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Boletim Imposto de Renda n° 18 - Setembro/2017 - 2ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.

TRIBUTOS FEDERAIS

CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)


Considerações Gerais

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO
2. CONCEITO
2.1. Royalties
2.2. Assistência técnica, científica ou administrativa
3. FATO GERADOR
4. CONTRIBUINTES
5. BASE DE CÁLCULO
6. ALÍQUOTA
7. ISENÇÃO
8. EXEMPLO DE CÁLCULO
9. CÓDIGO DE RECOLHIMENTO E VENCIMENTO
10. CRÉDITO
11. SOLUÇÃO DE CONSULTA /DIVERGÊNCIA / ATO INTERPRETATIVO
12. CONTABILIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

A Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE), comumente chamada de Cide-Remessas ou Cide-Royalties, foi
instituída pela Lei n° 10.168/2000 e regulamentada pelo Decreto n° 4.195/2002.

A instituição desta contribuição tem como objetivo de financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para
Apoio à Inovação. O referido programa tem como meta principal estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante
programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo.

2. CONCEITO

Para aplicação do recolhimento do Cide-Remessas será necessário a intepretação do que se refere “royalties” e “assistência
técnica, científica ou administrativa”, desta forma segue abaixo tais definições:

2.1. Royalties

Serão classificados como royalties os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais
como (Lei n° 4.506/64, artigo 22):

a) direito de colher ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais;

b) direito de pesquisar e extrair recursos minerais;

c) uso ou exploração de invenções, processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio;

d) exploração de direitos autorais, salvo quando percebidos pelo autor ou criador do bem ou obra.

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2.2. Assistência técnica, científica ou administrativa

Compreende assistência técnica a assessoria permanente prestada pela cedente de processo ou fórmula secreta à concessionária,
mediante técnicos, desenhos, estudos, instruções enviadas ao País e outros serviços semelhantes, os quais possibilitem a efetiva
utilização do processo ou fórmula cedido (Instrução Normativa RFB n° 1.455/2014, artigo 17, inciso II, alínea b).

Essas assistências não representam direito de propriedade e, por isso mesmo, não são exclusivos.

O detentor do know-how ou da tecnologia coloca seus conhecimentos à disposição de outrem mediante pagamento de uma
remuneração periódica, normalmente determinada como porcentagem do preço de venda dos bens produzidos com a utilização dos
conhecimentos transmitidos, de forma similar à da remuneração a título de royalties.

Os serviços técnicos, são considerados aqueles que dependam de conhecimentos técnicos especializados ou que envolvam
assistência administrativa ou prestação de consultoria, realizado por profissionais independentes ou com vínculo empregatício ou,
ainda, decorrente de estruturas automatizadas com claro conteúdo tecnológico (Instrução Normativa RFB n° 1.455/2014, artigo 17,
inciso II, alínea a).

3. FATO GERADOR

A Cide-Remessas tem como fato gerador o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou
domiciliados no exterior, a título de remuneração por (Lei n° 10.168/2000, artigo 2°, § 3°):

a) detenção de licença de uso ou aquisição de conhecimentos tecnológicos;

b) contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior;

c) contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por
residentes ou domiciliados no exterior; e

d) royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior.

4. CONTRIBUINTES

É o sujeito passivo/contribuinte da Cide-Remessas a pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos
tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou
domiciliados no exterior.

Desde 01.01.2002, a contribuição passou a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por
objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem
assim pelas pessoas jurídicas que pagam, creditam, entregam, empregam ou remetem royalties, a qualquer título, a beneficiários
residentes ou domiciliados no exterior (Lei n° 10.168/2000, artigo 2°, § 2°).

Desta forma são contribuintes da Cide-Remessas:

a) a pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos;

b) a pessoa jurídica signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no
exterior;

c) a pessoa jurídica signatária de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes
a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior; e

d) as pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a
beneficiários residentes ou domiciliados no exterior

e) na integralização de capital social subscrito em empresa domiciliada no País, por parte de acionista estrangeiro, com a utilização
de valor correspondente a contrato de know how, até então titularizado pelo não-residente.

Em relação ao contrato de know how, a Receita Federal externou o seguinte entendimento:

SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT N° 325, DE 20 DE JUNHO DE 2017


ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO - CIDE
EMENTA: INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL EM PESSOA JURÍDICA BRASILEIRA POR NÃO RESIDENTE COM
CESSÃO DE DIREITO (KNOW HOW). FATO GERADOR DA CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO (CIDE).

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Na integralização de capital social subscrito em empresa domiciliada no País, por parte de acionista estrangeiro, com a
utilização de valor correspondente a contrato de know how, até então titularizado pelo não-residente, incide CIDE-royalties.
O fato gerador da CIDE-royalties ocorre no momento da integralização de capital social mediante a cessão de um direito
que consiste em aquisição de conhecimentos tecnológicos, incidindo a alíquota de 10% (dez por cento).
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei n° 10.168, de 29 de dezembro de 2000, art. 2°, § 3°, Ato Declaratório Interpretativo - ADI -
RFB n° 7, de 23 de agosto de 2016 e Solução de Divergência Cosit, n° 6, de 20 de agosto de 2015.

5. BASE DE CÁLCULO

A Cide-Remessas incide sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou
domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tenham por objeto (Lei n°
10.168/2000, artigo 2°, § 3°):

a) fornecimento de tecnologia;

b) prestação de assistência técnica (serviços de assistência técnica ou serviços técnicos especializados);

c) serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes;

d) cessão e licença de uso de marcas; e

e) cessão e licença de exploração de patentes.

6. ALÍQUOTA

A alíquota da Cide-Remessas é de 10% (Lei n° 10.168/2000, artigo 2°, § 4°).

7. ISENÇÃO

A Cide-Remessas não incidirá sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de
programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia (Lei n° 10.168/2000, artigo 2°, §
1°-A).

Essa isenção também foi demonstrada através da Solução de Consulta pela Receita Federal:

SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 23, DE 02 DE MARÇO DE 2010 - 10ª Região Fiscal


ASSUNTO: Outros Tributos ou Contribuições
EMENTA: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE). Não estão sujeitos à incidência da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) os valores remetidos ao exterior em pagamento de licenças de
uso de programas de computador que não envolvam a transferência da correspondente tecnologia.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto n° 70.235, de 1972, arts. 46, caput, e 52, incisos I, V, VI e VIII; IN RFB n° 740, de 2007,
arts. 3°, § 1°, incisos III e IV, 15, incisos I, II, VII, IX e XI.

8. EXEMPLO DE CÁLCULO

O débito da Cide-Remessas é determinado da seguinte forma:

Base de cálculo da Cide x Alíquota de 10% = Total da Cide-Remessas no período:

Base de Cálculo Alíquota Total da Cide antes de compensação/dedução


R$ 10.000,00 10% R$ 1.000,00

9. CÓDIGO DE RECOLHIMENTO E VENCIMENTO

O código de recolhimento será sob o DARF 8741, cujo o pagamento deverá ser efetuado até o último dia útil da quinzena
subsequente ao mês de ocorrência do fato gerador (Lei n° 10.168/2000, artigo 2°, § 5°).

Tributo DARF Alíquota Prazo de Recolhimento


Cide-
8741 10% Até o último dia útil da quinzena subsequente ao mês de ocorrência do fato gerador.
Remessas

10. CRÉDITO

Até 31.12.2013 foi concedido o crédito incidente sobre a Cide-Remessas, aplicável às importâncias pagas, creditadas, entregues,

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empregadas ou remetidas para o exterior a título de royalties na exploração de patentes e de uso de marcas, (Medida Provisória n°
2.159-70/2001, artigo 4°), observando-se que esse crédito era:

a) determinado com base na contribuição devida, incidente sobre pagamentos, créditos, entregas, emprego ou remessa ao exterior
a título de royalties na exploração de patentes e de uso de marcas, mediante utilização dos seguintes percentuais:

a.1) 100%, de 01.01.2001 até 31.12.2003;

a.2) 70%, de 01.01.2004 até 31.12.2008; e

a.3) 30%, de 01.01.2009 até 31.12.2013.

b) o crédito deveria ser utilizado, exclusivamente, para fins de dedução da Cide incidente em operações posteriores, relativas a
royalties referentes a contratos de exploração de patentes e de uso de marcas.

Devido a Medida Provisória n° 2.159-70/2001 trazer orientações de crédito somente até o ano de 2013, a partir de 01.01.2014 não
há possibilidade de desconto de crédito.

11. SOLUÇÃO DE CONSULTA /DIVERGÊNCIA / ATO INTERPRETATIVO

Solução de Consulta / Divergência /


TIPO
Ato Interpretativo
Serviços de assistência administrativa e semelhantes, e consultoria administrativa Solução de Consulta Cosit n° 97/2014
Participação de empregados e/ou diretores em eventos "StartUp" Solução de Consulta Cosit n° 104/2014
Contratação de serviços técnicos especializados Solução de Consulta Cosit n° 134/2014
Garantia de Carnê Ata para Beneficiário no Exterior Solução de Consulta Cosit n° 171/2015
Contratos de patrocínio realizados com entidades promotoras de eventos
Solução de Consulta Cosit n° 06/2016
domiciliadas no exterior.
Contrato de montagem de estandes para participação de empresas brasileiras em
Solução de Consulta Cosit n° 247/2014
feiras e eventos.
Prestação de serviços objeto de contrato de agência Solução de Consulta Cosit n° 278/2014
Crédito de operações anteriores Solução de Consulta Cosit n° 113/2015
Prestação do serviço e de responsabilidade do escritório de advocacia, como
Solução de Consulta Cosit n° 04/2016
despesas com cópias de documentos, deslocamentos, diárias e correio
Pagamentos pela apresentação de palestras Solução de Consulta Cosit n° 05/2016
Pagamentos por assessoria de imprensa Solução de Consulta Cosit ° 08/2016
Pagamentos pela impressão gráfica sem a inclusão da arte gráfica Solução de Consulta Cosit n° 07/2016
Solução de Consulta Vinculada n°
Software de gestão de relacionamento. Prestação de Serviços.
3.001/2016 - 3ª Região Fiscal
Ato Declaratório Interpretativo RFB n°
Integralização de capital de pessoa jurídica no Brasil com cessão de direito/ 07/2016
tecnologia Solução de Divergência Cosit n°
06/2015
Solução de Consulta n° 135/2012 - 6ª
Software de prateleira
Região Fiscal
Pagamentos a escritórios de representação no exterior Solução de Consulta Cosit n° 13/2017

12. CONTABILIZAÇÃO

A contabilização deverá ser efetuada de acordo com as particularidades de cada operação, desta forma sugere-se a seguinte
contabilização:

Pelo reconhecimento das despesas do Cide-Remessas:

D- Despesas com Cide-Remessas (Conta de Resultado)

C- Cide-Remessas (Passivo Circulante)

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autora: Elia Christe Pirolla Miquelin

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