Você está na página 1de 4

Plano de aula - 7º ano

Data: 18/09/2023-02/10/2023
Conteúdo: Colonização Portuguesa da América
Tema: Organização Política e Religiosidade (se der)
Duração: Três tempos de cinquenta minutos (1:50hs).

Objetivos Gerais
Refletir a respeito do processo de organização e gradual tomada das terras brasileiras por parte dos
portugueses.
Conteúdo
A colonização portuguesa na América se deu através de um processo prolongado de ocupação do
território, utilizando-se tanto de recursos locais quanto importados da metrópole. As alianças com os
locais, a conquista dos povos inimigos e o tráfico negreiro foram essenciais para a construção daquilo
que, um dia, viria a se chamar Brasil.
Encontro, abandono e Colonização
- Tratados de navegação: Bula intercoetera (1493) – Tratado instituído entre Espanha e Portugal,
por intermédio do papado, que previa uma divisão entre os respectivos estados na exploração das
terras encontradas. A Leste, ficariam sob domínio de Portugal. A Oeste, sob domínio de Espanha.
Tratado de Tordesilhas (1494) – Revisão do tratado anterior, que instituiu a linha divisória de posse
entre Portugal e Espanha em 2500 km (370 léguas) a Oeste de Cabo Verde, possibilitando aos
portugueses reivindicar posse legítima sobre territórios na América.
- Descobrimento e reivindicação – pp.154,155: Em 22 de abril de 1500, Pedro Alvares Cabral
chega à costa Americana, no local onde futuramente se iniciaria a colonização portuguesa. Nomeou o
local de Porto Seguro e celebra uma Missa na presença dos indígenas. Entretanto, o território não
receberia atenção até 1532. Instalação de feitorias e escambo com indígenas pelo Pau-Brasil.
- Nomes da terra antes do Brasil: Pindorama - Termo popular entre muitos índios, que em tupi-
guarani significa terra das palmeiras; Monte Pascoal - Quando os portugueses avistaram terra firme
pela primeira vez; Ilha de Vera Cruz Denominação presente na Carta de Pedro Vaz de Caminha ao
Brasil, idealizado após os portugueses pisarem no continente; Terra de Santa Cruz - Outro nome
concebido mais tarde, que reflete o contexto de propagação da fé cristã ;Nova Lusitânia, se dando ao
fato de ser a primeira terra de outro continente descoberta pelos lusitanos (portugueses); Cabrália,
referente a Pedro Álvares Cabral; Terra dos Papagaios, devido aos impressionantes relatos das belas
aves que no país havia, cujas cores eram muito vivas.
O sistema donatarial
Sem recursos suficientes, a Coroa portuguesa decidiu se utilizar de um sistema que já havia
implementado na Ilha da Madeira, dividindo o que até então era o Brasil, em 15 unidades territoriais,
deixando-as sob responsabilidade de particulares que tivessem recursos para explorar o território.
Para tal, esses particulares recebiam o título de Capitão Donatário, a posse da terra, que não poderia
ser vendida ou dividida, mas suas posses eram transmitidas aos herdeiros em caso de morte. Por isso
as capitanias também são chamadas de capitanias hereditárias.
Com a terra também vinha uma série de responsabilidades:

Os deveres dos Donatários eram: Os Direitos dos Donatários eram


Desenvolver a agricultura da cana-de- Cobrar impostos em rios e portos
açúcar
Expandir a fé cristã Tirar para si 5% de lucro na venda do Pau-brasil
Cuidar da Defesa Atuar como juiz e administrador da capitania, podendo aplicar
a pena capital
Estimular a ocupação da terra Conceder sesmarias, que eram lotes que poderiam ser
cultivados pelos colonos.

Além dos deveres dos donatários inseridos na tabela acima, eles ainda estavam obrigados a entregar à
coroa o Dízimo (imposto de 10%) de todas as transações financeiras e o quinto, imposto cobrado
sobre os lucros dos metais e pedras preciosas encontradas nas capitanias.
Entretanto, o sistema donatarial não chegou ao êxito almejado pela coroa. Com exceção de
Pernambuco, Bahia e São Vicente, todas as outras capitanias sofreram com diversas dificuldades. As
que mais se repetiram foram a falta de recursos dos donatários, a grande extensão das terras a se
explorar, a extrema dificuldade de comunicação entre as capitanias e com Portugal, a falta de
interesse de alguns capitães donatários e as constantes guerras com os indígenas.
Apesar das dificuldades, diversas vilas se desenvolveram. As que tiveram sucesso, via de regra, fora
as em que europeus e indígenas agiam em uma relação “amistosa”, de forma que os nativos
contribuíam com mão de obra (escrava ou por escambo) e também como guias para o
estabelecimento de fontes de águas e lugares de caça.
Mudança de planos: o Governo-geral
Governadores e auxiliares
Diante da falha do sistema donatarial no Brasil (afinal as extensões de terra eram bem maiores do
que na Ilha da Madeira), a Coroa portuguesa decidiu mudar a forma de coordenar a colonização do
território. Em 1548, Portugal enviou Tomé de Sousa, que chegou à Bahia em março de 1549, para ser
empossado como primeiro governador-geral do Brasil. Mesmo assim, a instituição do governo-geral
não resultou no fim das capitanias hereditárias. Esse sistema só acabou por completo em 1759.
Os governadores-gerais eram, via de regra homens que já tinham prestado serviço para a coroa em
outras posses do Império Português na Ásia ou na África.
Tomé de Sousa fundou a primeira capital do Brasil (colonial), a cidade de Salvador. Sua construção
se iniciou em maio de 1549, em um terreno alto, visando a defesa da costa. Posteriormente,
construiu-se a chamada cidade baixa. Salvador permaneceu capital do Brasil até 1763.
Os governadores-gerais que sucederam a Tomé de Sousa foram, respectivamente Duarte da Costa
(1553-1558) que veio acompanhado de colonos e jesuítas. Sob sua administração fora criado o
Colégio de São Paulo, por José de Anchieta, que originou a cidade de mesmo nome. O terceiro
governador-geral foi Mem de Sá, este extremamente importante para a exploração do território, visto
que repeliu diversos grupos indígenas resistentes aos portugueses, e criou o Estado do Maranhão.
Não apenas os governadores, mas também outros cargos foram criados para o Brasil nesse momento.
Esses foram o capitão-mor, que cuidava da organização militar e da defesa da região, o ouvidor-mor,
uma espécie de juiz responsável por aplicar as leis portuguesas nas novas terras e o provedor-mor,
que era responsável pelas finanças do governo.

As Câmaras Municipais
A exemplo da América Espanhola, a América Portuguesa também tinha órgãos locais de comando e
organização. No caso do Brasil Colônia, eram esses órgãos as Câmaras (municipais). Essas câmaras
eram comandadas pelos chamados “homens-bons”. Isso não tinha nada a ver com bondade de
coração, mas com a qualidade da pessoa.
Além das posses financeiras, para se ser um homem-bom, a pessoa não deveria ser descendente de
nenhuma pessoa de “sangue infecto”. Ter sangue infecto significava à época, ser descendente de
judeu ou mouro, convertido ao cristianismo nem ser filho ou neto de pessoas negras ou de cor. Além
disso, não deveria possuir nenhum ofício mecânico, ou seja, não deveria trabalhar com as mãos.
No comando das câmaras municipais esses homens-bons versavam sobre diversas matérias:
- Administração da Cidade;
- Cobrança dos impostos reais;
- Realização das obras públicas e conservação dos locais também públicos;
- Definiam os salários dos trabalhadores livres;
- O abastecimento de gêneros, tais como a farinha de mandioca.
Religião e Estado
Diferente dos dias de hoje, em que a maioria dos países prezam por uma administração Laica, a
administração colonial era feita por uma aliança entre a Igreja Católica e a Coroa Portuguesa. Dessa
forma, os religiosos católicos, com destaque para os jesuítas, foram agentes diretos no processo de
colonização das terras brasileiras. Isso se tornou possível por conta do padroado, um acordo entre o
governo português e o papa, no qual o Estado tinha a responsabilidade de pagar os sacerdotes,
construir e conservar igrejas, destinando terrenos para as mesmas e em troca, tinha o direito de
nomear bispos e recolher o dízimo, a décima parte dos rendimentos dos fiéis para a Igreja.
Os Jesuítas
Desde a chegada de Tomé de Sousa, uma grande quantidade de religiosos dessa ordem entrava no
território da colônia portuguesa. A Companhia de Jesus foi fundada pelo militar espanhol Inácio de
Loyola, em meados do século XVI. Seu principal objetivo era divulgar o catolicismo por todo o
mundo conhecido à época. Aproveitando esse objetivo, colocaram-se a disposição do governo
português, assumindo a missão de catequizar aos índios nativos do Brasil.
Os jesuítas foram os principais responsáveis pela catequese dos índios e fizeram os primeiros relatos
sobre os hábitos desses povos, em uma tentativa de compreendê-los para que pudessem ser usados
em sua pregação. Entretanto, os jesuítas não conseguiram entender a forma como os índios se
portavam, sempre os acusando de preguiçosos e inaptos para o trabalho.
Os outros
Mesmo com toda a imposição da religião católica como oficial, os indígenas e africanos que
começaram a ser trazidos como escravos para território brasileiro, conservavam suas práticas
religiosas, mesmo que as ocultando para evitar a ação da Inquisição. Por conta da convivência de
diversas matrizes religiosas, surgiu um sincretismo religioso, no qual muitas práticas indígenas e
africanas foram incorporadas pelos fiéis católicos como práticas supersticiosas.
Não apenas as superstições, mas diversas religiões hoje conhecidas como “religiões de matriz
africana”, tais como a Umbanda e Candomblé surgiram a partir da mescla de religião e cultura
africana com o catolicismo oficial. Da parte indígena, uma expressão religiosa que surgiu a partir
desse mesmo processo é o chamado Santo Daime, culto no qual os integrantes entram em transe a
partir da ingestão do chá de mesmo nome.
Exercícios
1- Por qual motivo a Coroa Portuguesa Instituiu o Sistema Donatarial no Brasil?
2- Quais eram os deveres e direitos dos Capitães donatários?
3- Por que o Sistema Donatarial não deu certo no Brasil?
4- Qual foi a medida que a Coroa Portuguesa tomou após o fracasso das Capitanias?
5- Quais eram os deveres dos seguintes cargos:
Capitão-mor:
Ouvidor-mor:
Provedor-mor:
6- Quais eram os deveres do Governador-geral?
7- O que eram as câmaras municipais e o que elas faziam?
8- Como funcionava o Padroado?
9- Qual a importância dos Jesuítas para a colonização do território brasileiro?
10- Qual era o papel da Inquisição?
11- Hoje em dia temos as chamadas religiões de matriz africana. Qual processo ocorrido no período
colonial deu origem a essas religiões?

Você também pode gostar