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Não consigo entender o porquê venho através desta lhes dizer, porém é preciso dizer algo

sobre algo que talvez não mais exista, mas ainda é necessária, falo sobre dignidade, sempre
sonhei que quando cresce-se as pessoas ouviriam o que eu disse-se, respeitariam o que eu
pensa-se e comungariam o que eu sonha-se, pois quando pequeno tudo que sonhava estava
distante, tudo que dizia não fazia sentido e em tudo que pensava era incoerente, quase sempre
obedecia quando ouvia: “não ande descalço”, “veste uma camisa”, “olha a boca, precisa ser
lavada com sabão”, “fica quieto moleque”, e muitas vezes ouvia “mal criado”, dezesseis anos
depois cresci e agora; há entendi, me lembrei, como eu dizia no principio eu venho através
desta porque ainda hoje nada do que eu digo faz sentido, porém vocês não precisam me ouvir,
podem apenas ler, já que no decorrer destas linhas não importa se penteei meu cabelo, se a
camiseta que uso é a que vesti anteontem, com a qual dormi ontem e que ainda estou usando
hoje, basta lerem e pensarem no sentido do conteúdo deste texto de acordo com a disposição
em que ordeno algumas dezenas ou uma centena de palavras.
Digo, ou melhor, escrevo sobre dignidade porque sempre acreditei que o fato de não
aceitarem o que eu vivia e não apenas fazia, o que eu vivia e não apenas dizia e se
incomondavam em estar ao meu lado enquanto eu vivia e não apenas sonhava, era porque eu
era “pequeno”, mas se agora sou grande tudo a minha volta permaneceu como quando
pequeno, me pergunto, será que enquanto me preocupava apenas em crescer esqueci de me
tornar alguém ?, pois se não ouvem o que eu digo, se não pensam no que penso e se não
permanecem ao meu lado é porque não sou ninguém.
Bem sendo sincero no reflexo de um espelho não vejo ninguém, (não se preocupem não sou
um vampiro) já que meu corpo pertence aquelas que desejam apenas prazer, minha força e
inteligência pertencem aqueles que podem pagar por elas e meus pensamentos ... , eu nem
sequer possuo tal capacidade, já que não me foi concedido por uma unanimidade um pedaço
de papel que ostenta nomes engraçados como “PUC” ou “USP”, não “Bob Cusp” este é bem
mais engraçado e deste papeis tenho aos montes.
Na verdade desgraçado, quero dizer, o engraçado é que ainda hoje ouço “não se pode passar
de quinze minutos”, “faça isto”, “eu mandei – o sr. Sei-la-eu mandou”, “você é louco, vai ser
despedido”, “você esta sendo dispensado pois seu perfil não se enquadra nesta empresa”, e
sempre obedeço ...
Necessariamente carregar ou limpar algo para alguém se torna submissão, mas quando feito
por mim para mim se torna auto-estima ?
Não importa que se valorize em cem, duzentos, três ou quatro mil (reais ou não), sempre
alguém haverá de fazer.
Em verdade vos digo, não importa quem o faça, desde que o faça com dignidade, em verdade
não importa para quem se faça desde que haja dignidade para com aquilo que se faz.
Enfim o que há de se fazer haverá de ser feito eo que há de ser feito haverá de se fazer,
porém há aqueles que não apenas o fazem e sim vivem, e estes ostentam em seu desgosto a
dignidade.

Edson Carlos O. Mota

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