Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2 - ARCABOUÇO TEÓRICO
No âmbito escolar as variações são recorrentemente apresentadas como
idiossincrasias as quais carecem de ser corrigidas e enquadradas na norma culta. Essa
metodologia prejudica o aprendizado do aluno, haja vista que descarta todas as raízes e
aspectos culturais que o aluno carrega. Embora seja muito discutido no espaço
acadêmico, a inclusão da variação linguística no ambiente escolar ainda parece perder
muito espaço para a tradição do ensino de gramática normativa. De modo que, sempre
que elencado esse tema é tratado como um caminho a ser evitado. Rotineiramente as
variações maternas dos alunos são descartas e a norma culta ensinada como único meio
válido de comunicação.
É essencial esclarecer nas aulas de português que a variação linguística é uma
forma tão natural de expressar a língua que permeia diversos nichos culturais. Um
exemplo é a música “Cuitelinho”, a qual faz parte do cancioneiro brasileiro.
A maioria das pessoas que se referem à música cuitelinho expressam nela
sentimento de folcloridade e saudosismo, contudo sabemos que há mais elementos além
desses presentes na canção. Essa canção consegue expressar a gramática popular de
uma época, que influenciou na construção da gramática popular atual, e demonstra
traços de historicidade, além de influências de língua de contato. Esses aspectos são
uma maneira dos professores apresentarem a canção aos estudantes, estimulando-os a
querem saber mais da suas origens partindo do estudo variacional.
Santana (2016) investigou como elementos sociolinguísticos podem ser
encontrados em músicas que fazem parte da cultura da música popular brasileira
buscando entender como esse estudo aliado a metodologias escolares pode favorecer o
ensino-aprendizado no português em situações reais de comunicação deixando a lado o
ensino mecânico, apenas da escrita da língua, e tomando como foco seu uso efetivo.
O autor explica que cada indivíduo está envolvido em um grupo social no qual
se expressa em totalidade, de forma que, ao inteirar o aluno sobre as situações de uso
real da língua, ajudará a evitar que esse preconceito linguístico seja perpetuado.
A língua é vista como objeto que logra ao aluno a possibilidade de interação e
inserção em diversos contextos. Entende-se que o papel da escola é estimular o aluno a
ter essa capacidade de permear diversos espaços comunicativos, este objetivo está
presente nos PCN que garante a total comunicação e expressão dos estudantes, sendo
sempre elencado o respeito por sua origem e sua variante. Tendo em mente estes
objetivos
Esperar-se-ia que os conteúdos a serem ensinados nas escolas
incluíssem explicitamente os elementos típicos da expressão falada.
Por fim, caberia a expectativa de que o ensino tirasse o maior partido
possível da ligação entre fala e situação de fala, proporcionando
"exercícios autênticos". (SANTANA, 2016, p. 273)
Em sua pesquisa, Busse (2010) mostra que ao analisar uma coleção de livros
do fundamental II encontrou ainda uma tradição muito arraigada na mistificação do
erro, que significa dizer “dar status a uma variação linguística”. A coleção de livros
inclusive faz uso da canção “Cuitelinho”, porém essa não é aproveitada, as questões são
usadas com rasualidade. Sendo que o próprio autor mostra que a proposta do livro seria
“identificar pontualmente as variantes e substituí-las pela variante padrão.
Desconsidera-se, portanto, a legitimidade das variantes como representativas de um
falar geográfica e socialmente localizado na sociedade brasileira” (BUSSE, 2010, p. 9).
5 – ANÁLISE
Como foi dito, a canção a ser analisada é a “Cuitelinho”, esta faz parte do
cancioneiro popular, logo não possui um compositor próprio. Abaixo temos sua letra
Sobre ainda esse traço linguístico, encontramos em Rodrigues & Severo (2013)
um estudo a respeito da adaptação de variações de outras línguas para as legendas em
português brasileiro, e dentre os diversos pontos apresentados temos a questão de plural.
Na visão dos autores, com respaldo em Naro & Scherre (2007),
Despedi da parentaia
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 - REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola,
2007.