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ÍNDIO 

TUPI
 
 Alegres, apaixonados pela música e pela dança, os Tupi praticavam a agricultura, cultivando
mandioca, abóbora, amendoim, feijão, pimenta, tabaco e árvores frutíferas. Fabricavam
redes com o algodão que plantavam e teciam. Os Tupinambá previam as chuvas e as
grandes marés, conheciam as relações entre os seres no meio ambiente, as propriedades
medicinais dos vegetais e selecionavam sementes para a melhoria das espécies.
 
“Classificaram o mundo natural, com o rigor equivalente ao realizado pelos europeus nos
campos da Biologia, Botânica e Zoologia. Observadores cuidadosos da natureza, os índios
produziram ciência”. (Bessa, J.R. e Malheiros, M. em “Aldeamentos Indígenas do Rio de
Janeiro”)Programa de Estudos dos Povos Indígenas - UERJ - Rio de Janeiro.
 
Os indígenas só consideravam propriedade pessoal suas armas e enfeites. Partilhavam o
restante: os produtos da caça, pesca e colheita. Essa generosidade abrangia todos que
estivessem sob o seu teto.
 
“Como o valor maior que relacionava os membros da tribo era o grupo - o individualismo não
fazia sentido para eles, - os índios, sobretudo os Tupi, tinham o costume de oferecer uma
mulher a todo estranho que fosse aceito entre eles, ou um marido a uma mulher incorporada
à tribo. Com isso, o recém chegado tornava-se parente por afinidade de todo o grupo,
desempenhando um papel na tribo e participando de suas atividades”.
Caldeira, J. em “Viagem pela História do Brasil”).
 
Os Tupi do litoral foram dizimados por epidemias, escravidão e guerras nos séculos XVI e
XVII.
 
                                                                                    
ÍNDIO PURI
 
 Da família Puri os Goitacá, na região do hoje município de Campos, eram exímios
nadadores, habilíssimos na corrida e na utilização do arco e flecha. Desde o início da
colonização, combateram portugueses e franceses. Mas acabaram sendo exterminados sem
deixar vestígio escrito de qualquer palavra de seu idioma, assim como aconteceu com os
Guarulho, também da família Puri. Registrados foram os idiomas dos Coroado, Coropó e Puri.
Habitando o interior, em local de difícil acesso, não tiveram contato permanente com o
colonizador até o século XVIII. Esses três povos, não tão bons agricultores quanto os
Tupinambá, eram imbatíveis nas técnicas de rastreamento e na caça. Alguns desses grupos
foram contatados somente no século passado. Os Puri resistiram até os séculos XVIII e XIX.
OS TUPINAMBÁS

Tupinambás em gravura de Theodor de Bry. Vale ressaltar que boa parte das imagens
referentes aos índios partem do imaginário europeu, provavelmente não sendo
condizente com a real.

O termo tupinambá provavelmente significa "o mais antigo" ou "o primeiro", e se


refere tanto a uma grande nação de índios, da qual faziam parte, dentre outros, os
tamoios, os temiminós, os tupiniquins, os potiguara, os tabajaras, os caetés, os
amoipiras, os tupinás (tupinaê), os aricobés e um grupo também chamado de tupinambá.

Os tupinambás como nação dominavam quase todo o litoral brasileiro e possuíam uma
língua comum, que teve sua gramática organizada pelos jesuítas e passou a ser
conhecida como o tupi antigo, constituindo-se na língua raiz da língua geral paulista e
do nheengatu. Entretanto, normalmente, quando se fala em tupinambás, está-se a referir
às tribos que fizeram parte da Confederação dos Tamoios, cujo objetivo era lutar contra
os portugueses, também conhecidos como perós.

Apesar de terem raízes comuns, as diversas tribos que compunham a nação Tupinambá
lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança que
resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para
serem devorados em rituais antropofágicos. Autores como o alemão Hans Staden (A
História dos Selvagens, Nus e Ferozes…), e os franceses Jean de Léry (Viagem à Terra
do Brasil) e André Thevet (As Singularidades da França Antártica), todos do Século
XVI, além das Cartas Jesuíticas da época, nos dão notícias muito precisas acerca de
quem eram e como viviam os índios Tupinambás.
Homem tupinambá - pintura de Albert Eckhout (1610 - 1666).

Em todas as tribos tupinambás era comum a observância aos heróis civilizadores, como
chama Alfred Métraux em seu livro A Religião dos Tupinambás, que eram divindades
que haviam criado ou dado início à civilização indígena (Meire Humane e Pae Zomé —
mito ameríndio comum em toda a América Meridional). Também era comum a
intercessão junto aos espíritos dos pajés, o uso dos maracás, chocalhos místicos cujo uso
era obrigatório em qualquer cerimônia.

Atualmente existem dois núcleos de índios Tupinambá, no litoral da Bahia: Olivença,


município de Ilhéus, com 20 aldeias e 3864 indígenas; e a aldeia Patiburi, município de
Belmonte, com 199 pessoas.

Os tupinambás da Região Sudeste do Brasil tinham um vasto território, que se estendia


desde o rio Juqueriquerê, em São Sebastião / Caraguatatuba, no Estado de São Paulo,
até o cabo de São Tomé, no estado do Rio de Janeiro.

O grosso da nação tupinambá localizava-se na baía da Guanabara e em Cabo Frio, ou


Gecay, o nome da mistura de sal e pimenta que os índios, embora não consumindo o sal,
vendiam aos franceses (mairs, nome originário de Maíra ou Meire Humane), com os
quais se aliaram quando estes estabeleceram a colônia da França Antártica na baía de
Guanabara.

As tentativas de escravização dos índios para servirem nos engenhos de cana-de-açúcar


no núcleo vicentino, levaram à união das tribos numa confederação sob o comando de
Cunhambebe, chamada de Confederação dos Tamoios, englobando todas as aldeias
tupinambás, desde São Paulo, Vale do Rio Paraíba (São José dos Campos, Taubaté e
outras) até o cabo de São Tomé, com invejável poderio de guerra.

É neste ínterim que Nóbrega e Anchieta teriam sido levados por José Adorno de barco
até Iperoig (atual Ubatuba), para tentar fazer as pazes com os índios fronteiros no local
da atual cidade de Ubatuba (aldeia de Yperoig). Segundo a tradição, Nóbrega voltou até
São Vicente com Cunhambebe e o Padre José de Anchieta ficou cativo dos tupinambás
em Ubatuba. Neste período, ele teria escrito o Poema da Virgem. Fatos lendários e
fantásticos teriam ocorrido nesta época do cativeiro, como o milagre de Anchieta:
levitar entre os índios, que horrorizados, queriam que ele dali se retirasse pois pensavam
tratar-se de um feiticeiro.

distribuição dos grupos de língua tupi na costa, no século XVI.

Seja como for, os padres com muita diplomacia, conseguiram desmantelar a


Confederação dos Tamoios, promovendo a Paz de Iperoig, o Primeiro Tratado de Paz
das Américas. Diz-se que depois de feitas as pazes, Nóbrega advertiu os índios de que,
se voltassem atrás na palavra empenhada, seriam todos destruídos, profecia que de fato
se concrettizou. Quando os portugueses atacaram os franceses do Rio de Janeiro, estes
pediram ajuda aos índios, que acudiram a seus aliados. Isto levou ao extermínio dos
tupinambás que moravam em aldeias em torno da Baía da Guanabara, na segunda
metade do século XVI. Os que conseguiram se salvar foram os que se embrenharam nos
matos com alguns franceses e os índios tupinambás de Ubatuba que, para não ajudarem
os irmãos do Rio e não correrem riscos, ou se embrenharam nos matos ou foram
assimilados pelos colonos em Ubatuba, gerando a atual população caiçara daquela
região assim como a população cabocla do Vale do Paraíba Paulista e Fluminense.

Contudo, o golpe fatal ao fim dos tupinambás, foi o ataque ao último reduto francês em
Cabo Frio, com a destruição de todas as aldeias. Tudo destruído com fogo e passado ao
"fio da espada". Os sobreviventes ou se refugiaram nos matos e migraram para outras
regiões ou alguns poucos ainda, no final do século XVI, podiam ser encontrados numa
aldeia de índios cristãos próxima da então recém-fundada cidade do Rio de Janeiro,
local onde morreu e foi enterrado o Padre Nóbrega.

Por esses motivos e por algumas declarações que denotariam em tese conivência com o
extermínio indígena, é que o Padre José de Anchieta tem sido considerado muito
polêmico até os dias atuais, embora noutras oportunidades, tenha declarado que se dava
melhor com os Índios do que com os portugueses. Afinal, os padres jesuítas tinham a
boa intenção e boa-fé de angariar novas almas para a Igreja, no movimento conhecido
como Contra-Reforma, haja vista a Reforma que havia se iniciado e se espalhado pela
Europa

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