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Crédito tributário

No Direito tributário brasileiro, crédito tributário representa o direito de crédito da


Fazenda Pública, já devidamente apurado por processo administrativo denominado
lançamento e, portanto, dotado de certeza, liquidez e exigibilidade, estabelecendo um
vínculo jurídico que obriga o contribuinte ou responsável (sujeito passivo) ao Sujeito
Ativo (Estado ou ente parafiscal) ao pagamento do tributo.

O crédito tributário decorre da ocorrência do fato gerador descrito em lei tributária ou


norma. Para que o Estado possa exigir o crédito tributário, é necessário que ocorra o
fato gerador, e que o Estado individualize e quantifique o valor a ser pago, com o
lançamento.

O credito tributário não participa do concurso de credores ( ex: inventários e outros),


ressaltando ainda que ele possui privilégios ( regalias) e preferências. Como por
exemplo se a Fazenda Pública estiver defendendo um crédito qualquer que
posteriormente é colocada pelo magistrado a participar do concurso de credores,
percebe-se que a situação será procedente, pois todos poderão participar do concurso de
credores uma vez que todos são iguais perante a lei; pois afinal o privilégio é apenas do
crédito e não da pessoa jurídica.

Constituição

A constituição de um crédito tributário faz-se por lançamento. No direito brasileiro, o


lançamento, definido pelo artigo 142 do Código Tributário Nacional, engloba cinco
operações: verificação da ocorrência do fato gerador; identificação da base de cálculo;
cálculo do montante devido com a aplicação da alíquota; identificação do sujeito
passivo, e, se for o caso, aplicar penalidade por infração.

O lançamento é ato administrativo, que independe da coadjuvação do contribuinte e


deve ser feito pela autoridade administrativa. Ao judiciário, cabe anular lançamentos
errôneos, não podendo, substituí-lo. Toda essa atividade é vinculada, ou seja,
inteiramente determinada em lei, e a não execução enseja responsabilidade funcional.

A notificação do contribuinte é obrigatória; só a partir dela o crédito passa a ser


exigível. Pela notificação se completa o processo, podendo ser feita de diferentes
formas: pessoalmente, via postal, telegráfica, em endereço-eletrônico ou por qualquer
meio com prova de recebimento.

Há três modalidades de lançamento: o lançamento direto ou de ofício, o lançamento


misto ou por declaração e o lançamento por homologação. A escolha da modalidade é
feita pela lei que institui o tributo.

[editar] Suspensão do crédito tributário

É a paralisação temporária da exigibilidade do crédito tributário, por meio de norma


tributária.
No direito brasileiro, de acordo com o Art.151 do CTN, as modalidades de suspensão
admitidas são:

• moratória
• o depósito do montante integral
• as reclamações e os recursos administrativos
• a concessão de medida liminar em mandado de segurança
• a concesão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial
• o parcelamento

Moratória: é a postergação do prazo para pagamento do tributo devido, pode ser


concedido de modo geral ou individual. Ela sempre dependerá de lei para a sua
concessão. Esse benefício somente pode ser concedido se o crédito já fora constituído
ou se o lançamento foi iniciado. A competência para concedê-la, em regra, é da pessoa
jurídica de direito público competente para instituir o tributo. Para alguns doutrinadores
a União poderá conceder moratória sobre qualquer tributo em caso de guerra externa.

Depósito do montante integral: o contribuinte para discutir o crédito tributário, pela


via administrativa ou judicial, deposita o valor integral do tributo. O depósito pode ser
anterior ou posterior à constituição do crédito tributário. Pode ocorrer inscrição da
dívida desde que informe a suspensão da exigibilidade. O depósito não é pagamento e
sim uma garantia

Reclamações e recursos administrativos: impede a formação definitiva do crédito


tributário. Importante lembrar que o STF julgou inconstitucional a exigência de
depósito prévio nos recursos administrativos.

Concessão de medida liminar em mandado de segurança: pode ser repressivo ou


suspensivo. A suspensão ocorre com a liminar, não com a sentença transitada em
julgado. Com a liminar a fazenda pública fica impedida de ajuizar a execução.

Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada: não importa a modalidade de


ação ajuizada, com a concessão da liminar ou mesmo da antecipação de tutela, evita que
o sujeito passivo arque com o ônus tributário antes que seja apreciado o mérito a a
sentença tenha transitado em julgado.

Parcelamento: a Lei Complementar nº 104/2001 incluiu o parcelamento entre as


hipóteses de suspensão. Será concedido na forma e condições previstas em lei
específica, aplicando subsidiariamente as regras da moratória.

[editar] Extinção do crédito tributário

Extinção do crédito tributário é qualquer ato jurídico ou fato jurídico que faça
desaparecer a obrigação respectiva. A extinção ocorre nas seguintes modalidades:

• pagamento do crédito tributário;


• compensação;
• transação;
• remissão;
• decadência;
• prescrição;
• pela conversão do depósito em renda;
• com a homologação dp pagamento antecipado;
• com a consignação em pagamento;
• com a decisão administrativa favorável ao sujeito passivo de caráter
irreformável;
• com a decisão judicial transitada em julgado;
• dação em pagamento em bens imóveis.

Pagamento: é a entrega do valor devido ao sujeito ativo da obrigação tributária.

Compensação: ocorre quando duas pessoas por serem, ao mesmo tempo, credoras e
devedoras uma da outra podem extinguir suas obrigações pelo simples encontro de
contas. O CTN (art. 170) prevê que a compensação deve estar prevista em lei; além
disso, os créditos devem ser líquidos e certos, vencidos ou vincendos.

Transação: Ocorrem concessões recíprocas entre o sujeito ativo (FISCO) e do sujeito


passivo (contribuinte) da obrigação tributária. Também deve ser autorizada por lei.

Remissão: perdão total ou parcial do crédito tributário. A remissão envolve o perdão da


dívida decorrente do tributo e das penalidades.

Prescrição: Perda do direito da pretensão de exigibilidade. Prazo de 5 anos. Prazo em


que a Fazenda Pública tem o direito de cobrar judicialmente o contribuinte.

Decadência: Perda do próprio direito. A Fazenda Pública não pode mais efetuar o
lançamento tributário. Prazo de 5 anos.

Conversão do Depósito em Renda: Quando o contribuinte perde a ação o valor do


depósito é convertido em favor da Fazenda Pública, independentemente de execução
fiscal.

Pagamento Antecipado: Quando a fazenda homologa expressa ou tacitamente o


pagamento antecipado pelo contribuinte. Ocorre nos lançamentos por homologação.

Consignação em pagamento: quando o sujeito da obrigação tributária se propõe a


pagar e não está conseguindo. Ocorre sempre na esfera judicial, quando a Fazenda
pública se recusa a receber o valor que o contribuinte propõe a pagar ou há dúvida a
quem seria devido o tributo.

Decisão Administrativa irreformável: decisão proferida no âmbito dos processos


administrativos fiscais (Decreto 70.235/1972). Faz coisa julgada contra o fisco.

Decisão Judicial Transitada em Julgado: O Poder Judiciário reconhece que o crédito


tributário não é devido, não há recurso pela fazenda pública no prazo de lei e a sentença
transita em julgado.

Dação em pagamento de Bens Imóveis: forma de extinção do crédito tributário criada


pela LC 104/01. O Contribuinte pode oferecer bens imóveis espontaneamente ao Fisco
para liquidar seus créditos tributários.
[editar] Exclusão do crédito tributário

A exclusão ocorre exclusivamente em caso de promulgação de lei que determina a não-


exigibilidade do crédito tributário por parte do sujeito ativo (Estado). As modalidades
de exclusão previstas são:

• isenção: é a dispensa do tributo devido. Ex.: isenção de imposto de


renda.
• anistia: exclusão das penalidades e não do crédito tributário. Ex.:
exclusão de juros e multas.
• imunidade: proibição constitucional de tributar. Ex: igrejas, partidos
políticos, etc.
• remissão: exclui os tributos e as penalidades. Ex.: ocorre geralmente
em catástrofes.

Responsabilidade tributária
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Em Direito tributário, a responsabilidade tributária define quem é responsável pelo


pagamento do tributo. Essa responsabilidade pode ter dois sentidos, um amplo e um
restrito.

No sentido amplo, é a submissão de determinada pessoa (contribuinte ou não) ao direito


do fisco de exigir a prestação da obrigação tributária (ou seja, o pagamento de
determinado tributo).

No sentido restrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, do sujeito


que não é contribuinte ao direito do Estado de exigir a prestação da obrigação tributária.

No Estado brasileiro, a não-obediência do contribuinte a essa responsabilidade pode


gerar sanções graves, que incluem o confisco de seus bens e até prisão (ver artigo
sonegação).

A responsabilidade pode ser delegada a outrem, quando da impossibilidade do


contribuinte de pagar o devido imposto. É o que ocorre em caso de morte do
contribuinte, ocasião em que suas obrigações tributárias passarão à responsabilidade de
seus sucessores (herdeiros ou meeiros) - ainda que menores de idade. Nesse caso, a
responsabilidade tributária dos herdeiros limita-se ao montante recebido como herança
ou meação. (ver Direito das Sucessões).

A solidariedade tributária é uma situação que pode ocorrer na responsabilidade


tributária: ela ocorre quando há mais de um sujeito passivo (devedor) de uma mesma
obrigação tributária, cada qual obrigado à parte da dívida, ou à dívida toda.
No CTN, a responsabilidade tributária está regulada no Capítulo V (Responsabilidade
Tributária) do Título II (Obrigação Tributária), abrangendo do Art.128 ao 138.

O contribuinte - é o sujeito passivo direto da obrigação tributária. Ele tem obrigação


direta pelo pagamento do tributo. Sua capacidade tributária é objetiva, pois decorre da
lei, não de sua vontade. Esta capacidade independe da capacidade civil e comercial do
contribuinte. Não pode haver convenções particulares modificando a definição legal de
sujeito passivo.

Assim, o contribuinte é a pessoa física ou jurídica que tem relação direta com o fato
gerador. O sujeito passivo deve cumprir as obrigações principais (pagamento do tributo
e da penalidade pecuniária) e as obrigações acessórias (obrigação de fazer ou não fazer)
impostas a ele.

O responsável - é o sujeito passivo indireto da obrigação tributária. Ele não é vinculado


diretamente com o fato gerador, mas por imposição legal, é obrigado a responder pelo
tributo. Exemplo: O empregador que recolhe na fonte o IRPF de seu empregado.

Responsável por substituição – art. 150, § 7º da Constituição Federal - a lei pode


atribuir ao sujeito passivo da obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento do imposto ou contribuição cujo fato gerador deva ocorrer em etapa
posterior. Exemplo: A fabricante de cervejas e refrigerantes que paga o ICMS do
distribuidor e do comerciante, de forma antecipada.

Responsabilidade solidária – quando há mais de um sujeito passivo responsável pela


obrigação tributária. A solidariedade nasce da vontade das partes ou decorre da lei,
quando há interesses comuns. A solidariedade não comporta benefício de ordem. São
efeitos da solidariedade: a) o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita os
demais; b) a isenção ou remissão de crédito exonera todos os coobrigados, salvo quando
o benefício for concedido em caráter pessoal, substituindo, nesse caso, a solidariedade
dos demais pelo saldo remanescente; c) a interrupção da prescrição em relação a um dos
obrigados favorece ou prejudica os demais.

Responsável por transferência – o substituto tributário pode ou não ter o direito de


transferir para o contribuinte de fato a obrigação tributária.

Sucessores inter vivos e causa mortis – sua responsabilidade decorre de um fato gerador
anterior à sucessão, ainda que só apurado ou lançado posteriormente. O adquirente do
imóvel é responsável pelos tributos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil
ou a posse do bem. Se houver certidão de quitação dos tributos, ele não será responsável
pelos débitos tributários anteriores. A sucessão causa mortis – o CTN estabelece que os
sucessores a qualquer título e o cônjuge meeiro respondem pelos tributos devidos pelo
falecido até a data da partilha ou adjudicação.

Fusão, transformação, incorporação e cisão – as pessoas jurídicas originadas de fusão,


transformação, incorporação ou cisão respondem pelos tributos devidos até a data pela
pessoa originária. A pessoa jurídica sucessora é responsável pelos débitos da sucedida
existentes até a data da formalização do negócio.
Fundo de comércio – o adquirente de um fundo de comércio ou estabelecimento
comercial, industrial ou profissional que mantiver a exploração do mesmo ramo de
atividade responderá pelos tributos relativos ao fundo de comércio ou estabelecimento
comercial e devidos pelo antecessor até a data da transação. A responsabilidade será
integral se o antecessor não mais exercer qualquer atividade comercial ou industrial.

Responsabilidade de terceiros – a responsabilidade de terceiros é subsidiária. Ela


somente será solidária, se o devedor principal não puder pagar tributo. São os seguintes
terceiros responsáveis: a) os pais pelos tributos devidos pelos filhos menores; b) os
tutores e curadores; c) administradores de bens de terceiros; d) o inventariante; e) o
síndico e o comissário;f) os tabeliães, escrivães e demais serventuários pelos atos
praticados por eles; g) os sócios, nos casos de liquidação da sociedade.

Responsabilidade por infrações – nas infrações tributárias a responsabilidade por multas


é objetiva, não depende de culpa ou dolo.

Dicas importantes: a) substituição tributária – é uma construção jurídica onde a lei


poderá atribuir a sujeito passivo da obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente;

b) a obrigação tributária nasce a partir do momento em que ocorrer o fato imponível,


previsto na lei;

c) o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária constitui objeto da obrigação


tributária principal;

d) sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que deve
pagar o tributo ou a penalidade pecuniária, na forma da legislação tributária específica;

e) no ilícito tributário o elemento subjetivo vem em segundo plano;

f) a pessoa que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou


estabelecimento comercial, continuando a exploração, responde pelos tributos relativos
ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, integralmente, se o
alienante cessar a exploração da atividade;

g) os mandatários, prepostos e empregados são pessoalmente responsáveis pelos


créditos pertinentes a obrigações tributárias resultantes de atos que praticarem com
excesso de poderes ou infração de lei;

h) a obrigação principal nasce simplesmente com a ocorrência do fato gerador;

i) a capacidade tributária independe da capacidade civil;

j) Para o CTN, a responsabilidade tributária caracteriza-se quando a lei fixa em outra


pessoa, sem relação pessoal e direta com o fato gerador, o dever de pagamento do
tributo, nas hipóteses em que este não seja pago pelo sujeito passivo direto;

l) a aplicação de penalidade ao contribuinte, na modalidade multa, não substitui o


cumprimento da obrigação acessória;
m) o contribuinte é a pessoa que tem vinculação material, pessoal e direta com o fato
gerador;

n) o responsável é a pessoa, que, sem revestir na condição de contribuinte, responde


pela obrigação em decorrência de dispositivo legal.

Fato gerador
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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O fato gerador é uma expressão utilizada em Direito tributário que representa um fato
ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o nascimento da obrigação jurídica de
pagar um tributo determinado.[1]

Alguns doutrinadores do direito tributário propõem distinguir fato descrito na hipótese


legal (hipótese de incidência) e fato imponível. Nesse sentido, a definição do saudoso
mestre Geraldo Ataliba é precisa: "Tal é a razão pela qual sempre distinguirmos estas
duas coisas, denominando hipótese de incidência ao conceito legal (descrição legal,
hipotética de um fato, estado de fato, ou conjunto de circunstâncias de fato) e fato
imponível, efetivamente acontecido num determinado tempo ou local, configurando
rigorosamente a hipótese de incidência".

O Código Tributário Nacional do Brasil (CTN)utiliza a expressão fato gerador tanto no


momento que se refere ao que Geraldo Ataliba chamou de hipótese de incidência tanto
quanto ao fato imponível, deixando para que o intérprete da norma reconheça o
significado referido segundo o contexto em que se encontra.

O CTN faz menção ao fato gerador nos artigos 114 e 115. De acordo com o texto do
artigo 114 do CTN, fato gerador da obrigação principal é a hipótese definida em lei
como necessária e suficiente para o surgimento da obrigação tributária.

Por sua vez, o artigo 115 diz que fato gerador da obrigação acessória é a hipótese que,
na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não
configure obrigação principal.

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