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Obra jurídica escrita exclusivamente pelo Dr.

Francisco Campos (o mesmo autor da


Carta do Estado Novo), a Constituição de 1967 foi referendada, sem emendas ou
discussões, pelo Congresso eleito em 1966, mais interessado em mobilizar-se para o
Colégio Eleitoral que elegeria o Marechal Costa e Silva (candidato único),como
sucessor de Castelo Branco na Presidência da República.
Entre as modificações na ordem legal republicana que a nova Carta introduziu,
podemos destacar:

a mudança da denominação da República dos Estados Unidos do Brasil,


vigente desde a proclamação do sistema em 1889 para Republica Federativa
do Brasil;

a transformação de todo município que fosse capital de Estado, ou tivessem


instalações de infra estrutura de importância capital e bases militares em áreas
de segurança nacional, cujos prefeitos seriam nomeados pelos Governadores
dos Estados;

as eleições indiretas do Presidente e do Vice-Presidente da República pelo


Congresso Nacional, organizado em um Colégio Eleitoral já citado
anteriormente, e dos Governadores dos Estados pelas respectivas
Assembléias Legislativas;

a consolidação de todos os atos do Alto Comando do movimento revolucionário


de 64, incluindo cassações e exílios de políticos, intelectuais, artistas e
militares dissidentes, anteriormente fundamentados em Atos Institucionais
impostos à Constituição agora revogada de 1946;

a introdução obrigatória de planos diretores em municípios com número


expressivo de habitantes;

a reestatização do subsolo e do direito do Estado de intervir na economia e


participar dela atuando inclusive como empresário, por meio de suas estatais
ditas como "estratégicas";

e o controle sobre a imprensa e as diversões públicas

Constituição da Ditadura Militar


Ditadura Militar(outorgada)
Poder Executivo é o principal

inclusive o poder de legislar em matéria de segurança e orçamento; ;
Estabelece

eleições indiretas para presidente

mandato de cinco anos;

Deu às Forças Armadas um poder gigantesco;

Estabelece a pena de morte para crimes de segurança nacional;


Restringe ao trabalhador o direito de greve;

Entre 1964 e 1968, o governo militar decretou os seguintes AIs:


AI1- Cassou políticos e cidadãos de oposição, marca eleições para 65;
AI2 – Extinguiu os partidos existentes e estabeleceu, na prática, o
bipartidarismo;

AI3 – Eleições indiretas para os governos dos estados (prefeitos indicados)

AI4 – Forçou o Congresso a votar o projeto de constituição;

AI5 – Fechou o Congresso, suspende garantias constitucionais e deu poder ao
executivo para legislar sobre todos os assuntos

A nova constituição foi adotada a partir de 15 de março de 1967, mesma data


em que o presidente Castello Branco passava a faixa presidencial para o
general Arthur Costa e Silva. A Constituição de 1967 ampliou as atribuições do
Poder Executivo e enfraqueceu o princípio federativo ao reduzir a autonomia
política dos Estados e municípios. Apesar dos visíveis traços centralizadores, o
novo presidente declarou que a carta era “moderna, viva e adequada".

Entre outras ações, a constituição responsabilizava diretamente o Executivo


sobre questões que envolviam a administração pública e a segurança nacional.
Nesse último aspecto, o regime militar compreendia que essa segurança
envolvia qualquer tipo de ação que fosse contra a visão política e social do
país. Seguindo tal conceito, o governo empreendeu a criação de mecanismos
capazes de controlar os meios de comunicação e qualquer outra manifestação
ligada à vida cultural do país por meio da criação da Lei de Imprensa e da Lei
de Segurança Nacional.

Com relação às eleições presidenciais, a nova ordem buscou oferecer uma


aparência democrática onde o Congresso seria responsável por decidir que
ocuparia o posto máximo do governo. Contudo, esse seria um mecanismo
superficial que teria a função de acobertar o poder de decisão dos altos
escalões militares que resolviam o problema da sucessão presidencial. Na
verdade, o Congresso apenas confirmava uma decisão interna previamente
definida pelos militares.

Além dessas ações, a Constituição de 1967 materializava o regime de exceção


dos militares por meio de outras medidas acessórias. A lei defendia o uso da
pena de morte para qualquer crime ligado à segurança nacional, retirava
qualquer direito dos trabalhadores de promoverem greves ou organizarem
sindicatos e lançava as bases necessárias para outras leis que instituiriam a
censura e o banimento dos cidadãos.

Vigorando durante todo o restante do regime, a constituição de 1967 era o


dispositivo máximo responsável por trazer ao campo da legalidade todos os
atos de natureza antidemocrática. Paralelamente, o novo texto jurídico ainda
contou com a decretação do Ato Institucional n° 5, que ampliava os já tão
dilatados poderes políticos dos militares. Esta constituição ficou vigente até
1988, quando os congressistas voltaram a discutir outra constituição.

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