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Índice

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Esquizofrenia

A Esquizofrenia é uma doença psiquiátrica e é provavelmente a mais angustiante


e incapacitante de todas elas. A esquizofrenia é muitas vezes descrita de forma
incorrecta como "desdobramento de personalidade". Isto pode constituir a tradução
literal mas a esquizofrenia é na realidade uma doença do cérebro, que afecta de forma
grave a forma de pensar da pessoa, a vida emocional e o comportamento em geral.

As pessoas com esquizofrenia sofrem de sintomas psicóticos. Entre estes,


contam-se as alucinações (observar as coisas de forma diferente), delírios (crenças de
natureza bizarra ou paranóica que não são verdadeiras), alterações do pensamento ou
medo.

A esquizofrenia afecta entre 1% das pessoas durante a sua vida. A esquizofrenia


está presente em todo o mundo, sendo a prevalência da doença muito semelhante entre
os diferentes países. A esquizofrenia representa a doença mais destrutiva para os jovens.
Os homens e as mulheres têm risco idêntico de desenvolver a doença. Enquanto que na
maioria das pessoas do sexo masculino a doença surge entre os 16 e os 25 anos, a
maioria das pessoas do sexo feminino desenvolve os primeiros sintomas entre os 25 e os
30 anos.
Uma importante característica reside no facto de as pessoas com esquizofrenia
não terem qualquer ideia de que estão a sofrer da doença. Perdem contacto com a
realidade.

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Sintomas da Esquizofrenia

Uma pessoa diagnosticada com esquizofrenia pode experienciar alucinações


(principalmente ouvir vozes), delírios e pensamento e discurso desorganizados. Muitas
vezes há um padrão observável de dificuldade emocional, como por exemplo a falta de
motivação.
Deficiências na cognição social também estão associadas a esquizofrenia, pois
ocorrem com frequência sintomas de paranóia e de isolamento social. Num subtipo de
esquizofrenia, muito raro, a pessoa pode ser amplamente muda, permanecer imóvel em
posturas bizarras, ou exibir uma agitação sem propósito, sendo estes sintomas de
catatonia, que é um tipo de esquizofrenia que consiste na alternância entre períodos de
passividade e de extrema agitação do indivíduo.
O final da adolescência e o início da idade adulta são os anos de pico para o
início da esquizofrenia. Em 40% dos homens e 23% das mulheres diagnosticadas com
esquizofrenia, a doença manifestou-se antes dos seus 19 anos. Existem períodos críticos
no desenvolvimento vocacional e social dos jovens adultos.

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Primeiros Sinais

Os primeiros sinais da esquizofrenia aparecem tipicamente na adolescência ou


no início da idade adulta. Os efeitos da doença são confusos e muitas vezes chocantes
para as famílias e amigos. As pessoas com esquizofrenia sofrem de dificuldades nos
seus processos de pensamento, que conduzem a alucinações, delírios, desorganização do
pensamento e discurso ou comportamento incoerente. Todos estes sintomas significam
que as pessoas afectadas pela doença ficam limitadas na sua capacidade de interagir
com outras pessoas e muitas vezes retiram-se do mundo exterior. Ao contrário da crença
habitual, as pessoas com esquizofrenia não têm "desdobramento de personalidade" e a
grande maioria das pessoas que sofrem de esquizofrenia não constituem perigo para os
outros. As pessoas com esquizofrenia têm muito maior probabilidade de se constituírem
elas próprias como vítimas de violência e de crimes do que de cometerem, por si
mesmas, actos violentos.
Os seguintes sintomas são sinais precoces de alarme para a esquizofrenia:

 Isolamento social e deixar de passar muito tempo com pessoas da mesma idade;
 Perda de memória, por exemplo esquecer-se onde as coisas foram colocadas;
 Alterações da percepção: quando os objectos mudam subitamente de tamanho ou
de cor;
 Paranóia: pensam que alguém está a falar acerca delas e que as coisas estão a ser
feitas "nas suas costas";
 Preocupação extrema com religião, filosofia, ocultismo, etc.; ou mesmo tornar-
se membro de uma seita ou culto;
 Alterações do pensamento: argumentos incoerentes, ilógicos ou abstractos;
 Dificuldade em manter a atenção: distrair-se com facilidade;
 Depressão;
 Agressão, irritabilidade ou hostilidade inesperada;
 Falta de energia;
 Perturbações do sono: muitas vezes acordado/a à noite e a dormir durante o dia;
 Medo, tremor das mãos ou voz trémula;
 Perda de apetite, ou pelo contrário apetite voraz;
 Deterioração da higiene pessoal, ex. tomar muito poucas vezes banho ou lavar-
se raramente;
 Problemas de integração;
 Delírios.

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Sintomas Positivos e Negativos

A divisão dos sintomas psicóticos em positivos e negativos tem por finalidade


dizer de maneira objectiva o estado do paciente. Tendo como ponto de referência a
normalidade, os sintomas positivos são aqueles que não deveriam estar presentes como
as alucinações, e os negativos aqueles que deveriam estar presentes mas estão ausentes,
como o estado de ânimo, a capacidade de planeamento e execução.

Positivos

 Alucinações - as mais comuns nos esquizofrénicos são as auditivas. O paciente


geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, gozam, mandam fazer
coisas que os pacientes não acha correcto, ameaçam, conversam entre si falando
mal do próprio paciente. Pode ser sempre a mesma voz, podem ser de várias
pessoas, podem ser vozes de pessoas conhecidas ou desconhecidas, podem ser
murmúrios e incompreensíveis, ou claras e compreensíveis. Da mesma maneira
que qualquer pessoa se aborrece por ouvir tais coisas, os pacientes também se
afligem com o conteúdo do que ouvem, ainda mais por não conseguirem fugir
das vozes. Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, sempre que surgem
devem pôr em dúvida o diagnóstico, favorecendo perturbações orgânicas do
cérebro.

 Delírios - Os delírios são os sintomas mais comuns na esquizofrenia. São as


ideias falsas que os pacientes têm de que estão a ser perseguidos, que os querem
matar ou fazer mal. Os delírios podem também ser bizarros como achar que
estão a ser controlados por extraterrestres que enviam ondas de rádio para o seu
cérebro. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa).

 Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis de identificar, não por


serem discretos, mas porque a confusão é tamanha que nem se consegue
denominar o que se vê. Há vários tipos de perturbações do pensamento, o
diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre o
esquizofrénico que apresenta este sintoma e um paciente com confusão mental,
que pode ser uma emergência neurológica.

 Alteração da sensação do eu - Assim como os delírios, estes sintomas são


diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, excepto em estados
mentais patológicos. Os pacientes com estas alterações dizem que não são elas
mesmas, que uma outra entidade apoderou-se de seu corpo e que já não é ela
mesma, ou simplesmente que não existe, que seu corpo não existe.

Negativos
 Falta de motivação e apatia - Este estado é muito comum, praticamente uma
unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos
cessaram. O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou a ver
televisão o tempo todo, frequentemente a única coisa que faz é comer e dormir.

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Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se
interessam por nada, nem pelo que costumavam gostar.

 Embotamento afectivo - o indivíduo apresenta-se com dificuldades em expressar


emoções e sentimentos. Normalmente uma pessoa fica alegre ou triste, com
coisas boas ou más, mas estes pacientes ficam indiferentes a estas situações.
Podem até perceber isso racionalmente e relatar aos outros, mas não conseguem
mudar esta situação.

 Isolamento social - O isolamento é praticamente uma consequência dos sintomas


acima referidos. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar por
nada, cujos pensamentos estão prejudicados e não consegue diferenciar bem o
mundo real do irreal não consegue viver normalmente na sociedade.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A depressão
é tratável e costuma responder às medicações, já os sintomas negativos da esquizofrenia
não melhoram com nenhum tipo de antipsicótico.

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Causas

A causa da esquizofrenia é complexa e multifactorial. O cérebro, por si, possui


um funcionamento extremamente complexo e em grande parte desconhecido. Essa
complexidade aumenta se considerarmos, e temos de considerar, que o funcionamento
do cérebro depende do funcionamento de outras partes do corpo. Por fim, se
considerando outras variáveis nada desprezíveis como o ambiente social e familiar, a
complexidade se torna inatingível para os recursos de que dispomos. Provavelmente a
esquizofrenia é resultado disso tudo.

Teorias da Causa da Esquizofrenia

Teoria Bioquímica
A mais aceite, em parte, devido ao sucesso das medicações. As pessoas com
esquizofrenia sofrem de um desequilíbrio neuroquímico, portanto, falhas na
comunicação celular do grupo de neurónios envolvidos no comportamento, pensamento
e senso-percepção.

Teoria Biológica Molecular


Especula-se que existam anomalias no padrão de certas células cerebrais na sua
formação antes do nascimento. Esse padrão irregular pode direccionar para uma
possível causa pré-natal da esquizofrenia ou indicar factores predisponentes ao
desenvolvimento da doença.

Teoria Genética
Talvez esta seja a mais bem demonstrada de todas as teorias. Nas últimas
décadas vários estudos feitos com familiares mostrou uma correlação linear e directa
entre o grau de parentesco e as hipóteses de surgimento da esquizofrenia. Pessoas sem
nenhum parente esquizofrénico têm 1% de hipóteses de virem a desenvolver
esquizofrenia; com algum parente distante essa hipótese aumenta para 3 a 5%. Com um
pai ou mãe aumenta para 10 a 15%, com um irmão esquizofrénico as hipóteses
aumentam para aproximadamente 20%, quando o irmão possui o mesmo código
genético (gémeo idêntico) as hipóteses de o outro irmão vir a ter esquizofrenia são de 50
a 60%. A teoria genética, portanto explica em boa parte de onde vem a doença. Se fosse
a única causa, a incidência de esquizofrenia entre os gémeos idênticos seria de 100%.

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Teoria Viral
A teoria de que a infecção por um vírus conhecido ou desconhecido desencadeie
a esquizofrenia em pessoas predispostas foi muito estudada. Hoje essa teoria vem sendo
abandonada por falta de evidências embora muitos autores continuem considerando-a
como possível factor causal.

Teoria familiar
As teorias familiares, apesar de terem bastante interesse histórico, são as que
menos fundamento cientifico têm. Surgiram na década de 1950, baseadas umas no tipo
de comunicação entre os vários elementos das famílias e aparecendo outras mais ligadas
às estruturas familiares. Dos estudos desenvolvidos surge o conceito «mãe
esquizofrenogénica», mães possessivas e dominadoras com seus filhos, como gerador
de personalidades esquizofrénicas. Estudos posteriores vieram contudo provar errada
esta hipótese, relacionando aquele comportamento mais com etiologias neuróticas e não
com a psicose.

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Diagnóstico
A maioria das doenças psiquiátricas são muito difíceis de diagnosticar e a
esquizofrenia não constitui excepção, uma vez que não existem testes que possam
identificar alguém com esquizofrenia. O diagnóstico depende da exclusão de outras
causas que possam originar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia (tais como abuso
de drogas, epilepsia, tumores cerebrais e disfunção tiroideia). É importante excluir
outras doenças, porque algumas vezes as pessoas têm sintomas mentais graves, ou
mesmo psicoses, devido a situações médicas subjacentes que não são diagnosticadas.
Por este motivo, uma história clínica deve ser colhida e um exame físico e testes
laboratoriais devem ser efectuados para excluir outras causas possíveis, antes de
concluir que alguém sofre de esquizofrenia. Além disso, como as drogas que se
consomem habitualmente podem causar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia,
devem ser pesquisadas estas substâncias em amostras de sangue ou de urina dos doentes
em causa.

Após ter excluído outras causas, o médico deve então efectuar um diagnóstico,
baseando-se apenas nos sintomas observados no doente e descritos pelo mesmo e pela
família. Isto pode provocar problemas e atrasos no diagnóstico porque muitos sintomas
podem só ser evidentes quando a doença já está avançada. Mesmo nessa altura, para que
se possa estabelecer um diagnóstico formal, os sintomas devem estar presentes durante
pelo menos à seis meses.

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Referências Electrónicas
 pt.wikipedia.org/wiki/Esquizofrenia
 en.wikipedia.org/wiki/Schizophrenia
 www.psicosite.com.br/tra/psi/esquizofrenia.htm

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