que o café se torne uma bebida necessária para
ser bebida nas zonas urbanas, uma vez que não toma tempo de trabalho e
aumenta a produtividade.
➔ A atividade econômica cafeeira, em certa medida, sustentou o escravismo
brasileiro por mais de 100 anos

- Código Comercial Brasileiro

- Repressão conservadora da Revolta da Praieira, com violência

● Política Externa

- 1851: Retorno da hegemonia e intervencionismo na Região do Prata.


➔ Rosas era governador de Buenos Aires e representante de política externa
de todas as províncias da região Platina. Ele era membro do partido
federalista, o que o fez imaginar um projeto político de maior autonomia.
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

Grupo que faz oposição ao Rosas são os federalistas dissidentes, que se


juntaram aos unitaristas.
➔ Uruguai: blancos (ligados aos pampas gaúchos e que buscam apoio de
Rosas) x colorados (mais ligados à Montevideo, sendo mais centralizadores
e mais próximos do Brasil). Ingleses e franceses apoiam os colorados.
➔ A Grande Guerra acabou e os blancos venceram, de modo que o Brasil saia
do imobilismo e comece a apoiar os colorados no poder.
➔ Motivos para apoiar o fim do imobilismo e a volta do intervencionismo
brasileiro no Prata:
➢ Proposição de Tratado assinado com Rosas
➢ Fim da Farroupilha: o Brasil não quer entrar em guerra com o Rosas,
mas não quer que ele ganhe a guerra contra o Uruguai. Logo, o Brasil
apoia o lado mais fraco, de modo que seja credor e devedor ao
mesmo tempo (empresta dinheiro para o Uruguai e para os inimigos
de Rosas e pede empréstimos para a Inglaterra, sendo devedor).
Esse episódio de apoio ao Uruguai ficou conhecido como
“diplomacia dos patacões”
➔ 1851: Rosas declara guerra ao Império do Brasil. Guerra indireta torna-se
direta.
➢ O Brasil tentou buscar apoio da França e da Inglaterra, mas não
conseguiu apoio internacional por desinteresse dos países. Logo, o
Brasil buscou o apoio do inimigo de Rosas dentro da Argentina:
Urquizas (federalista).
➢ As tropas brasileiras não chegaram a entrar em guerra, uma vez que
Rosas é derrotado em 1852, na batalha de Montecasseros, de modo
que o intervencionismo seja bem-sucedido.

- Fim do Tráfico Negreiro ⇒ Lei Eusébio de Queiroz, lei que acaba com o tráfico de
escravos, com diferentes interpretações
➔ Narrativa oficial da PEB: A Lei Eusébio de Queiroz foi promulgada por
motivos internos.
➢ Endividamento das elites escravistas: os senhores de escravos
estavam endividados com o tráfico de escravos, uma vez que os
preços aumentaram nos anos anteriores à lei. Logo, ao estabelecer o
fim do tráfico, as dívidas seriam perdoadas
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

➢ Segurança pública: o número de pessoas escravizadas estava


concentrado na região do Rio de Janeiro, de modo que isso
aumentava a possibilidade de rebeliões (Haitianismo)
➢ Saúde Pública: epidemia de febre amarela, de modo que estivesse
culpando os grupos mais vulnerabilizados (africanos estariam
trazendo mais epidemias)

OBS: O governo brasileiro não parou de fazer tráfico com essas medidas, na realidade, o
que aconteceu foi intensificação notória do tráfico de escravizados com o Brasil, com o
aumento de preço dos escravos. No período entre 1845-1850 foi quando entraram mais
escravizados africanos no Rio de Janeiro, à revelia do governo inglês.

OBS: Táticas ⇒ fingir que eram navios dos Estados Unidos + jogar escravos no mar +
escravizados próximos aos portos porque seriam pessoas com “menor valor agregado”

➔ Visão mais crítica: A formulação dessa lei aconteceu por pressões inglesas,
sobretudo, porque a Inglaterra começa a mandar navios para capturar navios
brasileiros nos rios de Macaé e de Campo. No entanto, como o Brasil está se
planejando para fazer a intervenção contra Rosas, precisa de uma marinha
que esteja forte e livre para abandonar o imobilismo e atuar no Prata.

OBS: O histórico de pressões para a abolição do tráfico é muito extenso, se iniciando em


1807 (com o Tratado entre Inglaterra e Portugal), 1810 (Tratados Desiguais), 1815
(Congresso de Viena - proibição acima da linha do Equador), 1817-18 (novo Tratado entre
Portugal e Inglaterra), 1825-27 (Tratado de Reconhecimento; cláusula sobre escravidão),
1831 (Lei Feijó), 1844 (Lei Alves Branco), 1845 (Brazilian Act).

OBS: Motivos pelos quais a Inglaterra queria abolir o tráfico de escravos


➢ Comércio: garantir a hegemonia britânica e eliminar a concorrência africana
(poderiam controlar essas áreas africanas) → argumento que não se sustenta
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

➢ Razões Humanitárias: movimentos abolicionistas na Inglaterra (“Quackers”). Iniciou


uma campanha para que a Inglaterra abolisse a escravidão em todo o mundo
➢ Questão do sabão (Pierre Vergé): Inglaterra queria abolir o tráfico por conta da
retomada do hábito de banho diário na Europa. Necessidade de controle de óleo de
palma e de controlar mercado de tráfico negreiro para a produção de sabão. O óleo
de palma ia originalmente para a Bahia e para o Rio de Janeiro.

➔ Armando Cervo: a formulação dessa lei é totalmente soberana (ato de


soberania) e não tinha ligações com o Brazilian Act (pressões inglesas).
Ainda mais, Eusébio de Queiroz era escravocrata.

- Negociações de fronteira segundo o Uti Possidetis: marcadas pela figura de Duarte


da Ponte Ribeiro, homem português e diplomata pelo Brasil importante na
negociação de fronteiras em troca de uti possidetis.

D. João D. Pedro Período D. Pedro II -


(1808-1821) (1822-1831) Regencial Segundo
(1831-1840) Reinado
(1840-1889)

Eixo Dependência/ Subordinação Subordinação Autonomia


Assimétrico Subordinação, (Tratados de (Continuidade (ruptura pelo
(Inglaterra) Reconheciment dos Tratados fim dos
(Exemplificado o da Desiguais) Tratados
nos Tratados Independência Desiguais e a
Desiguais de de 1825/27) Lei Alves
1810) Branco)

Eixo Simétrico Intervencionism Intervencionism Imobilismo Intervencionism


(Prata) o o (Rebeliões e o
aspectos (retorno à
( Banda (Continua tendo institucionais intervenção no
Oriental e intervenção na impedem a Prata com
Guiana região da intervenção na hegemonia
Francesa) Cisplatina) região do Prata) platina +
Grande Guerra)

❖ Aula 10 (13/09) e 11 (18/09)

Fronteiras do Império
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

● O começo das discussões sobre fronteira se iniciam no ano de 1851, sob a figura de
Duarte da Ponte Ribeiro.

● Navegação por fronteira: O Brasil tinha interesse em negociar fronteiras enquanto


os outros países vizinhos tinham interesses em negociar os rios e a navegação.
Esses temas estavam interligados porque os rios servem de demarcação fronteiriça
óbvia.

- Uti possidetis de jure (vizinhos) x Uti possidetis de facto (Brasil): Uti possidetis
de jure afirma que a ocupação territorial deve estar baseada no tratado enquanto o
uti possidetis de facto está baseado na ideia de que o território é de quem ocupa.
Quando os vizinhos se baseiam no uti possidetis de jure, o Brasil não concede o
direito de navegação, e quando se baseiam no uti possidetis de facto, o Brasil
concede a navegação.

- Navegação é importante para os países vizinhos porque países na região dos Andes
tinham dificuldade de acessar os mares por conta das montanhas ou por conta dos
rios brasileiros que tinham que ser atravessados. A flexibilidade da navegação é
importante, sobretudo, para o interior.

- Os temas de navegação não são apenas temas de troca, mas são uma maneira de
balanceamento de poder e de interesse brasileiro: o governo brasileiro está
ganhando direitos de fronteira para oferecer direitos de navegação

● No século 19, com a diminuição da população no interior por conta das atividades
econômicas do Sudeste que, criou-se uma questão de fronteira na região da
Amazônia, que precisava ser resolvida enquanto ainda haviam pessoas ocupando a
região ⇒ Ou seja, a retração populacional no interior foi essencial para a discussão
sobre fronteiras.

● O governo americano pressiona o Império Brasileiro para abrir a Bacia do Amazonas


nos anos de 1850 para virem escravos e latifúndios escravocratas ingleses do Sul.
No entanto, a postura do Brasil é de “enrolar” os EUA para não abrir a bacia.
- Contradição: americanos trazem o argumento de que a navegação deve ser
algo defendido à força para o Brasil. O governo brasileiro estava disposto a
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levar tropas e navios para a bacia do Prata, mas era contra a intervenção de
navios militares americanos no rio Amazonas.
- Argumento brasileiro: diferença significativa em relação à Cisplatina ⇒ Na
Cisplatina, o governo brasileiro é tributário dos rios (o que faz do Brasil parte
interessada por ser um ribeirinho superior, alguém que embora não controle
a foz, controla o rio mais para cima). Os ribeirinhos superiores da Bacia
Amazônia não envolvem os Estados Unidos. No entanto, nem todos os
ribeirinhos superiores da bacia do Amazonas tinham direito de navegação.

● A abertura da Bacia do Amazonas aconteceu em 1865 porque a guerra civil estava


em curso e, portanto, não havia necessidade de abrir para os Estados Unidos.

OBS: 3 principais feitos do Governo Saquarema


- Negociação e fim do tráfico
- Retorno ao intervencionismo platino
- Estabelecimento do uti possidetis de facto como doutrina oficial

● Missão Duarte da Ponte Ribeiro

- Bolívia
- Peru

● Missão Miguel Maria Lisboa: direitos de navegação em troca do uti possidetis de


facto, ambos os países assinam o tratado e não ratificam com o seu Parlamento.
Esses tratados não foram ratificados e não entraram em vigor.

- Colômbia (1852)
- Venezuela (1853)

● Negociações sob ocupação militar

- Uruguai (1851): Loizaga-Cotegipe


- Paraguai

● Negociações deixadas para o período da República


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- Argentina
- França
- Inglaterra
- Colômbia

OBS: Fronteiras passam a ser sempre negociadas bilateralmente no Império brasileiro, de


modo que isso seja uma prioridade do império. Não aceitavam negociações com bases
multilaterais e nem com arbitragem, isso porque não queriam que o poder de barganha
diminuísse. O governo brasileiro resistia a fazer parte de conferências porque temia que
todos os países se juntassem contra ele e, quanto à arbitragem, o Estado brasileiro não
teria controle das decisões.
➔ Quase todas as negociações se dão no eixo simétrico

Guerra do Paraguai

● Existem diferentes narrativas da política externa brasileira sobre a Guerra do


Paraguai

1) Proclamação da República
- Marcada pela Primeira Imagem: O motivo principal da guerra é a defesa contra a
agressão paraguaia, em relação ao Solano López.
➔ Motivo: criação de uma imagem de heróis da Guerra do Paraguai, construção
de uma identidade nacional que está presente nos logradouros públicos, nas
praças e nas avenidas.
Até 1889, o nome do herói da guerra era o Imperador; no entanto, após a
República, você coletiviza essa imagem ao exército, sobretudo tendo em
vista que a Proclamação da República foi um golpe militar.

2) Anos 50-60 (Revisionismo)


- Marcada pela Terceira Imagem: visão de que a Guerra do Paraguai foi motivada
pelo imperialismo britânico, uma vez que a Inglaterra destruiu o Paraguai usando
países latino-americanos para isso. Paraguai era uma zona sem controle inglês, com
reforma agrária e altos índices de alfabetização. Nesse sentido, a Inglaterra teria que
manipular o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai para invadir o Paraguai.
Havia uma necessidade da Inglaterra ter boas relações com o Brasil
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➔ Motivo: Resistir contra as ditaduras militares da América Latina; Início do


surgimento de estudos de Sociologia, de História e de universidade e
faculdades que começam a olhar para a Guerra do Paraguai de forma crítica,
sobretudo, por conta da mudança dos contextos políticos nesses países, com
as ditaduras militares.
➔ Críticas ao Revisionismo
➢ Demografia exagerada do genocídio
➢ Questão Christie

3) Anos 2000 em diante: Historiografia da Vanguarda


- Marcada pela transição da Terceira Imagem para a Segunda Imagem: Ninguém tem
culpa em relação à guerra, sobretudo em um momento histórico de consolidação do
Mercosul. Essa virou a narrativa oficial da política externa brasileira, sob um
contexto de integração regional
➔ Motivo: herança do processo de consolidação dos Estados nacionais da
região (terceira imagem, mas incorporando elementos da segunda imagem
porque cada Estado tem seus elementos de transição)

❖ Aula 12 (25/09)

● Questão Christie

A questão Christie foi uma crise diplomática grave entre o Império Britânico e o Império
Brasileiro, ocorrida entre 1863-865. Essa crise se dá sob o contexto de pressão dos
britânicos para o Brasil extinguir o tráfico negreiro, com várias iniciativas e respostas de
ambos os impérios até esse momento. Em 1859, William Dougal Christie vem ao Brasil para
negociar questões diplomáticas em relação ao Rio Amazonas, além de estar realizando
uma missão secreta de fornecer dados à Londres sobre a situação de como estava a
escravidão no Brasil. Com isso, a década de 1860 se torna uma década de relações
abaladas entre os Impérios. Esse desgaste tem consequências:
- Saque do navio britânico Prince of Wales no litoral do RS e prisão de oficiais do
navio HMS Forte no RJ
- Bloqueio do porto do RJ pelo Almirante Warren e exigência de uma indenização de
3200 libras esterlinas (Brasil paga a indenização).

A crise caminha para o fim porque o Império Brasileiro era devedor dos britânicos, e tinha
interesse em retomar relações econômicas favoráveis. Portanto, é válido entender que a
Maria Carolina R. Cassella PEB I - 2023.2

questão Christie não se dá simplesmente a dois eventos isolados, mas a uma série de
eventos que se dão no século 19 entre Brasil e Inglaterra que levam a choques
diplomáticos.

● Lei Eusébio de Queiroz: estabelecida em 1850, afirmava que embarcações de


bandeira brasileira ou estrangeira que portassem escravos seriam apreendidos e
teriam seus responsáveis punidos por pirataria pela lei Bill Aberdeen.

Aspectos Econômicos do Império e da PEB no século XIX

● Orçamento do Império

- Déficit orçamentário: Ao longo do período colonial, o Brasil vivenciou déficits


orçamentários, de modo que todos os governos que assumiram tinham a promessa
de acabar com o déficit, mas não conseguiram. O déficit brasileiro era permanente
devido à concentração de tarifas no setor externo da economia e à baixa
arrecadação.

- Comércio Internacional do Brasil: dependia majoritariamente do preço do café;


quando o preço do café sobe, o Brasil tem superávit e quando o preço do café cai, o
Brasil tem déficit. Ou seja, frequentes superávits comerciais foram interrompidos
brevemente quando o preço do café caía.

- Principais produtos da pauta de exportação


➔ Café (50% e 60% da pauta de exportação; EUA eram os maiores
consumidores): na maior parte dos territórios americanos, há tarifa 0 para o
café brasileiro. Além disso, o crescimento populacional dos EUA ocorre
através da imigração e beneficia o consumo de café. O café também passa
por transformações tecnológicas que fazem com que ele esteja sendo
produzido em larga escala.
➔ Borracha (Amazônia, 1860): desenvolvimento da vulcanização nos Estados
Unidos, que transforma a borracha em um produto industrial flexível, que
pode ser moldado para fazer pneus (primeiramente bicicleta e depois para a
indústria automobilística); Amazônia acaba sendo a segunda maior zona
industrial, atrás apenas do café.
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➔ Algodão (Ceará, Maranhão, 1860): produto importante na República porque


gera fornecimento para a Europa com o fim da escravidão no Sul). É um
produto que sofre efeito sanfona, ou seja, às vezes corresponde a 20% da
pauta, depois 3%, depois 15%... é um produto que necessita de instrumentos
exógenos para o crescimento de sua produção.
➔ Fumo
➔ Cacau
➔ Farinha de mandioca
➔ Pequena produção de couros

- Empréstimos: o Brasil era credor e devedor ao mesmo tempo; devedores


majoritariamente dos ingleses (realizaram 17 empréstimos) e o Brasil era credor e
do Uruguai e dos nossos vizinhos inimigos do Rosas na Argentina (diplomacia dos
patacões)

❖ Aula 13 (27/09)

Continuação

- Imigração: início da discussão da troca de mão de obra escrava para a de


imigrantes; de modo que a maior parte dos imigrantes iam para os EUA e Argentina,
sob o oferecimento de terras. Além disso, a imigração marcou a fase do
branqueamento no Brasil, com a ideia de que brancos eram superiores.
A imigração está relacionada com 3 fatores da PEB: preservação das fronteiras,
defesa da estabilidade política e, principalmente, para a promoção das indústrias
nacionais.

O fim do Império (1870-1889)

● A Guerra do Paraguai é um marco importante para o fim do Império, com várias


consequências de política externa:

- Tratado da Tríplice Aliança (maio de 1865): assinado por um governo liberal no


Brasil, por aproximação ideológica também com um governo liberal Argentino

- 1868: Transformações políticas nos 3 países da Tríplice Aliança


➔ Presidente do Uruguai é assassinado
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➔ Governo liberal brasileiro é derrubado por questões com os militares:


imperador tendo que escolher a estabilidade do governo x vencer a guerra.
Decide demitir o presidente do Conselho e trazer de volta os conservadores
para o Brasil (dezembrada: ofensiva militar impressionante que durou até
1869, depois que os conservadores chegaram ao poder. Houve a tomada de
Assunção, capital do Paraguai)
➔ Eleições na Argentina: ex presidente argentino (Bartolomeu Mitre) é
substituído por Sarmento, inaugurando um processo de branqueamento na
Argentina

- O Imperador brasileiro quer que Caxias capture Solano López, de modo que a
guerra só acaba quando Solano López foi preso, na batalha de Cerro-Corá, em 1 de
março de 1870.

- Guerra do Paraguai termina com rivalidade entre o Brasil e a Argentina: disputa


entre Brasil e Argentina dura até o período da construção das hidrelétricas de Itaipu.

● Custos financeiros e humanos


➔ Financeiros: foram pagos pelo Brasil, de modo que empréstimos
internacionais correspondiam a cerca de 14% dos custos da guerra; em
1865, com a retomada das relações com os ingleses, existem empréstimos
internos, inflação e emissão de moeda para ajudar a pagar a guerra.
➔ Humanos: 100 mil mortos, aproximadamente

● Posição das potências em relação à guerra do Paraguai: quase todos os países


tinham olhar simpático ao Paraguai, de modo que Inglaterra e França eram
favoráveis ao Paraguai. Vários dos nossos vizinhos mandavam correspondências ao
Brasil perguntando se pretendiam reconhecer a soberania do Paraguai.

● Apesar da Guerra do Paraguai ter acabado em 1870, o governo brasileiro manteve


tropas no Paraguai até 1875 porque o governo brasileiro tinha medo de que a
Argentina tomasse o Paraguai. Logo, o governo brasileiro vai fazer state-building
para evitar o expansionismo argentino, ou seja, vai criar um estado no Paraguai
durante aproximadamente 1 ano, pela missão Paranhos ao Prata.

● Tratado Loizaga Cotegipe: assinado em 1872, sozinho com o Paraguai. Tratado


teoricamente proibido de ser assinado pelo Tratado da Tríplice Aliança.
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● 1866: decreto unilateral para a Abertura do Amazonas

● Majoritariamente, a crise do Império brasileiro é sistematizada por quatro pilares

- Questão abolicionista
- Questão republicana
- Questão militar
- Questão religiosa

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