Vistos, Etc. Trata-se de Agravo de Instrumento, Interposto Pelo Banco Bv Financeira
S/a Crédito, Financiamento e Investimentos, contra Decisão Proferida na Ação de Consignação em Pagamento, que Autorizou o Autor a Realizar ³os Depósitos das Prestações Periódicas Indicadas na Petição Inicial, Até o Dia 30 (Trinta) de Cada Mês, em Conta Bancária Com Correção Monetária, a Ser Aberta por Este Juízo, sob Pena de Extinção do Feitoã. Sustenta o Agravante, em Resumo, que Equivocadamente a Liminar Foi Concedida Pelo Juiz a Quo, Visto que nesta Situação, o Agravado Poderá Depositar Valores Diversos do Contratado, Fundamentando-se, Tão Somente, nos Cálculos da Planilha Apresentada na Inicial. Aduz que Tal Situação Fere Diretamente o Pactu Sunt Servanda. Alega que no Momento da Celebração do Contrato as Obrigações Contratuais Foram Livremente Ajustadas e, Assim, os Depósitos Pleiteados e Unilateralmente Determinados Pelo Agravado Não Têm a Menor Validade, Pois Não Estão de Acordo Com as Cláusulas Ajustadas no Contrato. Requer a Concessão do Efeito Suspensivo ao Agravo, e ao Final, Pugna Pelo Provimento do Agravo, Com a Reforma da Decisão. Examinados, Passo a Decidir. 1. Conheço do Recurso, Presentes que se Encontram os Pressupostos Objetivos e Subjetivos de Sua Admissibilidade. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia 2. Examinando-se Atentamente a Decisão Agravada, Verifica-se Claramente a Ausência de Fundamentação. o Ilustre Juiz a Quo, ao Proferir a Decisão que Concedeu a Liminar, na Ação de Consignação em Pagamento, Limitou-se em Dizer Apenas que: Intime-se o Autor a Efetuar os Depósitos das Prestações Periódicas Indicadas na Petição Inicial, Até o Dia 30 (Trinta) de Cada Mês, em Conta Bancária Com Correção Monetária, a Ser Aberta por Este Juízo, sob Pena de Extinção do Feitoã, Contudo, Não Demonstrou a Relevância dos Fundamentos, Deixando de Explicitar os Motivos que Conduziram-no a Este Entendimento. como Cediço, uma Decisão Não é Ato Autoritário do Juiz, Ato que Nasce ao Alvedrio do Julgador, Daí a Necessidade de Ser Fundamentada, Devidamente Motivada, a Fim de que se Evite Excessos por Parte do Magistrado, Bem como Permita ao Prejudicado o Direito de Contradizer o Quanto Dito Pelo Juízo, Viabilizando-se, Assim, a Efetividade dos Princípios Constitucionais do Contraditório, da Ampla Defesa e do Devido Processo Legal. Com Efeito, o Deferimento da Medida Liminar, sem que o Magistrado Diga os Motivos que o Convenceram a Proferir Determinado Pronunciamento, Não Cumpre a Exigência Constitucional da Motivação das Decisões Judiciais, e, por Conseqüência, Permanece no Mundo Jurídico Eivada do Vício da Nulidade, como Ensinam os Grandes Doutrinadores. Ensina Nelson Nery Júnior que ³fundamentar Significa o Magistrado Dar as Razões, de Fato e de Direito, que o Convenceram a Decidir a Questão Daquela Maneira. A Fundamentação Tem Implicação Substancial e Não Meramente Formal, Donde é Lícito Concluir que o Juiz Deve Analisar as Questões Posta a Seu Julgamento, Exteriorizando a Base Fundamental de Sua Decisãoã (Princípios do Processo Civil na Constituição Federal, Pág. 159). Fundamentação, Ensina o Professor J.J. Calmon de Passos: ³só é Entendível como Clara e Precisa Quando Ela é Explícita e Completa Quanto ao Suporte que o Juiz Oferece para as Suas Decisões sobre Questões de Fato e de Direito Postas para Seu Julgamento. (...). Se Houver Controvérsia, a Decisão Só é Fundamentada Quando o Juiz Aprecia a Prova de Ambas as Partes a Respeito e Deixa Claras as Razões por que Aceita uma e Repele a Outra. Já as Questões de Direito, Suas Decisões São Fundamentadas Quando o Juiz Expõe o Embasamento Doutrinário, Jurisprudencial ou Dogmático Sério que o Leva a Decidir como Tribunal de Justiça do Estado da Bahia Decide, Tendo em Vista os Fatos Já Admitidos para Formação de Seu Convencimento, nos Termos Precedentemente Expostos.´(Reforma do Código de Processo Civil. São Paulo : Saraiva, 1996. P. 205-206). Com Efeito, à Luz do Art. 93, Inciso Ix, da Constituição Federal, e do Art. 165, do Cpc, Nota-se que Todas as Decisões Judiciais Hão de Ser Fundamentadas. Este é o Entendimento Jurisprudencial Adotado Pelo Superior Tribunal de Justiça. Vejamos: ³a Fundamentação das Decisões Judiciais - Veiculando Conteúdo Decisório, Sejam Sentenças ou Interlocutórias - Decorre do Art. 165 do Código de Processo Civil, Não se Confundindo Decisão Concisa e Breve Com a Decisão Destituída de Fundamentação, ao Tempo em que Deixa de Apreciar Ponto de Alta Indagação e Lastreado em Prova Documental. (...) Esse Pressuposto de Validade da Decisão Judicial - Adequação Fundamentação - Tem Sede Legal e na Consciência da Coletividade, Porque Deve Ser Motivada Toda a Atuação Estatal que Impinja a Aceitação de Tese Contrária à Convicção Daquele que Está Submetido ao Poder de Império da Administração Pública, do Estado. Também, por Isso, Seu Berço Constitucional Está no Art. 93, Inciso, Ix, o Qual Não Distingue o Tipo de Provimento Decisórioã. (Stj, 2a T., Agrg no Resp 251.049/Sp, Rel. Min. Nancy Andrighi, J. 13.06.2000, Dj 01.08.2000, P.246). Diante do Exposto, Tratando de Decisão sem Fundamentação, Sendo Assim, Nula de Pleno Direito, por Ter Violado os Arts. 93, Inciso Ix, da Constituição Federal, e 165 do Código de Processo Civil, Anulo Ex Oficio a Decisão Agravada, Remetendo-se os Autos ao Juízo a Quo, para que uma Nova Decisão Seja Proferida.
Resumo do conteúdo do documento.
Fragmento
Monocratica nº 41417-5/2009 de 2º Grau, Primeira Câmara Cível, 19 de Agosto de