Você está na página 1de 13

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

Welrika Beatriz Silva Moreira

DISSÍDIOS COLETIVOS

BRASÍLIA
MARÇO/2010
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

INTRODUÇÃO

O presente trabalho irá tratar dos assuntos pertinentes ao Dissídio


Coletivo, que são aqueles que envolvem pleitos de uma coletividade. Assim, dado
um conflito coletivo trabalhista, uma vez que tal questão seja posta em julgamento,
sua solução será imposta de modo coercitivo às partes envolvidas. Com vistas a
melhor esclarecer o significado do instituto ora tratado, abordaremos, a seguir, os
conflitos coletivos e as suas formas de composição.
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

DOS DISSÍDIOS COLETIVOS

O Dissídio coletivo consiste no procedimento de solução de conflitos


coletivos de trabalho perante a jurisdição. É, portanto, um dos meios de composição
dos conflitos coletivos. Disso se infere que, nos dissídios coletivos, o interesse
controvertido é de todo um grupo, genérica e abstratamente considerado, ou seja, o
interesse, no dissídio coletivo, é transindividual, e a sua solução deverá ocorrer pela
via jurisdicional.
Nem sempre as relações de trabalho se desenvolvem com
normalidade e harmonia; muitas vezes se produzem perturbações, disso resultando
os conflitos. Estes surgem quando uma das partes lesa o direito da outra, quando
divergem na interpretação ou alcance de uma norma, ou quando crêem que é
necessário mudar as condições existentes. Em todas essas situações ou noutras
análogas produz-se uma distorção nas relações que se mantinham e isto resulta
num conflito.
Assim sendo, o conflito coletivo de trabalho formaliza-se mediante
uma relação de litígio estabelecida entre uma coletividade homogênea de
trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas, que tem como matéria ou
objeto próprio a confrontação de direitos ou interesses comuns à categoria
profissional.

DA CLASSIFICAÇÃO

Uma das características da solução dos conflitos coletivos pelo


Judiciário trabalhista é que se profere uma sentença de caráter normativo, onde, há
a criação do direito na própria decisão, substituindo a convenção ou acordo coletivos
anteriores.
Do mesmo modo que os conflitos coletivos de trabalho dividem-se
em conflitos de natureza econômica e conflitos de natureza jurídica, também os
dissídios coletivos, entendidos como procedimentos para solução jurisdicional dos
conflitos coletivos de trabalho, classificam-se em econômicos e jurídicos. Assim,
quando o que se pretende é a criação de normas e condições de trabalho, o dissídio
terá caráter econômico. De outra banda, quando os conflitos são fundados em
normas preexistentes em torno da qual divergem as partes, quer na sua aplicação,
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

quer na sua interpretação, estar-se-á diante de dissídio de índole jurídica. O dissídio


de greve possui, ontologicamente, natureza de dissídio jurídico, uma vez que supõe
a apreciação do caráter abusivo da greve (ação de natureza declaratória).
Geralmente, contudo, são discutidas, no bojo do dissídio de greve,
questões atinentes às condições de trabalho, circunstância que, segundo parte da
doutrina, lhe confere caráter misto, conforme explicitado em Martins Filho (2005, p.
195). Martins (2006, p. 599) estende a classificação dos dissídios coletivos conforme
a seguir:
1. Dissídios originários, quando inexistentes ou em vigor normas e condições
especiais de trabalho, com a criação de condições especiais de trabalho, conforme o
art. 867 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
2. De revisão, destinados a rever normas e condições coletivas de trabalho
preexistentes e que se tornaram ineficazes ou injustas de acordo com as
circunstâncias (arts. 873 a 875 da CLT);
3. De declaração sobre paralisação de trabalho em decorrência de greve;
4. De extensão, visando estender as condições de trabalho a outros trabalhadores
(art. 868 a 871 da CLT).

DA NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA

A intervenção da Justiça do Trabalho nos conflitos coletivos se faz


por meio de sentenças proferidas em dissídios coletivos, que, por seu turno,
diferenciam-se em dissídios de natureza econômica e jurídica. Enquanto nos
dissídios de índole jurídica, a sentença é de natureza declaratória da existência ou
inexistência de certa relação jurídica, nos de índole econômica, a sentença possui
caráter constitutivo, tendo em vista que cria normas de caráter geral e abstrato, que
disciplinam as relações jurídicas de emprego. O poder normativo surge nos
chamados dissídios de natureza econômica, quando os Tribunais do Trabalho têm a
possibilidade de estabelecer normas e condições de trabalho, oponíveis erga omnes
às categorias econômicas (ou às empresas) e às categorias profissionais envolvidas
no litígio.
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

DA DIFERENÇA ENTRE DISSÍDIO INDIVIDUAL E COLETIVO

É importante ressaltar que há profundas diferenças entre o dissídio


individual e o coletivo, pois no individual o que está em jogo é o interesse bem
definido de um ou vários trabalhadores; já no dissídio coletivo há um interesse
abstrato de toda uma categoria profissional e/ou os seus empregadores. Outra
distinção é que no dissídio coletivo a ação será proposta perante o Tribunal do
Trabalho. No dissídio individual, o contraditório se desenvolve entre um empregado
e um patrão. Já no processo de dissídio coletivo o contraditório não é concretizado
diretamente por todos os trabalhadores e uma ou mais empresas.
Os sujeitos dessa relação são os sindicatos, salvo algumas
exceções. Outra diferença está na sentença, pois quando prolatada em dissídio
coletivo, terá vigência por tempo determinado, ao passo que, no dissídio individual, a
sentença que fizer coisa julgada reverter-se-á de imutabilidade e de perenidade. A
sentença que se tornar irrecorrível no dissídio individual será lei para as partes. Já a
sentença normativa proferida em processo coletivo abriga, até as empresas e os
trabalhadores que, posteriormente, ingressarem no grupo profissional ou econômico
envolvido no processo.
Os conflitos coletivos podem ser solucionados de duas formas:
autocompositivas, como a mediação e as convenções e acordos coletivos; e
heterocompositivas, como a arbitragem e a jurisdição.

DO PROCESSO E PROCEDIMENTO

Partes
Têm legitimidade para o ajuizamento do dissídio coletivo (suscitante)
as entidades sindicais, tanto dos trabalhadores como dos empregadores, e os
empregadores, estes quando não haja entidade sindical representativa ou os
interesses em conflito sejam particularizados.
Ocorrendo a paralisação do trabalho, pela greve, sem ajuizamento
do correspondente dissídio coletivo, o Ministério Público do Trabalho poderá
instaurar a instância judicial, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse
público assim o exigir. Neste caso, as demais partes serão chamadas de suscitadas.
A intervenção do Ministério Público é autorizada pela Constituição Federal (art. 127).
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

Requisitos da inicial
Os requisitos da inicial são tratados no art. 858, da Consolidação
das Leis do Trabalho e mais pormenorizadamente considerados em instrução do
Tribunal Superior do Trabalho, bem como no seu Regimento Interno.
Exige-se, em suma, a qualificação das partes, a indicação do
quorum estatutário para a deliberação da assembléia, a fundamentação da
representação a comprovação da tentativa de negociação, data e assinatura.
Acrescenta-se que no ajuizamento do dissídio coletivo as partes
deverão apresentar, fundamentadamente, suas proposta finais, que serão objeto de
conciliação ou deliberação do Tribunal, na sentença normativa. Deve-se entender
como sendo a pauta de reivindicações fundamentada do suscitante e que a
suscitada com a defesa formulará sua contra-proposta , também fundamentada.
Resumidamente, deverá o suscitante comprovar as tentativas de
negociação; anexar cópia da sentença normativa anterior, do acordo ou convenção
coletiva de trabalho anterior, ou, ainda, do laudo arbitral, se for o caso; cópia da ata
da assembléia da categoria que aprovou as reivindicações e concedeu poderes para
a negociação coletiva e para o acordo judicial, ou, ainda, de aprovação das
cláusulas e condições acordadas, observado o quorum legal; cópia do livro ou das
listas de presença dos associados participantes da assembléia deliberativa, ou
outros documentos hábeis à comprovação de sua representatividade.
O Presidente do Tribunal poderá determinar que seja emendada ou
completada a inicial, assinando ao suscitante o prazo máximo de dez dias, sob pena
de extinção do processo, mediante o indeferimento da inicial.

Outros procedimentos
Ajuizada a representação no protocolo do Tribunal, a mesma será
autuada. Estando conforme a representação, será designada audiência de
conciliação e instrução, cientificada as partes. O suscitado deduzirá sua defesa, nela
compreendida a proposta final. A Consolidação das Leis do Trabalho não se refere à
contestação, limitando-se a estabelecer que ambas as partes ou seus
representantes se pronunciarão sobre as bases da conciliação. Martins Filho informa
que a contestação é imprescindível para se analisar a pretensão resistida.
A defesa observará a estrutura normal dos processos civil e
trabalhista, com preliminares acerca dos pressupostos processuais, das condições
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

da ação e quanto ao mérito, normalmente refutando cláusula à cláusula da


reivindicação, nada impedindo o reconhecimento parcial do pedido.
O reconhecimento da totalidade do pedido objetivamente implica na
conciliação. É admissível a reconvenção, tal ocorre no procedimento do dissídio
individual, havendo a conexão da matéria, por exemplo, se suscitado o dissídio de
declaração de greve, em reconvenção o sindicato dos trabalhadores reivindica
reposições de perdas salariais.
No dissídio coletivo não ocorre revelia em razão da ausência do
suscitado, somente prejudicando a tentativa conciliatória , em razão de nada dispor
o capítulo da CLT que trata da matéria.
Alcançada a conciliação ou encerrada a instrução, o processo será
distribuído ao relator e revisor, mediante sorteio. Alguns tribunais regionais fixam em
seus regimentos internos, que após a instrução as partes terão dez minutos para
produzir razões finais. É o Presidente do Tribunal o juiz instrutor do dissídio coletivo,
ressalvada a competência do relator de promover diligências suplementares,
conforme estipulam os regimentos internos dos tribunais.
O Ministério Público do Trabalho também participa da instrução
processual. No caso de greve em serviços ou atividades essenciais, o Presidente do
Tribunal poderá expedir ato dispondo sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade. O Ministério Público do Trabalho opina nos dissídios
coletivos, oralmente em caso de conciliação, e não havendo acordo após o
encerramento da instrução, o qual será reduzido a termo, ou após a designação do
relator e revisor, na sessão de julgamento do dissídio, transcrito em síntese na
certidão, pela secretaria, ou, ainda, mediante parecer por escrito, no prazo de oito
dias, mediante remessa dos autos pelo Relator. Vindos os autos do Ministério
Público, o relator o examinará em dez dias, e o revisor em cinco dias. Imediatamente
após, o dissídio será submetido a julgamento, em sessão ordinária ou extraordinária
do órgão competente.

A sentença
A decisão proferida no dissídio coletivo, ou seja o acórdão do
Tribunal Regional do Trabalho ou da Seção Especializada em Dissídios Coletivos do
Tribunal Superior do Trabalho é denominada de sentença normativa. A sentença
normativa deverá ser fundamentada, sob pena de nulidade, devendo traduzir, em
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

seu conjunto, a justa composição do conflito de interesse das partes, e guardar


adequação com o interesse da coletividade. A sentença normativa cria o direito para
as parte em litígio, criando normas mais favoráveis que aquelas estabelecidas na
convenção e na lei, consoante preceitua o texto constitucional (CF, art. 114, § 2°).
O órgão julgador examina, preliminarmente, a competência, os
pressupostos processuais e as condições da ação e, se ultrapassadas estas,
examina e decide a pauta de reivindicações, expostas em cláusulas. Tais cláusulas
são classificadas por Martins Filho como :

1. cláusulas econômicas: dizem respeito ao reajustes salarial, ao acréscimo de


produtividade, ao aumento real, ao salário normativo, ao piso salarial, etc.
2. cláusulas sociais: dizem respeito àquelas de conteúdo econômico indireto, tais
como auxílio-creche, auxílio-alimentação, auxíliofuneral, estabilidade provisória,
multa pelo descumprimento da sentença normativa, etc.
3. cláusulas sindicais: são aquelas que regulamentam o relacionamento do sindicato
com as empresas, estabelecem as contribuições a serem descontadas dos
empregados em favor dos sindicatos, as garantias dos dirigentes sindicais etc.
É também fixada a vigência da sentença normativa, normalmente de
1 ano, mas que legalmente pode ser fixada até 4 anos. As custas são impostas ao
vencido, calculadas sobre o valor arbitrado pelo Presidente do órgão julgador (CLT,
art. 790). O acórdão deverá ser publicado no prazo de 15 dias da data do
julgamento.

DA ALTERAÇÃO ADVINDA PELA EMENDA N° 45/04

No Brasil, os conflitos econômicos sempre foram, via de regra,


solucionados pela via jurisdicional. Desde a Constituição de 1934, é conferida aos
Tribunais do Trabalho a possibilidade de proferirem, nos dissídios coletivos,
sentenças normativas, fixando normas e condições de trabalho.
A Emenda Constitucional (EC) N. 45, promulgada e publicada em
dezembro de 2004, alterou a competência da Justiça do Trabalho, de um lado para
ampliar suas atribuições em matéria de direito individual, e, de outro, para limitar a
possibilidade de dissídio coletivo de natureza econômica. Segundo o § 2º do art. 114
da Constituição de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional N. 45, de
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

31 de dezembro de 2004, os sindicatos de trabalhadores só poderão ingressar com


dissídio coletivo de natureza econômica na Justiça do Trabalho se houver
concordância patronal, nos seguintes termos:
Art. 114 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
(...)
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas
legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente.

Assim, na hipótese de impasse na negociação por ocasião da data-


base ou No Brasil, os conflitos econômicos sempre foram, via de regra, solucionados
pela via jurisdicional. Desde a Constituição de 1934, é conferida aos Tribunais do
Trabalho a possibilidade de proferirem, nos dissídios coletivos, sentenças
normativas, fixando normas e condições de trabalho, inclusive com definição de
índice de reajuste salarial – só poderá ser acionado pelo sindicato de trabalhadores
se houver a concordância do patrão.
Como o Ministério Público do Trabalho, (§ 3º do art. 114 da
Constituição, com a redação dada pela E.C. 45), pode solicitar à Justiça do Trabalho
o julgamento da greve, se entender que ela possa causar lesão ao interesse público,
a Justiça do Trabalho terá que julgar se a greve é legal ou ilegal, podendo, inclusive,
multar o sindicato em caso de descumprimento da
decisão que decidiu pelo eventual retorno ao trabalho. Nesse julgamento, entretanto,
o Judiciário não poderá examinar as reivindicações que deram causa à greve, já que
só poderá fazer uso do Poder Normativo quando o dissídio for proposto, de comum
acordo, por patrão e entidade sindical de trabalhadores.
Como vimos acima, o procedimento dos dissídios coletivos restou
profundamente alterado, consoante se pode inferir da tabela comparativa abaixo,
referente ao art. 114, da Constituição Federal.
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

Antes da EC 45/04 Após a EC 45/04 Após a EC 45/04

§2º Recusando-se qualquer das §2º Recusando-se qualquer das


partes à negociação ou à partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado aos arbitragem, é facultado às mesmas,
respectivos sindicatos ajuizar de comum acordo, ajuizar dissídio
dissídio coletivo, podendo a Justiça coletivo de natureza econômica,
do Trabalho estabelecer normas e podendo a Justiça do Trabalho
condições, respeitadas as decidir o conflito, respeitadas as
disposições convencionais e legais disposições mínimas legais de
mínimas de proteção ao trabalho. proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente.
_________________________________ __________________________________
§3º Em caso de greve em atividade
Sem correspondente anterior essencial, com possibilidade de
lesão do interesse público, o
Ministério Público do Trabalho
poderá ajuizar dissídio coletivo,
competindo à Justiça do Trabalho
decidir o conflito

Antes da promulgação da EC N. 45/04, exigia-se, para a instauração


dos dissídios coletivos, que, tão-somente, fossem esgotadas as tentativas de
negociação entre as partes. Após a promulgação da Emenda da Reforma do
Judiciário, jazeu alterado o §2º, do art. 114, da Constituição Federal, que passou a
incluir a expressão comum acordo como condição para o ajuizamento do dissídio
coletivo de natureza econômica, textualmente:
Recusando-se qualquer das partes à negociação ou á arbitragem, é
facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de
natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

Tramitaram, no Supremo Tribunal Federal, várias ações diretas de


inconstitucionalidade5, questionando a validade do termo comum acordo. Não
obstante, os Tribunais Regionais do Trabalho começaram a se manifestar a esse
respeito, plasmando o entendimento de que nada foi modificado, vale dizer, que a
instauração do dissídio coletivo prescinde da anuência da parte contrária.
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

JURISPRUDÊNCIAS REFERENTES AO DISSÍDIO COLETIVO - Ementas:


DISSÍDIO COLETIVO. IRREGULARIDADE FORMAL. FALTA DE
FUNDAMENTAÇÃO DAS CLÁUSULAS NA REPRESENTAÇÃO E PAUTA
REIVINDICATÓRIA NÃO REGISTRADA EM ATA. NÃO-OBSERVÂNCIA DE
PRESSUPOSTO DE DESENVOLVIMENTO E CONSTITUIÇÃO VÁLIDO E
REGULAR DO PROCESSO COLETIVO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO
DO MÉRITO. A inobservância da apresentação da ata da assembléia de
trabalhadores, com o registro da pauta reivindicatória, e da fundamentação das
reivindicações da categoria enseja o indeferimento da petição inicial e a extinção do
processo sem resolução do mérito. Não observados os pressupostos essenciais à
constituição e desenvolvimento válido e regular do processo coletivo, extingue-se o
feito, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I e IV, do CPC - inteligência
das Orientações Jurisprudenciais nº8 e 32 da SDC do col. TST. ( Processo: 00540-
2009-000-10-00-5 DC – TRT 10° Região/Julgado em 03/03/2010).

DISSÍDIO COLETIVO. REAJUSTE SALARIAL. PERCENTUAL


CORRESPONDENTE AO INPC/IBGE ACUMULADO NO PERÍODO ANTERIOR AO
REAJUSTAMENTO REQUERIDO. LEI Nº 10.192/2001. PROIBIÇÃO DE
INDEXAÇÃO. A jurisprudência do col. TST tem-se mostrado refratária ao
reajustamento salarial com base na integralidade do percentual correspondente à
inflação do período, em razão do que reza o artigo 13 da Lei nº 10.192/2001 no
sentido de que "No acordo ou convenção e no dissídio, coletivos é vedada a
estipulação ou fixação de cláusula de reajuste ou correção salarial automática
vinculada a índice de preços". Assim, em observância à lei de política salarial que
rege a matéria, concede-se 6% a título de reajuste salarial à categoria para o
período de vigência da norma coletiva. Dissídio coletivo julgado procedente em
parte. (Processo: 00220-2009-000-10-00-5 DC – TRT 10° Região/Julgado em
17/10/2009) . 

ABONO SALARIAL. CONCESSÃO EM DISSÍDIO COLETIVO. EXTENSÃO AOS


INATIVOS. POSSIBILIDADE. Parcela destinada a compensar perdas e defasagens
salariais, em decorrência da ausência da implementação de reajustes anteriores.
Caracterizada a natureza salarial da parcela, deve haver extensão do benefício aos
inativos, complementando-lhes a aposentadoria. Recurso Ordinário da reclamante
provido. (TRT/SP - 01896200501102000 - RO - Ac. 12aT 20090282269 - Rel. Davi
Furtado Meirelles - DOE 28/04/2009)

DISSÍDIO COLETIVO - 'COMUM ACORDO' ESTABELECIDO NO ART. 114, § 2º DA


CF - O texto constitucional quando estabelece a faculdade das partes em comum
acordo ajuizar dissídio coletivo não quis impor qualquer restrição ao direito de ação
constitucionalmente assegurado, mas tão-somente obstar o ajuizamento de dissídios
coletivos de natureza econômica sem a tentativa de negociação amigável para a
solução do conflito, exprimindo, portanto, a expressão 'comum acordo' a idéia de
que as partes concordam quanto à impossibilidade de chegarem a um consenso
sobre os pontos controvertidos, não restando outra alternativa para a composição do
dissídio senão pela tutela normativa desta Justiça do Trabalho. Portanto, não há se
falar em necessidade de ambas as partes subscreverem a petição de Dissídio
Coletivo em conjunto. (TRT23. DC - 00068.2008.000.23.00-9. Publicado em:
25/04/08. Tribunal Pleno. Relator: DESEMBARGADORA LEILA CALVO
CONCLUSÃO
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

Neste apoucado trabalho procurei desenvolver as principais


características trazendo os conceitos referentes ao dissídio coletivo. Pude concluir
que o poder normativo da Justiça do Trabalho foi um meio de intervenção Estatal
originado por uma posição corporativista, que com o tempo acabou por se tornar
eficaz para aquilo que foi proposto. Os dissídios coletivos atuam abstratamente já
que são ações de pessoas indeterminadas, de categorias. Não há necessidade de
procuração de cada pessoa, o sindicato é que atua como substituto processual.
São duas as espécies de dissídios: o de natureza econômica –
aquele que a justiça determina o aumento salarial, redução de jornada de trabalho,
dentre outros e os de natureza jurídica.
Apesar de a nova redação do artigo 114 da CF não mais descrever
esse dissídio, entendi que continua em vigor, pois são nestas demandas que se
interpretam normas coletivas, não servindo para que sejam firmadas novas
convicções, e sim servem somente para interpretar normas coletivas.
Em regra, a competência originária desses dissídios é dos Tribunais
Regionais do Trabalho, porém, os Tribunais Regionais têm jurisdição sob a sua
determinada região. Por isso as demandas devem ser propostas no Tribunal
daquela região.

BIBLIOGRAFIA
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO
FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

CARRION, VALENTIN, Comentários à consolidação das leis do trabalho. 32. Ed.


Atual. Por Eduardo Carrion. – São Paulo: Saraiva, 2007.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4.


ed. São Paulo. LTR. 2003. p. 452-526.

COSTA, Orlando Teixeira da. Direito coletivo do trabalho e crise econômica. São
Paulo: LTr, 1991, p. 65/66. Apud SILVA, Floriano Corrêa Vaz da. O poder normativo
da justiça do trabalho. In: FRANCO FILHO, Georgenor de Sousa (coord.). Curso de
Direito Coletivo do Trabalho: estudos em homenagem ao Ministro Orlando Teixeira
da Costa. São Paulo: LTr, 1998.

MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Processo coletivo do trabalho. São Paulo:
LTr, 1994, p. 12. Apud BRITO FILHO, José Cláudio de. Direito sindical - análise do
modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da
doutrina da OIT: proposta de inserção da comissão de empresa. São Paulo: LTr,
2000.

BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil.


BrasÍlia, DF: Casa Civil. Texto compilado. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm

http://www.viajus.com.br/viajus.php?
pagina=artigos&id=924&idAreaSel=8&seeArt=yes

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_04/diss
%EDdio_coletivo_de_natureza_ju.htm/

Você também pode gostar