Inerte ou em movimento, tanto faz; Só está presente a carcaça; A mente está muito ocupada; Mas a alma está longe; Livre e vadia; Sonhando com algo mais distante ainda... Sonho este que vai pra lá de lá; Buscar nos mais recônditos paraísos; Tudo aquilo que está tão longe daqui; Mas tão longe, que não é possível comparar; É apenas com a imaginação que chegamos perto; Mas perto ainda não o bastante para mim; Por isso vou longe sonhar... Mas de que adianta sonhar; Se nunca será para mim possível chegar? Diante disso eu digo: Que se hoje ainda tenho forças para sorrir; É porque em nenhum momento me deixei abater; Nem por palavras e discursos desmotivadores; Ou muito menos pelas pedras no meu sapato; Mas o mais desafiador para mim; No final acaba sendo eu mesmo; Tanto as fraquezas do corpo, quanto da psique; São meus piores adversários; Implacáveis, traiçoeiros, e astutos; Me afligem mesmo quando todo o resto está ganho; E quanto a eles eu sou quase impotente; Só não me venceram ainda; Pois reconquisto diariamente meu maior trunfo; Trunfo este que nunca haverei de perder... Só uma coisa ainda me incomoda; O fato de pintar a alma com tanta clareza; Seria a alma pintada, um retrato do agora? Ou um manuscrito velho do passado? Poderia ainda talvez, ser um esboço do futuro... Minha fraqueza impiedosa não me perdoa agora; Nem agora, nem nunca; Só temo por mim e mais ninguém; Pois a mim é quem ela há de derrubar.