Você está na página 1de 6

Boletim-IR http://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-18/21_trib_fed_vari_cam_trib.

php

Boletim Imposto de Renda n° 21 - Novembro/2018 - 1ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

TRIBUTOS FEDERAIS

VARIAÇÃO CAMBIAL
Tributação

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO
2. OSCILAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO
3. ALTERAÇÃO DO REGIME NO ANO-CALENDÁRIO
4. ALTERAÇÃO DO REGIME NO ANO-CALENDÁRIO SUBSEQUENTE
5. REGIME DE CAIXA
6. REGIME DE COMPETÊNCIA
7. TRIBUTAÇÃO
7.1. Simples Nacional
7.2. Lucro Presumido
7.2.1. IRPJ e CSLL
7.2.2. PIS e COFINS
7.3. Lucro Real
7.3.1. IRPJ e CSLL
7.3.2. PIS e COFINS
8.CONTABILIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Na presente matéria iremos analisar a incidência dos tributos federais a título de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o lucro líquido
(CSLL), Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS),
na pessoa jurídica que possuir variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte em função da taxa de câmbio.

A oscilação cambial da moeda estrangeira tende a ocorrer, tanto positivamente como negativamente, o que leva a analisar a tributação na pessoa jurídica.

Deve-se realizar a variação cambial por regime de competência ou de caixa?

A Instrução Normativa RFB nº 1.079/2010 prevê que o reconhecimento das variações cambiais deverá ser realizado, para fins tributários, quando da liquidação da
correspondente operação (“regime de caixa“).

1 of 6 27/11/2018 11:22
Boletim-IR http://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-18/21_trib_fed_vari_cam_trib.php

À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo dos tributos segundo o regime de competência, de maneira
uniforme para todo o ano-calendário e alcançando todos os tributos antes referidos.

2. OSCILAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO

A partir do ano de 2015, admite-se a alteração do regime mensalmente, desde que o valor do dólar dos Estados Unidos da América para venda apurado pelo Banco Central do
Brasil sofrer variação, positiva ou negativa, superior a 10%.

Segue entendimentos da RFB, sobre o assunto na Solução de Consulta Cosit n° 628, de 26 de dezembro de 2017:

EMENTA: VARIAÇÃO MONETÁRIA. REGIME DE APURAÇÃO. ALTERAÇÃO DE OPÇÃO.


Definido pela legislação tributária que a variação superior a dez pontos percentuais para mais ou para menos corresponde ao que deve ser entendido como elevada
oscilação da taxa de câmbio, a alteração da opção do regime de apuração destas variações prescinde de autorização expressa mediante Portaria Ministerial.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Medida Provisória n° 2.158-35/2001, art. 30, § 1°; Decreto n° 8.451/2015, art. 1°; Instrução Normativa RFB n° 1.079/2010, arts. 5° e 5-A,
com a redação dada pela Instrução Normativa RFB n° 1.656/2016.

A forma de manifestação do regime de competência será pela apresentação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) sendo assim, a oscilação ocorrida
nos meses de janeiro a maio de 2015, a pessoa jurídica poderá alterar o regime na DCTF do mês de junho de 2015. Instrução Normativa RFB n° 1.079/2010, art. 5°-A, § 4°.

3. ALTERAÇÃO DO REGIME NO ANO-CALENDÁRIO

O direito de alteração do regime de competência para o regime de caixa, no decorrer do ano-calendário, é restrito aos casos em que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio
comunicada mediante a edição de Portaria do Ministro de Estado da Fazenda.

Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência para o critério de reconhecimento das variações monetárias pelo
regime de caixa no decorrer do ano-calendário, no momento da liquidação da operação, deverão ser computadas na base de cálculo o IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS as
variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações relativas ao período de 1º de janeiro do ano-calendário da alteração da opção até a data da liquidação.

Ocorrendo a alteração deverão ser retificadas as DCTF relativas aos meses anteriores do próprio ano-calendário. Portanto, os efeitos das modificações, quando ocorrerem,
serão retroativos ao início do ano-calendário. Instrução Normativa RFB nº 1.079/2010, art. 8º

4. ALTERAÇÃO DO REGIME NO ANO-CALENDÁRIO SUBSEQUENTE

Em determinado ano-calendário estiver no regime de caixa e alterar para o regime de competência, deverá somar à base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, em
31 de dezembro do período de encerramento do ano do regime de caixa, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações incorridas apuradas até essa data,
inclusive as de períodos anteriores ainda não tributadas. Instrução Normativa RFB n° 1.079/2010, art.6°

Agora ocorrendo o inverso, estiver no regime de competência e alterar para o regime de caixa, deverá somar à base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS do
período em que ocorrer a liquidação da operação de câmbio referente ao período de 1° de janeiro do ano-calendário da opção até a data da liquidação. Instrução Normativa
RFB n° 1.079/2010, art. 7°

5. REGIME DE CAIXA

No regime de caixa define que as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte utilizando a taxa de câmbio, serão consideradas quando da
liquidação da correspondente operação, para determinar a base de cálculo dos seguintes tributos: Instrução Normativa RFB nº 1.0798/2010, art. 2º

a) Imposto Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);

2 of 6 27/11/2018 11:22
Boletim-IR http://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-18/21_trib_fed_vari_cam_trib.php

b) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

c) Contribuição para o PIS; e

d) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

6. REGIME DE COMPETÊNCIA

A Receita Federal possibilita a opção para a pessoa jurídica de considerar as variações monetárias para determinar a base de cálculo utilizar o regime de competência.

A aplicação do regime de competência deve ser feita a todo o ano-calendário e a todos os tributos federais.

A manifestação da opção pelo regime de competência somente pode ser feita no período de apuração do mês de janeiro de cada ano-calendário para empresas já constituídas
ou no mês do início de atividades. Instrução Normativa RFB nº 1.079/2018, art. 3º

Após o prazo final de entrega da DCTF do mês de janeiro não é mais permitido a retificação do regime optado. Instrução Normativa RFB nº 1.079/2010, art. 4º

7. TRIBUTAÇÃO

A atualização monetária pode ser uma receita (denomina-se variação monetária ativa), ou uma despesa (variação monetária passiva). Instrução Normativa RFB nº 1.700/2017
art. 148

As variações monetárias podem ser ativas ou passivas:

a) variações ativas: são os ganhos de câmbio (elevação dos valores dos direitos e diminuição dos valores das obrigações); e

b) variações passivas: são as perdas de câmbio (diminuição dos valores dos direitos e aumentos dos valores das obrigações).

Quanto a efeitos de tributação sobre a variação cambial ativa, deverá observar o regime adotado.

As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de
renda, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso.

7.1. Simples Nacional

O valor referente a variação cambial não irá fazer parte da receita bruta para fins de apuração dos tributos no Simples Nacional, pois a receita bruta compreende o produto da
venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o
resultado nas operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

Segue entendimento da Receita Federal em Solução de Consulta Cosit n° 401, de 05 de setembro de 2017:

EMENTA: VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS DOS DIREITOS DE CRÉDITO EM FUNÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO.
As variações monetárias ativas dos direitos de crédito do contribuinte, em função da taxa de câmbio não compõem a base de cálculo do Simples Nacional, por não se
enquadrarem na definição de receita bruta.
Para o optante pelo Simples Nacional não existe previsão de incidência, em separado da sistemática do Simples Nacional, do IRPJ, da CSLL, da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins sobre as variações monetárias ativas dos direitos de crédito do contribuinte, em função da taxa de câmbio.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei Complementar n° 123, de 2006, art. 3°, § 1°, art. 13°, § 1°; art. 18, § 3°; Lei n° 9.718, de 1998, art. 9°.

3 of 6 27/11/2018 11:22
Boletim-IR http://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-18/21_trib_fed_vari_cam_trib.php

7.2. Lucro Presumido

As variações monetárias ativas de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas financeiras, conforme o caso:

7.2.1. IRPJ e CSLL

O valor será acrescentado na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Assim, estará sujeito ás alíquotas de 15% de IRPJ, e 9% de CSLL. Também estará sujeito ao adicional de
10% do IRPJ, sobre a base de cálculo do imposto que ultrapassar R$ 20.000,00 ao mês.

Nos termos do artigo 39 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, serão acrescidos às bases de cálculo do IRPJ (e do adicional, se houver) e da CSLL, no mês em que forem
auferidos, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas na receita bruta, inclusive:

a) os ganhos auferidos em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão organizado;

b) os juros equivalentes à taxa referencial do Selic para títulos federais relativos a impostos e contribuições a serem restituídos ou compensados;

c) os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física;

d) as receitas financeiras decorrentes das variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função de índices ou coeficientes aplicáveis por
disposição legal ou contratual;

7.2.2. PIS e COFINS

No regime cumulativo do PIS e da COFINS, não haverá incidência desses tributos, pois não se trata de uma receita da atividade da empresa

Considerando que o conceito de receita bruta passou a ser exclusivamente decorrente da exploração da atividade fim da Pessoa Jurídica. Lei n° 9.718/98, arts. 2° e 3°.

7.3. Lucro Real

Haverá a tributação, sendo que a variação cambial é considerada como receita financeira.

7.3.1. IRPJ e CSLL

Conforme disposto no artigo 39 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, serão acrescidos às bases de cálculo do IRPJ (e do adicional, se houver) e da CSLL, no mês em
que forem auferidos, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas na receita bruta, inclusive:

a) os ganhos auferidos em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão organizado;

b) os juros equivalentes à taxa referencial do Selic para títulos federais relativos a impostos e contribuições a serem restituídos ou compensados;

c) os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física;

d) as receitas financeiras decorrentes das variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função de índices ou coeficientes aplicáveis por
disposição legal ou contratual.

7.3.2. PIS e COFINS

4 of 6 27/11/2018 11:22
Boletim-IR http://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-18/21_trib_fed_vari_cam_trib.php

Ficam mantidas, nos termos do artigo 1° do Decreto n° 8.426/2015, a partir de 01.07.2015, estão sujeitas a alíquota de 0,65% de PIS e 4% de COFINS, receitas financeiras,
inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa das referidas contribuições.

Da mesma forma conforme acrescentado pelo Decreto n° 8.451/2015, ficará mantidas em zero as alíquotas das contribuições incidentes sobre receitas financeiras decorrentes
de variações monetárias, em função da taxa de câmbio, de:

a) operações de exportação de bens e serviços para o exterior; e

b) obrigações contraídas pela pessoa jurídica, inclusive empréstimos e financiamentos.

8. CONTABILIZAÇÃO

As variações cambiais deverão ser reconhecidas contabilmente em regime de competência, sejam elas ativas (receitas) ou passivas (despesa). Segue abaixo exemplos de
lançamentos contábeis:

Operação de venda
Com variação cambial ativa Com variação cambial passiva
Venda: Venda:
D- Clientes Mercado Externo (Ativo Circulante) D- Clientes Mercado Externo (Ativo Circulante)
C- Receita de Revenda para Mercado Externo (Conta de Resultado) C- Receita de Revenda para Mercado Externo (Conta de Resultado)
Variação cambial: Variação cambial:
D- Clientes Mercado Externo (Ativo Circulante) D- Variação Monetária Passiva (Despesa Financeira - Conta de Resultado)
C- Variação Monetária Ativa (Receita Financeira - Conta de Resultado) C- Clientes Mercado Externo (Ativo Circulante)
Liquidação do contrato de câmbio: Liquidação do contrato de câmbio:
D- Bancos (Ativo Circulante) D- Bancos (Ativo Circulante)
C- Clientes Mercado Externo (Ativo Circulante) C- Clientes Mercado Externo (Ativo Circulante)

Operação de compra
Com variação cambial ativa Com variação cambial passiva
Compra: Compra:
D- Compras (Ativo Circulante) D- Compras (Ativo Circulante)
C- Fornecedores Mercado Externo (Passivo Circulante) C- Fornecedores Mercado Externo (Passivo Circulante)
Variação cambial: Variação cambial:
D- Fornecedores Mercado Externo (Passivo Circulante) D- Variação Monetária Passiva (Despesa Financeira - Conta de Resultado)
C- Variação Monetária Ativa (Receita Financeira - Conta de Resultado) C- Fornecedores Mercado Externo (Passivo Circulante)
Liquidação do contrato de câmbio: Liquidação do contrato de câmbio:
D- Fornecedores Mercado Externo (Passivo Circulante) D- Fornecedores Mercado Externo (Passivo Circulante)
C- Bancos (Ativo Circulante) C- Bancos (Ativo Circulante)

Outras fundamentações legais: RIR/99, artigo 378; Resolução CFC n° 1.295/2010 que aprova a NBC TG 02 - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
Demonstrações Contábeis.

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autor: Kelli Cristina da Silva

5 of 6 27/11/2018 11:22
Boletim-IR http://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-18/21_trib_fed_vari_cam_trib.php

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de apostilas a partir desta obra, por qualquer forma, meio eletrônico
ou mecânico, inclusive através de processos reprográficos, fotocópias ou gravações - sem permissão por escrito, dos Autores. A reprodução não autorizada, além das sanções civis (apreensão e indenização), está
sujeita as penalidades que trata artigo 184 do Código Penal.

6 of 6 27/11/2018 11:22

Você também pode gostar