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Boletim Imposto de Renda n° 05 - Março/2019 - 1ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.

TRIBUTOS FEDERAIS

   
AGÊNCIAS DE VIAGEM E TURISMO
Aspectos Tributários

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO
2. PRESTADOR DE SERVIÇOS TURÍSTICOS
3. INTERMEDIAÇÃO
4. BASE DE CÁLCULO
5. TRIBUTAÇÃO
    5.1. Tributação pelo Lucro Real
    5.2. Tributação pelo Lucro presumido
    5.3. Tributação pelo Simples Nacional
    5.4. Tributação na Pessoa Física
6. RETENÇÃO DE IR
    6.1. Retenção por Tomador Órgão Público do DF, Estadual e Municipal
    6.2. Retenção por Tomador Órgão Público Federal
7. DCTF
8. DIRF

1. INTRODUÇÃO

Por meio da publicação do Decreto n° 84.934/80 foram estabelecidas e regulamentadas as atividades exercidas pelas
Agências de Viagens e Turismo.

Considera-se Agência de Turismo a pessoa jurídica que tenha por objetivo social, única e exclusivamente atividades relativas
ao turismo.

2. PRESTADOR DE SERVIÇOS TURÍSTICOS

A prestação dos serviços turísticos bem como o funcionamento e suas atividades estão devidamente previstas no artigo 21 da
Lei n° 11.771/2008, considerando prestadores destes serviços, as sociedades empresárias e simples, os empresários
individuais e os serviços sociais autônomos que prestem serviços turísticos remunerados e que realizem as atividades
econômicas abaixo transcritas, relacionadas à cadeia produtiva do turismo:

a) meios de hospedagem;

b) agências de turismo;

c) transportadoras turísticas;

d) organizadoras de eventos;

e) parques temáticos;

f) acampamentos turísticos.

3. INTERMEDIAÇÃO

A intermediação de negócios faz parte das atividades de uma agência de viagem e turismo. Serão consideradas como
intermediação de uma agência de turismo a oferta, a reserva e a venda de um ou mais dos serviços turísticos fornecidos por
terceiros; como  passagens,  acomodações e outros serviços em meios de hospedagem e programas educacionais e de
aprimoramento profissional, bem como as atividades complementares, conforme descrito no artigo 27 da Lei n° 11.771/2008:
Art. 27. Compreende-se por agência de turismo a pessoa jurídica que exerce a atividade econômica de intermediação
remunerada entre fornecedores e consumidores de serviços turísticos ou os fornece diretamente.

A referida atividade abrange serviços turísticos fornecidos por terceiros, como segue:

a) obtenção de passaportes, vistos ou demais documentos que venham a ser qualquer outro necessários para à realização
das viagens;

b) transporte com fins de turismo;

c) presteza e facilidade no despacho e recebimento de bagagens em viagens e excursões;

d) aluguel de veículos;

e) aquisição ou venda de ingressos para espetáculos que podem ser públicos, artísticos, esportivos, culturais e outras
manifestações;

f) representação de empresas transportadoras, de meios de hospedagem e de outras fornecedoras de serviços turísticos;

g) fornecer o apoio em feiras, exposições de negócios, congressos, convenções e congêneres;

h) comercialização ou intermediação remunerada de seguros vinculados a viagens, passeios e excursões e de cartões de


assistência ao viajante;

i) venda de periódicos, livros, revistas e outros artigos destinados a viajantes; e

j) acolhimento turístico, consistente na organização de visitas a museus, monumentos históricos e outros locais de interesse
turístico.

4. BASE DE CÁLCULO

Para fins de apuração dos impostos e contribuições no âmbito federal, a base de cálculo a ser considerada será a comissão
recebida dos fornecedores pelo serviço de intermediação ou o valor que agregar ao preço de custo desses fornecedores,
sendo permitido à agência de turismo proceder a cobrança de taxa referente a serviço do consumidor pelos serviços
prestados. Lei n° 11.771/2008, art. 27, § 2°

5. TRIBUTAÇÃO

As agências de viagem e turismo poderão, após se constituírem, optar pela forma de tributação que melhor convier, ou seja,
Lucro Real, Lucro Presumido, Simples Nacional ou ainda poderá a pessoa física exercer a referida atividade de maneira
autônoma. Segue abaixo orientações pertinentes:

CNAE vinculado à atividade: 7911-2/00 - AGÊNCIAS DE VIAGENS


Esta subclasse compreende:
- as atividades de organização e venda de viagens, pacotes turísticos, excursões;
- as atividades de reserva de hotel e de venda de passagens de empresas de transportes;
- o fornecimento de informação, assessoramento e planejamento de viagens para o público em geral e para clientes
comerciais;
- as atividades de venda de bilhetes de viagens para qualquer finalidade;
- as atividades de venda de passagens aéreas por companhias estrangeiras.
Esta subclasse não compreende:
- as atividades de operadores turísticos (7912-1/00).

5.1. Tributação pelo Lucro Real

De forma simples é possível definir Lucro real como sendo o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações.

Para tal apuração, serão aplicados os seguintes percentuais para IRPJ e CSLL:

Lucro Real Trimestral:

IRPJ Alíquota DARF Base Legal


3373 - Optante
15% Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, art. 29, § 1°
0220 - Demais Empresas
CSLL Alíquota DARF Base Legal
9% 6012 - Demais Empresas Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, art. 30, Inciso III, alínea “e”
Lucro Real Estimativa Mensal:

IRPJ Presunção IRPJ Alíquota DARF Base Legal


5993 - Optante
Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, art. 33, § 1°,
32% 15% 2456 - Declaração de
Inciso IV
Ajuste
CSLL CSLL
DARF Base Legal
Presunção Alíquota
2484 - Estimativa Mensal
32% 9% 6773 - Declaração de Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, art. 34, § 1°
Ajuste

Ao cálculo do IRPJ, aplicar-se-á o adicional de 10%, sobre parcela do lucro que ultrapassar o valor resultante da multiplicação
de R$ 20.000,00 pelo número de meses do período de apuração, conforme previsto no artigo 29, § 1° da Instrução Normativa
RFB n° 1.700/2017.

No que tange a aplicação das alíquotas de PIS e COFINS, cabe dispensar especial atenção, visto que a atividade permanece
no regime cumulativo, por se enquadrar elencada no artigo 10, Inciso XXIV e artigo 15, Inciso V da Lei n° 10.833/2003:

Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes
aplicando as disposições dos arts. 1° a 8°:
(...)
XXIV - as receitas decorrentes da prestação de serviços das agências de viagem e de viagens e turismo.
(...)
Art. 15. Aplica-se à contribuição para o PIS/PASEP não-cumulativa de que trata a Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de
2002, o disposto:
(...)
V - nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1° e 2° do art. 10 desta Lei;
(...)

PIS Alíquota DARF Base Legal


0,65% 8109 Lei n° 10.833/2003, artigo 10, inciso XXIV
COFINS Alíquota DARF Base Legal
3% 2172 Lei n° 10.833/2003, artigo 15. Inciso V

5.2. Tributação pelo Lucro presumido

A determinação do lucro presumido ocorrerá mediante aplicação dos percentuais de que tratam o caput e os §§ 1° e 2° do
artigo 33 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017 sobre a receita bruta definida pelo artigo 26, em cada período de apuração
trimestral, deduzida das devoluções e vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos.

A PJ tributada na forma do lucro presumido aplicará os seguintes percentuais:

IRPJ Presunção IRPJ Alíquota DARF Base Legal


32% 15% 2089 Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, art. 221
CSLL Presunção CSLL Alíquota DARF Base Legal
32% 9% 2372 Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, art. 222

Também haverá a aplicação do adicional de 10% de imposto de renda sobre a parcela do lucro presumido que ultrapassar o
valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses do período de apuração. Instrução Normativa RFB n°
1.700/2017, art. 29, § 1° e 221

Quanto a PIS e COFINS, serão aplicados os seguintes percentuais:

PIS Alíquota DARF Base Legal


0,65% 8109 Instrução Normativa SRF n° 247/2002, art. 52
COFINS Alíquota DARF Base Legal
3% 2172 Instrução Normativa SRF n° 247/2002, art. 52

5.3. Tributação pelo Simples Nacional


Para os optantes por tributar no Simples Nacional, a apuração se dará por meio do Anexo III, conforme dispõe o artigo 18, § 5°-
B, Inciso III da Lei Complementar n° 123/2006.

A base de cálculo a ser considerada será apenas o resultado da operação, ou seja, o valor recebido a título de comissão ou
adicional.

A Receita Federal do Brasil externou o seguinte entendimento a respeito Solução de Consulta n° 298, de 31 de outubro de 2008
da 9ª Região Fiscal:

EMENTA: SIMPLES NACIONAL. AGÊNCIAS DE TURISMO. CONCEITO DE RECEITA BRUTA. A intermediação na venda e


comercialização de passagens individuais ou em grupo, passeios, viagens e excursões, bem como a intermediação
remunerada na reserva de acomodações em meios de hospedagem, são operações em conta alheia, da agência de
turismo. Nesses casos, a base de cálculo do Simples Nacional é apenas o resultado da operação (comissão ou
adicional recebido pela agência). Já a prestação de serviços receptivos, diretamente ou por subcontratação, e a
operação de viagens e excursões são operações em conta própria, da agência de turismo. Nesses casos, a base de
cálculo do Simples Nacional é composta pelo valor integral pago pela contratante, aí incluídos os valores repassados
às eventuais subcontratadas.
Dispositivos Legais: Lei Complementar n° 123, de 2006, art. 3°, § 1°.

5.4. Tributação na Pessoa Física

Os rendimentos auferidos pela pessoa física que exercer a atividade de maneira autônoma serão tributados por meio de carnê
leão mensal (quando recebidos de outra pessoa física), mediante aplicação da tabela progressiva, nos termos do artigo 118 do
Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018). Os rendimentos poderão ser lançados em livro caixa.

DARF Vencimento Base Legal


Último dia útil do mês subsequente ao do recebimento dos Decreto n° 9.580/2018, artigo
0190
rendimentos 960

Quando da prestação de serviço a uma pessoa jurídica, a retenção ocorrerá diretamente na fonte.

O imposto incidente sobre os referidos rendimentos será retido por ocasião de cada pagamento no mês.

Ocorrendo mais de um pagamento no mês, pela mesma fonte pagadora, os rendimentos serão somados para fins de
aplicação das alíquotas da tabela progressiva. Decreto n° 9.580/2018, art. 733, §§ 1° e 2°

DARF Vencimento Base Legal


Último dia útil do 2° decêndio do mês subsequente ao mês de Lei n° 11.196/2005, art. 70, Inciso
0588
ocorrência dos fatos geradores I, letra “e”

6. RETENÇÃO DE IR

Os serviços de intermediação, prestados entre pessoas jurídicas está sujeita a retenção de 1,5% de IR, conforme dispõe
o artigo 718 do Decreto n° 9.580/2018.

A retenção do IRRF, no caso de serviços de venda de passagem, excursão e viagem, será efetuada pela própria agência, ou
seja, fará a auto-retenção sendo este recolhido pela mesma, conforme previsto no artigo 1° alínea “d”, da Instrução Normativa
SRF n° 153/87.

Esta retenção aplica-se inclusive quando o tomador do serviço for uma pessoa jurídica tributada na forma do Simples Nacional,
visto que não há previsão legal de dispensa.

Havendo repasse de parte da comissão relativa à determinada operação, o recolhimento será efetuado pelo valor líquido
recebido pela pessoa jurídica, assim considerada a diferença entre o valor das comissões recebidas e o das repassadas a
outra(s) pessoa(s) jurídica(s).

DARF ALÍQUOTA Vencimento Base Legal


Último dia útil do 2° decêndio do mês subsequente ao Lei n° 11.196/2005, art. 70, Inciso
8045 1,5%
mês de ocorrência dos fatos geradores I, letra “e”

Quando o prestador de serviços for pessoa jurídica tributada na forma do Simples Nacional, está dispensada de sofrer
retenção na fonte, face ao disposto no artigo 1° da Instrução Normativa RFB n° 765/2007.

Não haverá retenção das contribuições sociais (PIS, COFINS e CSLL) visto que não há previsão legal para tal procedimento.

6.1. Retenção por Tomador Órgão Público do DF, Estadual e Municipal


Caberá retenção na fonte de 1,5% de IR quando o tomador de serviço for um órgão público estadual ou municipal, referente ao
pagamento recebido a título de aquisições de passagens aéreas e rodoviárias, a despesas de hospedagem, aluguel de
veículos e prestação de serviços afins, efetuados por intermédio de agências de viagens.

Esta retenção será feita sobre o total a pagar a cada empresa prestadora do serviço e, quando for o caso, à Empresa de Infra-
Estrutura Aeroportuária (Infraero), face ao disposto no artigo 11 da Instrução Normativa SRF n° 475/2004.

Relativo a retenção na fonte das contribuições sociais (PIS, COFINS e CSLL), ocorrerão quando o tomador do serviço possuir
convênio estabelecido na Portaria SRF n° 1.454/2004.

DARF ALÍQUOTA Vencimento Base Legal


Último dia útil do 2° decêndio do mês subsequente ao Lei n° 11.196/2005, art. 70, Inciso
8045 1,5%
mês de ocorrência dos fatos geradores I, letra “e”
Último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente
4085 4,65% àquele mês em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa Lei n° 10.833/2003, art. 35
jurídica fornecedora dos bens ou prestadora do serviço

6.2. Retenção por Tomador Órgão Público Federal

A retenção efetuada quando o tomador de serviço for um órgão público federal, ocorrerá mediante valor recebido a título da
venda de passagens aéreas e rodoviárias, despesas de hospedagem, aluguel de veículos e prestação de serviços afins sob
alíquotas diferenciadas.

A retenção será feita sobre o total a pagar a cada empresa prestadora do serviço e, quando for o caso, do operador
aeroportuário, sobre o valor referente à tarifa de embarque, e da agência de viagem, sobre os valores cobrados a título de
comissão pela intermediação da comercialização do bilhete de passagem ou pela prestação do serviço de agenciamento de
viagens na venda de passagens aos órgãos e entidades públicas, conforme previsto no artigo 12 da Instrução Normativa RFB
n° 1.234/2012.

NATUREZA DO BEM FORNECIDO OU DO SERVIÇO ALÍQUOTAS PERCENTUAL A CÓDIGO DA


PRESTADO IRRF CSLL COFINS PIS SER APLICADO RECEITA
Passagens aéreas, rodoviárias e demais serviços de
transporte de passageiros, inclusive, tarifa de 2,40 1,0 3,0 0,65 7,05 6175
embarque, exceto as relacionadas no código 8850.

7. DCTF

As informações pertinentes ao IR que foi retido na auto-retenção da agência de viagem e turismo deverá ser declarado em sua
Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF), nos termos da Instrução Normativa RFB n° 1.599/2015.

O imposto será recolhido por meio de DARF com código 8045.

8. DIRF

É de responsabilidade da empresa contratante prestar as informações em DIRF relativos aos serviços por ela prestados.

As informações prestadas pela agência de viagem e turismo deverão ser discriminadas na Declaração de Imposto de Renda
na Fonte ­DIRF Anual da empresa contratante.

As pessoas jurídicas que tenham recebido importâncias a título de comissões ficam responsáveis por fornecer às pessoas
jurídicas que as tenham efetuado pagamentos, até 31 de janeiro de cada ano, documento que comprove o valor recebido bem
como do respectivo imposto sobre a renda recolhido, relativos ao ano-calendário anterior, conforme previsto no artigo 16 da
Instrução Normativa RFB n° 1.836, De 03 De Outubro de 2018 (relativa ao ano-calendário de 2018 e a situações especiais
ocorridas em 2019).

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autora: Kelly Costa

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