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SE NÃO AGUENTA, POR QUE VEIO ???

Se alguém não tem cacife para amar, para dar tudo de si e até se superar
se for preciso, então para que começar um relacionamento? Se não tem
coragem de arriscar, de tentar mais uma vez, de apostar todas as suas
fichas e descobrir na prática que amar vale a pena, para que insistir
nessa mania de empatar o coração alheio?
Muitas pessoas têm vivido uma contradição terrível: ao mesmo tempo em que
reclamam que ninguém quer compromisso, insistem em repetir que esperto é
quem não entra de cabeça numa relação para não se machucar.

Resultado: nunca houve tanta gente machucada no mundo! Pessoas que se


sentem ocas, vazias, cheias de ecos interiores porque não mergulham em
seus sentimentos, não arriscam, não têm coragem de se envolver e de
apostar no amor.
Sabe por quê? Porque as pessoas têm pensado demais. É ótimo pensar, sim;
mas o mundo está carecendo de sentimentos. É preciso sentir para dar
significado a esta escolha: amar. Porque sem significados não há foco,
não há comprometimento.

Aí as pessoas entram pela metade. Vão, mas não vão. Querem, mas fingem
que não querem. Algumas ainda fazem pior: não querem, mas fingem que
querem, porque acham que é melhor estar numa relação ruim do que
sozinhas.
Olha... sinceramente? Tudo isso é uma grande estupidez e tem nos custado
muito caro. Números assustadores revelam depressão, tristeza, ansiedade,
solidão, entre outros transtornos afetivos avassaladores.

Coisa de quem eu chamo de gente pequena, de quem morre de medo de sofrer


e não se dá conta de que já está sofrendo horrores. E depois há quem diga
que não entende porque é que, embora a maioria das pessoas deseje a
felicidade e o prazer das relações amorosas, tem sido tão difícil
sintonizar os desejos de homens e mulheres e fazer os relacionamentos
darem certo!
É preciso amadurecer, e só há uma maneira de tornar isso possível: sendo
corajoso o bastante para se comprometer. Nós precisamos crescer, virar
gente grande no amor. E isso passa pela sinceridade, honestidade conosco
e depois com o outro.

Afinal, este é o maior objetivo das relações: facilitar o processo de


amadurecimento pessoal percorrendo o caminho da evolução, a fim de
mostrar que é possível sair do lugar de gente imatura para conquistar o
amor de gente grande.

O tamanho do coração é determinado por sua profundidade e também pela sua


ética no exercício de amar. E o grau de maturidade para se relacionar,
por sua vez, é medido pela capacidade que homens e mulheres têm de se
vincular, de criar laços.
Terminar e começar relacionamentos indefinidamente, sem procurar aprender
com os erros e reconhecer os acertos, sem compreender que são nossas
atitudes que provocam os resultados e as condições em que vivemos, não
faz sentido. Não nos conduz à tão desejada felicidade no amor.

A vida não nos brinda somente com situações fáceis, até para que possamos
perceber que são as extremidades de cada sentimento que nos dão a
verdadeira noção de quem somos. É o modo como arrematamos cada
experiência e cada sentimento vividos que delineia nosso processo de
amadurecimento.
E é exatamente por isso que um relacionamento é sempre uma possibilidade
de aprendizagem. Toda vez que você se permite experimentar, que você se
disponibiliza ao outro, amando-o com tudo o que você é, com toda a
grandeza que lhe cabe, estará crescendo.

Isso é amadurecer: estar inserido na vida! Sentir e viver com intensidade


o que se sente! Porque definitivamente não há processo nem caminho sem
decepções, desilusões, desencontros e frustrações. Assim como não há
possibilidade de evolução se não tivermos a capacidade de nos sentirmos
preenchidos, privilegiados, esperançosos e amados.
E mais: definitivamente não dá para ser feliz se você está sempre com um
pé fora da relação, se você está sempre analisando cada momento para ver
se vale a pena investir ou não. Tudo vale a pena se a alma não é pequena,
já disse o poeta Fernando Pessoa.

Esta é a proposta: um mergulho de cabeça. Uma viagem de corpo e alma no


amor, acolhendo suas dificuldades, respeitando o seu ritmo, admitindo que
você tem limitações e, sobretudo, compreendendo que o outro também as
tem.
Que haja em suas atitudes, sempre que possível, a conduta de quem deseja
abandonar o modo imaturo com que vem se relacionando. Que haja a
disposição necessária para ocupar o seu verdadeiro lugar: o de gente
grande no amor, tão grande quanto você possa se tornar.

Rosana Braga é Escritora, Jornalista e Consultora em Relacionamentos


Palestrante

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