Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar e elucidar os efeitos provocados pelas Resoluções CNJ nºs
308 e 309 no contexto do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, com foco particular nas responsabilidades
da unidade de auditoria. O estudo busca demonstrar as vantagens que essas resoluções trazem para a
governança e a administração do Tribunal em questão, estabelecendo um alinhamento consistente com as
diretrizes fornecidas pelo Tribunal de Contas da União.
Palavras-chave: Resoluções CNJ; Funções da Unidade de Auditoria; Governança; Administração; Acórdãos
do TCU.
1. Introdução.
O Conselho Nacional de Justiça 1 editou, em março de 2020, as Resoluções 308
(CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2020a) e 309 (CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA, 2020b). O objetivo dessas resoluções é organizar e padronizar as atividades de
auditoria interna dos órgãos do Poder Judiciário, com a finalidade de desempenhar um papel
relevante na contribuição para a governança e gestão dos conselhos e tribunais do país, com
exceção do Supremo Tribunal Federal 2. Além disso, visam também estabelecer as Diretrizes
Técnicas das Atividades de Auditoria Interna Governamental do Poder Judiciário –
DIRAUD-Jud, definindo os princípios, conceitos e requisitos fundamentais para o exercício
da profissão de auditor interno.
1
O Conselho Nacional de Justiça foi criado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, nos termos do artigo
103-B da Constituição da República Federativa do Brasil, com o propósito de aperfeiçoar o trabalho do Poder
Judiciário Brasileiro, mormente quanto ao controle e à transparência administrativa e processual.
https://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos/
2
O STF, como corte Suprema, não integra o rol de tribunais sujeitos ao controle administrativo do Conselho
Nacional de Justiça. https://www.cnj.jus.br/pesquisas-judiciarias/supremo-em-acao/
2
3
https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/documento/acordao-
completo/*/NUMACORDAO:2622%20ANOACORDAO:2015%20COLEGIADO:'Plen%C3%A1rio'/DTRELEVANCI
A%20desc,%20NUMACORDAOINT%20desc/0
4
https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/documento/acordao-
completo/*/NUMACORDAO%253A1171%2520ANOACORDAO%253A2017%2520COLEGIADO%253A%2522Pl
en%25C3%25A1rio%2522/DTRELEVANCIA%2520desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/0/%2520
4
5
https://portal.tcu.gov.br/es/biblioteca-digital/levantamento-de-governanca-e-gestao-das-aquisicoes.htm
6
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/fiscalizacoes-incluidas-no-relatorio-de-politicas-e-programas-
2017.htm
5
Nota-se que o foco das atividades da SCI, por meio de suas seções, era a emissão de
pareceres prévios à tomada de decisões pela alta administração em sede de processos
licitatórios, de pessoal e administrativo em geral. Neste caso, sempre que demandado pela
Diretoria-Geral ou Presidência, com forte caráter de cogestão, a realização de auditoria na
gestão dos atos e procedimentos administrativos não era prioridade. A função de controle
prévio, caracterizando gestão participativa do órgão de controle interno, não contribuía para
a melhoria da governança e gestão, já que não analisava a eficácia, a eficiência e os
resultados a partir das decisões administrativas por meio de sistemas de auditoria.
Infere-se que a atuação da SCI estava mais voltada para o assessoramento, o que
descaracterizava a função precípua do órgão de controle e não observava a devida
segregação de funções entre os órgãos de execução e fiscalização, comprometendo a
avaliação independente e autônoma das políticas judiciárias escolhidas e implementadas pela
Alta Administração.
simetria com este Órgão Superior, a nova configuração da unidade de controle, objeto do
Processo SEI n. 0013046-85.2020.6.26.8000, passou a ser denominada Secretaria de
Auditoria Interna. Com a exclusão da unidade de prestação de contas (Coordenadoria de
Contas Eleitorais e Partidárias), a nova estrutura passou a ter apenas uma Coordenadoria de
Auditoria e Consultoria de Gestão, composta, inicialmente, por quatro seções: Seção de
Auditoria de Aquisições, Contratos e Licitações (ScALC); Seção de Auditoria de Pessoal
(ScAP); Seção de Auditoria de Gestão e Apoio à Governança (ScAuG); e Seção de Auditoria
de Tecnologia da Informação (ScATI), conforme estrutura organizacional apresentada na
Figura 2.
Atualmente, a SAI passou por uma nova reestruturação, por meio da Resolução
TRE/SP nº 581/2022 7, que criou mais uma seção, a de Auditoria Financeira, especializando
as auditorias de acordo com a matéria objeto de análise.
Por sua vez, a Resolução CNJ nº 309 trouxe inúmeras inovações e aprimoramentos
na área de auditoria, implementando a padronização e a busca pela excelência nos métodos,
critérios, conceitos ou sistemas utilizados na atividade de auditoria nos órgãos vinculados ao
CNJ. A finalidade é garantir que essa atividade nos tribunais e conselhos cumpra sua missão
institucional e o postulado constitucional de integração, respaldando-se em normas de
auditoria emitidas pela Organização Internacional das Entidades Superiores de Fiscalização
(INTOSAI) e em normas internacionais de auditoria expedidas pela Federação Internacional
de Contadores (IFAC). Estas normas contêm requisitos éticos e de planejamento para
obtenção de razoável segurança na isenção de distorções materiais nas informações,
almejando, ao final, a atualização e racionalização do processo de modernização
institucional.
7
https://www.tre-sp.jus.br/++theme++justica_eleitoral/pdfjs/web/viewer.html?file=https://www.tre-
sp.jus.br/legislacao/legislacao-eleitoral/arquivos-scasal/tre-sp-resolucao-no-581-
2022/@@download/file/TRE-SP-resolucao-tre-sp-581-alteracao-estrutura-organizacional.pdf
9
quando da atuação das suas atividades, bem assim manual das atividades de auditoria e
fixando a elaboração de planejamento das auditorias por meios de dois instrumentos: Plano
de Auditoria de Longo Prazo (PALP) e Plano Anual de Auditoria (PAA), amparadas em
riscos para possibilitar a definição de prioridades, alinhados aos objetivos e metas
institucionais da entidade, aprovados pelo presidente do Tribunal ou Conselho.
Outro aspecto introduzido pelo norma em referência foi a instituição do Programa de
Qualidade de Auditoria, contemplando toda a atividade de auditoria interna, do seu
planejamento até o monitoramento das recomendações, objetivando o enriquecimento da
qualidade em termos de aderência às normas, ao código de ética, e aos padrões definidos de
auditoria, a fim de reduzir o tempo de tramitação dos processos, diminuindo o retrabalho e
aumentando a eficácia e efetividade das propostas de encaminhamento. Por fim, determinou
a realização de avaliações interna (autoavaliação) e externa dos trabalhos de auditoria com
o objetivo de aferir a qualidade e identificar as oportunidades de melhoria.
As ações mencionadas foram implementadas no Tribunal Regional Eleitoral de São
Paulo por meio das Portarias TRE/SP nºs 256 e 257, ambas de 2020. A primeira portaria
instituiu o Código de Ética, de observância obrigatória para todos os servidores lotados na
SAI, esboçando, além dos princípios e requisitos éticos, os deveres, direitos, garantias,
vedações e impedimentos. A segunda, por sua vez, tratou da criação do Estatuto de Auditoria
Interna, definindo sua missão e conceitos técnicos de auditoria, atribuições, competências e
práticas funcionais dentro da rotina da unidade. Detalhou a elaboração dos planos de
auditoria, tanto de longo prazo como anual, e previu o plano de capacitação permanente e
anual dos servidores, visando avanços nos trabalhos de auditoria. Além disso, dedicou um
capítulo para delinear a atividade de consultoria da unidade de auditoria e, por fim, tratou
sobre o Programa de Qualidade de Auditoria.
Para dar efetividade ao Programa de Qualidade de Auditoria do TRE/SP, a SAI
confeccionou o Manual do Programa de Qualidade de Auditoria Interna, mirando a
evolução, qualidade e desenvolvimento contínuo da atividade de auditoria interna, por meio
de avalições internas e periódicas, consistente em questionários a serem respondidos pelas
unidades auditadas, gestores e alta administração, além das avaliações externas.
Finalmente, o CNJ optou por elaborar um Manual de Auditoria para todo o Poder
Judiciário, de natureza conceitual, orientativa e referencial, criando um Sistema de Auditoria
do Poder Judiciário – SIAUD-JUD, para servir de procedimento padronizado para todas as
ações de auditoria interna dos órgãos jurisdicionais. Nas palavras do presidente da Comissão
10
Sob à luz das normas do CNJ e dos acórdãos do TCU, o Tribunal Regional Eleitoral
de São Paulo editou seus normativos sobre o sistema de auditoria interna, dando passos
firmes para a atuação precípua do órgão de auditoria interna, quais sejam, auditoria interna
e consultoria, deixando de lado a função típica de gestão nos processos decisórios do aludido
tribunal.
8
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3288
11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS