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HISTÓRIA COLÉGIO NAVAL, 2018.

Colibri 2018
Apostila I, Brasil colônia.

Projeto Colibri.
Prof. Jocimar Vieira.
Sumário
Apostila I, Brasil colônia. ............................................................................................................... 0
Capitanias hereditárias. ............................................................................................................. 2
Brasil colônia, expansão geográfica. ....................................................................................... 3
A penetração da Amazônia. ..................................................................................................... 4
As Bandeiras. .............................................................................................................................. 8
Bandeirismo de apresamento desenvolvimento e apogeu. ................................................. 9
Bandeirismo de apresamento, o declínio. ............................................................................ 11
A conquista do Sul. Parte I, o olho que tudo vê. ......................................................................... 12
A conquista do Sul, parte II. Reconquista das terras de Sauron. ..................................... 13
Tratados e Limites. ................................................................................................................... 14
Guerras no Sul 1763-1777, A Grande Tempestade das Terras Austrais. ...................... 17
Continuação guerras no Sul. ....................................................................................................... 18
Invasões Estrangeiras, período colonial. ..................................................................................... 20
Os Franceses................................................................................................................................ 21
Os Ingleses................................................................................................................................... 22
Os holandeses. ............................................................................................................................ 24
A vida cultural e artística nos séculos coloniais. ......................................................................... 25
Exercícios. .................................................................................................................................... 26

1
Capitanias hereditárias.

Conceito luso de colônia: As políticas mercantilistas levaram a coroa


portuguesa a colonizar a nova terra, em uma forma de
explorar (colônia de exploração1) para abastecer a
(1)
metrópole com produtos coloniais: Pau-brasil, açúcar, café e Interesse apenas de
explorar os recursos
tabaco, (usando mão de obra escrava em regime de
naturais da colônia
plantaion). para enriquecer e levar
todo o lucro do seu
E com uma transição do velho para novo mundo em um país de origem, assim
contexto de explorar, que a expedição de Martim Afonso de não há preocupação
com a terra colonizada.
Sousa 1530-1533, representou um momento (de analisar as
potencialidades econômicas da terra e garantir o domínio
português, desta forma marcando o encerramento da etapa pré-colonial),
em mudança entre o velho e novo mundo.
Assim dividindo o Brasil em 15 quinhões, por uma série de linhas paralelas ao
equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas, sendo as porções
entregues aos chamados Donatários (era um título dado à pessoa a quem
era concedida a donataria de um determinado território, numa concepção
tardo-feudal que implicava que o poder do rei era delegado nessa pessoa,
que, a troca do pagamento de determinadas imposições, recebia o
encargo de administrar esse território, procurando a sua colonização e o
aproveitamento dos seus recursos).

A doação: os donatários receberam uma concessão da Coroa, pela qual se


tornavam possuidores, mas não proprietários da terra (não podiam vender ou
dividir a capitania, cabendo ao rei o direito de modifica-la ou mesmo
extingui-la). Ao instituir as capitanias, a Coroa lançou mão de algumas
fórmulas cuja origem se encontra na sociedade medieval europeia, como...
A do direito concedido aos donatários de obter pagamento para licenciar a
instalação de engenhos de açúcar, igual às banalidades (eram tributos da

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época feudal pagos pelo servo para utilização de bens de propriedade do
senhor feudal, pela utilização de equipamentos e sua instalação, pois o
senhor feudal detinha todos estes equipamentos) pagas pelos lavradores
aos senhores feudais.
Mas, não deu certo pois, as capitanias representaram uma tentativa transitória
e ainda tateante de colonização, com objetivo de integrar a colônia à economia
mercantil europeia (ou Mercantilismo, foi um conjunto de práticas
econômicas desenvolvido na Europa na Idade Moderna, entre o século XV
e o final do século XVIII. E deu origem a um conjunto de medidas
econômicas diversas de acordo com os Estados. Caracterizou-se por uma
forte intervenção do Estado na economia. Consistiu numa série de
medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a
formação de fortes Estados-nacionais). Com exceção das capitanias de São
Vicente e Pernambuco, as outras fracassaram, por falta de recursos,
desentendimentos internos, inexperiência, ataques de índios, logo sendo
retomadas pela Coroa, ao longo dos anos através de compra e subsistindo
como unidade administrativa, mudando seu caráter, por passarem a pertencer
ao Estado (acontecendo na segunda metade do séc. XVIII (1752-54),
Marques de Pombal completou praticamente o processo de passagem
das capitanias do domínio privado para o público).
Diante, destas circunstâncias do mau desempenho e dificuldades do sistema
de capitanias, a coroa, resolveu providenciar uma reformulação administrativa
nas terras brasileiras com a instalação do Governo Geral.

Brasil colônia, expansão geográfica.


O Mercantilismo como sistema econômico que mudou o mundo no Brasil
colônia, logo o desenvolvimento do território brasileiro no período colonial tem
como base, (o mercantilismo).
E sua expansão geográfica vem através das necessidades (econômicas da
metrópole (Portugal)).
O reino Luso acompanhava o mercado, (europeu).

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E com isso precisou mudanças, (na sua maior colônia (Brasil)).
Na distância e nas diferenças, (das capitanias hereditárias em especial São
Vicente e Pernambuco).
Destas duas capitanias, exemplificaremos a exploração do Pau-brasil e a
(Mapa 1)
produção de cana de açúcar concentrado no litoral.
O início do processo de interiorização acontece no século XVII, com o
desenvolvimento da pecuária e exploração das drogas do sertão. (Mapa 2)
Já, a parti da segunda metade do século VII, temos a corrida do ouro, que
proporciona a ocupação do centro-sul. (Mapa 3)
Logo nossa atenção, será voltada para estas particularidades de expansão
geográfica.

A penetração da Amazônia.

A interiorização para Oeste (Amazônia), no Brasil colônia se dar sob a


conjuntura da União Ibérica (a junção de Portugal e Espanha no período de
1580-1640), que favorece a penetração lusitana mais intensa na região. Assim
em 1615, após a expulsão definitiva dos franceses de São Luís do Maranhão,
foi entregue ao capitão Francisco Caldeira de Castelo Branco o comando de
uma expedição composta por cerca de 150 homens, que tinha o objetivo de
fundar um estabelecimento fortificado na foz do rio amazonas.
E um ano depois (1616), nas margens a baia de Guajará foi criado o Forte do
Presépio, a base da cidade portuguesa, Santa Maria de Belém do Grão-Pará
(foi o ponto chave para o domínio português na região amazônica, e
também ressaltar que o avanço luso na região apresentou um nítido
interesse de “marcar os pontos extremos das coroas Ibéricas”, mesmo na
condição de unificadas, como então ocorria). (Mapa 1)
Já em 1617, ocorreram os primeiros conflitos (podemos entender como a
primeira revolta nativista) com tribos tupinambás que viviam na região,
comandados por Guaimiaba, o Cabelo de Velha, os nativos não conseguiram
impedir o crescimento populacional de Belém e a formação de expedições ao
interior da Amazônia. (Imagem)

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Os conflitos com as tribos tupinambás podem ser explicados pela pressão dos
colonos portugueses em favor da utilização da mão-de-obra indígena como
escrava, com a criação do sistema de capitães de aldeia (representantes
judiciários, que exerceria a fiscalização do pagamento do salário aos
índios, atuando ainda como juízes criminais e civis. Além de outras
coisas, como empreender a distribuição e aluguel dos índios entre
(imagem)
colonos, missionários e o serviço real da Coroa portuguesa) , em
1611, que permitiu o controle sobre o trabalho indígena através do emprego
forçado de índios mediante o pagamento de baixos salários.
Além disso eles poderiam organizar tropas de resgate (expedição que
pretendiam resgatar os nativos que estivessem real ou presumidamente,
escravizado por outros) para realizar escambo junto aos indígenas aliados e
efetuar a guerra justa (quando a acusação e comprovação de atos
desumanos, como a antropofagia ou resistência a autoridade colonial
portuguesa justificavam o ataque militar às aldeias e a escravização dos
nativos), a parti desse momento o conflito com os tupinambás passou a ter
como eixo central o domínio do interior do Amazonas.
Destacou-se neste período a expedição de Pedro Teixeira, entre 1637-1639,
que garantiu a conquista lusa do sertão amazônico através da fundação do
povoado de Franciscana, na junção do Solimões e Aguarico, marco da futura
posse lusa na região.
E em 32 anos de guerras (1616-1648) os portugueses efetivaram uma guerra
sem trégua aos seus adversários europeus, que avançavam sobre, a área que
os colonizadores lusitanos haviam definido como integrante, inicialmente do
Estado o Brasil e, posteriormente Estado do Maranhão (formado pelas as
capitanias do Maranhão, Ceará e Pará entre 1621 e 1652).
E após a derrota dos holandeses e ingleses, iniciou-se um avanço pelo vale
amazônico, desencadeando em fins do séc. XVII e início do XVIII a novos
conflitos, contra os espanhóis (com o fim da União Ibérica, os espanhóis
reivindicaram sua posse sobre terras portuguesas, e contra os franceses,
que, descendo por Caiena, desejavam o controle de Macapá).
E com o domínio garantido, a coroa portuguesa buscou sistematizar a
exploração econômica da região.

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Continuação:

Em busca de novas riquezas.

A necessidade de estimular o ingresso de imigrantes português na Amazônia,


somada ao resultado do Tratado de Haia de 1661(também chamado de Paz
de Haia, foi um trado de paz firmado entre Portugal e a República das Sete
províncias Unidas dos Países Baixos (atuais países baixos), assinado em
Haia em 06/08/1661, com a assinatura do tratado os territórios
conquistados pela Holanda no Brasil, renomeados como Nova Holanda
ou Brasil Holandês foram formalmente devolvidos a Portugal em troca de
uma indenização de quatro milhões de cruzados), que resultou na perda de
grande parte das suas possessões nas Índias Orientais para Holanda, levou a
coroa a incentivar a extração das drogas do sertão (cacau, gengibre,
pimenta, algodão silvestre, salsaparrilha, baunilha, sementes
oleaginosas, anil, madeira de lei, além do cultivo de produtos similares ao
cravo e à noz-moscada)(imagem)
Com o objetivo de garantir a exploração das drogas, o reino luso procurou criar
incentivos através de concessão de privilégios fiscais e isenções tributarias,
(imagem)
além disso, na medida... (esse é um exemplo, a narrativa da
Historiadora, Maria Beatriz Nizza da Silva, que mostra o quanto as drogas
do sertão foi importante, para economia do Brasil colônia).

E com a atividade extrativista das drogas, a Amazônia conviveu com


organização de bandeiras (e com a maciça presença portuguesa na região
com lendas de cidades cobertas de ouro e minas perdidas junto a tribos
(imagem)
hostis na selva) que avançavam em direção ao interior em busca de
ouro, prata e pedras preciosas.

(Imagem) ...
(Antônio Raposo Tavares, o Velho, foi um português, bandeirante
paulista, que expandiu as fronteiras brasileiras às custas dos domínios
espanhóis. Muito serviu a D. Francisco de Sousa, e por isso foi aclamado
cavaleiro da Casa Real. Teve diversos cargos na vila de São Paulo e foi
ativo sertanista).

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Inicialmente, a ocupação do território amazônico revestiu-se de um caráter
militar, com formação de núcleos urbanos em torno da fundação de fortes ao
longo do rio (Ocorrendo em Belém (fundada em 1616) e Manaus, que
surgiu após a fundação do forte São José do Rio Negro em 1669)),
assegurando a presença e a posse lusa sobre a área, além de ter ampliado as
fronteiras da colônia, rompendo com o mapa desenhado por Tordesilhas em
1494.
A Igreja Católica também marcou a sua presença (com as ordens religiosas
que se estalaram, as principais foram a dos Carmelitas (1627) e dos
Jesuítas (1636)) no processo de ocupação, através da catequização das
populações indígenas, o que garantiu a submissão destas à autoridade colonial
portuguesa.
Os missionários (as missões tornaram-se uma peça-chave para o
reagrupamento e reconstrução de uma identidade cultural) acreditaram ser
capaz de estruturar uma sociedade que proporcionasse um método alternativo
à escravidão para a assimilação, catequização e utilização do trabalho
indígena.

O aldeamento dos índios nas missões resultou na formação de mão-de-obra


mais bem qualificada, agravando as tensões (A igreja e colonos
disputavam o comercio exportador das drogas para a Europa, pois era a
principal fonte de recursos da região amazônica) com colonos portugueses,
que sofriam com a escassez de trabalhadores nativos na extração de drogas
do sertão.
Assim por diversas vezes, a coroa, foi chamada a intervir na disputa e
apoiando os colonos, como, por exemplo, na expulsão dos Jesuítas do
Maranhão em 1661 e em 1684, o que permitiu a transferência dos índios das
missões para o controle privado dos colonos. (Desta forma, a igreja, ainda
que sob criticas e conflitos, assumiu o papel de auxiliar direto do Estado
na empresa colonizadora amazônica através do aldeamento dos índios
nas missões).

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As Bandeiras.

(Imagem) ...
(além desta queda de produção podemos acrescentar as
condições climáticas adversas da região litorânea, pois no planalto o
clima era mais atraente para os colonizadores europeus).

As entradas e bandeiras (tem seu início quando Martim Afonso de Sousa


aportou em São Vicente em 1532, a caça aos índios já era praticada na
região com alguns portugueses, que desde os
primórdios da colonização do Brasil promoviam
resgates de escravos e de prisioneiros de guerra dos (1) (em latim Bellum
índios (guerra justa)1, transformando aos poucos aquele iustum ou jus ad
bellum) é um
escambo em trafico de escravatura) foram expedições de modelo de
desbravamento territorial, que ocorreram no Brasil Colônia pensamento e um
entre os séculos XVII e XVIII. conjunto de regras
de conduta que
E a diferença delas se caracteriza como:
define em quais
 Entradas (as primeiras entradas foi a do mesmo condições a
(Martim Afonso de Sousa) em 1531, quando a guerra é uma
armada aportou na Guanabara e enviou quatro
ação moralmente
aceitável.
homens ruma ao sertão) eram expedições oficiais O conceito foi criado por
Agostinho de Hipona (354 - 430)
(organizadas pelo governo) que saiam do litoral em
direção ao interior do Brasil

 Bandeiras: eram expedições organizadas e financiadas por particulares,


principalmente paulistas. Partiam de São Paulo e São Vicente
principalmente, rumo às regiões centro-oeste e sul do Brasil.

E no contexto de fim de União Ibérica (Portugal passou por uma grande crise
econômica com este rompimento e a decadência da indústria açucareira com a
concorrência antilhana, assim nesta conjuntura vamos avaliar o “BBS”) vamos
tentar compreender as três principais bandeiras:
 Bandeirismo prospector (busca de metais preciosos).

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 Bandeirismo apresador (apresamento de índios).
 Satanismo de contrato.
Desta forma, entenderemos o porquê dos moradores do planalto voltaram-se
para as áreas interioranas, onde tribos nativas eram um rentável atrativo, e
possibilidades de se encontrar metais preciosos.
Tornando-se esta região um núcleo irradiador da atividade bandeirante ou
“capital do Bandeirantismo na colônia” (o clima tropical, temperado pela
altitude, em contraste com o interior quente e o litoral tropical e favorável
as doenças e com altitude de 750 metros em relação ao mar sob o tropico
de capricórnio, permitiu São Paulo ser a esta capital...)

Bandeirismo de apresamento desenvolvimento e apogeu.

A historiografia relata o primeiro momento de guerras entre índios e colonos no


planalto paulista como bandeirismo defensivo (tinha o objetivo de proteção
dos colonos contra os ataques indígena.)
Motivo esse, que no período que compreende as três primeiras décadas (1554-
1584) de existência da Vila de São Paulo, a província, sofre constantes
ataques indígenas (assim durante estes conflitos os paulistas
aproveitaram prisioneiros de guerra como mão de obra-escrava...).
Desta forma, os paulistas passam à ofensiva
organizando expedições pelo interior em busca de (1) É a designação dada à
cativos, tornando-se assim, Bandeiras de parcela do clero da Igreja
Católica Romana que
apresamento, sob a chancela da Igreja (continha desempenha atividades
voltadas para o público em
presença de capelães de outras ordens religiosas, geral e que vive junto dos
como as carmelitas e o clero secular1, que leigos, exercendo as mais
variadas formas de
frequentemente participaram das expedições, seja apostolado e
assegurando a
na organização ou no decorrer da marcha. administração da Igreja.
Assim como os colonos, os religiosos também
estavam sujeitos à precariedade material do
planalto, precisando encontrar no sertão o remédio para sua pobreza.).

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Mas, foi na primeira metade do século XVII, que o bandeirismo de captura
teve seu apogeu, tornando a vila de São Paulo...
Na realidade, a bandeira, foi um empreendimento militar (que representou
uma das atividades econômicas mais dinâmicas do planalto paulista)
organizado por várias famílias.

(Imagem)
(chegando a contar com apoio de autoridades régias, como a do 7°
governador-geral, D. Francisco de Sousa (1591-1602), que interessado na
descoberta dos metais preciosos, incentivou as bandeiras paulistas
enquanto permaneceu no cargo durante a União Ibérica).
Esta, instituição espraiou-se para o Sul e sudeste, defrontando com a
expansão missionaria dos Jesuítas castelhanos no sul da colônia que
margeava a bacia do Prata (pertencente administrativamente à província do
Paraguai (1607), constituída pela área correspondente ao sul da Bolívia,
ao Paraguai e a Argentina.).
Povoada de índios aldeados, pacificados e aculturados (quando duas
culturas distintas ou parecidas são absorvidas uma pela outra, formando
uma nova cultura diferente. Além disso, aculturação pode ser também
entendida como a absorção de uma cultura pela outra, onde essa nova
cultura terá aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida) pelos
“Inacianos”.
Assim, não oferecendo resistência. (Imagem)
Portanto no auge da união das coroas ibéricas sob o domínio dos Felipes,
houve uma maior aproximação e contatos entre as colônias sul-americanas,
espanholas e portuguesa separada pelo meridiano demarcador.
Pois este estreitamento decorreu por causa dos vicentinos, que incursionou as
terras de castela que estava com sua atenção voltada para o Peru (Potosí).
(Vídeo)
Assim, mostrando o desenvolvimento e clímax do Bandeirismo apresador.

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Bandeirismo de apresamento, o declínio.

A derrocada do bandeirismo de captura tem, seu inicio na segunda metade do


sec. XVII, quando deixa de existir a maioria (mas os paulistas continuaram,
por algum tempo os ataques às terras jesuíticas mais além do Paraná,
com auxílio do bispo do Paraguai em 1640, D. Bernardino de Cardenas,
inimigo dos jesuítas e também governador da região, assim facilitando o
empreendimento vicentino) das grandes expedições de apresamento que
marcou este período.
Ainda concorrendo com o fim desta empresa temos:
 A restauração lusitana em 1640 (que tornou mais rígida as fronteiras
entre América espanhola e a portuguesa).
 O termino do poderio Holandês no Nordeste e no Atlântico.
 Reconquista de Angola em 1648 (que permitiu aos portugueses o
abastecimento dos mercados negreiros do Brasil, logo
normalizando o fornecimento do negro africano para lavoura da
cana-de-açúcar em detrimento da escravização ameríndia).
As consequências do bandeirismo de apresamento resumem-se em:
 A manutenção e a sobrevivência do núcleo social paulista.
 O fornecimento de braços para as lavouras de cana-de-açúcar (em
detrimento dá interrupção do tráfico negreiro no período de
domínio Holandês na costa africana (Angola)) da região facilitando o
povoamento.
 O recuo da expansão castelhana representado pelos jesuítas rumo ao
Atlântico.
 A conquista e o alargamento territorial do Brasil no sul e sudeste.

(Imagem)

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A crise do apresamento não impediu o ímpeto expansionista do bandeirante,
ao contrário, ajudou a superar o declínio da caça ao índio com expedições
pesquisadoras (nas mesmas condições geográficas, econômicas, sociais
e psicológicas que na capitania de São Vicente e em São Paulo
presidiram o apresamento) de pedras e de metais preciosos... (imagem)
Que em primeiro lugar continuou o prolongamento com novos objetivos,
daquela expansão efetuada na primeira metade do séc. XVII. Em segundo,
uma continuação das entradas realizadas no Brasil quinhentista com o intuito
de descobrimento de minas de ouro e prata (decorrente da descoberta das
minas de Potosí (1545)).

(Imagem).

A conquista do Sul.
Parte I, o olho que tudo vê.

O olho que tudo vê: A extremidade meridional (o Sul) do território brasileiro, no


período colonial permaneceu por muito tempo fora de orbita da coroa Lusa.
(Pois no período de 1530 - 1640, a coroa portuguesa estava preocupada
no primeiro momento em consolidar a colonização, logo neste intervalo
temporal a península Ibérica passa por muitas mudanças, tornando-se
(imagem)
tutelada por apenas um reino), mas foi no final do sec. XVII, que os
portugueses atentaram para esta parte do Brasil...

Logo, antes desta época as fronteiras sulinas se conservaram não apenas


indecisas, mas desconhecidas e descuidadas compreendendo uma área
deserta sem grande interesse; e por isso ninguém se preocupou (a não
preocupação se resume apenas as coroas, pois os colonos
(bandeirantes) já percorria estas terras atrás de índios e ouro) em fixar um
local de posse espanhola ou portuguesa.

Mas com o fim do domínio castelhano o rei de Portugal preocupado com sua
colônia americana (sendo a única colônia lucrativa que sobrou) tratou

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rapidamente de firmar fronteiras nesta parte do Brasil, (pois ocorria muito
contrabando de ouro que escoava de Potosí pela as bacias hidrográficas
até o Atlântico, além de manufaturados como o couro e a charque) que
compreendia uma grande proximidade entre os dois reinos.
(imagem)
E onde os embates eram frequentes entre bandeirantes e jesuítas
espanhóis (bandeiras de apresamento que atacavam as reduções
espanholas).

E nesta conjuntura os caçadores de índios frustraram as tentativas castelhana


de chegar ao mar (as bandeiras de apresamento, como uma empresa
patrocinada pela coroa usaram deste status para formar fronteiras e
mantê-las através de sesmarias) a parti do Paraguai, incorporando os
estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul na iniciativa de estender a
soberania(imagem) (uma soberania econômica, pois com o fim do domínio
Espanhol, Portugal precisava reerguesse economicamente) da metrópole
(Portugal) sobre este território.

(Imagem)
(Cipristrano de Abreu quis dizer que o processo de colonização do
Sul só se tornou efetiva a parti de 1580, com a colônia do Sacramento...)

A conquista do Sul, parte II. Reconquista das terras de Sauron.

O objetivo desta aula é explicar o processo que desencadeou os tratados e


limites, que geralmente tem-se a ideia de fronteira, (?)é uma linha que separa
um país de outro ou de outros.
Na realidade, a linha que separa um país de outro ou de outros é o limite, que
obedece a critérios geográficos, portanto a fronteira deve ser entendida sob a
uma noção mais ampla, (?)pois é a zona ou região que engloba tanto o

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limite geográfico como aspectos políticos, econômicos, jurídicos e
históricos, no contexto do final do século XV, 1494(Tratado de Tordesilhas).
Com base nisso podemos analisar Cipristrano de Abreu com relação ao
extremo meridional do Brasil colônia “No Sul, o movimento de ocupação se
operou com muita lentidão por parte de Portugal, acompanhando o litoral
do Paraná e Santa Catarina, e continuou do mesmo modo ainda depois de
1640. ”
Neste trecho podemos ver que o fim da União Ibérica (1640), e a ocupação do
Sul se deu lentamente, por motivos variados que impactou na colônia (Brasil),
(?)como tentativa de independência de Andaluzia (1641), Revolta da
Catalunha (1640-1652) e neste cenário inquietante explode a Revolta de
Portugal que durou 28 anos (?)de muitos combates até que a Espanha
reconheceu a independência de Portugal e D. João IV como rei, pelo
Tratado de Lisboa (1668).
Em suma, o Tratado de Lisboa deixa estabelecido que os limites coloniais
americanos daqueles reinos Ibéricos seriam os já alcançados pelas duas
coroas antes da guerra de libertação de Portugal, (?)que no período da União
Ibérica não estavam bem definidos.

Tratados e Limites.

Mas a fraqueza da Espanha somado a sua decadência financeira e resistir à


pressão diplomática dos Lusos, apoiado pela Inglaterra, é assinado um novo
tratado de Lisboa (1681) que reconhece a posse portuguesa sobre a colônia
do Sacramento. (?)está intermediação dos ingleses para este novo tratado
foi com interesse de expandir seu comercio com a região platina
(?) tanto que, Gilberto Hiran explica que “a colônia do Sacramento,
fundada em terras da atual Republica do Uruguai no ano anterior (1680),
visava criar uma base de operações de contrabando da Bacia Platina.
Ainda aos interesses de Portugal, mas principalmente aos da Inglaterra,
além de estimular a colonização dos pampas gaúchos”.

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Esta parte finaliza a sequência de aulas sobre expansão territorial, a
Conquista do Sul, assim dando abertura para a próxima etapa do cronograma
de estudos do CN, Os Tratados e Limites, sendo uma área ampla,
centralizaremos nossa atenção, aos acordos e limites que impactaram no Brasil
no período correspondente.
Assim, temos como início os Tratados Utrecht um resultado da guerra de
sucessão espanhola (1700-1713), em suma este conflito entre Espanha e
França contra a Grande Aliança (?) articulada pela Inglaterra que uniu a
Portugal, Holanda e Áustria.
Logo, em decorrência deste conflito, no primeiro momento houve incursões no
Rio de Janeiro no intervalo de um ano (1710 - 1711), somando-se a isso os
espanhóis tomaram a colônia do Sacramento, portanto em 1713*, (?)a aliança
franco-espanhola acabou derrotada, fazendo a França firmar um
compromisso com Portugal renunciando suas pretensões sobre o Norte
da colônia lusa através de ações diplomáticas surgindo assim, a fronteira
entre Brasil e a Guiana Francesa.
Já em 1715*, uma ação diplomática arquitetada pela Inglaterra, (?)que tinha
interesse em ter uma base de operações comerciais no Estuário do Prata,
intermediou outro tratado, que faz a Espanha devolver a colônia do
Sacramento para
Portugal.
(*) 1713, 1° Tratado de Utrecht (impacto no Norte da
colônia)
(*) 1715, 2° Tratado de Utrecht (impacto no Sul da
colônia e também institui o fornecimento de escravos
africanos (asiento) e produtos manufaturados
(permisso) para América Espanhola, permitindo a
acumulação de capitais e metais preciosos americanos
nas mãos da burguesia inglesa, configurando a base
para o desenvolvimento da Revolução Industrial
Inglesa a parti de 1760).

Exorcizando o fantasma de Tordesilhas em 1750, o Tratado de Madri (?) outra


ação diplomática, agora lusa foi firmado entre reinos Ibéricos e decidiu que
15
Portugal, cederia a colônia do Sacramento à Espanha (?)em troca de garantir
seu domínio sobre os territórios pertencentes aos Castelhanos, ocupados
pela expansão luso-brasileira (sendo, daí o exorcismo do fantasma de
Tordesilhas).

Tornando assim, o mais importante, pois delimitava as fronteiras que temos


mais ou menos como hoje que abrangem os estados (?)do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins,
Rondônia, Amazonas, Amapá, Roraima e a maior parte do Pará.
E fixou ainda, que eventuais guerras entre as duas coroas europeias não
justificariam conflitos armados no continente americano.
O tratado de Madri provocou reações na América e na Europa, (?)o impacto
mais relevante em terras lusas foram as Guerras Guaraníticas (1756-
1757), acarretando quatro consequências importantes:
I. As autoridades portuguesas renunciaram a receber os Sete Povos das
Missões antes de os espanhóis pacificarem a região;

II. A execução do Tratado de Madri foi suspensa;

III. A colônia do Sacramento permaneceu sobre o domínio português;

IV. A companhia de jesus foram expulsos da metrópole e das colônias (1759) a


mando do marquês de Pombal.

Em resumo no ano de 1761, foi assinado o Tratado do Pardo, (?)que anula o


Tratado de Madri.
Em 1777, no reinado de D. Maria I representante dos setores tradicionais da
coroa, demiti marquês de Pompal, assim no mesmo ano é assinado o Tratado
de Santo Ildefonso, (?)determinando que a colônia do Sacramento e os
Setes Povos das Missões fique com a Espanha em troca da ilha de Santa
Catarina e territórios do atual Rio Grande do Sul.
E por fim em 1801 o Tratado de Badajóz, recuperou determinações do
Tratado de Madri.
(?)em contexto de Revolução Francesa, cuja evolução implicou
significativas modificações na França e na política internacional.

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Assim, ao começar o século XIX, o Brasil, a grosso modo, possuía as
fronteiras que tem hoje.

Guerras no Sul 1763-1777, A Grande Tempestade das Terras Austrais.

Na segunda metade do século XVIII, a península Ibérica juntamente com suas


colônias, “vem passando por uma tempestade decenária” (cerca de 14 anos),
em terras austrais das américas, logo nesta conjuntura iramos analisar as
Guerras no Sul em uma visão sazonal, que vem impactar nas províncias
sulinas, decorrentes de acordos diplomáticos assinados (tratados e limites).

Logo, está aula será voltada para as consequências ocorridas após o Tratado
de Madri (1750) com “a passagem de uma nuvem cumulonimbus” (Guerra
Guaranítica 1753-1756).

“Como uma grande tempestade se formando no horizonte”, podemos analisar


os fatos, que antecederam o confronto no Sul do Brasil como, Tratado de
Tordesilhas (o Sul estava sob o domínio Castelhano e sempre foi vontade
da coroa portuguesa controlar está área com o intuito de colocar o rio da
Prata como limite de suas possessões), já na União Ibérica e as Bandeiras
(em um intervalo de dois anos 1639-1641, promovem uma varredura, que
percorreu além do meridiano de Tordesilhas destruindo reduções
jesuíticas e chegando a província de Tape), marcando o início da
penetração, reconhecimento e exploração portuguesa no território do Rio
Grande do Sul, formando assim, a colônia do Sacramento em 1680,
(tornando-se palco de disputas militar e diplomática por 97 anos, 1680-
1777).

E com a necessidade de aproximar o apoio militar do Rio de Janeiro à colônia


do Sacramento (acontece um progressivo processo de exploração,
povoamento e conquista lusa em terras
meridionais brasileiras). (1)
a ideia remonta de 1647,
com Salvador Correia de Sá e
Logo, dentro deste cenário, os vicentinos fundaram Benevides, Governador Geral,
ele tinha a pretensão de criar
Laguna, em Santa Catarina1, no final do séc XVII,
uma nova Capitania Hereditária
com seu centro em Santa
Catarina, destinada 17 a ele
próprio, que se comprometia a
coloniza-la e aumenta-la sem
prejuízo a real fazenda.
(em 1688 transfigurando o primeiro centro populacional português na
região sul do Brasil) sendo por vários anos, o cerne da distribuição de apoio
para a exploração, povoamento e conquista do Rio Grande do Sul, (para em
1703, ser estabelecido a ligação terrestre Sacramento – Laguna).

E em 1713, o primeiro Tratado de Utrecht, Sacramento regressa para mãos


espanholas (por 24 meses), pois em 1715 Utrecht, fez a Espanha devolver a
província aos portugueses (que tinha o objetivo de integrar o litoral do Rio
Grande ao restante da Colônia para escoamento de riquezas ouro).

“E como o cheiro de terra molhada pairando no ar, dando sinal de tempestade”,


no ano de 1722, partiu de Laguna uma pequena expedição terrestre (Frota de
João de Magalhães) com a intenção de controlar todo território litorâneo
(estabelecendo uma ligação com a colônia do Sacramento).

“A ameaça de chuvas se configura com os fortes ventos” em 1736, os


espanhóis submeteram Sacramento a um rigoroso cerco, e em seu socorro
parti do Rio de Janeiro uma expedição (comandada pelo Brigadeiro José
silva Pais), trazendo em seu ímpeto três objetivos:

I. Expulsar os espanhóis de Montevidéu.


II. Livrar Sacramento do cerco castelhano, e
III. Fundar uma base militar na cidade de Rio Grande.

Recebendo apoio terrestre (de paulista e estancieiros) com a tarefa de suprir


de carne salgada o contingente das operações no Prata, Brigadeiro Pais
conseguiu derrubar o bloqueio espanhol no Sacramento, completando assim, a
segunda missão. Mas por vários fatores adversos o militar não conseguiu
completar a primeira missão, partindo “com sangue nos olhos” de encontro a
terceira...

Portanto, com as primava gotas de chuva se encerra a 1° parte da, “A Grande


Tempestade das Terras Austrais”.

Continuação guerras no Sul.


Nesta aula será apresentado o terceiro objetivo do Brigadeiro José Silva Pais,
em fundar uma base militar no Rio Grande, após expulsar os espanhóis da
colônia do Sacramento concluindo o seu segundo objetivo.

18
Pais desembarca em “RS” no Verão de Fevereiro de 1737, assim marcando a
fundação oficial portuguesa do atual Rio Grande Sul, está empreitada teve
apoio e cooperação de mineiros, paulistas e cariocas para formar uma base
militar nomeada, como Presidio Jesus-Maria-José, logo em seguida, parte em
expedição na Primavera do mesmo ano nos meses de setembro e outubro para
Chuí, com o propósito de ampliar sua conquista, criando um cinturão litorâneo
de segurança entre Rio Grande e Chuí, assim Portugal passa dominar toda
faixa praiana, aproximando apoio militar terrestre a colônia do Sacramento.

E com a oficialização do Tratado de Madri em 1750, a coroa Lusa abri mão de


Sacramento em troca da província dos Sete Povos das Missões, redução
Jesuítica, desta forma os índios deveriam evacuar com todos os seus
pertences, para ser substituídos por imigrantes portugueses, desencadeando
assim, as Guerras Guaraníticas (1754-1756), e com o surgimento deste novo
acontecimento o Brigadeiro Silva Pais sob as ordens do Governador do Rio de
Janeiro Gomes Freire de Andrade muda o centro de gravidade militar (RS e
Chuí) para a Tape com o regimento dos Dragões, passando a exercer um
relevante papel geopolítico com a progressiva aproximação portuguesa ao Rio
da Pardo, sendo uma artimanha para desbaratar a resistência dos índios e
jesuítas, “Num só combate foram mortos 1.200 índios, contra quatro mortos e 41 feridos dos
atacantes, fato que explica pela sua esmagadora superioridade bélica.” (Formação do
Brasil Colonial, pg. 173)

E passado sete anos do embate Guaranítico em 1763, acontece a primeira


invasão espanhola do Rio Grande liderada pelo governador de Buenos Aires, o
General Pedro Caballos desrespeitando o tratado de Madri, o General e
governador Freire de Andrade, recrutou cerca 1000 homens dentre os quais,
800 sulistas-Dragões e Milicianos e 200 paulistas já participantes da
demarcação do Sul nas guerras guaraníticas.

E por uma década de combates, vem a adoção de ações de guerrilhas, por


ordem da junta governativa fundamentando a “guerra gaúcha”, “A guerra contra o
invasor será feita com pequenas patrulhas atuando dispersas, localizadas em matos e nos
passos dos rios e arroios. Destes locais, sairão ao encontro dos invasores para surpreendê-los,
causar-lhes baixas, arruinar-lhes cavalhadas, gados e suprimentos e mantê-los ainda em

19
continua e persistente inquietação! ”. Tornando, está pratica a melhor forma de
defesa lusa nas cercanias austrais da colônia.

E em novembro de 1773, o governador de Buenos Aires General Vertiz Y


Salcedo, invade Rio Grande e institui o forte de Santa Tecla para deslocar
recursos e manter a mobilidade de seu exército para conquistar, em ações
sucessivas as províncias sulinas sob o domínio português, com a intenção de
varrer as guerrilhas nas serras do Tape e Herval.

E por quase três meses de intenso combate em janeiro de 1774, o general


Vertiz foi derrotado em Tabatinga pelas tropas da Cavalaria Ligeira (nome
oficial das guerrilhas), que eram constituídos em grande parte por paulistas
(enviados para socorrer o sul), por estancieiros rio-grandenses e gaudérios,
passando a marcar presença militar, como sentinelas de defesa da integridade
e soberania no Sul do Brasil.

Entretanto, após a derrota de Vertiz o mesmo deixa um legado castelhano no


Rio Grande, os fortes de Santa Tecla e São Martinho, ambos pontos de partida
para ataques ao Rio Pardo e barreiras para incursões da Cavalaria Ligeira,
logo dominando cerca de dois terços do atual RS.

Mas, isso repercutiu em Portugal fazendo Marques do Pompal ordenar o último


ataque, em 01/04/1776.

E por fim, no mês de outubro de 1777, foi assinado o Tratado de Santo


Ildefonso, dando um ponto final na disputa entre as coroas Ibéricas nas terras
austrais da colônia.

Invasões Estrangeiras, período colonial.

No período que corresponde a “Era do Descobrimento ou as Grandes


Descobertas” dos sécs. XVI e início do XVII destacaremos o “descobrimento”
das Américas, Brasil. Pois, nesta época de chegada dos portugueses nas
“terras do pau-de-tinta” (Brasil), os reinos da Europa entram em “frenesi”
com as notícias de novas terras, assim no princípio dos anos de 1500, o

20
Brasil começa a receber incursões de piratas e aventureiros que se
limitam a furtos e pilhagens.
Mas, outras invasões como, francesa, holandesa, inglesa e espanholas
são ocasionadas implícita ou abertamente com o mesmo ideal português
de conquistar terras no novo continente com a premissa de estabelecer
colônias.
Logo, está aula será voltada, para identificar quais as potências europeias que
tem o mesmo proposito luso, o mercantilismo, uma prática econômica que
eclode no “velho continente”.

Os Franceses.

Assim, num primeiro momento analisaremos em uma ordem cronológica os


motivos das incursões francesas em 1555-1612.
Pois, na conjuntura do Tratado de Tordesilhas (1494), a França descorda
sobre a divisão do mundo entre Portugal e Espanha e defende o direito de
Uti possidetis -a terra pertence a quem dela toma posse-.
E através deste princípio do direito romano, os franceses se fazem
presentes nas praias brasileiras, em dois momentos:
1°- com a França Antártica na segunda metade do século XVI (1555-1565), os
protestantes franceses (calvinistas) queriam fundar uma colônia no Brasil com
o intuito de fugirem da perseguição religiosa, assim em 1555, invadem as
praias “cariocas” liderados pelo almirante Nicolau Villegaignom e funda uma
colônia francesa com ajuda dos Tamoios (índios inimigos dos
“portugas”), mas a tentativa de colonizar a “cidade maravilhosa” como
colônia de povoamento, não durou muito tempo, em 1560, 3° Governador
Geral Mem de Sá, desembarca na Baía da Guanabara com a missão de
expulsar os franceses e após um quinquênio (cinco anos) de intensos
combates o sobrinho do Governador Geral, Estácio de Sá, expulsa os
franceses e funda a cidade do Rio de Janeiro (1565) pondo um fim, o
projeto França Antártica.
Mas isso não para por aí, no 2° momento decorrendo 57 anos, após a primeira
tentativa, os franceses retornam em 1612, a outra região da colônia portuguesa
na extremidade meridional norte de Tordesilhas, Maranhão, pois neste

21
território tenta implementar a França Equinocial, invadindo a província
para construir, o Forte de São Luís, com objetivo de participar do
lucrativo e novo mercado de exploração, agora em uma visão de colônia
de exploração, sendo liderado pelo general Daniel de La Tuche. Assim,
como um Déjà vu, as autoridades portuguesas organizaram varias expedições
militares para expulsar os invasores.
E na primavera de novembro de 1615, os franceses capitalam.
Então, concluimos que neste periodo de invasões francesas podemos,
pontuar a fundação de duas cidades RJ e MA.
Tornando-se de suma importancia ao processo de colonização brasileira.

Os Ingleses.

Partindo para outra invasão, os ingleses, ainda no séc. XVI, os seus primeiros
50 anos de Brasil (pré-colonial), os britânicos também tentam invadir a
colônia lusa, pois sua primeira tentativa conhecida é de 1530-1532, neste
intervalo temporal os ingleses fazem à costa brasileira três visitas, sendo uma
delas à costa africana. E esses primeiros contatos foram de forma a
estabelecer o comercio com as colônias portuguesas (Brasil e África-
Guiné), pois Londres já mantinha negócios com Portugal na península Ibérica,
mostrando assim o interesse nas “novas terras além-mar”, - em uma previsão
mercadológica –, Sergio Buarque de Holanda confirma este prognóstico
neste trecho, “a parti de 1497, data da primeira viagem de João Caboto a serviço de
Henrique VII, começam os ingleses a interessar-se pela navegação no Oceano Atlântico, cujas
as águas serão aos poucos sucadas por eles em todas sua extensão” .

Então, sob está conjuntura, o negociante William Hawkins, é o iniciador das


viagens para o Brasil em 1530, após receber informações sobre as terras de
pau de tinta, que percorria os portos europeus – como noticias postada
em redes sociais -, que veio incentivar as três viagens de Wawkins, evitando
choque com os “portugas”, mas mantendo contato amistoso com os nativos
(índios), de tal modo que na sua segunda viagem, foi levado à Inglaterra
um chefe indígena e apresentado à corte, dando inicio a um intenso
comércio de Pau-Brasil, que dura 12 anos, pois em 1542, na sua
22
decadência, a coroa britânica inicia a pratica de sequestro de navios inimigos
carregados de matéria prima, a mesma que retiravam da costa, Pau-Brasil,
assim influenciado uma maior vigilância lusa as costas de suas colônias,
- qual seria está vigilância?-

E no ano de 1581, sob a chancela da rainha Isabel, a Inglaterra retorna ao


Brasil com o navio Minion de Londres, tinha o intuito de mapear os acidentes
geográficos e interesse nas regiões meridionais brasileiras, em especial São
Vicente para usar a capitania como escala das suas embarcações que
cortavam o Sul do Atlântico em direção ao Estreito de Magalhães.

Além disso, os ingleses mantinham outra frente de interesse, na região


mais rica que competia com a Vicentina, -qual seria está região?-.

Na área meridional de Tordesilhas, o nordeste, “foi palco de um fato


curioso”, no inicio da União Ibérica mais precisamente no ano de 1583, o navio
inglês Royal Maerchant, está finalizando as negociações em Olinda, e é
apreendido pelo Almirante espanhol Diogo Flores Valdez e confiscam suas
mercadorias, - logo isto mostra a diferença entre os dois Estados
Nacionais Inglaterra e Espanha -.

Mas o desejo de participar das riquezas das Américas e diminuir o poderio


castelhano no Oceano Atlântico, faz a Inglaterra autorizar e promover a
pirataria, -na visão espanhola e portuguesa, o pirata El Draque- e se lança
ao Mar o capitão Frances Drake o herói inglês, com seu galeão Golden
Hind (Corça Dourada) - antes conhecido como o Pelicano-, sendo o primeiro
britânico a realizar a volta ao mundo em 1577-1580, OBS- “na verdade sendo a
2°, pois a 1° foi realizada pelos espanhóis com Fernão de Magalhães que não
a completou”.

Então, nessa circunavegação global, “Draqueana”, veio abrir para outras


grandes navegações como:

 Eduardo Fenton 1582.


 Cristopher Lister 1586.
 Thomas Cavendish 1591.
 Jemes Lancaster 1595.

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Portanto, com a abertura dos portos no Sul, os Ingleses estiveram nas costas
brasileiras no primeiro momento no período que corresponde a União Ibérica,
assim a maior colônia lusa (Brasil), no século XVI ocupou lugar de
destaque nos interesses mercantis e marítimos ingleses e ponto de apoio
na sua expansão do Atlântico Sul.

Os holandeses.

Esta aula será voltada nas invasões holandesas, que decorre no período de 30
anos (1624-1654), e paralelo a isto mostrar a vida cultural e artística na colônia.

Assim no ano de 1624, acontece a primeira tentativa de invasão holandesa na


região da Bahia, pois nesta capitania real a maior produtora de açúcar das
duas coroas (Ibéricas) é palco de um intenso combate, os castelhanos e
lusitanos parte em socorro aos baianos com a esquadra “Jornada dos
Vassalos”, para expulsar a Holanda de seu litoral, pois o motivo desta invasão
a colônia dos reis Filipes, foi de cunho econômico, os holandeses queriam
participar do lucrativo comercio de açúcar, mas logo são expulsos em 1625.

E com passar de cinco anos os holandeses retornam na capitania de


Pernambuco em 1630, e com a mesma “pegada” econômica. Agora de uma
forma diferente os colonos não encaram o invasor de frente como acontecido
em 1625, eles partem para estilo de combate de “terra arrasada”, destruindo
canaviais e propriedades, eliminando recursos e desarticulando a produção,
pois esta modalidade praticada pelos portugueses ajudou na fuga de escravos
para o Quilombo de Palmares.

E em 1635, dando fim ao estilo “bate/corre” os holandeses derrota os


pernambucanos que não receberam apoio da Metrópole como os baianos há
10 anos, assim nos anos de 1637 até 1644, Pernambuco é administrado por
Mauricio da Nassau, tonando-se a Nova Holanda e dentre varias mudanças
implementadas na capitania, as missões de artistas e intelectuais como Willem
Piso (medico) e Franz Post (pintor). Mas em 1644 os holandeses são expulsos
novamente na Batalha dos Guararapes, que expressa um sentimento de
nacionalismo. Mas a expulsão definitiva dos holandeses começou em 1645,
com a Insurreição Pernambucana que dura quase dez anos, e em 1654, a

24
Capitulação do Campo do Taborda, fixou os termos e as condições pelas
quais os membros do Conselho Supremo do Recife entregavam ao Mestre de
Campo, General Francisco Barreto de Menezes, Governador da Capitania de
Pernambuco, a cidade Maurícia, Recife, e mais forças e fortes junto deles, e os
lugares que tinham ocupado ao Norte, dando fim a está invasão estrangeiro.

A vida cultural e artística nos séculos coloniais.

Partindo, para uma analise da vida cultural e artística na colônia, os primeiros


séculos da colonização as formas culturais das varias comunidades indígenas
juntamente com as transplantadas (portugueses e negros), mantinham seus
vínculos originais. E ao longo dos dois séculos seguintes é que se delineou
uma “cultura brasileira”, através de particulares, cléricos ou funcionários leigos.

Pois, como exemplo foi à evolução da língua, no lado nativo o Tupi prevaleceu
no séc. XVI, por quase todo o litoral, então os portugueses em um momento
histórico no inicio da colonização consolida a língua portuguesa em um eixo
Coimbra/Lisboa (fala do sul) com seus representantes, Fernão Lopes e Luiz
de Camões, aperfeiçoando-se e produzir no Brasil colônia obras como do
padre Antonio Vieira e Claudio Manuel da Costa (escola mineira), em traços
gerais de um referencial religioso e político.

O primeiro é de toda a ordem jesuítica, já o segundo era absolutista – a


obediência a Deus e ao Rei era um pressuposto indiscutível -.

Mas o destaque foi no século XVII, com a arquitetura e os quadros


obscurantismo, no governo de Nassau, no séc. XVIII foi à fundação de
academias e sociedade literária cientifica em moldes europeus e “barroco
mineiro” – Aleijadinho-.

Assim, com a independência do Brasil houve a construção de uma identidade


histórica cultural com resgate da cultura nativa (índios) em detrimento dos
negros.

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Exercícios.
01. (Fuvest-SP) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo
colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos,
menosprezou o indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e
missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da
população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais
contribuíram para o citado decréscimo foram:
a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário,
cruel e vingativo dos naturais.
d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho
indígena na extração da borracha.
e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.

02. (UFMG) Leia o texto.


“A língua de que [os índios] usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos
vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de
entender. (...) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem
L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem
Rei, e desta maneira vivem desordenadamente (...)."
(GANDAVO, Pero de Magalhães, História da Província de Santa Cruz, 1578.)

A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas expressam a


relação dos portugueses com a cultura indígena, exceto:
a) A busca de compreensão da cultura indígena era uma preocupação do
colonizador.
b) A desorganização social dos indígenas se refletia no idioma.
c) A diferença cultural entre nativos e colonos era atribuída à inferioridade do
indígena.
d) A língua dos nativos era caracterizada pela limitação vocabular.
e) Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima eram homogêneos.

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03. (Fuvest-SP) A sociedade colonial brasileira "herdou concepções clássicas e
medievais de organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de
graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e
condição social. (...) as distinções essenciais entre fidalgos e plebeus tenderam
a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores
portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A
disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos
imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia
desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se

em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma


reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígines
e, mais tarde, os africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos
europeus, criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas
na cultura e na cor."
(Stuart B. Schwartz, Segredos internos.)

A partir do texto pode-se concluir que


a) a diferenciação clássica e medieval entre clero, nobreza e campesinato,
existente na Europa, foi transferida para o Brasil por intermédio de Portugal e
se constituiu no elemento fundamental da sociedade brasileira colonial.
b) a presença de índios e negros na sociedade brasileira levou ao surgimento
de instituições como a escravidão, completamente desconhecida da sociedade
européia nos séculos XV e XVI.
c) os índios do Brasil, por serem em pequena quantidade e terem sido
facilmente dominados, não tiveram nenhum tipo de influência sobre a
constituição da sociedade colonial.
d) a diferenciação de raças, culturas e condição social entre brancos e índios,
brancos e negros tendeu a diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e
plebeus europeus na sociedade.
e) a existência de uma realidade diferente no Brasil, como a escravidão em
larga escala de negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções
medievais dos portugueses durante os séculos XVI e XVII.

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04. (UFMG) Todas as alternativas apresentam fatores que explicam a primazia
dos portugueses no cenário dos grandes descobrimentos, exceto
a) a atuação empreendedora da burguesia lusa no desenvolvimento da
indústria náutica.
b) a localização geográfica de Portugal, distante do Mediterrâneo oriental e
sem ligações comerciais com o restante do continente.
c) a presença da fé e o espírito da cavalaria e das cruzadas que atribuíam aos
portugueses a missão de cristianizar os povos chamados "infiéis".
d) o aparecimento pioneiro da monarquia absolutista em Portugal responsável
pela formação do Estado moderno.

05. (FESO-RJ) "O governo-geral foi instituído por D. João III, em 1548, para
coordenar as práticas colonizadoras do Brasil. Consistiriam estas últimas em
dar às capitanias hereditárias uma assistência mais eficiente e promover a
valorização econômica e o povoamento das áreas não ocupadas pelos
donatários."
(Manoel Maurício de Albuquerque. Pequena história da formação social
brasileira. Rio de Janeiro: Graal, 1984. p. 180.)

As afirmativas abaixo identificam corretamente algumas das atribuições do


governador-geral, à exceção de:
a) Estimular e realizar expedições desbravadoras de regiões interiores,
visando, entre outros aspectos, à descoberta de metais preciosos.
b) Visitar e fiscalizar as capitanias hereditárias e reais, especialmente aquelas
que vivenciavam problemas quanto ao povoamento e à exploração das terras.
c) Distribuir sesmarias, particularmente para os beneficiários que
comprovassem rendas e meios de valorizar economicamente as terras
recebidas.
d) Regular as alianças com tribos indígenas, controlando e limitando a ação
das ordens religiosas, em especial da Companhia de Jesus.
e) Organizar a defesa da costa e promover o desenvolvimento da construção
naval e do comércio de cabotagem.

06. (UNISO) Durante a maior parte do período colonial a participação nas


câmaras das vilas era uma prerrogativa dos chamados "homens bons",

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excluindo-se desse privilégio os outros integrantes da sociedade. A expressão
"homem bom" dizia respeito a:
a) homens que recebiam a concessão da Coroa portuguesa para explorar
minas de ouro e de diamantes;
b) senhores de engenho e proprietários de escravos;
c) funcionários nomeados pela Coroa portuguesa para exercerem altos cargos
administrativos na colônia;
d) homens considerados de bom caráter, independentemente do cargo ou da
função que exerciam na colônia.

07. (UNAERP-SP) Em 1534, o governo português concluiu que a única forma


de ocupação do Brasil seria através da colonização. Era necessário colonizar,
simultaneamente, todo o extenso território brasileiro.
Essa colonização dirigida pelo governo português se deu através da:
a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.
b) criação do sistema de governo-geral e câmaras municipais.
c) criação das capitanias hereditárias.
d) d) montagem do sistema colonial.
e) criação e distribuição das sesmarias.

08. (Cesgranrio-RJ) Assinale a opção que caracteriza a economia colonial


estruturada como desdobramento da expansão mercantil européia da épaca
moderna.
a) A descoberta de ouro no final do século XVII aumentou a renda colonial,
favorecendo o rompimento dos monopólios que regulavam a relação com a
metrópole.
b) O caráter exportador da economia colonial foi lentamente alterado pelo
crescimento dos setores de subsistência, que disputavam as terras e os
escravos disponíveis para a produção.
c) A lavoura de produtos tropicais e as atividades extrativas foram organizadas
para atender aos interesses da política mercantilista européia.
d) A implantação da empresa agrícola representou o aproveitamento, na
América, da experiência anterior dos portugueses nas suas colônias orientais.

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e) A produção de abastecimento e o comércio interno foram os principais
mecanismos de acumulação da economia colonial.

09. (UFRJ) "(...) meu coração estremece de infinita alegria por ver que a terra
onde nasci em breve não será pisada por um pé escravo.
(...) Quando a humanidade jazia no obscurantismo, a escravidão era apanágio
dos tiranos; hoje, que a civilização tem aberto brecha nas muralhas da
ignorância e preconceitos, a liberdade desses infelizes é um emblema sublime
(...).

Esta festa é a precursora de uma conquista da luz contra as trevas, da verdade


contra a mentira, da liberdade contra a escravidão."

(ESTRELLA, Maria Augusta Generoso e Oliveira. "Discurso na Sessão Magna


do Clube Abolicionista", 1872, Arquivo Público Estadual, Recife-PE.)

A escravidão está associada às diversas formas de exploração e de violência


contra a população escrava. Essa situação, embora característica dos regimes
escravocratas, registra inúmeros momentos de rebeldia. Em suas
manifestações e ações cotidianas, homens e mulheres escravizados reagiram
a esta condição, proporcionando formas de resistência que resultaram em
processos sociais e políticos que, a médio e longo prazos, influíram na
superação dessa modalidade de trabalho.
a) Cite duas formas de resistência dos negros contra o regime da escravidão
ocorridas no Brasil.
b) Explique um fator que tenha contribuído para a transição para o trabalho
livre no Brasil no século XIX.

10. (Cesgranrio-RJ) "O senhor de engenho é título a que muitos aspiram,


porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos." O
comentário de Antonil, escrito no século XVIII, pode ser considerado
característico da sociedade colonial brasileira porque:
a) a condição de proprietário de terras e de homens garantia a preponderância
dos senhores de engenho na sociedade colonial.
b) a autoridade dos senhores restringia-se aos seus escravos, não se impondo

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às comunidades vizinhas e a outros proprietários menores.
c) as dificuldades de adaptação às áreas coloniais levaram os europeus a
organizar uma sociedade com mínima diferenciação e forte solidariedade entre
seus segmentos.
d) as atividades dos senhores de engenho não se limitavam à agroindústria,
pois controlavam o comércio de exportação, o tráfico negreiro e a economia de
abastecimento.
e) o poder político dos senhores de engenho era assegurado pela metrópole
através da sua designação para os mais altos cargos da administração
colonial.

11. (UFMG) "Restituídas as capitanias de Pernambuco ao domínio de Sua


Majestade, livres já dos inimigos que de fora as vieram conquistar, sendo
poderosas as nossas armas para sacudir o inimigo, que tantos anos nos
oprimiu, nunca foram capazes para destruir o contrário, que das portas adentro
nos infestou, não sendo menores os danos destes do que tinham sido as
hostilidades daqueles."

("Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do


Governador D. Pedro de Almeida, de 1675 a 1678", citado por CARNEIRO,
Edson. Quilombo dos Palmares. 2.ed. São Paulo: CEN, Col. Brasiliana, 1958.
v.302.)

O texto faz referência tanto às invasões holandesas ("... dos inimigos que de
fora as vieram conquistar")
quanto ao quilombo de Palmares (“... o contrário, que das portas adentro nos
infestou").
O quilombo de Palmares, núcleo de rebeldia escrava no Nordeste brasileiro,
alcançou considerável crescimento durante o período de ocupação holandesa
em Pernambuco. Mesmo após a expulsão dos invasores estrangeiros pela
população local, o quilombo resistiu a inúmeros ataques de tropas governistas.
a) Apresente uma razão para a ocupação holandesa do Nordeste brasileiro.
b) Explique, com base em um argumento, a longa duração de Palmares.

31
12. (UEL-PR) No Brasil colônia, a pecuária teve um papel decisivo na
a) ocupação das áreas litorâneas
b) expulsão do assalariado do campo
c) formação e exploração dos minifúndios
d) fixação do escravo na agricultura
e) expansão para o interior

13. (Cesgranrio-RJ) A ocupação do território brasileiro, restrita, no século XVI,


ao litoral e associada à lavoura de produtos tropicais, estendeu-se ao interior
durante os séculos XVII e XVIII, ligada à exploração de novas atividades
econômicas e aos interesses políticos de Portugal em definir as fronteiras da
colônia.
As afirmações abaixo relacionam as regiões ocupadas a partir do século XVII e
suas atividades dominantes.
1) No vale amazônico, o extrativismo vegetal – as drogas do sertão – e a
captura de índios atraíram os colonizadores.
2) A ocupação do Pampa gaúcho não teve nenhum interesse econômico,
estando ligada aos conflitos luso-espanhóis na Europa.
3) O planalto central, nas áreas correspondentes aos atuais estados de Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso, foi um dos principais alvos do bandeirismo, e sua
ocupação está ligada à mineração.
4) A zona missioneira no Sul do Brasil representava um obstáculo tanto aos
colonos, interessados na escravização dos indígenas, quanto a Portugal,
dificultando a demarcação das fronteiras.
5) O Sertão nordestino, primeira área interior ocupada no processo de
colonização, foi um prolongamento da lavoura canavieira, fornecendo novas
terras e mão-de-obra para a expansão da lavoura.

As afirmações corretas são:


a) somente 1, 2 e 4.
b) somente 1, 2 e 5.
c) somente 1, 3 e 4.
d) somente 2, 3 e 4.
e) somente 2, 3 e 5.

32
14. (Unicamp-SP) O escravo no Brasil é geralmente representado como dócil,
dominado pela força e submisso ao senhor. Porém, muitos historiadores
mostram a importância da resistência dos escravos aos senhores e o medo
que os senhores sentiram diante dos quilombos, insurreições, revoltas,
atentados e fugas de escravos.
a) Descreva o que eram os quilombos.
b) Por que a metrópole portuguesa e os senhores combateram os quilombos,
as revoltas, os atentados e as fugas de escravos no período colonial brasileiro?

15. (Cesgranrio-RJ) A expansão da colonização portuguesa na América, a


partir da segunda metade do século XVIII, foi marcada por um conjunto de
medidas, dentre as quais podemos citar:
a) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas
mercantilistas.
b) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para garantir a
posse dos territórios por Portugal.
c) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e
descobriu as áreas mineradoras do planalto central.
d) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta dos
preços no mercado internacional.
e) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses, para
conter o expansionismo espanhol.

16. (Fuvest-SP) Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que


a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que
inviabilizaram a mineração.
b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.
c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo
na independência do Brasil.
d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.
e) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil e foi fator
de diferenciação da sociedade.

17. (UFMG) Em 1703, Portugal assinou com a Inglaterra o tratado de Methuen.


A assinatura desse tratado teve implicações profundas para as economias

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portuguesa e inglesa.
a) Apresente a situação em que se encontrava Portugal na época da assinatura
do tratado.
b) Cite a principal cláusula do tratado de Methuen.
c) Apresente 2 (duas) implicações fundamentais desse tratado para a
economia portuguesa.
d) Apresente a implicação fundamental desse tratado para a economia inglesa.

18. (UFMG) Leia o texto. Ele refere-se à capitania de Minas Gerais no século
XVIII.
"... ponderando-se o acharem-se hoje as Vilas dessa Capitania tão numerosas
como se acham, e que sendo uma grande parte das famílias dos seus
moradores de limpo nascimento, era justo que somente as pessoas que
tiverem esta qualidade andassem na governança delas, porque se a falta de
pessoas capazes fez a princípio necessária a tolerância de admitir os mulatos
aos exercícios daqueles oficias, hoje, que tem cessado esta razão, se faz
indecoroso que eles sejam ocupados por pessoas em que haja semelhante
defeito..."
(D. João, Lisboa, 27 de janeiro de 1726.)

No trecho dessa carta, o rei de Portugal refere-se à impropriedade de os


mulatos continuarem a exercer o cargo de
a) governador, magistrado escolhido entre os "homens bons" da colônia para
administrarem a capitania.
b) intendente das minas, ministro incumbido de controlar o fluxo de alimentos e
do comércio.
c) ouvidor, funcionário responsável pela administração das finanças e dos bens
eclesiásticos.
d) vereador, membro do Senado da Câmara, encarregado de cuidar da
administração local.

19. (PUC-SP) "Eu a Rainha faço saber:

Que devido ao grande número de fábricas e manufaturas, que desde alguns


anos tem se difundido em diferentes capitanias do Brasil, com grave prejuízo

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da cultura e da lavoura e da exploração das terras minerais daquele continente;
porque havendo nele falta de população é evidente que quanto mais se
multiplicar o número de fabricantes, mais diminuirá o de cultivadores e menos
braços haverá...

Hei por bem ordenar que todas as fábricas e manufaturas... (excetuando-se as


que tecem fazendas grossas de algodão) sejam extintas e abolidas em
qualquer parte dos meus domínios no Brasil."
(Alvará de 5/1/1785.)

No final do século XVIII, ampliam-se as restrições e proibições impostas pela


metrópole portuguesa ao desenvolvimento das atividades econômicas na
colônia. O texto reproduzido acima, baixado por D. Maria I, rainha de Portugal,
contém aspectos dessa política de restrições. Leia com atenção o texto e a
seguir: a) identifique a restrição central nele imposta;
b) destaque e comente um argumento usado no texto para justificar tal medida.

GABARITO

01. E
02. A
03. D
04. B
05. E
06. B
07. C
08. C
09. a) Uma forma de resistência era a fuga e a posterior organização em
quilombos; outra era a simples passividade perante o trabalho e o não-
enfrentamento com o senhor, levando o escravo algumas vezes ao suicídio.
b) Um fato foi o fim do tráfico negreiro em 1850 (Lei Eusébio de Queirós),
levando ao lento processo de diminuição da população de escravos.
10. A
11. a) Os holandeses atacaram o Nordeste brasileiro em decorrência do

35
embargo açucareiro decretado por Filipe II, rei da Espanha e, nos termos da
União Ibérica de 1580 a 1640, também rei de Portugal.
b) A longa duração de Palmares é, em grande parte, fruto do longo conflito com
os holandeses em Pernambuco (1630-54). Apesar de um período de
apaziguamento, os atritos entre holandeses e portugueses ou brasileiros
estimulavam as fugas de escravos e contribuíam para o fortalecimento do
quilombo.
12. E
13. C
14. a) Os quilombos eram aldeamentos de negros fugitivos.
b) Porque a simples existência de quilombos representava uma forma de
subversão da ordem econômica brasileira, impedindo eventualmente que a
colônia cumprisse sua função perante a metrópole.
15. B
16. E
17. a) Portugal encontrava-se em decadência econômica, após o malfadado
período da União Ibérica (até 1640) e o rompimento das relações com os
holandeses.
b) A principal cláusula do tratado de Methuen é aquela que abre Portugal para
as importações de tecidos ingleses e, em troca, a Inglaterra se abre para os
vinhos portugueses.
c) A partir da assinatura do tratado, a economia portuguesa abre-se para as
importações de tecidos ingleses, arrasando o pequeno setor têxtil português e
condenando o país à especialização agrícola, mais especificamente à
produção de vinhos.
d) O tratado garantiu para a Inglaterra o controle sobre o mercado português e,
consequentemente, sobre o brasileiro.
18. D
19. a) O alvará de 1785 basicamente restringe a instalação de manufaturas no
Brasil e obriga o fechamento das já existentes.
b) O principal argumento utilizado é a escassa mão-de-obra brasileira, que
seria mais bem aproveitada na lavoura e na mineração. O argumento é falso, já
que tanto a atividade mineradora quanto a lavoura tradicional (açucareira)

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encontravam-se em franca decadência. O verdadeiro interesse português era a
necessidade de garantir o monopólio metropolitano sobre os manufaturados.

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