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Conteúdo:

Organização da Colônia.......................................................................................3
Centralização da Administração colonial (Governo Geral)..................................5
Expansão Geográfica...........................................................................................7
A conquista do Sul, Tratado e limites e Guerras no Sul....................................12
Invasões Estrangeiras, período colonial............................................................13
Economia Colonial; ciclos do Pau-brasil, açúcar, gado, mineração e africanos
no Brasil..............................................................................................................17
Sedições e inconfidências, movimentos nativistas............................................22
Vida cultural na colônia.......................................................................................25
Corte no Rio de Janeiro e realizações politicos-social.......................................27
Independência, 1° reinado e Guerra Cisplatina.................................................28
Regência, Revoltas regenciais e atividades políticas........................................33
2° Reinado..........................................................................................................37
República da Espada..........................................................................................45
Republica velha..................................................................................................48
Era Vargas..........................................................................................................54
República Populista............................................................................................59
Governo militar...................................................................................................64
Nova República..................................................................................................66
Historia e Cultura Afro-brasileira........................................................................69
História e cultura dos povos indígenas brasileiros.............................................78
Bibliografia:.........................................................................................................81

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Organização da Colônia.
Contexto geral:

 Tratado de Tordesilhas (1494) – Portugal e Espanha como


proprietários das Américas no período das Grandes Navegações tem
como consequência a disputa das novas terras, que intensificou com a
descoberta de ouro e prata no México e Peru.
 Fator econômico – o comercio de Portugal com Oriente entrou em
declínio, devido aos altos custos de transporte, manutenção de
entreposto e a concorrência de franceses, ingleses e espanhóis que
exploravam a mesma rota.
 Portugal – com medo de perder a recém-conquistada terra (Brasil)
promove expedições para acabar com investidas clandestinas de outros
reinos europeus em especial, a França. Logo, esta medida não deu
(1)
certo por fator de logística , portanto com a intenção de coibir o
contrabando de Pau-brasil e evitar invasões, os Lusitanos decidiu
colonizar de forma exploratória a “Nova Terra”.
 Expedição colonizadora (1530) (2)
– Martin Afonso de Souza tinha o
objetivo de patrulhar a costa, estabelecer
(1) Extensão litorânea.
uma colônia através de concessões não
hereditárias de terras com a necessidade
de ocupação, desta forma, fundando a primeira vila do Brasil, São
Vicente (1532), dando inicio ao
(2)
Montagem de uma cultivo da cana-de-açúcar instalação
organização produtiva do 1° engenho, assim os núcleos de
dentro das diretrizes do
povoamento.
sistema colonial, pois
Afonso de Souza chega ao  Donatarios – pessoas que tinham o
Brasil com +/- 400 pessoas. monopólio da justiça, a fundação de
vilas, a doação de Sesmaria,
alistamento de colonos e formação
de melicias. Assim, recebiam doação
de terras da Coroa, tornando-se

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possuidores mas não proprietarios – não podiam vender ou dividir a
Capitania -, com extensos poderes na esfera econômica e
administrativa e pagando a metropoli tributos pela exploração do pau-
brasil, metais preciosos e derivados de pesca.

 Administração colonial – foi uma decisão de dividir o território


brasileiro em porções de terra (15 capitanias ou donatarias), entregando
aos nomeados pelo rei (donatários). A doação era estabelecida por dois
documentos: Carta de Doação – conferia ao doado a posse hereditária da
terra (não eram proprietários das capitanias, mas apenas de uma
parcela), entretanto tinham o direito de administrar e explora-la
(3)
economicamente toda sua posse. Carta Foral - estabelecia os direitos e
(3)
O foral da Capitania de deveres dos Donatários relativo à exploração e
Pernambuco serviu de regulava os direitos e deveres que o Capitão-
modelo aos forais das
demais capitanias do Brasil. donatário passava a ter em virtude da Carta de
Doação recebida, Relacionando-se a: Criar vilas e
distribuir terras a quem desejasse cultivá-las;
Exercer autoridade no campo judicial e administrativo; Escravizar
os indígenas para o trabalho na lavoura; Receber a vigésima parte dos
lucros sobre o comércio do pau-brasil; Entregar 10% do lucro sobre os
produtos da terra à Coroa; Entregar 20% dos metais preciosos encontrados
à Coroa; Observar o monopólio régio do pau-brasil.

(4)
E por fim, a organização da colonia feito por Capitanias Hereditarias teve
alguns problemas tais como: extensão de
terras, hostilidades dos indios, problema de 
comunicação entre elas e o solo ruim para o (4)
As capitanias mais
cultivo de cana-de-açúcar, além destes importantes foram São
problemas esse sistema lançou as bases da Vicente e Pernambuco.
coçlonização, estimulando a formação dos
primeiros nucleos de povoamento: 
 São Vicente – 1532.
 Pernambuco – 1534.

4
 Porto Seguro – 1535.
 Ilhéus – 1536.
 Olinda – 1537.
 Santos – 1545.

Que preservou a posse da erra, revelando as possibilidades de exploração


econômica da colônia.

Centralização da Administração 
colonial (Governo Geral). (5)
Por interesse
estratégicos sua
Esse sistema foi à interferência mais direta no localização esta num
processo de colonização do Brasil. – Governo ponto central da costa,
Geral existiu em conjunto com as Capitanias facilitando a
Hereditárias até 1759 –
comunicação com as
outras capitanias.
Com sua sede em Salvador na Bahia, esta
donatária tornou-se a primeira capital (5)
da 
colônia em 1549, fundada por Tomé de Souza
(1° Governador Geral 1549 – 1553) que tinha
a missão de moralizar (através da
catequização dos índios com o jesuíta
Manuel de Nóbrega) e organizar (com o
Regimento dos Governadores).

Deflagrou uma missão punitiva contra os nativos (índios), - que mostra o


prenúncio de Guerra Justa só acontecendo em 1570 - fundou o primeiro
bispado brasileiro juntamente com a 1° cidade (Salvador) em 1551, iniciou a
pecuária e organizou as primeiras expedições com o intuito de encontrar ouro.

2° Governador Geral - Duarte da Costa (1553-1558), podemos destacar


neste período a fundação do Colégio de São Paulo por José de Anchieta e
Manuel de Nóbrega em 1554. E a fundação da França Antártica na Bahia da
Guanabara em 1555.

5
3° Governador Geral - Mem de Sá (1558-1572), conselheiro do rei de Portugal
veio ao “Novo Mundo” (Brasil) para expulsar os franceses da Bahia da
Guanabara (Rio de Janeiro) –acabou com a Confederação dos Tamoios
(1554-1568), Foi um dos maiores conflitos de caráter de
resistência por parte dos nativos brasileiros (índios) do grupo
dos Tupinambás que envolviam os Tupiniquins, Aimorés e
Temiminós, ocorrido na região entre o litoral paulista e o sul
fluminense, hoje desde Bertioga até a cidade
 de Cabo Frio-.

(6)
Chega com Tomé Assim, todos os Governadores Gerais inclusive os
de Souza em 1549, e três supracitados seguiram o Regimento do
alguns historiadores (6)
Governo Geral que definia o papel dos
acreditam que seja a
primeira constituição. governadores, ou seja, todos possuíam itens
relativos à defesa da terra contra ataques
 estrangeiros, incentivo á busca de metais preciosos,
apoio a religião católica e a luta contra a resistência
indígena. E conforme estas diretrizes o darem-se o
inicio da burocratização na centralização administrativa, em
funções tais como:

 Militar – defesa da colônia (Capitão-Mor).


 Administrativa – comunicação com os donatários e controle das
financias (Provedor-Mor).
 Judiciárias – nomear juízes (Ouvidor-Mor).
 Eclesiásticas – indicar sacerdotes para paróquias (Padres).

Portanto, além desta forma de administração a história do Brasil


colonial nos apresenta outra forma, a descentralização foi quando a
metrópole (Portugal) pretendeu ocupar regiões despovoadas para
impulsionar o desenvolvimento e adaptar o governo às necessidades
dos colonos, dividindo a administração da colônia (Brasil) em dois
governos gerais:

 Governo do Norte (1573-1578) capital Salvador.


6
 Governo do Sul (1574-1578) capital Rio de janeiro.

Expansão Geográfica.

No período analisado (sec. XVI) na colônia Lusitana (Brasil) a estimativa (7) da


população variava entre 70 e 100 mil habitantes – incluindo os índios que
estavam em contato com o colonizador – e sua concentração era
basicamente no litoral ao longo da costa de norte a sul.

Daí, podemos identificar que o desenvolvimento do território brasileiro se deu


em forma de “arquipélagos” (ilhas). Em síntese, o surgimento de povoados e
vilas acompanhava as atividades econômicas, juntamente as necessidades do
mercado europeu. Assim o
(7)
expansionismo colonial é na visão europeia, estes números
alicerçado nestas vertentes: abrange apenas o litoral, mas nesta
conjuntura, os índios migraram para o
I. Exploração econômica
interior.
– extração de Pau-brasil Tanto que, pesquisas antropológicas
e especiarias; cultivo de identificaram aproximadamente 05
cana-de-açúcar e café; milhões de nativos (índios) espalhados
criação de gado. pelo território brasileiro neste ínterim.
II. Expansão sociocultural
– missionários jesuítas
na fundação de
aldeamentos (reduções)
para catequizar os índios, desta forma, ocorrendo o genocídio cultural
dos mesmos.
III. Expansão militar – expedições militares financiados pela coroa para

Obs.: o governo geral só é extinto em 1808. Ou


seja, 1549-1808.

expulsar estrangeiros.

7
IV. Bandeiras – apresamento e prospecção.
V. Entradas – expedições financiadas pelo governo.
VI. Criação de gado (pecuária) – rebanhos de bovinos espalhando-se
para o interior da colônia.

Portanto, a exploração econômica (8) no contexto do colonialismo esta inserida


em todas as vertentes de maneira enfática na prática mercantilista, logo será
exemplificada os outros pontos:

 Expansão sociocultural – a ordem jesuítica com autorização da coroa


lusitana no primeiro momento
(8)
desembarca na colônia com a ideia Em uma forma vertical
“caraguejando” todo o litoral,
de arrebanhar fieis para suprir a salvo a Vila de São Paulo de
crise do catolicismo europeu, mas Piratininga.

há uma mudança de cunho


financeiro, que os missionários
envolvem-se na extração de especiarias.
 Expedições militares – expansão oficial organizado pela coroa para
ocupar e defender as terras ameaçadas pelos estrangeiros, assim
erguendo fortificações no litoral: Filipeia de Nossa Senhora das Neves
(1584), Forte dos Reis Magos (1597), Fortaleza de São Pedro (1613),
Forte do Presépio (1616), dando origem a importantes cidades
brasileiras.

OBS: Na 2° metade do sec. XVIII, a ADM colonial


enviou expedições militares “sertão adentro” para
conter eventuais avanço espanhol - assim entrando
no contexto de expansão territorial, pois não houve
respeito ao Tratado de Tordesilhas.

 Bandeiras e Entradas – foram atividades promovidas por colonos


desde o século XVI, e dividindo-se em duas formas, ou seja:
Entradas – expedições oficiais organizadas pelo governo, exemplo:
expedição de reconhecimento comandada por Américo Vespúcio, em
1504. Em uma definição mais sintetizada podemos entender que eram
expedições oficiais, que saiam do litoral em direção ao interior com o

8
objetivo de mapear o território e combater grupos indígenas que
ofereciam resistência (guerra justa). E sua composição era
basicamente por soldados portugueses e brasileiros a serviço das
províncias – atenção para o caráter militar -.
Bandeiras – expedições organizadas e financiadas por particulares que
saiam de São Paulo de Piratininga e São Vicente rumo às regiões
(9)
centro-oeste e sul do Brasil com objetivo de descobrir Minas e
capturar índios para escravizar e comercializa-los (10).

(9) (10)
Bandeira de Bandeira de
prospecção. apresamento.

Todas financiadas pela


coroa, então entra na Através desta bandeira Seu auge acontece no
ideia de “Entradas”. surgiu a Monções, pois período de dominação
com a descoberta de holandesa (1637-1654)
minas em lugares momento de queda do
distantes do litoral, esta trafico negreiro.
atividade veio para
suprir as necessidades
de abastecimento
destes locais, em suma
eram transportes feitos
por canoas que subiam
de desciam os rios
carregando mercadorias
para abastecer os
mineradores, desta
forma, contribuindo com
a expansão colonial.

Além destas formas de Bandeirantismo, temos que analisar o “Sertanismo de


Contrato” que se dedicavam ao combate de índios e a captura de escravos

9
negros fugitivos, prestando serviços à classe dominante colonial, em geral
partiam de Salvador, Recife e Olinda.

O mais relevante sertanismo de contrato foi à bandeira organizada e liderada


por Domingos Jorge velho na 1° metade do sec. XVII foi para combater varias
tribos de índios rebeldes no interior dos estados do Ceara e Rio Grande do
Norte, esta empreitada ficou conhecida como “A Guerra dos Bárbaros,
Guerra do Açu, Guerra do Recôncavo ou Confederação dos Cariris (1650-
1720)” e a bandeira que destruiu Quilombo dos Palmares em 1649.

“os primeiros gados chega o Brasil em 1534 (com Ana Pimentel, esposa
de Martim Afonso de Sousa) na capitania de São Vicente, e em 1550,
Tomé de Sousa manda trazer um novo carregamento, desta vez chega a
Salvador e daí dispersando para Pernambuco e espalhando-se pelo
nordeste principalmente Maranhão e Piauí”.

Depois deste breve resumo da chegada do gado na colônia lusitana podemos


entender em um contexto geral a criação do gado.

Os bovinos desempenhou um papel relevante na economia colonial, além de


suprir a população com carne, couro, força motriz e meio de transporte para
atender o mercado interno (como produto complementar a cana-de-açúcar),
há também, um não enquadramento no sistema mercantilista – só era
destinado à exportação uma parte do couro produzido do Maranhão até a
Bahia -.

Na segunda metade do século XVII, o grande lucro que a colônia gerava era
com a produção de açucareira, a qual os engenhos se estendiam pela área
litorânea e com a quantidade de bois localizada na costa – que destruíam os
canaviais e plantações de subsistência -.

A administração colonial emitiu um alvará, proibindo a criação de gado numa


faixa de 80 quilômetros (+/- 20 léguas) a parti da costa – essa determinação
demonstra a força política dos produtores de cana junto às autoridades
coloniais na medida em que garantiram para si as terras livres próximas

10
ao litoral -. E sem alternativa, os criadores de gado passaram a ocupar as
terras interioranas.

Desta forma, teve um aumento significativo dos rebanhos por causa da


ampliação das zonas pastoris, assim alargando o mapa da colônia. Diante
disso, ampliou-se a distância entre o litoral e o sertão, mas mantendo um
contato comercial em forma de feiras – mostra a primeira forma do termo
pecuária -, que se desenvolve em duas grandes regiões:

 O nordeste – a mais antiga área criatória de gado, os criadores avançou


em direção ao sertão seguindo os rios, obrigados pelo alvará da junta
governativa de 1688 emitida por Manuel da Ressurreição e Manuel
Carneiro de Sá, que proibia o gado na faixa litorânea fez assentar
comércio, em fornecer carne e força motriz para os engenhos de açúcar
(no primeiro momento), mas com o inicio do ciclo do ouro a criação de
gado passou a atender as demandas da região mineradoras
(vicentinas), ampliando seu mercado com couro e carne-seca (por
conserva-se mais tempo, facilitando sua conservação para o
deslocamento).
A expansão da pecuária pelo interior do nordestino fez-se por muitas
vezes por meio da invasão e ocupação de terras indígenas, gerando
conflitos, exemplo contra os Kariris e Janduins que resistiram as
invasões dos fazendeiros de gado.
Assim, o declínio da atividade pecuarista nordestina teve seu inicio em
meados do sec. XVIII, com concorrência de São Vicente (Minas Gerais)
que passou a abastecer as zonas mineradoras e o seu fim aconteceu
nas secas de 1791 e 1793, logo a dinâmica expansionista territorial da
pecuária no Nordeste da América portuguesa esta entre o final do sec.
XVII e primeira metade do sec. XVIII, com o “Sertão de Dentro”, em
direção a Piauí e Maranhão e “Sertão de Fora”, em direção à Bahia,
Pernambuco e Paraíba.
 O Sul – esta no contexto de expansão territorial em detrimento do auge
da mineração no sec. XVIII, com as descobertas de ouro no centro-sul
(Minas Gerais e Goiás), o gado entra nesta dinâmica como transporte
de mercadorias, espalhando-se pelas terras sulinas (atual Rio Grande

11
do Sul), encontrando grande campinas favorável ao seu
desenvolvimento, assim fazendo nascer uma sociedade tipicamente
pastoril exemplo, as Estâncias, uma área de criação de gado
administrada de forma familiar (a maioria das vezes).
Portanto, até o final do sec.XVIII, a principal atividade econômica do sul
era a produção de couro e por volta de 1780, surgi a indústria do
Charque, impulsionando a economia, em contra partida o leite era
pouco comercializado em comparação a São Vicente, além do gado o
sul teve significativa importância na criação de cavalos e mulas (muares)
para comercialização com as regiões mineradoras.
OBS: - em todo período colonial, a criação de gado foi à única
atividade importante do sul da colônia -.

A conquista do Sul, Tratado e limites e Guerras no Sul.

O sul do Brasil colônia por ser inóspito e, no período da expansão territorial não
apresentar grande interesse para empresa colonizadora lusitana, deixou
espaço para os castelhanos, pois o lado hispânico, a parte sul tinha grande
importância, pois dava acesso às valiosas minas incrustadas nas proximidades
do rio da Prata, juntamente com as missões jesuíticas e o bandeirismo de
apresamento, a coroa portuguesa resolve adentrar nesta região, fundando em
1689, a Colônia do Sacramento na intenção de criar uma base de operações
de contrabando na Bacia Platina que atendesse os interesses metropolitanos
(Portugal) e principalmente dos ingleses.

Logo a parti disto, vários conflitos relacionados ao controle da Colônia de


Sacramento envolveriam tropas lusitanas e espanholas.

E para resolver este impasse internacional foi assinado o Tratado e


Ultrech(1) em 1715, que procurou sanar as divergências entre as duas coroas
Ibéricas, quanto aos limites de seus domínios no sul do Brasil, pois estabelecia
que a colônia do Sacramento pertencesse aos portugueses, mas havendo
resistência dos espanhóis que viviam na região, que entendiam a Colônia do
Sacramento como sendo apenas uma área fortificada da povoação e não todo

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o interior do atual Uruguai. Assim, em 1750 foi assinado o Tratado de Madri
entre os representantes dos reis de Portugal e Espanha, determinando que
cada um desses reinos caberia a posse das terras que ocupavam, Sacramento
da Espanha, e Sete Povos da Missão de Portugal, consagrando o princípio do
uti possidetis, assim revogando o Tratado de Tordesilhas – e reconhecendo
a expansão portuguesa - .

E nesta dinâmica, os jesuítas seriam evacuados, os indígenas das missões


reagiram de forma hostil à mudança da região recusando-se a sair das terras,
provocando a intervenção conjunta de portugueses e espanhóis, na chamada
Guerra Guaranítica (1753-1756).

Mesmo assim, Portugal não entregou aos espanhóis a Colônia do Sacramento,


fazendo as duas coroas Ibéricas assinarem o Tratado de Santo Ildefonso em
1777, os espanhóis ficariam com Sacramento e a região dos Sete Povos das
Missões, devolvendo aos lusitanos, terras que nesse período haviam ocupado
no atual estado do Rio Grande do Sul, mas o tratado foi considerado
desvantajoso pelos portugueses, não recebiam quase nada em troca da
Colônia do Sacramento.

E no alvorecer do século XIX, em 1801, finalmente através do Tratado de


Badajós, a região dos Sete Povos das Missões ficaria com Portugal e a
Colônia do Sacramento, com a Espanha – depois de muitas lutas
confirmam-se as fronteiras que, basicamente, tinham sido definidas pelo
Tratado de Madri-.

(1) 1° Tratado de Ultrech (1713) assinado entre os


representantes de Portugal e da França estabelecia que o rio
Oiapoque, no extremo norte da colônia, seria o limite de
fronteira entra Brasil e Guiana Francesa.

Invasões Estrangeiras, período colonial.

No período que corresponde a “Era do Descobrimento ou as Grandes


Navegações” do séc. XVI, na chegada dos portugueses nas “terras do Pau-de-
Tinta” (Brasil), os reinos da Europa entram em “frenesi” com as notícias de

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novas terras, assim no princípio dos anos de 1500, o Brasil começa a receber
incursões de piratas e aventureiros que se limitam a furtos e pilhagens.
As invasões francesas, holandesas, inglesas são ocasionadas implícita ou
abertamente com o mesmo ideal lusitano de conquistar terras no novo
continente com a premissa de estabelecer colônias (salvo a Inglaterra).

Os Ingleses.
Nos primeiros 50 anos do século XVI, o Brasil (pré-colonial) recebe visita dos
britânicos e sua primeira tentativa conhecida é de 1530-1532, neste período os
ingleses fazem na costa brasileira três incursões. Com a intenção de
estabelecer comercio com as colônias portuguesas (Brasil e África- Guiné),
pois Londres já mantinha negócios com Portugal e seus ”tentáculos” comerciais
alcançaram as terras de além-mar, Sergio Buarque de Holanda confirma esta
dinâmica neste trecho, “a parti de 1497, data da primeira viagem de João
Caboto a serviço de Henrique VII, começam os ingleses a interessar-se
pela navegação no Oceano Atlântico, cujas águas serão aos poucos
sugadas por eles em todas suas extensões”.
E sob está conjuntura, William Hawkins um negociante, inglês dá inicio as
viagens para o Brasil (1530-1532), totalizando em três viagens, numa prática
amistosa de contato com os nativos (índios), tanto que, na sua segunda
viagem, o navegador inglês, retorna para Inglaterra com chefe indígena
para apresentar corte, assim, dando inicio a um intenso comércio de Pau-
Brasil, que dura 12 anos, pois de 1542 até 1581 não há mais noticias de
invasões inglesas na costa brasileira.
E após um ano da implementação da União Ibérica (1581), sob a chancela da
rainha Isabel, a Inglaterra retorna ao Brasil com o navio Minion de Londres,
com o intuito de mapear os acidentes geográficos e as regiões meridionais
(sul) brasileiras, em especial São Vicente para usar como base de
abastecimento das suas embarcações que cortavam o Sul do Atlântico em
direção ao Estreito de Magalhães.
Além disso, os ingleses mantinham outra frente de interesse, na região mais
rica que competia com a Vicentina, área meridional (norte) de Tordesilhas, “foi
palco de um fato curioso”, no ano de 1583, o navio inglês Royal Maerchant,

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está finalizando as negociações em Olinda, e é apreendido pelo Almirante
espanhol Diogo Flores Valdez que confisca suas mercadorias.
Mas o desejo de participar das riquezas das Américas e diminuir o poderio
castelhano no Oceano Atlântico, faz a Inglaterra autorizar e promover a
pirataria e se lança ao Mar o capitão Frances Drake, com seu galeão Golden
Hind (Corça Dourada) - antes conhecido como o Pelicano-, sendo o primeiro
britânico a realizar a volta ao mundo em 1577-1580, OBS- “na verdade sendo
a 2°, pois a 1° foi realizada pelos espanhóis com Fernão de Magalhães
que não a completou”.
Então, nessa circunavegação global, “Draqueana”, veio abrir outras grandes
navegações como:
 Eduardo Fenton 1582.
 Cristopher Lister 1586.
 Thomas Cavendish 1591.
 Jemes Lancaster 1595.
Assim a maior colônia lusa (Brasil), no século XVI ocupou lugar de
destaque nos interesses mercantis e marítimos ingleses e ponto de apoio
na sua expansão do Atlântico Sul.

Os Franceses.
Na conjuntura do Tratado de Tordesilhas (1494), a França discorda sobre a
divisão do mundo entre Portugal e Espanha e defende o direito de Uti
possidetis. E através deste princípio do direito romano, os franceses se fazem
presentes nas praias brasileiras, em dois momentos:

I. França Antártica na segunda metade do século XVI (1555-1565), os


protestantes franceses (calvinistas) queriam fundar uma colônia no
Brasil com o intuito de fugirem da perseguição religiosa, assim em
1555, invadem as praias “cariocas” liderados pelo almirante Nicolau
Villegaignom e funda uma colônia francesa com ajuda dos Tamoios,
mas a tentativa de colonizar a “cidade maravilhosa” como colônia de
povoamento, não durou muito tempo, em 1560, 3° Governador Geral
Mem de Sá, desembarca na Baía da Guanabara com a missão de

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expulsar os franceses e após cinco anos de combates o sobrinho do
Governador Geral, Estácio de Sá, expulsa os franceses e funda a
cidade do Rio de Janeiro (1565) pondo fim ao projeto França Antártica.
II. Em 1612, na extremidade norte da colônia lusitana, o Maranhão,
tentando estabelecer, a França Equinocial (1612-1615), invadindo a
província para construir, o Forte de São Luís com objetivo de participar
do lucrativo e novo mercado de exploração, agora em uma visão de
colônia de exploração, sendo liderado pelo general Daniel de La
Tuche.
Então, concluímos que neste período de invasões francesas, houve a fundação
de RJ e MA, assim se tornando importantes cidades no processo de
colonização brasileira.

Os holandeses.
As invasões holandesas decorrem no período de 30 anos (1624-1654). Assim
no ano de 1624, acontece à primeira tentativa de invasão holandesa na região
da Bahia, sendo palco de um intenso combate os castelhanos e lusitanos parte
em socorro aos baianos com a esquadra “Jornada dos Vassalos” (a maior
Armada do século XVI, enviada ao Hemisfério Sul, integrada por
52  navios, transportando quase 14.000  homens) em 1625.
E com passar de cinco anos (1630) os holandeses retornam, mais ao norte na
Capitania de Pernambuco, e no período de 05 anos (1630-1635) de intensos
combates entre colonos e holandeses nasce o Quilombo de Palmares.
E findando este período de combate estilo “terra arrasada” promovida pelos
colonos, os holandeses derrota os pernambucanos e nos anos de 1637 até
1644, Pernambuco é administrado pelo governador e comandante-chefe
Mauricio de Nassau, que desenvolve a economia açucareira no
Nordeste com métodos aperfeiçoados de cultivo da cana-de-açúcar e do fumo.
No Recife, foi responsável pela drenagem de terrenos, construção de canais,
diques, pontes, palácios (Palácio de Friburgo e Palácio da Boa Vista), jardins
(botânico e zoológico), o museu natural, o observatório astronômico e
organiza serviços públicos como o corpo de bombeiros e a coleta de lixo. Mas
em 1644 os holandeses são expulsos novamente na Batalha dos Guararapes,
que expressa um sentimento de nacionalismo. Mas a expulsão definitiva dos

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holandeses começou em 1645, com a Insurreição Pernambucana que dura
quase dez anos, e em 1654, a Capitulação do Campo do Taborda, fixou os
termos e condições pelas quais os membros do Conselho Supremo do Recife
entregavam ao Mestre de Campo, General Francisco Barreto de Menezes,
Governador da Capitania de Pernambuco, a cidade Maurícia (Recife) e os
lugares que tinham ocupado ao Norte, dando fim a está invasão estrangeira.

Economia Colonial; ciclos do Pau-brasil, açúcar, gado,


mineração e africanos no Brasil.

A economia colonial e marcada sob um conjunto de ideias e práticas


econômicas dos Estados da Europa ocidental entre os séculos XV, XVI e XVIII,
ou seja, o Mercantilismo, predominante no período absolutista europeu num
contexto de transição do feudalismo para o capitalismo.

Logo, o mercantilismo divide-se em três fases:

I. Diz respeito ao século XVI e a criação do sistema mundial moderno com


a expansão ultramarina e a fundação de colônias na América, período
em que a Europa passou a comandar uma rede de comercio mundial –
Portugal programou as feitorias (pré-colonial sua base comercial o
Pau-brasil), não suprindo as necessidades lusitanas ampliou seu
comercio na criação de povoamentos capaz de abastecer e manter as
feitorias, organizando e produzindo gêneros que lhe interessavam.
Assim, fomentou a agricultura em especial a cana-de-açúcar a parti de
trinta anos de sua chegada com as capitanias hereditárias, conservando
a “suserania” (pratica recorrente da Europa feudal) com o centro
gravitacional o Pau-de-tinta.
Sua organização econômica estava centrada no regime de posse da
terra, propriedade (alodial e plena) (1).
Em trabalho compulsório (índios e africanos), juntamente com outras
culturas: pastagens de animais, cultura de alimentos e matas para o
fornecimento de lenha e madeira de construção.

(1) O proprietário tem consigo os atributos de gozar, usar, reaver, dispor


da coisa. Todos esses caracteres estão em suas mãos de forma 17
unitária, sem que terceiros tenham qualquer direito sobre a coisa.
II. Século XVII, representou uma crise que caracterizou a redução das
atividades produtivas e comerciais (União Ibérica), que impactou no
Brasil com a mudança da dinâmica e o eixo comercial na exportação de
insumos agrícolas (açúcar e fumo, este ultimo como escambo de
mercadorias humanas) e a mudança geoeconômica do norte para o
centro-sul com a mineração (2), desta forma, iniciando o ciclo do ouro e
diamante.
E seu desenvolvimento ocorre no final do século XVII, até a segunda
metade do séc. XVIII, permitindo a colonização
O gado está presente na portuguesa ocupar todo o centro do continente sul-
economia açucareira do
nordeste e desenvolvendo- americano, (2)
A descoberta do ouro acontece em 1693, mas
se gradativamente no logo a corrida só inicia em 1698.
território das minas e sul da
mudando a capital da Bahia para Rio de Janeiro
colônia, potencializando a
economia sulina a parti da (1763).
2° metade do século XVII.

III. Século XVIII, marcada pela retomada da prosperidade do séc. XVI, ao


lado da ascensão da burguesia, que deu novos rumos à economia
europeia, a parti da reivindicação de menor intervenção do Estado na
economia, finalizando as praticas mercantilistas e dando origem ao
Liberalismo.
(3)
Daí pode destacar no Brasil, Marques do Pombal e as Revoltas
separatistas influenciadas pela Revolução Americana (1776) e
(3)
Sebastião José de Carvalho e Melo governou com mão de
Revolução Francesa (1789).
ferro, impondo a lei a todas as classes, desde os mais pobres
até à alta nobreza. Impressionado pelo sucesso econômico
inglês, tentou implementar medidas que incutissem um
sentido semelhante à economia portuguesa. Procurou
fortalecer o poder real a fim de torná-lo de fato o executor de
uma política capaz de capitalizar os setores produtivos, e
propiciar o desenvolvimento manufatureiro, terminando com a
fragmentação e o loteamento do aparelho do Estado.

18
- Africanos no Brasil.

No momento das grandes navegações e colonização do Novo Mundo, houve


transformações na história da humanidade na idade Moderna.

Ou seja, a escravidão havia desaparecido no continente europeu no ínterim do


feudalismo.

Mas, o dinamismo do mercantilismo criaram-se novas formas de exploração no


continente africano, introduzindo a instituição da escravidão moderna.
Tornando-se um paradoxo, pois acompanhou o desaparecimento desta prática
(escravidão) na Europa. Logo, está nova forma de trabalho compulsório tinha
como intuito produzir artigos primários destinados á exportação, usando mão
de obra escrava (índios e africanos), juntamente com pensamento religioso
predominante dos séculos XVI e XVII, legitimado pela igreja Católica, que veio
a formar a sociedade escravista moderna no Brasil colonial.

No século XVI, a colonização da América portuguesa teve sua base pautada na


escravidão indígena e um século depois (XVII) essa dependência muda para
importação de escravos e sua fonte de mercadoria torna-se a África. O trafico
de pessoas passou a ser o eixo da acumulação mercantilista europeia. – a
escravidão nas Américas esteve ligada à construção dos sistemas coloniais, os
escravos eram africanos ou de seus descendentes. -.

- Logo para entendermos a dinâmica escravista no caráter da era


moderna precisamos seguir uma linha de raciocínio, exemplificada no
quadro a seguir:

19
Escravidão na África: era determinada pelas
necessidades dos grupos de parentesco, os


Escravidão nas Américas passou a ter base fenotípica
étnico-racial, ou seja, escravos tornaram-se
sinônimos de negros.
A cor da pele era um elemento fundamental para
identificar a condição do escravo e também para
estigmatizar e marcar a inferioridade racial.
O desenvolvimento da escravidão moderna esteve
vinculado com a expansão do capitalismo (5) no
mundo atlântico, o estabelecimento do tráfico de
escravos e os interesses econômicos dos impérios
coloniais ajudaram a criar sociedades escravistas nas
Américas, onde a cor da pele se tornou uma marca
fundamental de distinção social.



Escravidão na Europa tinham origem étnica e funções
variadas, podiam ser gregos, eslavos, egípcios, ingleses e
alemães. Trabalhavam como: artesões, soldados,
administradores, tutores ou criados, havendo muitas
chances dos seus filhos conseguirem a alforria ou ao
menos melhorarem gradualmente de condições.




Escravidão na África: era determinada pelas
necessidades dos grupos de parentesco, os
escravos em geral, eram soldados ou
Portanto, tanto
mulheres, muitas vezes concubinas dos lideres
na das comunidades. Europa quanto
na A tendência é que os filhos das escravas África a
ficassem livres, sendo incorporados à utilização
linhagem do grupo dominante.
mercantil dos

20

escravos era mais restrita a eles, não sendo amplamente utilizado para
produção e mercadorias, diferente das Américas.

- Brasil nos séculos XVI e XVIII, escravidão africana.

No alvorecer de 1530 a mão de obra empregada nas lavouras e engenhos era


quase toda formada por indígenas escravizados. As epidemias e a intensidade
da exploração econômica levaram a uma diminuição acentuada da população
indígena no litoral nordestino. Ao mesmo tempo, o tráfico atlântico recebeu um
grande impulso, reduzindo o preço dos escravos africanos, desta forma,
tornando sua importação viável para os senhores de engenho e lavradores de
cana, logo no final do século XVI, os africanos substituiu os indígenas como
força de trabalho.

Na medida em que a colônia se desenvolvia economicamente, as formas da


escravidão também se alteravam os escravos na América colonial portuguesa
eram apenas propriedades de alguns grandes senhores, ou apenas utilizados
na produção de mercadorias destinadas à exportação. Havia senhores que
eram donos de poucos escravos, e o trabalho deles voltava-se para o
abastecimento de alimentos que circulavam no mercado e muitos deles tinham
acesso a roças de subsistência, onde cultivavam alimentos nos dias santos e
feriados.

O escravo também era muito difundido nas cidades e vilas colônias, tendo
maior mobilidade espacial (raramente controlados por um feitor), muitos
trabalhavam “ao ganho”, ofereciam seus serviços para quem o contratasse e
ao fim do dia entregavam aos seus senhores uma quantia previamente
estabelecida.

Já na segunda metade do século XVII, a presença da escravidão negra


africana passou a dominar as paisagens brasileiras com a descoberta do ouro
em Minas Gerais, introduzindo “o flagelo” em novas regiões do Brasil e
diversificando a economia, a mão de obra escrava passou a ser utilizada em
uma gama de atividades como:

21
 Antigos engenhos de açúcar,
 As minas de ouro e diamantes,
 A pecuária e
 A produção de alimentos.

E no entardecer do século XVIII (1780), em resposta a uma série de


modificações econômicas e políticas no mundo atlântico (a Revolução do
Haiti, que desestabilizou a economia açucareira da ilha, as hostilidades
entre França e a Inglaterra e a intensificação da demanda europeia por
produtos agrícolas em razão da Revolução Industrial) a colônia viveu um
renascimento agrícola (3° fase do mercantilismo).

O açúcar e o fumo recuperaram antigos níveis de produção em Pernambuco e


na Bahia, o algodão passou a ser produzido em larga escala no Maranhão e
em outras regiões do nordeste. A produção de alimentos do mercado interno
também se fortaleceu, com o trigo, o charque e os produtos pecuários e
agrícolas (milho, arroz, feijão e mandioca) do sul.

Logo, todas essas atividades eram utilizadas a mão de obra escrava.

Sedições e inconfidências, movimentos nativistas.

“... a terra parece que evapora tumultos; a água exala motins; o ouro toca
desaforos; destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem
desordem os astros; o clima é tumba da paz e berço da rebelião; a natureza
anda inquieta consigo, e amotinada lá por dentro, é como no inferno...”.
(Governo a D. Lourenço de Almeida -1720-.).

Este trecho mostra o temor das autoridades no Brasil colônia no século XVIII.

Mas, esse medo tem inicio, com o fim da União Ibérica (1640). Pois no
processo colonizador português, à medida que se desenvolveu, evidenciou a
contradição entre interesses metropolitanos e coloniais. A coroa, setores
metropolitanos e seus representantes no Brasil visavam explorar ao máximo as
riquezas naturais ou produzidas (açúcar e ouro) em terras brasileiras.

22
Esses objetivos acabavam se chocando com os interesses dos colonos,
portugueses ou seus descendentes, que também queriam aproveitar dessas
riquezas. Desta forma, revoltando-se:

 Aclamação de Amador Bueno da Ribeira, em São Paulo 1641 (é tida


como a primeira manifestação de caráter nativista). Com o fim da
União Ibérica, os espanhóis com medo de perder suas terras e
privilégios se revoltaram contra D. João IV e aclamaram o Armador
Bueno de Ribeira como rei.
 Revolta da Cachaça (1660-1661) aconteceu no Rio de Janeiro,
motivado pelo aumento de impostos sobre a cachaça.
 Revolta contra o Xumbergas ou Conjuração de Nosso Pai (1666),
em Pernambuco, um conjunto de revoltas contra a relação metrópole e
colônia, em relação à administração colonial portuguesa no Brasil. –
legado do período holandês -.
 Revolta de Beckman (1684), ocorrido no Maranhão por insatisfação
dos comerciantes e proprietários rurais com a Companhia de Comercio
do Maranhão, instituída pela coroa em 1682.

Esta serie de revoltas exemplifica a tentativa da coroa lusitana de


reestruturação financeira após o rompimento das duas coroas. Sendo
essenciais para a modificação profunda do modo de vida dos habitantes locais,
criando dessa maneira novas relações econômicas e sociais, e construindo os
primeiros atos de uma identidade civil puramente nacional. Ficando mais
evidente no período do ciclo do ouro:

 A Guerra dos Emboabas (1707-1709), em Minas Gerais, culminou na


criação da Capitania de São Paulo em 1708.
 Guerra dos Mascates (1710-1711), em Pernambuco, que foi
fundamental na separação de Recife e Olinda em 1710. –
contemporâneo a Revolta do sal em 1710, ocorrido em São Paulo e
Minas Gerais, contra a exploração de sal promovido pela coroa e a
Revolta do Maneta, Salvador em 1711, mesmo motivo aumento de
impostos.

23
 Revolta Filipe dos Santos ou Vila Rica (1720) ocorreu na região de
Minas Gerais durante o ciclo do ouro, contra aumento de impostos sobre
o produto (ouro).
 Levante do Terço Velho (1728), em Salvador de cunho militar
seiscentos militares rebelou-se contra os baixos soldos pagos e
irregularidades do ouvidor-mor.

As revoltas emancipacionistas (separatistas) foram movimentos sociais


ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de conquistar a
independência do Brasil com relação a Portugal. Estes movimentos possuíam
certa organização política e militar, além de contar com forte sentimento
contrário à dominação colonial. Assim, são enumerados os motivos:

 Cobrança elevada de impostos. 


 Pacto Colonial.
 Privilégios.
 Leis injustas.
 Falta de autonomia política e jurídica.
 Punições violentas.
 Influência de ideais.

E ao final do século XVIII, temos as “conjurações” baseadas, em ideais


Iluministas inspirados na Independência das 13 Colônias Norte Americanas
(1776) e Revolução Francesa (1789).

 Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (1789) seu principal


objetivo era libertar o Brasil do domínio português. – seu lema era
“Liberdade, ainda que tardia.”.
 Conjuração do Rio de Janeiro ou Carioca (1794), decorrente da
Revolução Francesa com características profundamente ideológicas. –
não havia planejamento da tomada de poder. -.
 Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798) de caráter
popular, recebendo influência iluminista, defendeu mudanças sociais e
políticas. – forte influência da Revolução do Haiti em 1791, era
favorável a abolição da escravidão e o fim de privilégios sociais. -.

24
 Conspiração dos Suassunas (1801), em Pernambuco, inspirados na
Guerra das Treze Colônias da América do Norte, a motivação foi a
diminuição da violência e repressão colonial, estimulado pela elite
pernambucana. – “bater em cachorro morto”. –

Os movimentos emancipacionistas (separatistas) ou rebeliões coloniais foram


movimentos conspiratorios de bases iluministas, que objetivavam a conquista e
indepedencia da colonia cuja, objetivo era separação politica diferente dos
Movimentos Nativistas que tinham um caráter local e um baixo grau de
definição ideológica.

Vida cultural na colônia.

No inicio da colonização as formas culturais nativas das várias comunidades


indígenas, e as transplantadas dos africanos e portugueses ainda guardavam
seus vínculos originais. Mas, no decorrer do processo colonizador, a cultura
brasileira tomou forma, com a interação e dominação, os lusitanos, através de
clérigos e funcionários leigos vem impondo, eliminando ou incorporando alguns
de seus traços culturais:

 A língua – do lado indígena, o Tupi prevalecia por quase todo o litoral,


e no interior falavam outras línguas e dialetos (sec. XVI), os africanos
também apresentavam diferenças linguísticas. Os portugueses, neste
período haviam consolidado a língua no eixo Coimbra-Lisboa (fala do
sul), sendo fixados os padrões da língua culta com expressões literárias
de obras como: Fernão Lopes no sec. XV e Luíz de Camões na época
do “descobrimento” (conquista).
A língua culta no Brasil se aperfeiçoou e produziu no período colonial,
obras como: Padre Antonio Vieira, Eusébio de Matos, Manuel Botelho
de Oliveira e Nuno Marques Pereira (livro mais vendido da colônia),
logo este padrão catedrático vem se misturando com línguas e dialetos
indígenas e africanos em diferentes regiões, gerando falares “crioulos”
para se tornar o que nós conhecemos como o “caipira e nordestino”,
sendo sua gênese, demonstrado nas áreas canavieiras de Pernambuco

25
e Bahia, com uma língua diferente os colonos(nativos) falavam um
dialeto português/tupi, amplamente difundido nos séculos XVI e XVII –
o bandeirante Domingos Jorge Velho, apresentando-se ao
governador da Bahia para tratar do combate à Palmares, teve de
entender com a autoridade por meio de um interprete, por não
dominar o português. –
Esse bilinguismo só tem fim, através de determinação de Marques do
Pombal, impondo o português em toda a colônia.
 Condicionamento da cultura colonial – existiam dois
referenciais: político e religioso. O primeiro era o absolutismo a
obediência a Deus e ao rei “com Deus e rei não brincar / é calar e
obedecer.”.
Já o religioso foram normas fixadas pelo Concilio de Trento,
estabelecendo o primado do sagrado sobre o leigo “proibimos sob
pena de excomunhão (...) que nenhuma pessoa secular – ainda que
seja douta e de letras – se intrometa a disputar em publico ou
particular sobre os mistérios de nossa Santa Fé e Religião Cristã.”,
juntamente com um saber literário controlado nas suas manifestações
filosóficas, teológicas e estéticas desde o sec. XVI por um tríplice
censura:
Eclesiástica – exercida pelo bispo.
Inquisitorial – controlada pelos dominicanos.
Régia – oficial, influencia dos jesuítas.
 Literatura – as manifestações literárias no sec. XVI, foram limitadas
pela escassez de recursos, dificuldade na vida colonial, influencia
religiosa e assistência espiritual aos colonos.
Poemas, narrativas, gramáticas e catecismo obedeceram está ordem.
 Arte – as construções mais importantes eram as capelas algumas
igrejas e colégios da companhia de Jesus, o Quinhentismo – engloba
manifestações como: literatura, pintura, arquitetura e musica. De
aspectos relevantes de atitudes tipicamente renascentistas, como a
valorização do humanismo, cultura antiga e individualismo. – os

26
poemas e peças teatrais eram utilizados com fins apologéticos e
didáticos para educação e a catequese -.
 Arquitetura – era adaptada aos materiais da terra e às necessidades
de defesa dos moradores.

Assim, a cultura colonial em seu conjunto teve duas fases. A primeira


dominada pelo espírito classista, jesuítico e escolástico transplantado para o
Brasil a parti do modelo Ibérico nos séculos XVI – XVII.

E a parti do sec. XVIII, na sua segunda metade acontece transformações


culturais e políticas do despotismo esclarecido pombalino.

Portanto, ao longo dos séculos XVII e XVIII, no desenvolvimento econômico


colonial deu-se a consolidação dos núcleos urbanos, intensificando a
miscigenação étnica e formas culturais, surgindo manifestações intelectuais e
estéticas mais expressivas e refinadas como: o barroco (Aleijadinho),
cultismo (Luis Góngora) e conceptismo (Gregório de Matos Guerra).

Corte no Rio de Janeiro e realizações politicos-social.

No limiar do século XIX, a Europa estava passando por grandes dificuldades


socioculturais. E nesta, conjuntura, Portugal assinou um documento
concedendo grandes vantagens comerciais à Inglaterra, que em troca
garantiria a transferência da corte (lusitana) para o Brasil, em caso de conflito
com a França (Convenção Secreta de Londres em 1807).

Logo, sob este cenário Portugal decide um ano após o acordo transferir-se
para sua maior colônia. E na sua chegada perpetrou seu primeiro ato político,
assinou um termo autorizando à abertura dos portos brasileiros as nações
amigas, em 1808 na Bahia – este documento demonstra a subordinação
passiva da coroa lusitana, sob os interesses britânicos em relação ao
mercado brasileiro -, dando inicio ao processo de rompimento do pacto
colonial.

Ainda no clima de mudanças no mesmo ano (1808), D. João XVI, assinou o


alvará que concedeu liberdade para as indústrias na geopolítica houve

27
alterações na extensão territorial com a anexação da Guina Francesa e Banda
oriental do Uruguai – este último decorrendo a Guerra Cisplatina* -, em
termos administrativos elevou o Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Santa
Catarina a capitanias autônomas e a criação das capitanias de Alagoas e de
Sergipe, em 1809. – na política econômica foi à criação do Banco do
Brasil, em 1808. -

No âmbito cultural também houve inovações:

 Inauguração da Real Biblioteca – atual biblioteca Nacional, RJ (1808).


 Abertura do teatro São João.
 Imprensa Régia – 1° jornal publicado, Gazeta do Rio de Janeiro e
permitindo a publicação de livros.
 Real Academia Militar.
 Laboratório químico.
 Jardim Botânico e a escola Médica cirúrgica.

A maioria da sociedade brasileira manteve-se presa as práticas, costumes e


instituições tradicionais. Apenas a elite colonial e parte dos seguimentos
médios da sociedade foram atingidas pelas novidades.

Já nas políticas destacamos o Tratado e Comércio e Navegação em 1810,


que concede à Inglaterra a entrada de mercadorias, pagando apenas 15% ad
valorem, e 16% sobre as mercadorias portuguesas e 24% de outras nações –
com essa medida D. João anulou o alvará de 1808 -. Logo, este tratado
tinha a duração de 15 anos, mas suas condições e obrigações eram perpetuas
e imutáveis, havendo possibilidade de revisão após o tempo estipulado.

Em 1815, a colônia foi elevada a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves,


decorrente do Congresso de Viena. Após a sua elevação para reino, no Brasil
acontece Insurreição Pernambucana (1817)*, mais uma tentativa de romper
os laços de subordinação com Portugal. – foi o único movimento separatista
que atingiu a tomada de poder, proclamando a república em Pernambuco,
durando apenas 75 dias. –

28
Independência, 1° reinado e Guerra Cisplatina.

A independência do Brasil aconteceu por movimentação exterior distante há


7482 km (4040 milhas náuticas), em Portugal, comerciantes lusitanos
lideraram um movimento conhecido como Revolução Liberal. – e como
“bocejo” espalhou-se rapidamente por Portugal e chegando a conquistar
adeptos no Brasil -.

Assim, como vitoriosos os revoltosos conquistaram o poder na metrópole


(Portugal) e decidiram elaborar uma constituição de caráter liberal – limitando
o poder do rei na pretensão de recolonizar o Brasil. -, desta forma, através
de coação, as tropas portuguesas ancoradas no Rio de Janeiro obrigou o
monarca lusitano voltar para “terrinha” (Portugal), em 1821.

Deixando seu filho, Pedro, como príncipe regente do Brasil na crença que a
unidade da monarquia portuguesa seria restabelecida, mas essa solução
dinástica não correspondia à solução política.

As Cortes de Lisboa com a intenção de recolonizar o Brasil – ou seja, voltar


ao status antes da mudança da família real -, restringiram a autonomia do
governo brasileiro, enfraquecendo a autoridade de D. Pedro na exigência de
retorno do príncipe regente a Portugal.

E como reação, a elite brasileira querendo manter a liberdade de comercio e a


autonomia administrativa, organizou-se em torno de D. Pedro, a resistência as
ordens de Lisboa, formando o Partido Brasileiro composto por José Bonifácio,
Cipriano Barata e Gonçalves Ledo, assim elaborando um documento que
reuniu cerca de oito mil assinaturas, pedindo que o príncipe regente não
voltasse para Portugal, logo recebendo este documento no dia 09/01/1822, D.
Pedro declarou “(...) Como é para o bem de todos e felicidade geral da
nação, estou pronto: diga ao povo que fico...”. Ficando conhecido como o
Dia do Fico. Assim, permanecendo no Brasil e decretando, que as ordens
vindas das Cortes só seriam compridas mediante sua autorização. Assim,
proclamando a Independência do Brasil (1822), sendo coroado com titulo de
D. Pedro I.

29
1° reinado .
A historiografia identifica o 1° reinado em um intervelo temporal de nove anos
1822-1831, logo para entendermos esta fase da história brasileira precisamos
compreender a conjuntura da independência do Brasil, sendo um “arranjo
político entre as elites comerciais e agrárias”, segundo Prado Jr. Isto quer
dizer, na integra que o regime governamental brasileiro, a monarquia,
apenas mudou de mão, ou seja, “de pai para filho”, deixando de inserir
neste processo, o povo.

Além, de o Brasil ter sua independência de forma verticalizada, - de cima para


baixo -, ainda precisava ser reconhecido internacionalmente e a primeira nação
a reconhecê-lo foi os EUA (1824) com a Doutrina Monroe (1) em detrimento
dos outros Estados Latino-americanos que adotaram a República. Mas, esta
“simpatia” em reconhecer um Estado monárquico em meio a Republicas,
foi com interesse em estender seus “tentáculos” sobre todo o continente.
E com as mudanças de fundo social, cultural e político sem expressão popular,
a independência, neste momento tem as dificuldades internas como a distância
que existe da capital e as províncias do norte e nordeste, pois as noticias
para chegar às áreas extremas do novo Estado nacional das Américas
demorava em media três meses, logo os militares e comerciantes que
controlavam os governos locais, destas regiões decidiram lutar para manter os
laços com Portugal, mas sem um exercito preparado para combater os
revoltosos destas províncias D. Pedro I contratou mercenários com apoio dos
grandes proprietários rurais do centro-sul e por mais ou menos um ano houve
confrontos entres “portugas” e governo brasileiro, estendendo por MA, BA, PA,
PI e província de Cisplatina*(Uruguai) e derrotando todas estas revoltas o
imperador em 1823 domina todo o País. Dando inicio o projeto de constituição
no mesmo ano que tinha alguns aspectos marcantes:
 Oposição aos lusitanos.
 Limitar o poder do imperador.
 Manter o poder político nas mãos dos grandes proprietários rurais.

30
Este ultima ponto fez com que a assembleia constituinte ficasse conhecida
como a “Constituição da Mandioca”.
A reação:
D. Pedro recusou este projeto e com apoio das tropas imperiais, decretou o
fechamento da assembleia em 12/11/1823, prendendo e expulsando do país os
deputados contrários dentre eles José Bonifacio e seu irmãos Antonio Carlos e
Martim Francisco, entenderam desta forma que foi o primeiro passo para a
recolonização do Brasil, sendo o objetivo principal dos representantes do –
partido português -, que defendia o absolutismo lusitano e sustentava D.
Pedro esperando que fossem estabelecidos os antigos laços do Brasil
com Portugal.
E Pedro, usando de política partidária tenta acalmar os ânimos, nomeando
uma comissão de dez brasileiros natos para elaborar uma nova
constituição no prazo de 40 dias, e no dia 25/04/1824, D. Pedro outorga
(impõe) a nova constituição, com a máxima “façam uma constituição digna
do Brasil e de mim”, estabelecendo a existência de quatro poderes de
Estado:
 Judiciário – magistrados nomeados diretamente pelo imperador.
 Legislativo – mandatos de deputados de duração de três anos,
senadores com mandatos vitalícios escolhidos pelo imperador em listas
de candidatos mais votados.
 Executivo – exercido pelo imperador e ministro de Estado.
 Moderador – exclusivo do imperador “chefe-mestra de toda organização
política”.
Exemplificando, um poder ditatorial que excluía a grande maioria da população
como mulheres, escravos e índios, somando a isso ainda existia a condição
eleitoral a certos níveis de rendas – que a maior parte da população não
tinha – que para votar era preciso ter renda anual de 100 mil-reis. E para
ser candidatar a deputado teria que ter 400 mil-reis (nos dias de hoje
seriam 49,200 Reais) e senador 800 mil-reis.
Fazendo com que comerciantes garantisse participação na vida pública,
comparando-se em direitos aos grandes proprietários rurais.

31
A Magna-carta declarou o catolicismo religião oficial do Estado pelo regime de
Padroado – a igreja católica ficava submetida ao controle político do
imperador-.
Esta imposição provocou reações e a mais energética explodiu no nordeste no
mesmo ano da carta outorgada (1824), Confederação do Equador em
Pernambuco (1824) liderada por Cipriano Barata e Frei Caneca que defendiam
um regime republicano, com poder descentralizado e autonomia das
províncias.
Dando início uma sucessão de crises e por vários motivos, o fim do primeiro
reinado, foi por causa da queda da popularidade do imperador que reuniu
diversos grupos em oposição ao seu governo:
 Fechamento da Assembleia Constituinte.
 Imposição da Constituição de 1824.
 Violência usada contra os rebeldes na Confederação do Equador.
 Falência do Banco do Brasil, em 1829, revelando a crise econômica
do império.

Portanto, ainda há outros motivos de âmbito externo que potencializou a crise


como: a morte de D. João XVI em 1826, fazendo D. Pedro torna-se legitimo
herdeiro do trono luso, mas os políticos liberais não queriam que Pedro fosse
imperador do Brasil e rei de Portugal ao mesmo tempo, assim renuncia ao
trono de Portugal em favor de sua filha Maria da Gloria menor de idade, desta
forma deixando como regente seu irmão D. Miguel que por meio de um golpe
de Estado em 1828 proclamou-se rei de Portugal.
E a ultima gota que fez transbordar o caldeirão da crise foi o assassinato de
Líbero Badaró em 1830, um dos lideres da imprensa de oposição ao governo,
gerando tensões políticas, fazendo Pedro viajar a Minas Gerais para acalmar
os ânimos e, na sua chegada os mineiros o recebeu sob intensos protestos e
em resposta a esta atitude o partido português organizou uma festa de
recepção à chegada do monarca a capital (RJ). Os liberais resolveram impedir
a festança e, no dia 13/03/1831 brasileiros e lusitanos entraram em conflito, a
Noite das Garrafadas. E na tentativa de impedir uma revolta generalizada o
imperador organizou um ministério só de brasileiros, mas não adiantou, e no

32
mês de Abril do mesmo ano Pedro demitiu todos os brasileiros que não
obedeciam a suas ordens, fazendo outro ministério, só de portugueses
conservadores, Ministério dos Marqueses.

Assim, desencadeia uma revolta generalizada dos grandes proprietários rurais,


políticos liberais e tropas imperiais contra sua decisão.

E abdica o trono em 07/04/1831 para seu filho Pedro de Alcântara de 05 anos.

Guerra Cisplatina ou Guerra Del Brasil (1825-1828) – sua gênese vem


da disputa entre as coroas Ibéricas (Portugal e Espanha) desde 1680, quando
a Colônia do Sacramento foi criada, mas em uma ideia centralizada no período
de analise o conflito surge em 1816, quando D. João VI iniciou a incorporação
do território e em 1821 a província Cisplatina é anexada oficialmente ao
Império, mas um movimento pela independência da província, culminou com a
proclamação de sua soberania em abril de 1825 por Juan Antonio Lavalleja e
Fructuoso Rivera, apoiados pelas elites das Províncias Unidas do Rio da Prata.
Assim, no mesmo ano Pedro I declara guerra às Províncias Unidas. E ano
seguinte, o exército argentino, cruza o Rio da Prata e inicia a conquista do
território brasileiro. Em resposta, o Império envia tropas de voluntários e
mercenários para combater os cisplatinos.
E como uma “dejavu”, a pressão britânica e francesa para o fim do conflito, o
Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata assinaram a
“Convenção Preliminar de Paz” em 27/09/1828, no Rio de Janeiro,
reconhecendo a independência da República Oriental do Uruguai.
- a Guerra Cisplatina foi um conflito que configura-se como consolidação
do Estado brasileiro -.

Regência, Revoltas regenciais e atividades políticas.

O período regencial no Brasil vai de 1831-1840, logo para alguns historiadores


esse espaço temporal é semelhante com regime republicano, ou seja, o Brasil
foi dominado por três grupos políticos:

33
 Restauradores (Caramurus) – defendia o absolutismo centralizador, o
retorno de Pedro I. E tinham como representantes: comerciantes
lusitanos, militares conservadores (alta patente) e altos funcionários
públicos.
 Liberais exaltados (farroupilhas ou jurujubas) – defendia a
descentralização do poder, sistema federalista. Representantes:
profissionais liberais, pequenos comerciantes, pequenos funcionários
públicos e militares (baixa patente).
 Liberais moderados (chimangos) – preservação da unidade territorial,
monarquia parlamentar, mantendo a ordem social no desejo de ampliar
o poder dos governadores provinciais.

- essa dinâmica de trina partidária compreende as Regência Trina


Provisória e Regência Trina Permanente 1831-1835. -.

Origem de Liberais e Conservadores – com a morte de Pedro I em 1834,


acabam os Restauradores e os Liberais exaltados e em 1837, os Liberais
moderados dividem-se em dois:

 Progressistas – favoráveis a um governo forte e centralizado no Rio de


Janeiro, mas concedendo autonomia administrativa às províncias (Ato
adicional de 1834).
 Regressistas – favoráveis ao fortalecimento do legislativo centralizado
no Rio de Janeiro e contrário à liberdade administrativa das províncias
(lutavam pela manutenção da ordem pública).

Mas a parti, de 1840 os Regressistas passam a se chamar de partido


Conservador (Saquaremas) e os Progressistas de partido Liberal (Luzias).

As Regências:

 Regência provisória Trina (três meses) – responsabilidade dos


senadores até a Assembleia Geral, tina a função de eleger os três
regentes que governariam o país, conforme estabelecia a constituição.
Primeiras medidas tomadas foi à readmissão do Ministério dos
Brasileiros (desfeito pelo imperador em 1831), anistia aos presos

34
políticos, suspensão parcial do poder moderador, mas mantendo as
estruturas políticas do império absolutista, durando até 1837.
.
 Regência Trina permanente (1831-1835) - representada pelos
moderados, destaque ao padre Diogo Antonio Feijó nomeado ministro
da justiça e criador a Guarda Nacional em (1831-1922).
Ato Adicional de 1834, uma tentativa de harmonizar os conflitos
políticos, ou seja, a regência deixava de ser Trina para se tornar Uma
com mandato de quatro (04) anos.
Assembleias legislativas provinciais (acabou com o Conselho de
Estado instância que reunia os políticos mais conservadores).
- o Ato Adicional foi considerado um avanço liberal durante as
regências, sendo para alguns conservadores, considerado o
“código da anarquia”, porque concedia maior autonomia e
liberdade administrativa ás províncias brasileiras -.
 Regência Una (1835-1840) – Diogo Antônio Feijó (1835-1837), a
primeira das duas regências unas, um progressista vence as eleições
enfrentando a oposição dos regressistas, acusado de não impor a ordem
no país com o inicio das rebeliões: Cabanagem (Pará) e a Farroupilha
(Rio Grande do Sul). Assim, renúncia o cargo por pressão da oposição e
seu sucessor Araujo Lima (1838-1840), impõem mais dureza nos
movimentos populares, logo está regência é o triunfo dos progressistas,
pois os governos das províncias perderam sua liberdade e ação
(representou o retrocesso das conquistas liberais alcançado com a
aprovação do Ato Adicional de 1834), montando o Ministério das
Capacidades composto por conservadores.
E criando a lei Interpretativa do Ato Adicional em 1840, que reduzia o
poder das províncias e subordinava os órgãos ao poder central.

Revoltas regenciais – se resume neste trecho de Diogo Antônio Feijó “O


vulcão da anarquia ameaça devorar o império (...)”.

Ou seja, as revoltas neste período (1831-1840) decorrem de crises:


econômicas, social e política.

35
 Econômica – o Brasil resolve pagar indenização a Portugal em troca do
reconhecimento de sua independência no valor de dois milhões de
libras, juntamente despesas com operação militares para conter
rebeliões internas e conflitos externos e empréstimos com juros altos.
 Social – descontentamento da população brasileira contra os
comerciantes portugueses que dominavam o comércio varejo.
 Político – as províncias requerendo mais autonomia político-
administrativa, muitos políticos pregavam a separação do governo
central.

O Estado precisava preservar a unidade territorial do país, coibindo através do


furor estatal, a população pobre (a maioria), que atentaram para as condições
da vida precária que levavam. Somando-se a isso a força também era usada
para impedir os separatistas, que se organizavam nas províncias.

Principais revoltas regências:

 Cabanagem 1835-40 – aconteceu na província do Grão-Pará, os


índios, negros e cabanos (pessoas que viviam em cabanas as
margens dos rios), revoltaram-se por causa das péssimas condições
de vida, e domínio político dos grandes fazendeiros e a falta de
autonomia provincial, chegando a tomar o poder, mas tiveram
dificuldades em governar, faltando organização.
 Sabinada 1837-38 – ocorrido na Bahia teve como causa central o
tratamento dado as províncias pelo governo regencial, especialmente
no que tange às reformas centralizadoras e anti-federalistas do
regente Araújo Lima, que tolhiam a autonomia das províncias. Assim, a
Sabinada foi de caráter autonomista, e promoveu a secessão
(temporária) da Bahia do restante do império.

 Balaiada 1838-41 - O movimento ocorrido no Maranhão teve dois


tipos de causas principais, econômicas e políticas. O primeiro tipo
deve-se, sobretudo à grave crise econômica da província, causada,
sobretudo pela queda dos preços do algodão, que enfrentava grande
concorrência da produção estado-unidense, e também pela saturação

36
de mão-de-obra pecuária, o que deixou muitos desempregados,
sobretudo entre os mais pobres.

Já a causa política principal foi a o avanço conservador sobre os


liberais, visando desestabilizar suas bases de apoio. Os "cabanos"
foram estimulados pelas reformas centralizadoras da regência de
Araújo Lima, sobretudo o "Ato Adicional", o que causou um
movimento político mais tarde denominado de "regresso
conservador", por ir de encontro às medidas políticas liberalizantes
tomadas logo após a morte de D. Pedro I, no começo do período
regencial. Os "cabanos" procuraram retirar o apoio dos vaqueiros aos
"bem-te-vis", contratando-os ou chantageando-os economicamente.

 Farroupilha 1835-45 – ou Guerra dos Farrapos foi uma guerra civil


ocorrida na província do Rio Grande do Sul por motivos, que o ideário
republicano presente na região, pela proximidade com as repúblicas
platinas, uma tradição autonomista das elites locais combinado com o
centralismo excessivo que marcou a política do inicio do período imperial
e a vontade de parte das elites regionais de se unirem ao recém-
independente Estado do Uruguai, assim como o sentimento de que o
Brasil não protegia os interesses do Rio Grande além da fronteira, onde
diversas confusões ocorreram e relatos de roubo de gado eram comuns.
O principal motivo foi à taxação excessiva do charque rio-grandense em
comparação com o charque dos demais estados platinos pelo governo
imperial, o que gerava uma enorme desvantagem para o produto em
comparação com o estrangeiro, entretanto, oferecia uma vantagem
comercial para os consumidores do nordeste e do sudeste, que podiam
adquirir o charque estrangeiro por um preço muito mais barato, o que
gerou um sentimento de alienação por parte das elites gaúchas, que se
rebelaram. – nestes dez anos de conflitos no sul do Brasil, são instituídas
duas repúblicas: Rio-Grandense (Piratini) em 1836 e Juliana em 1839, Santa
Catarina -.
 Malês 1835-35 – ocorrido na Bahia e organizado por muçulmanos de
origem Iorubá – nagôs, Os trabalhadores urbanos mais alguns

37
escravos de engenho decidiram se rebelar com a intenção de formar
uma Bahia Malê, que seria controlada por africanos, tendo à frente
representantes muçulmanos.

2° Reinado.

O fim do período regencial veio através da coroação de D. Pedro II como


símbolo de um Estado forte – na visão da elite – e tinha a tarefa de manter a
unidade política garantindo a ordem social. Pois com o “golpe da maioridade”
em 1840 foi uma tentativa de manutenção dos privilégios econômicos e
governamentais, num ambiente de tranquilidade social na crença que, Pedro II
com sua autoridade acabaria com as rebeliões provinciais.
- desta forma podemos ver como exemplo, o inicio de seu reinado, o imperador
exercia o poder com apoio de uma minoria, mais ricos -.
Que se dividia em dois partidos que protagonizaram o cenário político do 2°
reinado:
 Saquaremas (partido conservador) – apelido oriundo da cidade de
Saquarema RJ, quartel general dos políticos que defendiam um governo
imperial forte e centralizado.
 Luzias (partido liberal) – oriundo da cidade de Santa Luzia MG, centro
de atividades dos políticos favoráveis à descentralização e certa
autonomia às províncias.

Portanto, em se tratando de qual deles estava na “situação” no governo, na


integra não tiveram grandes divergências ideológicas e mantendo o “status
quo”, ou seja, a ordem social e a escravidão, tanto que a máxima do povo na
rua dizia “não havia nada mais parecido com um Saquarema do que um
Luzia no poder”.

- Pois a grande preocupação dos políticos era chegar ao poder porque isso
significava obter prestigio e benefícios para si próprios e sua gente... –
Partindo, para uma visão social do 2° reinado, nos primeiros anos foram
extintos os últimos focos de resistência representados pelos praieiros de 1848,
a monarquia brasileira entrou em seu período de maturidade, quando todos

38
seus potenciais e contradições se desenvolveram ao máximo. E com liderança
governamental fortalecem-se os conservadores ligados aos interesses da nova
potência econômica do país, os cafeicultores do centro-sul.
Sob a direção de Marquês de Olinda, veio à dissolução da Câmara dos
Deputados. E a composição da “trindade saquarema”, auge dos
conservadores no poder.
Entre suas principais realizações estão à lei de terras, que regulamentou a
propriedade da terra em favor dos latifundiários, e a lei Eusébio de Queirós,
que extinguiu o tráfico negreiro, ambas de 1850.
Mas, os principais assuntos que preenchiam a pauta das sessões
parlamentares giravam em torno dos conflitos que eclodiam, na região platina e
das urgentes reformas administrativas que precisavam ser feitas, fazendo
Luzias e Saquaremas se aproximarem, em uma ideia de conciliação (1) das
oposições em favor do “progresso” do país.
Ideia muito atraente para o Imperador, significava na verdade a anulação das
oposições por meio da compra de suas lideranças com pequenas frações de
poder.
Entretanto, nem todos se renderam a essa tática e após as eleições de
1852(2) já se manifestava a dissidência parlamentar, composta em sua maioria
de políticos do Nordeste, que vinham perdendo cada vez mais espaço para os
do Sul. Mas até 1853 predominou a vitalidade conservadora. Suas maiores
realizações foram, além da lei de Terras e da lei Eusébio de Queirós, a política
na bacia do Prata, a elaboração do Código Comercial, a criação das províncias
do Amazonas e do Paraná, o incentivo à imigração - através do
assentamento de colônias e outros dispositivos, em consequência, sobretudo
da extinção do tráfico, se fizeram urgentes. Ligavam-se aos problemas da
escravidão, da vida judiciária, diplomática, financeira e da reorganização dos
serviços em bases mais racionais.

Tentativas de industrialização.
E com esta mudança do centro socioeconômico do nordeste para o centro sul,
acontece o “boom econômico”, da grande prosperidade gerada pela
exportação do café, a extinção do tráfico em 1850 provocou uma súbita
mudança na economia brasileira. Volumosas inversões de capitais antes

39
usados no tráfico transferiram-se para outras áreas, como a de serviços
urbanos, de crédito, estradas de ferro, etc., gerando uma onda de
“progressismo” que contagiou a todos.
A tarifa Alves Branco, de 1844 (3), que alterou a política tarifária com
medidas protecionistas, deu grande impulso nas receitas do país. A essa altura
o governo brasileiro se encontrava em grandes apuros, com sua economia
comprometida pelas agitações internas. Pesavam-lhe também suas leis
alfandegárias, criadas sob pressão para que a Inglaterra reconhecesse a
Independência brasileira, que mantinham as taxas de comércio internacional a
baixos níveis.
Sem o fundamental crédito estrangeiro, o governo viu-se obrigado a elevar
suas tarifas. Apesar de totalmente legítima, a ação não impediu fortes protestos
britânicos. Mas o sufoco econômico, aliado a um forte sentimento nacional
gerado pelas arbitrariedades inglesas contra o tráfico, impediu a eficácia dos
protestos, tendo o Brasil dobrado o valor sobre seus direitos de importação.
Depois desse primeiro desafogo, a extinção do tráfico fez difundir-se no país
uma verdadeira febre de reformas como: organização regular das agências
financeiras, o segundo Banco do Brasil, a primeira linha telegráfica no Rio de
Janeiro, Banco Real e Hipotecário, importante agente financeiro, a primeira
linha férrea na Baixada Fluminense, Em 1855, a segunda, ligando a Corte à
capital da Província de São Paulo (a Central do Brasil), o telégrafo.
Iniciava a essa altura uma avalanche de investimentos ingleses que, além do
crédito, introduziu mão de obra especializada, técnicos e tecnologia no país.

(1) Os partidos conservador e liberal continuaram


existindo. Sem um programa elaborado, a conciliação foi
mais uma aproximação de homens que de seus princípios.
E uma atitude de cúpula - um acordo de cavalheiros da classe
dominante com total exclusão popular. As principais
realizações administrativas da conciliação foram o incentivo à
instalação de estradas de ferro e à navegação fluvial, reformas
na justiça, controle de emissões financeiras.

(2) Reunida à massa dos votantes nas assembleias paroquiais,


celebrava-se uma missa e realizava-se a eleição para os
cargos necessários. Cada votante colocava em uma lista e
assinava (pois o voto não era secreto) os nomes de quantos
eleitores do império a freguesia deveria dar. Ao contrário do
número de votantes, que podia aumentar indefinidamente,

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enquanto houvesse gente que atendesse os pré-requisitos
legais, o número de eleitores do império de cada paróquia era
limitado pelo número de fogos da freguesia.

(3) Foi uma medida que incentivou a indústria brasileira


durante o Império aumentou as taxas de importação para a
casa dos 30%, quando não havia similar nacional, e para a
casa dos 60%, quando havia produto similar nacional. As
novas determinações causaram impacto sobre cerca de três
mil produtos e despertaram a insatisfação dos ingleses.

Política externa.
E após o surto de industrialização se inicia a crise do 2° reinado, a parti de
1850, importantes acontecimentos que marcou as relações internacionais do
Brasil:
A Questão Christie 1863-65 - É o rompimento das relações diplomáticas entre
Brasil e Inglaterra, por causa do fim do trafico negreiro e a libertação dos
escravos e mais roubo da carga do Príncipe das Gales 1861, e a prisão dos
oficiais bêbados em 1862, assim William Christie exige uma indenização
astronômica pela carga do navio e a punição dos policiais que prenderam os
oficiais ingleses. Não sendo atendido em suas exigências, o embaixador
(William Christie) ordenou a prisão dos navios mercantes brasileiros, desta
forma, provocando revolta da população do Rio de Janeiro que ameaçavam
invadir a casa do embaixador e estabelecimentos comerciais de ingleses, logo
essas questões foram submetidas ao arbitramento internacional do rei da
Bélgica, Leopoldo I.
D. Pedro II resolveu pagar a indenização, fazendo o arbitramento ficar restrito
às exigências em soltar os prisioneiros, logo o rei belga se pronunciou a favor
do Brasil e com isso a Inglaterra tinha que se desculpar oficialmente por violar
o território brasileiro, entretanto isso não aconteceu, levando Pedro II, romper
relações diplomáticas e só sendo reatadas em 1865, quando Edward Thorton
(embaixador que tomou o lugar de Christie), apresentou desculpas oficias.

- essa questão afirmou a soberania nacional brasileira,


ficando reconhecida formalmente por uma potência. -

41
Questão Platina 1851-70 – 0 Brasil tinha interesses econômicos e políticos na
região platina, área de fronteira entre Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai,
logo se resumia em:

 Garantir o direito de navegação pelo rio da Prata.


 Impedir que vaqueiros uruguaios invadissem as fronteiras brasileiras e
atacassem fazendas gaúchas.
 Impedir que a Argentina anexasse o Uruguai, formando um só país.

Portanto, levou o Brasil a participar de três guerras: guerra contra Oribe e


Rosas (1851-52 Uruguai e Argentina), guerra contra Aguirre (1864-65
Uruguai) e guerra contra Solano López (1865-70 Paraguai).

- Situação econômica.

A grande expansão econômica ocorrida no Brasil durante o século XIX não foi
um fato isolado, mas insere-se num fenômeno mundial que foi a integração dos
mercados e a incorporação da terra e do trabalho à economia mundial. A
produção especializou-se para atender às necessidades das atividades
comerciais e industriais. Desvinculou-se o homem da terra, onde produzia para
subsistência, e incorporou-lhe no mercado de trabalho assalariado.
E no Brasil, onde havia escravidão, as pressões internacionais para que se
abolisse esse regime de trabalho foram constantes desde o início do século e
só cessaram com a adoção total do trabalho assalariado. Mas, ainda por volta
de 1850, a regulamentação da propriedade da terra ainda não estava resolvida
e era urgente. A crescente procura pelo café impelia a cultura para as novas
fronteiras no interior, conforme se esgotavam as lavouras mais antigas. Até a
época da Independência, o acesso a terra era por meio de concessões reais
(sesmarias) ou pela ocupação clandestina, que era amplamente difundida e
quando o Brasil se torna um Estado ficou proibida a concessão de lotes de
terra, que passou a ser obtida apenas pela posse clandestina. Consumou-se
uma anarquia geral da propriedade rural, que se agigantava à medida que
crescia a necessidade de novas terras. Essa agitação, que estava diretamente
atrelada aos problemas do abastecimento de mão de obra, levou as elites
dirigentes do país a reavaliarem e legalizarem a propriedade rural e a força de

42
trabalho. Assim foi o tráfico abolido em 1850, dando o golpe fatal na
escravidão e dinamizando a economia. No mesmo ano, foram promulgadas a
Lei de Terras e o Código Comercial do Império, que consagraram o regime
da grande propriedade e coroavam a obra da construção do Estado Nacional
brasileiro.
E no período de 1865-1870, o custo da guerra deixou uma grande nódoa nas
finanças públicas do Brasil, entretanto essa mesma guerra também estimulou a
indústria brasileira como fábricas de produtos têxteis e o arsenal do Rio,
modernizando a infraestrutura do país, assim o recrutamento, o treinamento, o
fornecimento de vestuário, de armamentos e o transporte organizou ainda mais
o Estado brasileiro.
Assim o regime monárquico acabava vítima de transformações econômicas e
sociais a que não fora capaz de adequar-se. Instaurava-se um novo regime em
que não apenas novas instituições foram adotadas, mas também novas forças
sociais passaram a ter controle sobre o Estado, articulando um novo sistema
de dominação.
A questão dos escravos e os movimentos de abolição – em Maio de 1867,
D, Pedro II anunciou que após a guerra, seriam tomadas medidas para
emancipar os escravos brasileiros, assim estimulando discussão sobre a
reforma política no Brasil.
Desta forma, com o termino da Guerra do Paraguai cresceu no país a
campanha abolicionista, um movimento popular pela libertação dos escravos
que conquistou o apoio de vários setores da sociedade brasileira:
parlamentares, imprensa, militares, artistas e intelectuais.
O fim da escravidão atendia aos interesses dos industriais europeus, que
desejavam ampliar o mercado consumidor para seus produtos – o que seria
possível com o desenvolvimento do trabalho assalariado. Assim, o governo
promulgou nesse período duas leis que emanciparam parcelas da população
escrava do país.

 Lei do Ventre Livre (1871)- declarava livre todos os nascidos de mãe


escrava a parti da data de promulgação. – juntamente, os donos de
escravos, pois tinham a obrigação de alimentar os filhos de escravos, que
seriam “livres”. –

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 Sexagenários (1885) – declarava livres os escravos com mais de 65
anos. – e também seus donos da “inútil” obrigação de sustentar alguns raros
negros idosos... –

Essas leis, não puseram o fim à escravidão, mas permitiu os senhores de


escravos ganharem tempo e adiar ao máximo a abolição definitiva, tornando a
justiça uma arena de luta pela liberdade, impulsionando a libertação em
13/05/1888, com a lei Áurea.
A questão religiosa – foi à proibição do vinculo entre a maçonaria e a igreja
católica em 1864, pela Bulla Syllabus, os maçons não poderiam frequentar a
igreja mesmo que fossem sacerdotes. Portanto, isso ocasionou uma “rusga” no
Estado e o catolicismo, - instituição predominante em todo o período
colonial -.
Assim, através da Bulla em 1872, os Bispos de Olinda e Belém puniram os
religiosos (padres) que apoiavam os maçons.
E D. Pedro II sob a influência da maçonaria suspende as punições e condena
os bispos a quatro anos de prisão, mas em 1875, por intermédio de duque de
Caxias, então ministro recebem perdão imperial, consequentemente fazendo
alguns sacerdotes se aproximarem da ideia de construção de um Estado laico.
– pensamento republicano de quebra do padroado -.

- Movimento Republicano.
Além, destes acontecimentos ocorrendo a parti de 1870, também foi criado o
Partido Republicano no RJ, uma união de segmentos civis e militares mediante
de disputas políticas entre os principais partidos (Saquarema e Luzias).
E uma das suas maiores contribuições foi o Manifesto Republicano que
defendia:

 Fim da vitaliciedade do Sanado.


 Criação do Estado laico.
 Instalação de uma república federativa, garantindo a autonomia das
províncias.

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E em consequência deste, novo “BOOM” de ideias foi criado em 1873, o
Partido Republicano Paulista (PRP) na convenção de Itu, apoiado por
cafeicultores de SP. – mostrando a força OLIGARQUICA que perdurou ao
longo de 1889-1930, Republica Velha -.
A oposição ao império faz efeito, tanto que o governo imperial apresentou uma
proposta à câmera dos deputados um programa de reformas políticas que
incluía:
 Liberdade religiosa.
 Liberdade de ensino.
 Autonomia das províncias.
 Mandato temporário para senadores.

Entretanto, esta tentativa não deu certo, pois a instituição, Monarquia, estava
falida nas Américas e em 15 de novembro de 1889, Marechal Deodoro da
Fonseca depõem o primeiro-ministro visconde de Ouro Preto e proclama a
República no Brasil, com apoio dos dois partidos republicanos (PR e PRP).

República da Espada.

Com o fim do período imperial o Brasil, torna-se uma República ou “República


da Espada” que vai de 1889-1894, para alguns historiadores este espaço
temporal foi caracterizado por uma ditadura militar, pois sendo comandado por
dois marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Assim com a
falência da instituição monárquica no decorrer final da Guerra do Paraguai
(1870) até a lei Áurea (1888), o Brasil passa por turbulências, econômicas,
sociais e políticas, logo este ultimo veio através dos Partidos Republicano
(PR) e o Partido Republicano Paulista (PRP) que apoia Deodoro da
Fonseca em demitir o primeiro ministro Visconde de Ouro Preto, desta forma,
proclamando a república (1889). – o Brasil mudava a forma de governo sem
revolucionar a sociedade – E instituindo o governo provisório e uma de suas
primeiras providencia foi assumir em nome da república todas as divida do
regime monárquico. - essa ação foi para acalmar os países capitalistas –

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Governo provisório (1889-1891) e suas medidas:
 Federalismo – as províncias brasileiras forma transformadas em
estados-membros da federação com a autonomia administrativa em
relação ao governo federal, a capital recebe o nome de Distrito Federal.
 Fim do padroado – separação entre o Estado e a igreja.
 Grande naturalização – todos os estrangeiros residentes no Brasil
seriam legalmente considerados cidadãos brasileiros.
 Bandeira da república – criação de uma nova com o lema “Ordem e
Progresso” de origem positivista, que pregava amor por principio, à
ordem por base e o progresso por fim.
 Assembleia constituinte – para elaborar a primeira constituição da
republica.

Nesta nova conjuntura construtiva, a também o fator econômico, pois o ministro


da fazenda Rui Barbosa em 1890 com o objetivo de incentivar o crescimento
financeiro nacional e o desenvolvimento industrial executa um plano, o
Encilhamento, que permitiu grande emissão de dinheiro por bancos
particulares com a finalidade de aumentar a moeda circulante. Gerando assim,
uma grande inflação e especulação financeira. – os cafeicultores
protestaram contra a reforma, não lhes interessava uma política que
desse mai importância à indústria do que o café –.

A constituição republicana foi promulgada em 1891, consistia em:

 Forma de Estado – federalismo, os estados teriam autonomia para


eleger governador e deputados, cada estado teria sua constituição
própria, não contrariando as normas da constituição federal.
 Forma de governo – presidencialismo, o presidente da republica era
chefe do governo e o chefe do Estado, exercendo o cargo com auxilio de
ministros.
 Divisão dos poderes – foi instituído os três poderes: executivo,
legislativo e judiciário, atuando de modo harmônico e independente
entre si.

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 Voto – aberto para brasileiros com mais de 21 anos, exceto
analfabetos, mendigos, soldados, religiosos sujeitos à obediência
eclesiástica e mulheres.

- A primeira constituição da república foi inspirada na constituição norte


americano Bill of Rights (Carta de Direitos) -.

Governos militares Deodoro e Floriano (1891-1894).

O presidente da república foi eleito, como previsto na constituição (1891), o


marechal Deodoro da Fonseca venceu as eleições de 1891, juntamente com
marechal Floriano Peixoto, vice, sendo o presidente apoiado por alguns
militares e o vice pelos grandes cafeicultores. – na constituição de 1891,
previa a eleição para presidente e para vice-presidente, então Deodoro
tinha como vice o almirante Eduardo Wandenkolk, disputando contra
Prudente de Morais e marechal Floriano Peixoto -.

E sob esta dinâmica de falta de apoio para governar e oposição da oligarquia


cafeeira de SP, que disponha de vários representantes no congresso, Deodoro
resolve fechar o congresso nacional em novembro de 1891, e prender seus
principais lideres. Assim, gerando protestos, os trabalhadores da Estrada de
Ferro Central do Brasil entraram em greve e a marinha brasileira liderada
pelo almirante Custódio José de Melo ameaça bombardear o Rio de Janeiro
com navios de guerra, este episódio ficou conhecido como a primeira Revolta
da Armada (1891). E diante desta situação, o primeiro presidente do Brasil
renuncia o cargo.

Governo de Floriano Peixoto afastou os chefes de governos estaduais


indicados pelo governo anterior, à reabertura do congresso, estimulou a
industrialização facilitando a importação de equipamentos indústrias e a
concessão de financiamento aos empresários das indústrias. Provocando
reações dos fazendeiros tradicionais, defensores da “vocação agrícola” do
país. Juntamente promovendo a reforma bancária, proibindo os bancos
particulares à emissão de dinheiro, passando a ser exclusivo do governo
federal, desta forma, conferindo mais controle sobre o dinheiro em circulação.

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E para conquistar as camadas urbanas Floriano tomou medidas de cunho
popular: baixou o preço da carne e dos alugueis residenciais e aprovou
uma lei que previa construção de casas populares.

Mas, essas medidas não escondia seu lado autoritário, pois a oposição
convocava uma nova eleição como determinava a constituição, entretanto o
presidente permaneceu no poder e cumpriu o mandato. – devido sua maneira
energética de enfrentar seus adversários políticos, Floriano ficou conhecido como
Marechal de Ferro -.

Segunda Revolta da Armada (1892-1893) e Revolução Federalista (1893-


1895).
 No ano de 1892, 13 generais enviaram uma carta manifesto ao
presidente exigindo convocação de novas eleições presidenciais, logo
ao receber o documento, Floriano puniu os militares, afastando-os das
forças armadas e como represália o almirante Custódio José de Melo
(novamente) liderou a segunda Revolta da Armada, mas desta vez a
ameaça se cumpriu e o porto do Rio de Janeiro foi bombardeado.
Entretanto, as forças do Estado apoiado pelo PRP e utilizando as tropas
do exercito conseguiram dominar os revoltosos e impor-se politicamente.
E no mesmo período está ocorrendo no Rio Grande do Sul um violento
conflito entre dois grupos políticos, o partido Republicano Rio-
grandense (PRR) – Pica-paus – e partido Federalista – Maragatos –
este conflito ficou conhecido como Revolta Federalista. – terminando
em 1895, no governo de Prudente de Morais -.

Republica velha.

Podemos considerar a República Velha (República Café com Leite) o período


que vai de 1894 -1930, logo no final do século XIX (1894), os militares deixam
o poder através de eleições, e entrando no jogo políticos ligados a Oligarquia
agrária cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

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A situação política se configurava no aumento de eleitores, decorrência do voto
aberto, não chegando a ultrapassar 3% da população, mas com interferência
dos chefes políticos (Coroneis) que concediam favores em troca de votos,
entretanto quando o eleitor não cumpria sua promessa de votar no candidato
indicado pelo Coronel, ficava sujeito à violência dos jagunços que trabalhavam
nas grandes fazendas, Voto do Cabresto, juntamente com fraudes eleitorais e
falsificação de documentos como: elevação da maior idade de menores,
certificação de afalbetização para analfabetos, titulo de eleitor para finados e
violação de urnas eleitorais.

As oligarquias abrangiam os municípios e governo federal, costurando alianças


através do clientelismo e a corrupção.

“Comissão Verificadora” - órgão do congresso nacional destinado a julgar os


resultados eleitorais – criado sob a regência do legislativo, mas sempre a
serviço do presidente, distorcendo o resultado das urnas – com a pratica
da “Degola”, eliminação de nomes dos adversários.

No mandato de Campo Sales (1898-1902), têm-se inicio o sistema de alianças


entre governadores de estado e governo federal, Política dos Governadores.

Política Café com Leite – as oligarquias agrárias controlavam o poder,


organizados em torno de dois partidos políticos: partido republicano paulista
(PRP) e partido republicano mineiro (PRM). – essa alternância de paulistas
(cafeicultores) e mineiros (criadores de gado) na presidência se inicia em
1894, com Prudente de Morais e termina em 1930, com Washington Luís,
entretanto em 1910 – 1914 houve um presidente militar, apoiado pelos
cafeicultores, Hermes da Fonseca. -

A situação econômica nesta primeira república tem como destaque, o café,


líder de exportação chegando atender 2/3 do consumo mundial – utilizando
mão de obra imigrante assalariada -, assim gerando lucros até a crise de
superprodução, ocasionando queda de preços e acúmulo de estoque em 1905,
chagando a 70% de consumo mundial a ser produzido no Brasil em um ano.

E em decorrência disto, o governo federal implementa em 1906, o Convenio


de Taubaté, o governo comprava o excedente do café com empréstimos

49
realizados no exterior para ser estocado e vendido quando os preços
normalizassem.

A Borracha tornou-se, a parti de 1840, o produto mais procurado dos países


industrializados e o Brasil supriu toda demanda mundial, sendo seu boom no
período de 1891-1918, e seu declínio ocorrendo por causa da rudimentar
exploração e a dificuldade de acesso aos seringais, assim elevando os preços
e a complexidade de atender a demanda do mercado pós-grande guerra.

O Cacau sua produção cresceu em todo o período da Republica Velha, mas


acontecendo uma sistematização produtiva inglesa, acarretando assim a queda
da produção brasileira.

A Indústria seu grande vigor aconteceu na produção cafeeira e muitos


produtores aplicaram parte de seus lucros nas fabricas, fazendo São Paulo o
principal centro econômico e assim, ocasionando o crescente número de
operários nos setores médios e urbanos, pois com os inúmeros acidentes,
baixos salários e longas jornadas de trabalho (15 horas) sem descanso
provocaram protestos e reivindicações, logo as lutas operarias se
organizaram em varias formas, sindicatos.

As lutas operarias, os inúmeros acidentes, baixos salários e longas jornadas


de trabalho (15hs) sem descanso provocaram protestos e reivindicações,
surgindo varias formas de organizações, os sindicatos.

E dentro desta, conjuntura vem despontando-se as correntes políticas,


influenciando o operariado destaca-se:

 Anarquismo – defendiam a existência de uma sociedade que


funcionaria pela cooperação e solidariedade entre as pessoas contra a
exploração patronal.
 Corrente católica – procurava afastar os trabalhadores da influencias
anarquista e socialista.
 Sindicalismo revolucionário – defendia a greve como principal
instrumento de luta dos operários.

A greve de 1917, organizada em São Paulo (sendo a 1° vez cunhado o


termo “Greve Geral” no Brasil) motivado pelo descontentamento dos

50
operários sobre as condições de trabalho e organizado por anarcosindicalista
aliada à imprensa libertária e coordenada pelo Comitê de Defesa Proletária,
os grevistas reivindicavam aumento de salário, jornada de trabalho de oito
horas, direito de associação e liberdade dos grevistas presos. Logo, inspirado,
juntamente coma vitória comunista na Revolução Russa (1917), a fundação
do Partido Comunista (PCB), em 1922.

Sob esse clima de mudanças socioeconômicas acontecendo no Brasil, milhões


de brasileiros (as) permaneciam vivendo na miséria, desta forma, vem surgindo
movimentos, tais como:

 Revolta de canudos (1893-1897) – ocorrido durante o mandato de


Prudente de Morais, na Bahia, sob circunstancias de opressão e
desesperança, Antonio Vicente Mendes Maciel (Antonio Conselheiro),
encontrou um ambiente propicio para suas pregações político-
religiosas, assim conquistando mentes e almas dos sertanejos,
promove a Revolta de Canudos. (messiânico).
 Guerra do Contestado (1912-1916) – movimento ocorrido na fronteira
entre o Paraná e Santa Catarina numa região de disputa (contestada),
a população trabalhava para os fazendeiros locais e duas empresas
Norte-Americanas de exploração de madeira e colonização.
Os problemas sociais e a disputa pela terra agravaram-se quando uma
das empresas passou de contratar trabalhadores de outros estados
para construção da estrada de ferro, pagando salários mais baixos, e
em 1910, a ferrovia ficou pronta, a empresa demitiu todos os
funcionários. Sem casa, sem dinheiro e não ter como retornar aos seus
estados, esta massa de 8.000 desempregados, passou a cometer
delitos, saqueando, invadindo propriedades e até se oferecendo como
jagunços aos coronéis. E neste, âmbito vem crescendo tensões sociais
e políticas na região, fazendo a população (sertanejos) se organizarem
a sombra de dois monges o primeiro João Maria e o segundo José
Maria (messiânico). – o governo acabou com esta revolta com
aviões de bombardeio, pela primeira vez usada como arma de
combate no país –

51
 Cangaço (1875-1938) – a miséria, as injustiças dos coronéis-
fazendeiros, a fome e as secas gerou no nordeste á formação de
cangaceiros (grupos armados, que praticavam assaltos a fazendas e
cometiam assassinatos de pessoas) – na historiografia, o cangaço
é objeto de discussões entre a academia, pois para alguns, foi uma
forma de banditismo e criminalidade e para outros, uma forma de
contestação social -.
 Revoltas no Rio de janeiro – na primeira metade do século XX
acontecem inconformidades na capital da República (Rio de Janeiro),
dentre as quais agitaram a cidade:

Revolta da Vacina (1904) – no governo de Rodrigues Alves os cidadãos do


Rio de Janeiro enfrentavam muitos problemas sociais e saneamento básico, na
visão de Nicolau Sevcenko “A constituição de uma sociedade
predominantemente urbanizada e de forte teor burguês no início da fase
republicana, resultado do enquadramento do Brasil nos termos da nova
ordem econômica mundial instaurada pela Revolução Científico-
Tecnológica de 1870”. (A Revolta da Vacina, pg. 7.).
E o desejo dos primeiros governos republicanos de transformar o Rio de
Janeiro na capital do progresso, para mostrar ao país e ao mundo fez o
presidente ordenar, a reformar e modernização da cidade através da Reforma
Pereira Passos (prefeito do Rio de Janeiro) e combate as epidemias com
Oswaldo Cruz (diretor de saúde pública), decretando a lei da vacinação
obrigatória contra Varíola. E neste “caldeirão de indignações” fervilhando de
descontentamento das pessoas afetadas pela demolição dos cortiços (Reforma
Pereira Passos) e a obrigatoriedade da vacinação fez “transbordar o caldo de
frustrações e revolta” nas ruas da cidade, em um intervalo de três dias de 12 a
15 de Novembro 1904.
Revolta da Chibata (1910) - foi uma revolta militar em que soldados da
Marinha realizaram um motim e tomaram o controle de dois encouraçados que
estavam atracados no litoral do Rio de Janeiro. O estopim da revolta foi à
insatisfação dos marinheiros, que eram submetidos às chibatadas, trabalho
extasiante e má condição de alimentação.

52
Tenentismo (1922 - 1924) – ainda de cunho militar, juntamente com o
descontentamento social contra as oligarquias, o clima de revolta atinge
as forças armadas e difundi-se entre os Tenentes.
Logo, o termo Tenentismo ficou conhecido como movimento político-
militar, que pretendia conquistar o poder através da luta armada e
promover reformas na Primeira República. E suas reivindicações
incluíam:
 Moralização da administração pública.
 Fim da corrupção eleitoral.
 Voto secreto.
 Justiça eleitoral confiável.
 Defesa da economia nacional contra a exploração das empresas e
do capital estrangeiro.
 Reforma da educação pública para que o ensino fosse gratuito e
obrigatório para todos os brasileiros.
O tenentismo tinha a simpatia da classe média, produtores rurais que
não pertenciam ao grupo que estava no poder e empresários.
Assim, em um intervalo de dois anos estoura duas revoltas:
Revolta do Forte de Copacabana (1922) – sendo a primeira revolta
tenentista, pois dezessete Tenentes e um civil decidiram impedir a posse
do presidente Arthur Bernardes, mas foram impedidos pelas forças
governamentais que eliminaram 16 revoltosos, o acontecido ficou
conhecido como “Os Dezoito do Forte” e as revoltas de 1924, que
dentro desta dinâmica tenentista ocorre novas rebeliões em Rio Grande
do Sul e São Paulo, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, tenente
Juarez Távora e Nilo Peçanha (político) e em 5 de Julho tem-se o inicio
da revolta, mas sendo debelado pelas forças governamentais.
Em consequência é formada a Coluna Paulista dissidente rebeldes que
seguiram para o sul e encontrando outra coluna militar, liderado por Luis
Carlos Prestes.

53
Coluna Prestes - foi à união dos militares de
São Paulo e Rio Grande do Sul, revoltosos de
1924, que decidiram percorrer todo o país
pedindo apoio popular para novas revoltas, logo
no intervalo de dois anos (1924-26) a Coluna
Prestes percorreu 12 estados brasileiros, e não
conseguindo provocar ameaça ao governo a Era Vargas.
tropa se desfez, pedindo asilo político na
Bolívia. O período “getulista” se inicia
em 1930, e divide-se em formas
de governo ou fases: Governo
Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Governo
Ditatorial (1937- 1945).

Para entender a Era Vargas precisamos compreender o fim da República


Velha, pois seu termino veio através do enfraquecimento econômico dos
cafeeiros e finalização dos acordos políticos entre lideres de Minas Gerais e
São Paulo – fim da política café com leite -, logo à oposição as oligarquias se
aproveitou do momento para conquistar espaços políticos, formando alianças -
Aliança Liberal – com lideres do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba,
descontentes com a política café c/ leite, assim indicando Getulio Vargas como
candidato a presidente.

Revolução de 30 - acontece envolta de mudanças de paradigma na conjuntura


politica-social do país, o Partido Republicano Paulista (PRP) nas eleições
presidenciais derrota a Aliança Liberal, fazendo a mesma alegar fraude
eleitoral, pois tinham consciência de que era preciso assumir o comando das
transformações, antes que outros grupos sociais o fizessem, levando o povo a
promover mudanças mais Programas de reformas da Aliança Liberal –
instituição do voto secreto, criação de leis
profundas na conjuntura social,
trabalhistas e incentivo a produção industrial.
somando a isso acontece o
assassinato do governador da
Paraíba, João Pessoa, sendo o
estopim para luta armada, Revolução de 1930.

54
Fazendo Getulio Vargas chegar ao poder, chefe do executivo, iniciando o
governo provisório (1930-1934).

Medidas do governo provisório:

 Suspensão da constituição de 1891.


 Fechamento do congresso nacional, assembleias legislativas e câmeras
municipais.
 Indicação de interventores militares para chefiar os governos estaduais –
os interventores eram ligados ao Tenentismo –

Essas medidas geraram problemas, aos poucos o presidente mostrou ações


centralizadoras, preocupação com questões social dos trabalhadores, interesse
em defender as riquezas nacionais. Assim contrariando a oposição política
paulista, que desejava o retorno á República Velha, desta forma,
desencadeando a Revolta de São Paulo (1932).

Revolta de 32 ou Revolta Constitucionalista – para enfrentar o governo de


Vargas a oligarquia paulista e o PRP formaram uma frente única com o Partido
Democrático (PD), que exigiam a nomeação de um interventor civil paulista,
novas eleições e convocação de uma assembleia constituinte. Estas exigências
vieram através de manifestações populares, gerando conflitos e morte de
quatro estudantes: Maragaia, Martins, Dráusio e Camargo, formando a sigla
“MMDC”, símbolo do movimento constitucionalista.

Governo constitucional (1934-1937) – foi marcado com a promulgação da


constituição que mudava alguns pontos, em relação à CF de 1891:

 Voto secreto, as mulheres adquiriram o direito de votar, mas


continuaram sem votar analfabetos, mendigos, militares (praças).
 Justiça eleitoral Após três meses de acirrado conflito o governo
independente. acaba com a revolta, mas realiza a Assembleia
Constituinte para uma nova constituição.
 Direitos
trabalhistas.
 Nacionalismo econômico.

Dentre estes pontos a constituição de 1934, estabelecia que o primeiro


presidente, após sua promulgação seria eleito de forma indireta.
55
Destacamos neste período, os grupos políticos:

- Ação Integralista Brasileira (AIB): organização política que conquistou


empresários, a classe média (uma parcela) e militar (uma parcela), que
combatiam o comunismo e pregava o nacionalismo extremista inspirado nas
ideias fascistas e nazistas.

- Aliança Nacional Libertadora (ANL): frente política contrária ao integralismo


reunia socialistas, anarquistas e comunistas. Seu programa político incluía a
nacionalização das empresas estrangeiras, o não pagamento da divida externa
e a reforma agrária.

- Intentona Comunista foi os dissidentes da ANL, considerada ilegal em 1935,


logo havendo um planejamento de revolta militar contra o governo com
rebeliões em batalhões do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Fazendo setores governamentais radicalizarem em nome do “perigo
comunista”, prendendo sindicalistas, operários, militares e intelectuais.

Governo ditatorial (1937-1945) – o Estado Novo, implementado através do


Plano Cohen (um suposto plano comunista) que fez o Estado decretar o
estado de guerra, fechando o congresso e uma nova constituição (a Polaca).

- DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) - criado em 1939, ligado


diretamente à presidência, encarregado de coordenar a propaganda estatal e
censurar os meios de comunicação.

- Ministério da Educação - criado em 1934, responsável de difundir a


ideologia governista dentro das escolas.

- Movimento cultural - procurava redefinir a cultura brasileira, pregava o


nacionalismo romântico, exaltando o orgulho patriótico transformando em
civismo militar, carnaval.

- 2° Guerra Mundial - Vargas neste período se manteve neutro, e em 1941


inicia acordos internacionais de apoio aos aliados, fornecendo borracha,
minério de ferro e permitiu que militares norte-americanos fossem enviados
para bases militares do nordeste. Logo em troca recebe financiamento para
construção de uma usina siderúrgica em Volta Redonda (CSN). Assim havendo
reação da Alemanha e 1942, submarinos alemães torpedearam e afundaram
56
nove navios brasileiros, matando 600 pessoas, gerando indignação em massa
e no mesmo ano o governo brasileiro declara guerra às potências do Eixo. Em
1943, é formada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), partindo para a
Itália (Monte Castello, Castelnuovo, Collechio e Fornovo) em 1944, sob o
comando do General Mascarenhas de Morais.

- Política econômica – estabilização da situação cafeicultura, estímulo o


desenvolvimento industrial e diversificação da produção agrícola no incentivo
do cultivo de algodão, cana-de-açúcar, óleos vegetais e frutas tropicais.

- Industrialização – estimulou o desenvolvimento industrial, aumentando os


impostos de importação, elevando os preços dos produtos estrangeiros, e
diminuiu os impostos sobre a indústria nacional com a produção e consumo de
produtos nacionais. A política industrial nesse período tinha o objetivo de
substituir importações de artigos estrangeiros por produtos fabricados no
Brasil. Em contra partida houve dificuldades na criação de indústria de base,
voltadas para a produção de maquinas e equipamentos pesados, produtos
químicos básicos e minerais, fazendo o governo intervir na economia, fundando
empresas estatais para atuar na siderurgia e mineração; Companhia Vale do
Rio Doce (1942) e Companhia Siderúrgica Nacional (1941).

Apesar do desenvolvimento, o setor


industrial não superou a agricultura de
exportação. Entre 1942-45, o algodão e o
café voltaram a ser exportados, em
condições favoráveis.

- Política trabalhista – o desenvolvimento urbano de SP e RJ, atraiu um


grande número de trabalhadores rurais oriundos do nordeste, aumentando o
operariado e ampliação da consciência pela luta de seus direitos, desta forma,
o governo percebendo esta força social elaborou uma política trabalhista ,

57
Gerando propaganda política do governo,
apresentando Vargas como “Pai dos pobres”, ou
seja, Populismo.
inspirado na Carta Del Lavoro (Carta do Trabalhador) criada pelo fascismo
em 1943, estas leis sendo consolidadas nas Lei dos Trabalho (CLT).

- Fim do Estado Novo – veio através do fim do nazi-fascismo na Europa,


Vargas decidiu a democratização; fixando prazo para eleição presidencial,
anistia a todos condenados políticos, libertar os comunistas e autorizou o
retorno aos exilados. Assim renascendo os partidos políticos; UDN, PSD, PTB,
PSP e PCB.

E nas eleições de 1945, Vargas apoiou o PSD e o PTB e estimulava um


movimento popular que pedia sua permanência no poder, “queremismo”
apoiado por membros do PTB e PCB. Aproveitando sua popularidade, o
governo decretou a Lei Antitruste em 1945, limitava a entrada do capital
estrangeiro no Brasil, gerando insatisfações das multinacionais e a UDN,
obrigando Getulio Vargas a renunciar.

58
República Populista.

Período democrático ocorrido entre 1946-64 que se divide em dois aspectos:

 Formal – consiste no pluripartidarismo político, autonomia dos três


poderes e liberdade de pensamento/expressão.
 Substancial – alcance dos meios formais; democratização da
educação, do trabalho, saúde publica e acesso à justiça.

Na eleição de Eurico Gaspar Dutra se inicia a formação da Assembleia


Constituinte (1946), composto por representantes do PSD, UDN, PTB e PCB.

A CF de 1946 vem estabelecendo; Democracia (regime político), manutenção


da República (forma de governo), Federalismo (formação do Estado) e
Presidencialismo (sistema de governo).

Características: (*)
Populismo – um conjunto de praticas
 Direito de voto – associadas a políticos no período de 1930-
secreto e universal
64, caracterizando a relação direta e não
institucionalizada entre o líder e as massas,
para maiores de 18
forte nacionalismo econômico, carisma
anos (exceto pessoal, clientelismo e frágil sistema
analfabetos e praças partidário.
das forças armadas). OBS: processo ocorrido na América latina
 Direito trabalhista – no séc. XX.
com garantia
constitucional e
controle dos sindicatos
(herança
“Varguista”).

59
 Mandatos eletivos – presidente com cinco anos, deputados com quatro
anos e senadores com oito anos (sem reeleição).
 Direitos aos cidadãos – liberdade de locomoção, pensamento, crença,
expressão e associação de classe.
 Poderes - ao Legislativo, Executivo e Judiciário a atuação independente
e equilibrado.

(...) o Sr. sabe que na prática estes


direitos não serão incorporados no
cotidiano da maioria dos brasileiros,
permanecendo o distanciamento entre o
país legal e o país real (...)

Eurico Gaspar Dutra


assinando a
constituição em 1946.

- Dutra (1946-50) – marcado pela tensão política internacional durante a


Guerra Fria, aliando-se aos EUA.

 Promulgação da Constituição de 1946 (Constituição Liberal).


 Suspensão do direito de greve, prisão dos lideres sindicais.
 Na economia investiu em setores públicos; saúde, alimentação,
transporte e energia. Elaborando o Plano Salte, pagou a divida externa
adquirida na 2° guerra e acumulou reservas cambiais.
Abandonou o nacionalismo econômico de Vargas, abrindo a economia
às empresas estrangeiras para importação de bens supérfluos;
brinquedos, TV, carros, meias de náilon, geladeiras e rádios.

60
 No âmbito social tomou uma postura moralista, sendo seu primeiro
decreto a proibição da jogatina no território nacional.

- Getulio Vargas (1951-54) – retorna ao poder nas eleições de1950, na


construção de uma figura democrática na retomada de dois parâmetros;

 Nacionalismo priorizando a economia nacional, gerando debates


políticos entre os nacionalistas que apoiavam o governo e os
internacionalistas (entegristas) que defendiam a reabertura da
economia ao capital estrangeiro. Criando a Petrobrás (1953) e
propondo uma lei de lucros extraordinários, que limitava a remessa de
lucros das empresas estabelecidas no Brasil para o exterior, gerando
protestos de opositores e empresários ligados ao capital estrangeiro.
 Trabalhismo em 1954 há autorização de aumento do salário mínimo de
100%, proposta de João Goulart, ministro do trabalho, assim provocando
protesto empresarial.

E com estas medidas gerando protestos dos opositores (parte da UDN e


empresários) e o atentado da Rua Toneleros que faz os militares exigir a
renuncia através do Manifesto dos Generais fez Getulio Vargas se matar
em 24/08/1954.

- Juscelino Kubitschek (1956-61) – o inicio do governo foi marcado por


duas tentativas e golpe promovido pela UDN;

 Através de um argumento jurídico, dizendo que os candidatos


vitoriosos (JK e João Goulart) das eleições, após o período de
transição decorrente do suicídio de Vargas receberam apoio do
comunismo internacional e não tinham maioria absoluta de votos,
logo sendo desarticulado pelo Ministro da Guerra general Henrique
Teixeira Lott.
 A UDN e alguns oficiais da aeronáutica dominaram a cidade de
Santarém no Pará, mas sendo contido pelo governo e numa
habilidade política JK anistiou os envolvidos na conspiração.

61
E findando este período conturbado o governo entra no dinamismo,
modernização / desnacionalização e destacando o “anos dourados”
(conceito construído no momento de prosperidade nacional que
beneficiou a classe média, e difundida pelo radio usado pela grande parte
da população).

I. Modernização – plano de metas (50 anos em 5), construção de usinas


hidrelétricas (Furnas), industria automobilísticas (90% das peças
fabricadas no Brasil), ampliação da produção de petróleo, construção
da rodovia Belém-Brasília e edificação de Brasília, mudando a capital
nacional.
II. Desnacionalização – permitiu as empresas multinacionais instalar suas
filiais no país, assim controlando importantes setores industriais como;
eletrodomésticos, automóveis, produtos químicos e cigarros,
internacionalizando a economia.
criou a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)
em 1959.

O governo de Jk garantiu liberdade democrática, as diversas correntes políticas


manifestavam suas ideias, exceto o PCB, ainda na ilegalidade.

- Jânio Quadros e João Goulart (1961-64) – eleito presidente da república,


sendo naquele período, em função da legislação o chefe do executivo era de
chapa diferente do vice-presidente. Logo Jânio era adversário de João Goulart
considerado herdeiro político do Getulio.

O presidente uma figura marcante de estilo exibicionista; contrario ao


comunismo, aberto ao capital estrangeiro defendia a política externa, assim
reatando relações diplomáticas com a União Soviética e China, desta forma,
provocando criticas da UDN e representantes das multinacionais.

No seu primeiro ano de mandato, condecorou o então ministro da economia de


Cuba, Ernesto Che Guevara com a maior comenda, A Ordem Cruzeiro do
Sul, fazendo a UDN romper com o governo.

62
Com o apoio popular, Jânio não contava com as forças políticas, empresariado
e imprensa. E no segundo semestre de 1961, o presidente toma uma medida
inesperada, renuncia.

Criando uma crise institucional, pois segundo a regra constitucional, o vice


assumiria o cargo, entretanto o mesmo (Goulart) estava em visita oficial à
China comunista. A presidência foi entregue ao presidente da Câmara dos
Deputados, Ranieri Mazzillli.

Surgindo neste, cenário dois grupos antagônicos; empresários, militares e


políticos udenistas que acusava João Goulart de “perigoso comunista” e
lideres sindicalistas, trabalhadores, profissionais liberais e pequenos
empresários, formando a “Frente Legalista” favoráveis a posse.

E sob acirrada disputa foi negociado uma solução, o vice assumiria o poder,
desde que fosse através do parlamentarismo, assim Goulart aceitou e tomou
posse, entretanto a emenda constitucional que estabelecia o parlamentarismo
previa um plebiscito realizado em 1963, que reuniu 10 milhões de votos para o
retorno do presidencialismo.

João Goulart assumindo a presidência de forma integral reforçou o


nacionalismo reformista, formalizando o Plano Trienal de Desenvolvimento
Econômico Social, organizado por Celso Furtado, ministro do planejamento,
com objetivo de:

 Promover melhor distribuição das riquezas nacionais, desapropriando os


latifúndios improdutivos para defender interesses sociais;
 Reduzir a divida externa;
 Diminuir a inflação e manter o crescimento econômico sem sacrificar os
trabalhadores.

Além destas medidas Goulart, em 13 de março e 1964, anunciou um conjunto


de reformas de base:

 Reforma agrária;
 Reforma educacional;
 Reforma eleitoral;
 Reforma tributária.
63
E limitando o envio de dólares das multinacionais para o exterior, Lei de
Remessa de Lucros. Que provocou oposição de grupos políticos ligados ao
empresariado e as multinacionais e em 31 de março de 1964, explode a
rebelião dos militares contra o governo.

Governo militar.
A historiografia classifica o período de 1964-85, como regime militar (ditadura
civil-miltar), sendo o Brasil governado por cinco (05) generais: Humberto de
Alencar Castelo Branco, Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici,
Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo.

Características deste governo:

o O autoritarismo, através de formas legais e legitimas com os Atos


Institucionais (AIs), conjunto de normas superiores decretadas pelo
governo restringindo as instituições democráticas.
o Abandono do nacionalismo com um novo modelo de desenvolvimento
econômico baseado em dois pilares: burocracia técnica estatal (civil /
miltar) e empresarial (nacionais / estrangeiros).

Após a deposição de João Goulart, Ranieri Mazzilli ocupa provisoriamente a


presidência, mas o controle político estava nas mãos do “Comando Supremo
da Revolução”, um triunvirato composto por: Brigadeiro Francisco de Assis,
Vice-Almirante Augusto Rademaker e General Costa e Silva. E como primeira
medida foi decretada o AI1, dava ao executivo o poder de cassar mandatos e
decretar Estado de sitio.

- Castelo branco (1964-67) – governo imediatamente reconhecido pelo EUA,


apoiado por empresários e assumindo o compromisso de combater as ideias
socialistas e comunistas, através da Escola Superior de Guerra.

Na parte econômica elaborou o Programa de Ação Econômica do Governo


(PAEG) de combate à inflação mediante o favorecimento do capital
estrangeiro, restrições ao credito e redução salarial.
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Na política decretou o AI2, extinguia os partidos políticos mantendo Aliança
Renovadora Nacional (ARENA) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a
lei de segurança nacional, o AI3 impedimento das eleições para governares e
prefeitos e o AI4 elaboração de uma nova constituição.

- Costa e Silva (1967-69) – aumento da repressão e manifestações contraria


ao governo com a marcha dos 100 mil, AI5 mais poderes ao presidente,
fechamento do congresso.

Retirou-se do cargo por motivo de doença e o Brasil sendo governado por uma
junta militar composta por ministros do exercito, marinha e aeronáutica por dois
meses.

- Médici (1969-74) – indicado pela Junta Militar promoveu o aumento da


violência e a repressão “anos de chumbo”, usou a mídia televisiva como
veiculo de propaganda (expansão da Globo com rede nacional).

“milagre econômico” a economia cresceu altas taxas anuais com uma política
de arrocho salarial.

- Geisel (1974-79) – indicado pelo alto comando militar e aprovado pela


ARENA, toma medidas de diminuição a censura sobre os meios de
comunicação, garantiu as eleições livres para deputados, senadores e
vereadores (abertura política).

Seu mandato foi marcado pela morte de Vladimir Herzog (1975) e do


operário Manuel Fiel Filho (1976), afastamento do General do II exercito,
recuo na abertura política com a Lei Falcão (limitava a propaganda eleitoral
no radio e na TV), senadores biônicos e desativou o AI5 (1978) e os demais
Atos Institucionais.

Na economia criou o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que previa a


expansão das indústrias de bens de produção, com empréstimos
internacionais. E por fim a eleição indireta para presidente.

- Figueiredo (1979-85) – assume o cargo, sob fortes críticas da sociedade e


assume o compromisso de realizar a abertura política e reinstalar a
democracia, surgindo um novo sindicalismo que promove as primeiras greves

65
lideradas por Luis Inácio Lula da Silva. E os primeiros resultados da
redemocratização foram:

 Anistia (pessoas que estavam no exílio voltaram com seus direitos


políticos reabilitados na sua cidadania, salvo os militares
contrários ao regime que não retornaram às forças armadas).
 Fim do bipartidarismo (ARENA virou PDS e MDB virou PMDB).
 Criação de novos partidos; PT, PDT, PP e PTB.
 Estabelecimento das eleições diretas para governadores.

Havendo avanços tecnológicos como: energia, transporte e comunicações.


Juntamente com problemas sociais:

o Concentração da propriedade rural nas mãos de poucos.


o Educação, as crianças deixam de ir a escola para trabalhar, crescendo
o analfabetismo, desta forma, cria-se a MOBRAL (Movimento
Brasileiro de alfabetização).
o Concentração de renda.

Nova República.
Foi uma síntese de aspirações em torno da cidadania, em detrimento do
fracasso do modelo político-econômico do regime militar, logo marcado pela
inflação elevada, divida externa alta e dividas públicas maiores que a
arrecadação (déficit público) que acarretou insatisfação social de setores
como: partidos políticos, igrejas, entidades cientificas, estudantes,
imprensa, sindicatos e associações empresariais.

Desta forma, reivindicando o fim da ditadura civil / militar e a redemocratização,


através de pressão no congresso para aprovação da emenda constitucional
Dante de Oliveira (estabelecia eleições diretas para presidente e fim dos
colégios eleitorais).

E sob a sombra de grandes manifestações (Diretas Já), a emenda não foi


aprovada, e dando prosseguimento ao processo de abertura política, por meio
de eleições indiretas entre Paulo Maluf e Tancredo Neves.

66
A Aliança Democrática elege Tancredo Neves e José Sarney como vice.

- Sarney (1985-90) – assume a presidência da república após a morte de


Tancredo Neves, o Brasil com o maior índice inflacionário, Sarney implementa
o Plano Cruzado medida econômica de combate a inflação criada pelo
ministro da fazenda Dilson Funaro, que diz sobre:

Congelamento dos preços das mercadorias.


Extinção do cruzeiro e criação de uma nova moeda, o cruzado.
Fim da correção monetária.
Congelamento dos salários que seriam reajustados automaticamente
sempre que a inflação atingisse 20% (gatilho salarial).

Esta forma “draconiana” fez os produtores e comerciantes retirarem seus


produtos do mercado, entretanto o governo continuou implementar novos
planos: Cruzado II, Plano Bresser e Plano Verão.

Assim, em meio a desastradas medidas econômicas, José Sarney assume o


compromisso de convocar uma assembleia constituinte, instalada em 1987.

E um ano de debates no congresso foi promulgada a Constituição de 1988


(Constituição Cidadã), cujo objetivo é reger a democratização, em
substituição dos instrumentos jurídicos criado no regime anterior, tendo sua
máxima “Todos são iguais perante a lei”, em suma:

 Liberdade para o trabalho.


 Livre expressão de pensamento.
 Livre locomoção (direito de ir e vir).
 Eleições públicas diretas.
 Livre participação em partidos políticos.
 Livre crença religiosa.
 Acesso à educação.
 Assistência á saúde.
 Previdência social.
 Direito ao lazer.
 Direito a segurança pública.

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- Collor (1990-92) – presidente eleito em votação direta, após a
redemocratização, sendo como primeiro ato, a economia com um novo plano
para conter a hiperinflação.

Plano Collor, diretriz de bloqueio de contas e aplicações financeiras nos


bancos, confiscou 80% do dinheiro que circulava no país (poupanças) e troca
da moeda de cruzado para cruzeiro.

E em 1992, o presidente sofre uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI),


oriundo de denuncias da imprensa à câmera de deputados que decide apurar
as irregularidades (esquema PC).

E sob grandes manifestações nas ruas (Caras Pintadas), exigindo o seu


afastamento e no ano de 1992, Fernando Collor sofre o impeachment.

- Itamar Franco (1992-94) – vice de Collor, assume o governo combatendo a


inflação com seu ministro da fazenda Fernando Henrique que anunciou o
Plano Real (fez a inflação desabar 50% ao mês, logo sendo o carro chefe
de sua candidatura).

- Fernando Henrique (1995-2002) – principal objetivo do seu governo foi


combate à inflação, administrando o Plano Real.

Promoveu abertura comercial incentivando o fluxo de exportação e importação


(acompanhando a globalização), privatizou empresas estatais dos setores:
telecomunicações, energia elétrica, siderurgia, mineração e petroquímica por
meio de agências reguladoras.

No social o Brasil ficou próximo da universalidade no ensino fundamental e


manteve queda nas taxas de analfabetismo entre a população com dez anos
ou mais, na saúde houve ampliação do atendimento medico melhoria no
saneamento básico e campanhas de vacinação infantil.

68
Em 1997, o congresso aprovou uma emenda constitucional permitindo a
reeleição para chefes dos executivos, assim FHC se reelege em 1998,
enfrentando uma serie de dificuldades.

Historia e Cultura Afro-brasileira.

No período de 300 anos chegou ao Brasil uma média de 4.9 milhões de


pessoas escravizados, oriundas de varias regiões do continente africano, entre
1580-1850.

Sendo dividido em três momentos:

I. Africanos escravizados para Lisboa, Ilhas do atlântico e América


espanhola (1440-1580)
II. Africanos escravizados para o nordeste brasileiro, produção de
açúcar (1580-1640).
III. Africanos escravizados para Salvador e RJ (1690-1850).

Desta forma, a parti do segundo momento (1580-1640) a escravidão africana


vem se impondo como a principal forma de exploração do trabalho na América
portuguesa em detrimento da escravidão indígena. E sob esta conjuntura três
historiadores explicam tais mudanças:

 Fernando de Novais - o tráfico atlântico se tornou um eixo de


acumulação mercantilista europeia. Assim os interesses metropolitanos
no tráfico teriam sido fundamentais para a substituição da mão de obra
indígena pela africana, enquanto a escravização de indígenas seria uma
atividade pouco controlada pela coroa.
 Luís Felipe de Alancastro – dificuldade de estabelecer e regulamentar
o comércio de escravos indígenas fez a coroa incentivar o tráfico
atlântico, se tornando mais lucrativo.
 Stuart Shwartz – declínio demográfico indígena X eficiência africana.

Logo, no intervalo de 270 anos (1580-1850) chega ao Brasil vários povos


africanos como: Banto (Bantu) do centro-oeste africano e os sudaneses

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(Minas, Jejes e Iorubas) da África ocidental. E através de uma simbiose os
africanos sequestrados se tornam “Malungos”, ou seja, companheiro de
mesma condição.

Já os recém-chegados eram denominados de “boçais” (não falavam o


português) e com passar dos anos os africanos ambientados na América
portuguesa eram chamados de “ladinos”, “crioulos”, os nascidos no Brasil.

E como forma de adaptação as pessoas do mesmo tronco linguístico criavam


línguas novas, unindo dialetos africanos e português, juntamente com
crenças*, lendas* e conhecimento práticos* na formação de uma cultura
afro-brasileira, como forma de laços sociais no cativeiro.

Isto é, Iorubá com Iorubá, e Banto com Banto.

Criando formas de solidariedades e autoridades no estabelecimento de normas


de conduta.

- Festas e irmandades negras no Brasil.

No primeiro momento os africanos, crioulos e mestiços praticavam o


catolicismo de modo superficial, misturando crenças originárias aos ritos
eclesiásticos, em uma “ilusão da catequese”.

Através de novas pesquisas foi identificado, o “Catolicismo africano”. Com as


irmandades negras que foram responsáveis por boa parte das devoções,
ocorrido no período escravista inserido ou não como defesa da liberdade e
formação de comunidades negras.

- Religiosidade.

Ao chegarem ao Brasil, os africanos conviveram em grupos sociais para


garantir a sobrevivência, construindo laços de solidariedade e recriando suas
culturas, através da fé. E dentre suas varias crenças destacam-se:

 O Islã - Os africanos muçulmanos chegaram ao Brasil no séc. XIX,


vindos da África ocidental dos estados* de haúças: Kano, Zaria, Gobi e
Ktsina, sendo denominados de “Malês”* palavra de origem “Imalê” que
significa muçulmano em Iorubá.

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 Candomblé – praticas religiosas que remonta ao sec. XIX, de oferendas
aos ancestrais com processo de iniciação dos participantes e as
principais linhagens africanas são denominados Orixás e Voduns e se
comunicam com os devotos por meio da possessão.
 Calundu - Existiu nos séculos XVII-XVIII, representava a prática do
curandereirismo, adivinhação e possessão, tendo sua origem na África
centro-ocidental, Banto.
 Umbanda - Sua prática vem do séc. XX, no RJ, sendo religião afro-
brasileira, a união do Candomblé, Kardecismo, Catolicismo e rituais
indígenas.

- Manifestações culturais na ocupação do espaço público.

Umas das primeiras manifestações culturais promovida pelos africanos


escravizados foi o Batuque* e Capoeira*.

Batuque – era encontro entre Capoeira – prática realizada nos


africanos e crioulos, escravos e centros urbanos por negros de
libertos nas festas do calendário ganho, escravos e libertos de
católico para realizar especificas característica lúdica, a capoeira
manifestações culturais e era considerada uma forma de
possuíam uma relação direta resistência contra roubos
com universo religioso, sendo cotidianos, disputas de poder
utilizadas como meio de entre escravos e libertos e
comunicação com o mundo oposição ao sistema escravista.
espiritual.

Estas duas expressões pode ser


vista como espaço construído para encontros e afirmação de apoio e de
solidariedade entre membros de um mesmo grupo.

- Formas de resistência na América portuguesa.

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Um dos recursos de luta contra a escravidão no Brasil eram as fugas,
quilombos, revoltas e suicídios.

O ato de fugir poderia ter diferentes significados nas sociedades escravista, tais
como:

 Fugas-reivindicatórias – um tipo de greve na busca de pressionar seu


senhor em ouvir suas queixas para considerar suas solicitações.
 Fugas-rompimento – forma mais radical de fuga, desencadeava
insurreições e revoltas.

- Quilombos e mocambos.

No período de 1580-1888, existiram no Brasil dois tipos de agrupamentos de


escravos fugidos:

 Mocambos termo usado até o sec. XVIII.


 Quilombo termo usado a partir do séc. XVIII.

No período das campanhas abolicionistas, houve outros tipos de Quilombos,


marcados pela política do esconderijo e segredo, suas lideranças eram
articuladas politicamente na promoção de Quilombos abolicionistas.

Os escravizados lutaram de todas as formas contra os horrores da escravidão,


como fugas solitárias ou coletivas, quebra de ferramentas, incêndio de
senzalas, liberação de rebanhos, ataque a feitores e o banzo.

Desta forma, onde houve cativeiro houve resistência.

- Escravidão e cidadania no Brasil.

A discussão sobre cidadania acontece no Brasil em 1823, Assembleia


Constituinte, sob a polêmica de ser brasileiro e membros da sociedade
brasileira, desta forma, os africanos não poderiam ter direitos a cidadania e
os crioulos se tornariam cidadãos se conseguisse a alforria.

Assim, através de mobilizações populares como:

 Alistamento em massa de escravizados ao serviço militar.

 Protestos contra as divisões do exercito em categorias raciais.

72
 Igualdade entre etnias nas lutas de independência.

 Revoltas regenciais visando alforrias.

Portanto, estes movimentos gerou o ingresso dos marginalizados


(escravizados) no status de cidadão com direitos civis*, acarretando, a partir
de 1860, ações de liberdade em processos movidos por pessoas que se
consideravam injustamente escravizados.

- Movimento negro, desde a promulgação da Lei Áurea (1888)

até o Brasil República.

na década de 1880 têm inicio uma grande campanha política e popular para o
fim da escravidão com os escravizados, ampliando seus espaços de autonomia
a parti da constituição de 1824, sendo os direitos civis relacionados com o fim
do tráfico negreiro e uma serie de eventos ocorrendo no Brasil e no mundo:

 Movimentos antiescravistas e antitráfico, acontecendo na Europa desde


o final do séc. XVIII.
 Revoltas de escravizados no Caribe (Haiti), em 1791-1804.
 Mobilização pela abolição do tráfico negreiro na Inglaterra (1807).
 Lei Feijó (1831).

Assim, no intervalo de dezenove anos (1831-1850) chega ao Brasil uma média


de 800 mil almas africanas escravizadas, oriundas dos povos: banto, hauçá,
nagô e jeje, em detrimento da falia lei Feijó, que versava a “proibição da
importação de escravos no Brasil, além de declarar livres todos os
escravos trazidos para terras brasileiras a parti daquela data”, pois esta
falácia é demonstrada através ações judiciais movidas contra a ilegalidade da
escravidão e a insatisfação dos sequestrados (africanos), em revoltas, como
Malês (1835) que ampliou a discussão sobre o “perigo africano”, ameaçando
o status quo da sociedade agrária brasileira.

Desta forma, desencadeando o medo da elite, através da lei Eusébio de


Queiros, promulgada em 1850, que erradicava por definitivo o tráfico negreiro,
pois seu criador, sendo um ex-chefe da policia imperial era conhecido pela
repressão aos africanos escravizados.

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- As leis emancipacionistas:

 Lei do Ventre Livre ou lei Rio Branco (1871) determinava que os filhos
de mulheres escravizadas nascidos a partir desta data ficariam livres, e
a criação de um fundo de emancipação para compra de alforria e
reconhecendo o direito do escravizado de juntar dinheiro independente
da vontade de seu dono, assim rompendo as políticas de domínio.
 Lei Saraiva-Cotagipe ou Sexagenário (1885) – estabelecia liberdade
aos escravizados que tivessem mais de sessenta anos de idade e
normas para libertação gradual dos cativos, mediante indenização.

Esta última lei foi elaborada pelo gabinete liberal, presidido pelo Conselheiro
Saraiva, porém, só foi aprovada no senado quando o grupo conservador,
liderado pelo Barão de Cotegipe, voltou ao poder. Demonstrando a
artimanha do Estado para retardar a abolição, entretanto a “Confederação
Abolicionista” vem enfraquecendo a legitimidade escravocrata em todo o
país a exemplo disto, ha abolição decretada em 1884 nas províncias do
Amazonas e Ceará, e em 1887 a solicitação do Marechal Deodoro da
Fonseca ao governo imperial pedindo que o Exército não fosse convocado
para “caçar” os escravos fugidos e somando-se a isso ha manifestação
pública da Igreja Católica em favor da abolição.

E como “brisa de varão” no carnaval de 1888 no RJ, as sociedades


carnavalescas levaram carros alegóricos, exaltando a liberdade que
acarretou alguns meses depois assinatura da lei de Ouro em 13 de maio
de 1888 – em um domingo -.

- Mobilização negra nas primeiras décadas republicana .

Os primeiros passos da República, o Brasil entra em uma mudança de


paradigma.

A elite perde sua mão de obra escravizada e para manter sua hegemonia,
importam teorias raciais criadas da Europa e Estados Unidos, que chegam
ao país na 2° metade do séc. XIX, repercutindo no status de cidadão da
exorbitante quantidade de pessoas que viveram sob a condição de
“mercadorias”, escravos, desta maneira, o período de 1870-1930 as ideias

74
eram contrárias ao “status da pureza de sangue” em voga no quartel
colonial que associava o termo “raça” a religião em uma dinâmica de
descendência, fundamentada em interpretações oriundas da Bíblia, em uma
forma de estruturação das relações entre portugueses e africanos.

Portanto, o momento supracitado vem ganhando uma conotação cientifica


pautado em argumentos biológicos, que relacionava características físicas
dos seres humanos à capacidade intelectual. Desse modo, a humanidade
passou a ser classificada a partir de estágios civilizatórios, sendo a Europa
o modelo de sociedade mais adiantada, em detrimento do “resto”
considerado atrasado e “bárbaros”.

Um exemplo desta relação é descrito na definição do Conde de Gobineau


no séc. XIX “negro fleumático, relaxado, cabelos preto e crespo, pele
acetinada; nariz achatado, lábios tumbidos, engenhoso, indolente,
negligente. Unta-se com gordura e governado pelo capricho”. Assim,
este conceito construído no “velho continente” desencadeou uma serie
argumentos explicativos descritos em quatro tópicos, sobre a “ciência
racial”, que perdurou na sociedade brasileira através de um pseudo
cientificismo:

I. Havia raças diferentes entre a humanidade.


II. A “raça branca” era superior a “raça negra”.
III. Havia relação entre características físicas, valores e comportamento
nas “raças”.
IV. As “raças” estavam em constante evolução.

E diante desta conjuntura racialista, os afrodescendentes promovem revoltas e


manifestações, marcando sua presença política tais como:

 A Guarda Negra (1888-89).


 Guerra de Canudos (1896-97).
 Instituições educacionais (colégio São Benedito em 1902).
 Revolta da Vacina (1904).
 Sucesso de Eduardo Neves (1808) musico negro.

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 Eleição de Monteiro Lopes (1909) primeiro deputado negro.
 Revolta da Chibata (1910).
 Times de futebol (Cravos vermelhos, São Geraldo e Onze Galos pretos).
 Grupos carnavalescos.

- Movimento negro no Brasil republicano.

São as primeiras organizações políticas criadas entre 1920-30, com o intuito de


informar e denunciar a discriminação racial, por meio de periódicos chamados
de “imprensa negra”, sendo o embrião da FNB.

Frente Negro, criada em 1930 foi a mais importante estrutura do movimento


negro brasileiro no inicio do séc.XX, chegando a reunir 40 mil associados.

De forte caráter nacionalista e inclinação fascista. A FNB serviu como


referencial para luta contra o racismo no Brasil e exterior.

Portanto ao longo do séc. XX houve três fases do movimento negro brasileiro:

1° fase - “assimilacionista” (não tinham pretensão de transformar a


ordem social) da 1° República (1894) até o Estado Novo (1937), com a
criação e consolidação da Frente Negra Brasileira (FNB) como força
política em âmbito nacional de inclusão do negro na sociedade.
2° fase – período de redemocratização até golpe civil-militar (1964),
criação da União dos Homens de Cor (UHC) em 1943, Teatro
Experimental do Negro (TEN) em 1944 por Abdias do Nascimento e a
realização da I e II Convenção Nacional do Negro (1945 e 1946).
3° fase – abertura política (1974), criação do Movimento Negro
Unificado (MNU) em 1978.
Logo, esta última fase sendo fundamental na consolidação do
movimento negro contemporâneo, influenciando outras organizações
negras, em consonância com o pensamento de Grada Kilomba “(...) a
margem não deve ser vista apenas como espaço periférico, um
espaço de perda de privação, mas sim um espaço de resistência,
espaço de abertura radical (...)”.

- Cronologia:

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 1873 - Formação da Associação Beneficente Socorro Mutuo dos
Homens de Cor, na Corte (Rio de Janeiro).
 1880-1888 - Fugas em massa de escravos, principalmente nas
áreas cafeeiras do Vale do Paraíba e do oeste paulista.
 1884 - Abolição nas províncias do Ceará do Amazonas.
 1886-1888 - Campanha abolicionista radical em varias cidades,
envolvendo comícios, periódicos e formação de quilombos
urbanos.
 1888 - Abolição da escravidão em todo território nacional.
 1888-1889 - Formação da Guarda Negra e mobilização da
população negra em varias cidades contra a propaganda
republicana e os ataques a Princesa Isabel e a Monarquia.
 1903-1915 - Surgem vários periódicos, especialmente nas
cidades de São Paulo e Campinas.
 1924 - Surge o jornal o Clarim d'Alvorada, criado por Jayme de
Aguiar e Jose Correia Leite.
 1926 - Mobilização para a construção do monumento a "Mãe
Preta".
 1928 - Campanha contra o decreto do governo paulista proibindo
o ingresso dos negros na Guarda Civil de São Paulo.
 1929 - Fundação do Centro Cívico Palmares.
 1931 - Surge a Frente Negra Brasileira, em 16/12.
 1932 - Indicados pela Frente Negra, cerca de 200 negros
ingressam na Guarda Civil de São Paulo.
 1932 - Mobilização da população negra, através da Legião Negra,
para participar da Revolução Constitucionalista de São Paulo.
 1932 - Fundado o Clube Negro de Cultura Social.
 1933 - Surge o periódico A voz da raça, porta-voz da Frente
Negra Brasileira.
 1936 - A Frente Negra Brasileira obtém o registro como partido
político.
 1937 - Fechamento da Frente Negra Brasileira na ditadura
Vargas.

77
 1938 - Cinquentenário da abolição.
 1943 – criação da UHC.
 1944 – criação do TEM.
 1945-46 – realização do I e II Convenção Nacional do Negro.
 1978 – criação do MNU e lançamento da Carta aberta à
população, “Por uma autentica democracia racial”.

História e cultura dos povos indígenas brasileiros.

- O conceito.

Índio* é todo individuo reconhecido como membro por uma comunidade de


origem pré-colombiana que se identifica como etnicamente diversa da nacional
e sendo considerada indígena pela população brasileira com quem está em
contato.

Relacionados em três aspectos históricos:

a) Tamanho de grupos fundadores.

b) Dinâmica demográfica.

c) Contatos e migração específicos.

- A origem.

Os pesquisadores* identificaram que os primeiros humanos no Brasil


chegaram, através de processo migratório há 12.600 anos, advindos da
Oceania.

- Os descendentes.

 Caçadores e coletores – região central e nordeste, há 5000 e 2500


anos, habitantes das cavernas e florestas subtropicais do sudeste há
7300 anos, tradição Humaitá.

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 Concheiros – litoral das regiões sul e sudeste há 6000 anos, habitantes
dos sambaquis.

 Agricultores e ceramistas – região amazônica há 3500 anos,


Ananatuba, Ilha do Marajó há 1800 anos, Marajoara, Sul (RS) há 1500
anos, Itararé, Litoral sudeste e nordeste há 1500 anos, Tupis-
Guaranis*.

 Os proto-guarani – teriam rumado para sul via Madeira-Guaporé e


atingido o rio Paraguai, espalhando-se ao longo de sua bacia, desde o
inicio da era cristã.

 Os proto-tupinambá – desceu o rio Amazonas até sua foz, expandindo-


se pelo litoral, entre 700-900 d.c e 1000-1200 d.C.

- Os guaranis.

É a união dos povos (protos), e sidos os primeiros a encontrar os “alienígenas”


(europeus).

Na atualidade, os Guaranis* são a segunda maior etnia indígena no Brasil,


com 30 mil pessoas, composta por quatro subétnicos:

 Caiová(Kaiowá).

 Chiriguano.

 Embiá(Mbyá).

 Nhadeva(Ñandeva).

- Integração.

O antropólogo Darcy Ribeiro, elaborou uma divisão dos grupos indígenas com
base, no contato com a sociedade, a partir das tribos que sobreviveiro.

 Grupos isolados – arredios, cujo território não foi alcançado pelas


frentes de expansão.

 Grupos em contato intermitente – tribos em regiões de baixa


intensidade demográfica, como Amazônia e centro-oeste.

79
 Grupos em contato permanente – que conservam certos elementos da
tradição ancestral, como língua, cultura material e outros.

 Grupos integrados – tendo transitado pelos estágios anteriores, ou


passado diretamente do primeiro ao último, perdendo a língua e outras
características tribais e raciais, com forte ligação e lealdade à sua
identidade indígena.

- Conhecimentos e saberes indígena.

São construídos a partir da experiência acumulada de milhões de pessoas, ao


longo de milhares de anos como: culinária*, crenças*, farmacopeia* e
experiências*.

A “natureza” é uma ideia ocidental, não aplicável a todos os povos do mundo,


logo para os índios brasileiros, este conceito torna-se abstrato, pois contém
“alma” e tudo o que a compõem são animados, desta forma, há uma complexa
negociação entre ambos.

80
Bibliografia:
Cotrim Gilberto (História Global Brasil e Geral. 2005).

Fernando Aquino (Sociedade Brasileira: Uma História. 2000).

Schwarcz Lilia M. (Brasil Uma Biografia. 2009).

Wehling Arno (Formação do Brasil Colonial. 1994).

Fausto Boris. (História Concisa do Brasil. 2006).

Nepomuceno Brasil Eric, Mendonça Camila (O Negro no Brasil, cap. sete,


pg. 73).

Dantas Carolina Vianna (O Negro no Brasil, cap. Oito, pg. 85).

Pereira Araujo Amilcar (O Negro no Brasil, cap. Nove, pg. 99).

Gomes Santos Flavio (Negros e Política 1888-1937, pg. 67).

Kilomba grada (Memórias da Plantação episódios de racismo cotidiano,


pg. 33).

81

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