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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

Welrika Beatriz Silva Moreira


FACULDADES PLANALTO

O PRÉ-QUESTIONAMENTO COMO REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE DOS


RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO

BRASÍLIA
JUNHO/2009
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tratará sobre o pré-questionamento pressuposto


processual feito na interposição dos Recursos Especial e Extraordinário, ou
seja, o pré-questionamento é pressuposto de cabimento do recurso. À sua
falta, torna-se inadmissível tais recursos.

Consiste ele no debate sobre a matéria jurídica que serve de


fundamento utilizado por cada uma das partes na defesa de seus interesses.
Deve estar sempre presente em todo o andamento do processo, que se inicia
desde a ação inicial até a fase recursal.
DO PRÉ-QUESTIONAMENTO

O pré-questionamento é um requisito imprescindível para a


interposição dos Recursos Especiais e Extraordinários. Há diversos
conceitos sobre tal condição, porém a mais concisa é a do Nelson Nery
Junior: “diz se pré-questionada determinada matéria quando o órgão
julgador haja adotado entendimento explicito a respeito do que foi alegado
pelas partes.”

Mas há outras posições também, que fala que o pré-questionamento


decorre da parte haver sustentado, previamente uma questão, ou seja,
informando, noticiando, declinando expressamente na inicial, em
contestação, ou em grau recursal, o dispositivo legal ou constitucional, que
poderá eventualmente ser violando, na decisão final.

Porém, conforme entende o STJ, prevalece a orientação de que exista


decisão sobre aquela questão, independente da suscitação da matéria.

Resumindo, o pré-questionamento está presente quando há efetiva


apreciação de uma questão por parte do julgador, embora seja aconselhável
a suscitação da questão controvertida que é o primeiro passo para que o
STJ ou STF admita tal recurso.

Não há amparo legal na constituição para o pré-questionamento,


porém nos artigos 102 e 105, III fala da competência dos Tribunais
Superiores trazendo a fundamentação para tal requisito. Essa condição
essencial de admissibilidade de recurso em instância superior é definida
pela jurisprudência e pela doutrina. Assim sendo, Nelson Nery Junior diz:
“para que sejam conhecidos os recursos extraordinários e especiais, é
necessário que a questão federal ou constitucional tenha sido efetivamente
decidida”. Então quando buscamos um fundamento jurídico encontramos
na própria constituição, quando faz a referência a questões decididas em
única ou ultima instância, posição esta defendida pelos doutrinadores em
modo geral.

A finalidade do pré-questionamento é:

 Evitar a supressão da instância, de tal modo que nenhum Juiz


ou Tribunal deixe de analisar a questão, até o envio dos autos
ao Tribunal Superior, conforme, orienta o STF, através da
Súmula 281.
 Manter a ordem constitucional, das instâncias no sistema
jurídico brasileiro, segundo a ordem de juízes e Tribunais.
 Evitar a surpresa da parte contrária, na medida em que poderia
desconhecer aquele, a matéria analisada em grau de Recurso
Especial ou Extraordinário, na hipótese de ausência do pré-
questionamento.

Destarte, as finalidades acima elencadas mostram a importância do


pré-questionamento na tramitação do processo. Devendo seguir a ordem de
Juízes e Tribunais, evitando-se o elemento da parte contrária, quando da
interposição do recurso devido.

Qual seria o momento certo para o pré-questionamento?

É óbvio e imprescindível acometer a matéria desde o início, ou seja,


na petição inicial no caso do autor, ou na contestação no caso do réu,
argumentando eventual violação a norma constitucional ou legal. Desta
forma, faz com que, na medida adotada em primeira instância, haja
pronunciação da matéria controvertida. É claro que durante a tramitação do
processo, outras questões poderão surgir, mas na primeira oportunidade de
manifestação nos autos, deverão ser provocadas, fazendo jus ao pré-
questionamento.
Contudo, a doutrina entende que o momento ideal para argüir tais
matérias é na elaboração do Recurso devido, contra decisão de primeira
instância. Assim também o STF entende que o momento oportuno para o
pré-questionamento é na apresentação do recurso, por parte do recorrente,
ou das contra-razões, se houver pré-questionamento do recorrido.

Em síntese, o professor Ives Souza, diz que na prática, a melhor


atitude é levantar a questão desde o início, devendo o profissional do
direito vislumbrar eventual possibilidade de futura interposição de recurso
especial/extraordinário, devendo se aprofundar na matéria para suscitar a
questão no momento correto.

O pré-questionamento explícito é quando as questões do recurso


devido foram debatidas, e sobre elas o Tribunal tenha emitido expresso
juízo, ou seja, é aquele presente na própria Sentença, no caso de primeira
instância, ou no próprio Acórdão no caso de segunda instância.

Já o pré-questionamento implícito, é aquele cuja matéria encontra-se


implicitamente apreciada, em razão, de que sem que o Tribunal tenha
apreciado tal questão tenha sido abordada em outro tema e julgada
previamente.

Os Tribunais Superiores têm rejeitado os recursos interpostos, cujo


pré-questionamento se entende implícito, entendendo estar ausente o
requisito, demonstrando, assim, o rigor com que aqueles Tribunais tratam a
questão.

Por fim, o pré-questionamento numérico é aquele onde a parte


diferencia os artigos, parágrafos, alíneas de lei federal ou norma
constitucional, este também bastante recusado pelos Tribunais, ante a
ausência da análise efetiva da questão, pelo julgador de primeira ou
segunda instância.
Quando a questão levantada não for expressamente analisada e
decidida em única ou última instância, e a parte pretender futuramente
interpor recurso especial/extraordinário, caberá Embargos de Declaração na
forma do artigo 235, II, do CPC, para provocar manifestação de matéria
não avaliada, por se tratar de inteira omissão do julgador. Assim sendo, não
interpondo os embargos de declaração tal matéria seja considerada não pré-
questionada e ocasional recurso será rejeitado. Na súmula 98 do STJ tais
embargos não são considerados protelatórios, porém devem-se observar
ressalvas legais. Na súmula 356, o STF também admite os embargos de
declaração pra fim de pré-questionamento.

Mesmo interpondo os embargos de declaração, e o julgador não se


pronunciar a respeito da matéria provocada, caberá Recurso Especial, no
caso de contrariar dispositivo de lei federal, sendo que em tal recurso, o
STJ analizará a questão da existência ou não da omissão, anulando se for o
caso o Acórdão, determinando o Tribunal recorrido que aprecie a questão
omitida.
CONCLUSÃO

Tenho aspectos bons e ruins para dizer a respeito do pré-


questionamento. Quanto aos aspectos bons, entendo que, nem toda matéria
deve ser apreciada pelos Ministros dos Tribunais Superiores, tendo em
vista que desprestigiaria as instâncias inferiores, isto porque, estão mais
próximos dos fatos, formando uma visão mais real dos acontecimentos
narrados. O que não acontece no caso dos Tribunais Superiores, pois, estes
acabam fazendo juízo de valor distante de uma realidade não figurada.
Portanto, sendo mais bem julgado pelas instâncias inferiores, pela
proximidade dos fatos discutidos em juízo.

Então o pré-questionamento funciona como um “filtro”, não


deixando chegar aos Tribunais Superiores assuntos de ínfimo valor social,
por estarem bem discutidos e julgados pelos Juízes de instâncias inferiores.

O aspecto ruim é de chegar ao ponto de não conseguir apreciação


pelas instâncias superiores, de recursos como o Especial e Extraordinário,
ante a exatidão imposta para conhecimento de tais recursos, colocando em
risco a veracidade de julgamentos mais justos.
BIBLIOGRAFIA

NELSON NERY JUNIOR – Teoria Geral dos Recursos- RT

FEDERAL,Constituição Federal 1988.

Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha


7ª edição. Salvador: Edições Jus Podivm, 2009.

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