Você está na página 1de 2

A Lei do Divórcio, aprovada em Setembro no Parlamento e que mereceu

reparos do Presidente da República, foi publicada esta sexta-feira em Diário da


República e entrará em vigor dentro de um mês, noticia a agência Lusa.

O novo regime jurídico do divórcio, promulgado a 21 de Outubro pelo


Presidente da República, Cavaco Silva, introduz seis alterações fundamentais
à lei até agora em vigor, entre as quais, o fim do divórcio litigioso, o «divórcio
sanção assente na culpa».

De acordo com o diploma, passará a existir o «divórcio por mútuo


consentimento», que já existia, mas elimina-se a necessidade de fazer uma
tentativa de conciliação.

Quanto ao «divórcio sem o consentimento de um dos cônjuges», que será


agora criado em substituição do divórcio litigioso, prevê-se como fundamentos
a separação de facto por um ano consecutivo, a alteração das faculdades
mentais de um dos cônjuges, a ausência (sem que do ausente haja notícias por
tempo não inferior a um ano) e «quaisquer outros factos que,
independentemente da culpa dos cônjuges, mostrem a ruptura definitiva
do casamento».

Quanto aos efeitos patrimoniais, em caso de divórcio, a partilha passará a


fazer-se como se os cônjuges tivessem estado casados em comunhão de
adquiridos, mesmo que o regime convencionado tivesse sido a comunhão
geral.

Vida familiar em novo princípio

Na nova lei será ainda introduzido um novo princípio de que o cônjuge «que
contribui manifestamente mais do que era devido para os encargos da vida
familiar adquire um crédito de compensação que deve ser respeitado no
momento da partilha».

Em relação às «responsabilidades parentais», expressão que substitui o


«poder paternal», a nova lei impõe «o seu exercício conjunto», salvo quando o
tribunal entender que este regime é contrário aos interesses do filho.

O diploma regula ainda a atribuição de alimentos entre ex-cônjuges,


estabelecendo o princípio de que cada um «deve prover à sua subsistência».

A 20 de Agosto, quando vetou a primeira versão do diploma, Cavaco Silva


enviou uma mensagem à Assembleia da República sugerindo que «para não
agravar a desprotecção da parte mais fraca», o legislador deveria ponderar
«em que medida não seria preferível manter-se, ainda que como alternativa
residual, o regime do divórcio culposo, a que agora se põe termo de forma
absoluta e definitiva».

O diploma foi, então, reapreciado pelo Parlamento, que acabou, contudo, por
introduzir apenas alterações pontuais ao projecto de lei vetado por Cavaco
Silva, clarificando o artigo da lei que prevê que o cônjuge «que contribui
manifestamente mais do que era devido para os encargos da vida familiar
adquire um crédito de compensação que deve ser respeitado no momento da
partilha».

Na segunda versão do diploma ficou ainda consagrado, por proposta do PCP,


que a pensão de alimentos é ilimitada no tempo.

A segunda versão do regime jurídico do Divórcio foi aprovada pela Assembleia


da República a 17 de Setembro, com os votos favoráveis do PS, PCP, BE e
partido ecologista Os Verdes e de onze deputados do PSD.

A 21 de Outubro, Cavaco Silva promulgou a nova Lei do Divórcio, não


deixando, contudo, de renovar as críticas ao diploma, afirmando que irá
conduzir a situações de «profunda injustiça», sobretudo para os mais
vulneráveis.

Você também pode gostar