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BAGNO, Marcos.

 Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: Loyola,
2007. 186 p.

PRECONCEITO LINGUÍSTICO: o que é, como se faz

Desde o primeiro contato com a escola, somos levados a acreditar que existe uma
forma correta de se falar o português e, a partir deste ponto, somos instruídos que devemos ter
uma ortografia e pronúncia perfeitas. Esta premissa parte da convicção que o único português
correto é o que segue a norma padrão, gerando assim o chamado preconceito linguístico.
O livro de Marcos Bagno se divide em quatro capítulos que abordam as facetas e
características do preconceito linguístico, esmiuçando-os para que o leitor possa compreender
o ponto de vista do autor. A autor tem como objetivo desmistificar cada um dos quesitos
apresentados na obra como ideologias de preconceito linguístico.
O primeiro capítulo, “A mitologia do preconceito linguístico” se divide em oito
subdivisões, cada uma apresentando um mito acerca do “português correto”.
A autor inicia falando sobre o mito da “unidade linguística no Brasil”, um dos mais
prejudiciais na opinião de Bagno, pois ignora a diversidade da língua e impõe que os aspectos
regionais, de situação socioeconômica, grau de escolarização etc., não influenciam na
diversidade linguística no nosso país.
No mito nº 2, Bagno aponta a premissa de que o “Brasileiro não sabe português”
como se o país ainda fosse colônia de Portugal, apresenta as diferenças entre as línguas irmãs,
e desmistifica a ideia de que o português falado em Portugal é mais superior e mais “correto”.
O terceiro mito parte da ideia de que “Português é muito difícil” que é uma
consequência do segundo mito. Por basear-se nos conceitos da gramática normativa
portuguesa, as regras que constroem a nossa língua não correspondem à língua falada e a
escrita, o que torna o português brasileiro mais “difícil” pois só mantém a diferença de classes
perpetuando o fato de que somente uma pequena parcela da população a domine.
”As pessoas sem instrução falam tudo errado” é o título escolhido pelo autor para
falar sobre o preconceito por grau de escolarização apresentado no mito nº 4. Aspectos da
língua falada, como o “rotacionismo”, são consideradas, como diz Bagno em sua obra,
“erradas, feias, estropiadas, rudimentares, deficientes” pelas lentes do preconceito linguístico.
O autor defende as diversas variantes da língua e analisa o preconceito linguístico e social
gerado pela diferença da língua falada e da norma padrão.
O quinto mito, “O lugar onde melhor se fala português é o Maranhão” tem base no
fato de que esta variação é a mais próxima do português de Portugal, portanto, é considerado
mais bonito, correto e afins.
“O certo é falar assim porque se escreve assim” é o título do mito nº 6 e nele Bagno
fala sobre as diversas variantes no Brasil e a utilização da linguagem formal e informal.
No sétimo mito afirma que “É preciso saber gramática para falar e escrever bem” que
sustenta a falsa ideia de subordinação da língua a norma culta, que utiliza de instrumentos
ideológicos de poder e controle social.
O mito nº 8 afirma que “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão
social” decorrente de desigualdades sociais e diferenças das variações em determinadas
classes sociais. Assim, as variedades linguísticas que não são padrão da língua são
consideradas inferiores.
No segundo capítulo, “O círculo vicioso do preconceito linguístico”, Bagno explica
que este é perpetuado pelos métodos tradicionais de ensino, pelos livros didáticos e por certos
profissionais que colaboram para a manutenção da prática de exclusão.
“A desconstrução do preconceito linguístico”, título atribuído ao terceiro e penúltimo
capítulo desta obra. Este discute a ruptura do círculo vicioso do preconceito linguístico,
afirmando que a norma culta é reservada, por questões de ordem política, econômicas, sociais
e culturais, a uma pequena parcela da população brasileira. O autor aponta como uma forma
de combater esse preconceito, a mudança de atitude dos profissionais da educação que devem
adaptar uma postura crítica em relação a norma culta. Bagno também reflete sobre o que é
ensinar o português; o que é erro; a paranoia ortográfica e reconhece que o preconceito está
presente nestes aspectos. Bagno também acredita que só haverá mudanças significativas
quando houver uma transformação radical na sociedade em que vivemos.
No capítulo final, “O preconceito contra a linguística e os linguistas”, o autor fala
sobre o ensino da gramática tradicional e faz uma crítica quando a seus conceitos, presentes
na língua a mais de 2.300 anos. Ele retoma a questão das mudanças, reconhecendo que o novo
assusta e compromete as estruturas de poder e dominação presentes a tanto tempo.

Resenha elaborada por Geovana Vinhote França, acadêmica do 1º período vespertino do curso
de Letras da Universidade do Estado do Amazonas – UEA.

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