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ICJ – INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

BACHARELADO EM DIREITO
DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES
PROFESSOR: José Maria Eiró Alves

UNIDADE I: INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

“O homem isolado não pode satisfazer as exigências mais


elementares da vida. O homem é um ser eminentemente social
e a realização humana é atingida progressivamente pela
expansão do relacionamento social.”1

1.1. Conceito :

Institutas de Justiniano:
“obligatio est juris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus
solvendae rei, secundum nostrae civitatis jura (Liv. 3º, Tit. XIII).”
“a obrigação é um vínculo que nos obriga a pagar alguma coisa, ou seja
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.”

Clóvis Beviláqua:
“obrigação é relação transitória de direito, que nos constrange a dar,
fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável,
em proveito de alguém por ato nosso ou de alguém conosco
juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquirir o direito de
exigir de nós essa ação ou omissão”.

Washington de Barros Monteiro:


“obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecido entre
o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal
econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo,
garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio”.

Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona:


“conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações
patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito
passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou
coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer”.

1.2. Conteúdo e Importância:

“as relações de intercâmbio de bens entre as pessoas e de prestação de


serviços (obrigações negociais), a reparação de danos que umas pessoas
1
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Obrigações: Lei n.º 10.406, de 10.01.2002. Rio de Janeiro: Forense,
2004. p. 1.
causem a outras (responsabilidade civil em geral, ou em sentido estrito)
e, no caso de benefícios indevidamente auferidos com o aproveitamento
de bens ou direitos de outras pessoas, a sua devolução ao respectivo
titular (enriquecimento sem causa)”2.

“as modalidades (classificação das obrigações), a transmissão (de


crédito ou de dívida), o adimplemento (ou cumprimento, direto e
indireto), o inadimplemento (ou não-cumprimento) das obrigações e as
respectivas conseqüencias”3

“influencia diretamente na vida econômica, em decorrência da grande


quantidade de relações jurídicas que se estabelecem na esfera do
consumo, desde as obrigações decorrentes da produção das matérias-
primas, passando pela distribuição dos produtos, até chegar ao
consumidor final dos bens, sem esquecer das relações de trabalho que
também originam direitos e deveres. Forma a base de todo o direito, pois
é através das obrigações que a sociedade desenvolve suas atividades
produtivas, não se limitando apenas ao Direito Civil. (Carlos Roberto
Gonçalves)

Obs.: Código Civil4

Matéria fundamental para a compreensão e regulamentação das


necessidades cooperacionais do homem, visando obtenção de relações
harmoniosas em sociedade, principalmente as de cunho econômico.

Direito pessoal e direito real:

Direito Pessoal Direito Real


a) quanto ao objeto Pessoas (relações Coisas
humanas)
b) quanto ao sujeito Sujeito passivo Sujeito passivo
determinado ou indeterminado
determinável
c) quanto à duração Caráter transitório Caráter de
permanência
d)quanto a formação Número indeterminado Numerus clausus
e) quanto ao exercício Devedor Sobre a coisa
f) quanto à ação Ao sujeito passivo Direito de sequela

1.3. Características

2
NORONHA, Fernando. Direito das Obrigações. Saraiva, 2003. pág. 8
3
BITTAR, Carlos Alberto. Curso de Direito Civil, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1994, v. I. p. 304.
4
Parte Especial – Livro I – Dos Direitos das Obrigações: artigos 233 até 420.
Direitos pessoais:

“Identificados com os direitos de crédito (de conteúdo patrimonial),


têm por objeto a atividade do devedor, contra o qual são exercidos.
Assim, ao transferir a propriedade da coisa vendida, o vendedor passa a
ter um direito pessoal de crédito contra o comprador (devedor), a quem
incumbe cumprir a prestação de dar a quantia pactuada (dinheiro). Note-
se, outrossim, que o objeto do crédito (ou, sob o aspecto passivo, da
obrigação) é a própria atividade do devedor. Nesse contexto, fica fácil
notar que ao Direito das Obrigações interessa apenas o estudo das
relações jurídicas obrigaconais (pessoais) entre um credor (titular do
direito de crédito) e um devedor (incumbido do dever de prestar),
deixando-se para o Direito das Coisas as relações e direitos de natureza
real” (Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona).

Direitos reais
“a) Legalidade ou tipicidade – os direitos reais somente existem se
a respectiva figura estiver prevista em lei (art. 1.225 do CC-02);
b) Taxatividade – a enumeração legal dos direitos reais é taxativa
(numerus clausus), ou seja, não admite ampliação pela simples vontade
das partes;
c) Publicidade – primordialmente para os bens imóveis, por se
submeterem a um sistema formal de registro, que lhes imprime essa
característica;
d)eficácia erga omnes – os direitos reais são oponíveis a todas as
pessoas, indistintamente (deve ser visto de forma relativa, exemplo
máximo o de propriedade);
e) inerência ou aderência – o direito real adere à coisa,
acompanhando-a em todas as suas mutações. Essa característica é
nítida nos direitos reais em garantia (penhor, anticrese, hipoteca), uma
vez que o credor (pignoratício, anticrético, hipotecário), gozando de um
direito real vinculado (aderido) à coisa, prefere outros credores
desprovidos dessa prerrogativa;
f) seqüela – como conseqüência da característica anterior, o titular
de um direito real poderá perseguir a coisa afetada, para busca-la onde
se encontre, e em mãos de quem quer que seja. É aspecto privativo dos
direitos reais, não tendo o direito de seqüela o titular de direitos pessoais
ou obrigacionais.” (Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona)

RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL


Sujeito ativo (credor/crédito)
Relação jurídica obrigacional
Sujeito passivo(devedor/débito)
RELAÇÃO JURÍDICA REAL
Titular do Direito Real
Relação Jurídica Real
Bem/Coisa

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