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JEZIEL DOS SANTOS MATTOS

A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROCESSO DE


DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS
NECESSARIAS PARA A PRÁTICA DO FUTEBOL DE CRIANÇAS DE 6
A 12 ANOS

SINOP/MT
2022
JEZIEL DOS SANTOS MATTOS

A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROCESSO DE


DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS
NECESSÁRIAS PARA A PRÁTICA DO FUTEBOL DE CRIANÇAS DE 6
A 12 ANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Avaliadora do Departamento de
Educação Física, Centro Educacional Fasipe -
UNIFASIPE, como requisito parcial para
aprovação da disciplina de TCC I.

Orientador (a): Prof.ª. Claudemir Gomes da


Cruz

Sinop/MT
2022
JEZIEL DOS SANTOS MATTOS

A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROCESSO DE


DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS
NECESSÁRIAS PARA A PRÁTICA DO FUTEBOL DE CRIANÇAS DE 6
A 12 ANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Educação física –


do Centro Educacional Fasipe - UNIFASIPE como requisito para a obtenção do título de Bacharel
em Educação física.
Aprovado em:____/_____/_____.

Professor(a) Orientador(a):
Departamento de XXXXXXXXXX – UNIFASIPE

Professor(a) Avaliador(a):
Departamento de XXXXXXXXXX – UNIFASIPE

Professor(a) Avaliador(a):
Departamento de XXXXXXXXXX – UNIFASIPE

Professor(a) Avaliador(a)
Departamento de XXXXXXXXXX – UNIFASIPE

Coordenador do Curso de XXXXXXXXXXXXXX

Sinop/MT
2022
MATTOS, Jeziel dos Santos. A importância da ludicidade no processo de
desenvolvimento das habilidades motoras necessárias para prática do futebol de
crianças de 6 a 12 anos. 2022. F. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Educacional
Fasipe - UNIFASIPE
RESUMO

O futebol é um dos esportes mais praticados do mundo, e consequentemente, chama a


atenção de todas as idades. Segundo pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, o futebol
movimenta R$ 16 bilhões por ano, tendo trinta milhões de praticantes (aproximadamente 16%
da população total), 800 clubes, 13 mil times amadores e 11 mil atletas federados. Desde
pequeno, a criança que tem o convívio com o futebol, acaba criando o desejo de esse tornar
jogador de futebol profissional.
Infância é a fase da diversão e das brincadeiras. É a época em que não há tantas cobranças
por resultados ou pressões. Na escola de futebol, as crianças se divertem e, ao mesmo tempo,
aprendem que lições que serão levadas por toda a vida.
Futebol é uma excelente atividade para praticar na infância, mas é fundamental que a
criança tenha e demonstre interesse em aprender o esporte. Que seja participativo e não
apenas uma obrigação imposta pelos pais. Além de jogar e aprender, diversão é a palavra-
chave dessas modalidades.
Quanto a metodologia, trata-se de uma abordagem tanto quantitativa, como qualitativa,
será de natureza descritiva. Quanto ao método de coleta de dados, serão usados questionários
e entrevistas.

Palavras chave: Atividades Lúdicas. Desenvolvimento Motor. Futebol Nas Escolinhas.


Ludicidade.

ABSTRACT

Soccer is one of the most practiced sports in the world, and consequently it draws the
attention of all ages. According to a research made by Getúlio Vargas Foundation, soccer
moves R$ 16 billion a year, having thirty million players (approximately 16% of the total
population), 800 clubs, 13 thousand amateur teams, and 11 thousand federated athletes. From
a young age, the child who has contact with soccer ends up creating the desire to become a
professional soccer player.
Childhood is the time of fun and games. It is a time when there is not so much pressure or
demands for results. In soccer school, children have fun and, at the same time, learn lessons
that they will take with them for life.
Soccer is an excellent activity to practice in childhood, but it is fundamental that the child
has and shows interest in learning the sport. It must be participatory and not just an obligation
imposed by the parents. Besides playing and learning, fun is the key word in these sports.
As for the methodology, this is both a quantitative and qualitative approach, and will be
descriptive in nature. As for the data collection method, questionnaires and interviews will be
used.

Key words: Motor Development. Playfulness. Playful Activities. Soccer In The Little
Schools.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................6

1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................7

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO.......................................................................................7

1.3 OBJETIVOS....................................................................................................8

1.3.1 GERAL..........................................................................................................8

1.3.2 ESPECÍFICOS..............................................................................................8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................8

2.1 Conceitos de Ludicidade...................................................................................8

2.2 Aspectos históricos do brincar..........................................................................9

2.3 Futebol: Origem e História..............................................................................10

2.4 Escolinha de futebol: Uma questão pedagógica..............................................13

2.5 A importância do Profissional de Educação Física na escolinha de futebol...14

2.6 Aspectos motores trabalhados na escolinha de futebol...................................16

2.7 Habilidades específicas do futebol..................................................................18

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................21

3.1 Tipo de Pesquisa.............................................................................................21

3.2 População e Amostra.......................................................................................21

3.3 Técnica de Coleta e Análise de Dados............................................................21

3.4 Cronograma.....................................................................................................22

REFERÊNCIAS........................................................................................................23
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1. INTRODUÇÃO

Viana (2012) aponta que o futebol é muito popular no Brasil, pode ser considerado um
fenômeno de popularidade, passado de geração em geração e pela influência da mídia, que
por sua vez visa lucrar com essa popularidade. Essas influências chegam à escola onde o
futebol é muito solicitado pelos alunos nas aulas de educação física. Viana (2012) completa
que o futebol é um dos esportes mais populares do Brasil, considerado também como
componente da cultura brasileira. A grande maioria das crianças e adolescentes sonha em ser
jogador de futebol, em ganhar fama, dinheiro e ter uma vida badalada como imaginam que
seja a de um grande ídolo.
Melo (2016) aponta que boa parte das crianças e jovens brasileiros sonha um dia poder ser
um atleta profissional de futebol. Muitos até procuram se espelhar em outros atletas que
jogaram ou estão jogando por vários clubes do Brasil e do mundo. Na intenção de unir a
paixão que sentem pelo futebol à perspectiva de um futuro melhor para si e suas famílias - já
que muitos são de origem pobre - muitos deles passam a praticá-lo vendo-o como um
caminho mais rápido de conseguirem sucesso e independência financeira. Para isso, muitos
acabam recorrendo às escolinhas de futebol para se aperfeiçoarem nas técnicas desse esporte e
assim adquirirem a formação necessária que possa leva-los um dia a ser um atleta
profissional.
Partindo para o lado do ensino, “atualmente as instituições de educação infantil, tanto
públicas quanto privadas, estão dedicando cada vez menos tempo aos jogos e brincadeiras das
crianças, numa rotina extensa e cansativa, conteudista, contribuindo para a cultura da
adultização, mas de uma maneira diferente, uma maneira de privar a ludicidade em
favorecimento da alfabetização e construção dos números, ou seja, estão antecipando o ensino
fundamental ainda na educação infantil. ” (CORNETO, 2015).
7

Dada a importância do jogo e da brincadeira no ensino da criança, faz se necessário


compreender dentro da escolinha, como a ludicidade se encaixa no processo de treinamento
das crianças e como o Profissional de Educação Física se comporta em relação ao mesmo.

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo BACELAR (2009, p.26), a ludicidade é de extrema importância no processo de


desenvolvimento da criança. Tendo em vista esse fato, podemos afirmar que a formação
lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades,
desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo
para a vida da criança, do jovem e do adulto (Santos, 1997; Kishimoto, 1999).
O presente estudo tem como objetivo salientar a importância da ludicidade no processo de
desenvolvimento das crianças dentro da escolinha de futebol, ressaltando quais atividades são
usadas, quais outras que poderão ser usadas e habilidades motoras trabalhadas junto ao
treinamento.
À vista disso, o presente estudo tem justifica-se pela oportunidade de o leitor compreender
melhor a importância da ludicidade no desenvolvimento da criança, seja ela dentro ou fora da
escolinha. Além disso, o presente estudo faz parte da área de Educação Física, tendo grande
contribuição no processo de aprendizagem acadêmico.

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO

O futebol está entre um dos esportes mais praticados e cobiçados do mundo, e


consequentemente, chama a atenção em todas as idades. Desde pequena, a criança que tem
convívio com o futebol, acaba criando o desejo de se tornar um jogador profissional. No
mesmo caminho, sabe-se que o aprendizado da criança está diretamente envolvido com
processos teóricos, durante o aprendizado, surgem as questões do brincar inserido no processo
de aprendizado.
Tendo em vista esse fato, surge a seguinte questão: De qual forma as atividades
lúdicas empregadas em um programa de ensino-aprendizagem de futebol para as crianças,
8

ajudam no desenvolvimento das habilidades motoras necessárias para a prática desta


modalidade?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 GERAL
Verificar como as atividades lúdicas ajudam no processo de ensino-aprendizagem do
futebol em escolinhas desportivas para crianças de 6 a 12 anos de idade.

1.3.2 ESPECÍFICOS

 Relatar quais atividades lúdicas são utilizadas pelos professores.


 Destacar quais habilidades motoras são enfatizadas pelo professor no trabalho
com as crianças.
 Apontar possíveis atividades lúdicas que possam ser inseridas no processo de
treinamento das crianças.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceitos de Ludicidade

A palavra ludus, em latim e em outros idiomas, acumula dois significados: jogar e brincar.
Podemos, assim, atribuir serenidade ao jogar somada a leveza do brincar sem infantilizar as
atividades, nem exigindo dos participantes adultos que se tornem crianças por algumas horas.
Os adultos como as crianças prestam-se ao jogo por prazer (Dartner, 2006, p25).
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Segundo Leal e D’avilla (2013), o conceito de ludicidade é polissêmico. Em grande


medida, ludicidade e atividades lúdicas são entendidas como expressões de um mesmo
conceito, confundindo-se, respectivamente, o fenômeno que pode ser observado
subjetivamente, a partir da realidade interna do indivíduo e o ato social (a ação como produto
da cultura) realizado por um ou por muitos indivíduos.
Por mais que, usualmente empregamos a palavra ludicidade em nosso vocabulário,
Huizinga (2008) e Lopes (2005) destacam que, a palavra ludicidade não existe no dicionário
da língua portuguesa, tampouco em outras línguas como inglês, francês, alemão, espanhol ou
italiano.
Lopes (2004) observa que a polissemia do termo, além da questão da própria linguagem,
reflete também a diversidade de perspectivas e teorias de conceituação da própria ludicidade.
Ou seja: é um reflexo das diferentes formas de compreensão sobre o significado do lúdico. A
autora aponta cinco palavras que são usadas indistintamente (tanto por leigos quanto por
especialistas) que se referem a diferentes manifestações lúdicas, (MASSA, 2015,
p.115). Como ressalta o autor, termos como jogar, brincar, recrear e lazer são usados como
sinônimos de ludicidade.
Para Luckesi (2000, 2005a, b), ludicidade é um estado interno do sujeito que vivencia uma
experiência de forma plena, é sinônimo de plenitude da experiência – considerando aqui
“plenitude da experiência” como a máxima expressão possível da não divisão entre pensar/
sentir/ fazer.

2.2 Aspectos históricos do brincar


Manson (2002) alega que que as maiorias dos brinquedos que conhecemos hoje tiveram
sua origem na Grécia Antiga, e eram vistos como facilitadores de movimentos, pois
propiciavam a aprendizagem. Tendo um papel importante no desenvolvimento das crianças,
alguns jogos e brincadeiras eram utilizados nesse período, ossos, bonecas, arco, cavalos,
dentre outros.
Nesse mesmo sentido, ALMEIDA (2003, p. 119) aponta que, Platão, um dos maiores
pensadores da Grécia antiga, afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser
ocupados com jogos educativos, praticados pelos dois sexos, sob vigilância e em jardins de
infância.
Partindo para o período medieval, por volta do século V ao XV, as metodologias
educacionais foram mantidas de certa forma, todavia, houve acréscimos religiosos em relação
ao conteúdo, pelo fato da igreja exercer forte influência na educação. A partir das invasões
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bárbaras do século V, os brinquedos deixam completamente de serem evocados. Apenas


alguns raros textos, que falam de crianças educadas em instituições religiosas evocam arcos e
jogos de paus, de modo bastante impreciso. É necessário esperar pelo final do século XII para
ver ressurgir explicitamente, nas fontes escritas, a ideia de jogo [...]. (MANSON 2002, p. 33).
No renascimento, por volta do século XV e XVI, havia uma preocupação em romper os
padrões deixados pela idade média, segundo Manson (2002), começou-se a perceber o valor
que os jogos tinham para educação a partir do período renascentista, vistos como uma
tendência que é natural do homem.
Apesar das afirmações acima, QUEIROZ (2009, p. 19) enfatiza que: “Embora seja grande
a produção intelectual na Renascença, não foi capaz de mudar significativamente as
concepções em relação às crianças, que continuam desconhecidas em sua natureza singular,
até que pensadores como Erasmo; Vives; Rabelais; Montaigne; Comênius e, posteriormente,
Rosseau e Pestalozzi; realizaram estudos sistemáticos sobre educação, chamando a atenção
para a ‘responsabilidade social’ da ciência, o reconhecimento do desenvolvimento infantil e
os aspectos psicológicos no ensino.”
Jesus (2010) acrescenta que “em Antenas e em Roma, já existiam brinquedos destinados a
facilitar a aprendizagem de movimentos, ou para ensinar as letras como a marcha,
brincadeiras com arcos, jogos com ossinhos”.
A partir do século XVIII com a proposta de Froebel, Jesus (2010) “acreditava que brincar
livre e o uso de jogos para educar crianças na pré-escola poderiam ser introduzidos no
contexto infantil, considerando que a criança desperta as habilidades mediante o estimulo”.
Araújo completa que essa postura ganha fôlego, sendo utilizada na maioria das escolas da
época. Ao trazer à tona as brincadeiras, os jogos e o brinquedo em questão, por muitas vezes,
os classificamos como se fossem a mesma ação/objeto, sendo que ambos possuem
características e finalidades distintas.

2.3 Futebol: Origem e História


A evolução do futebol ao longo dos anos teve seu início na pré-história, com ao decorrer
dos anos consagrando-se como esporte das multidões. No início as competições tinham um
estilo selvagem, servindo até para treinamento militar, mas também era motivo de diversão
nos finais de semana, tanto na aristocracia quanto na nobreza. Com esse relato, é possível
concluir que havia vários modos de jogar futebol e em diversas localidades de todo mundo
(BORSARI, 1989).
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No ano 776 A.C havia um jogo chamado Epyskiros, um programa de educação atlética da
juventude helênica, o mesmo era composto por quinze jogadores disputando a posse de uma
bexiga cheia de ar. Havia também o Harpaston jogado com uma bola de couro com crina de
animal onde o objetivo era transpor dois bastões ligados a cordão de seda. Com a conquista da
Grécia, os romanos adotaram o jogo passando para Harpastum, essa atividade era muito
admirada pelos soldados devido à violência e combatividade, o Harpastum se expandiu pelos
gauleses e pelos francos ganhando seu espaço a cada conquista dos romanos (BORSARI,
1989).
Na Roma existia um jogo chamado Follis, era praticado com as mãos, golpeando uma
bola de bexiga de boi com o braço nu ou com a proteção de um braçal (BORSARI, 1989).
Na França era jogado Soule ou Choule originado do Harpastum, era praticado como
passatempo pela nobreza e com violência pelos populares, tinha a finalidade de passar entre
bastões fincados no solo, ao ser praticado o Soule pela 11 nobreza possuía o refinamento de
regras do Cálcio italiano (FRISSELLI e MANTOVANI, 1999).
Outro estilo de jogar ocorreu na Itália, era um jogo chamado calcio com medidas de
137x50 metros com dois postes cada lado jogado com o mínimo de organização tática
possível. Outro fato interessante aconteceu na Inglaterra e na Escócia, apesar da violência nas
partidas o jogo estava evoluindo, porém, o rei Carlos II proibiu, alegando ser muito violento.
Com o passar do tempo o rei observou as vantagens que poderia obter liberando esse esporte,
então o tornou atividade liberada para todos, através disso ficou conhecido como o pai dos
cartolas (FRISSELI e MANTOVANI 1999).
Com o futebol se tornando popular em 1872 aconteceu o primeiro jogo oficial
internacional entre a Inglaterra e Escócia, algumas surpresas nos sistemas táticos da Escócia
que procurou defender um pouco mais e tocando a bola contrariando a predominância
ofensiva e o drible na época (FRISSELI e MANTOVANI, 1999).
Apesar de relatos em que os Italianos reivindicaram como criadores do futebol, as
evidências apontam a Inglaterra como o país de origem, começando na pré-história e
passando posteriormente por um processo onde o jogo ficou parecido com o dos dias atuais
(FRISSELI e MANTOVANI, 1999).
Com a origem da história do futebol pelo mundo chegamos ao Brasil, onde foi trazido
pelo paulista Charles Miller após estudar na Inglaterra em 1984, trazendo consigo bolas,
camisas e outros materiais para a prática do jogo (BORSARI, 1989).
Marinheiros e trabalhadores ingleses organizavam jogos como forma de lazer em suas
raras folgas, o futebol começa a se desenvolver nas camadas mais baixas também. De uma
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dessas fabricas no Rio de Janeiro em 1904 foi criado o The Bangu Athletic Club, conhecido
como Bangu, onde os operários jogavam com igualdade com os mestres ingleses (REZER,
2005).
Como forma de simbolismo até de certa forma de heroísmo, como acontece na sociedade
contemporânea, o paulistano filho de inglês e mãe Brasileira Charles Miller, é conhecido
nacionalmente e mundialmente como percursor do esporte no Brasil. Estudou na Inglaterra
entre 1884 e 1894 e trouxe na bagagem bolas de couros, uniformes e algumas regras,
difundindo o esporte em indústrias, e mais tarde por clubes paulistas. Em 1900, no Rio
Grande do Sul, surge o primeiro clube oficial do Brasil segundo a CBF (Confederação
Brasileira de Futebol), denominado de Sport Club Rio Grande (MANTOVANI, 1999).
No Brasil também havia a tendência à elitização, com o cuidado em admitir no esporte
apenas pessoas de boa família, de índole ou de boas maneiras pertencentes, obviamente, a
burguesia. Excluía-se da prática do futebol a casta pobre, constituída principalmente pelos
negros. Estes, portanto, não eram contemplados ao padrão estereotipado e convencionado
socialmente (REZER, 2005).
O profissionalismo no futebol foi iniciado somente em 1885 não por acaso na Inglaterra,
no ano seguinte seria criado no país, a International Board, entidade cujo objetivo principal
era estabelecer e mudar as regras do futebol quando necessário então finalmente no ano de
1904 em Paris, com seis países envolvidos; França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça e
Espanha, e logo depois por telegrama, Alemanha e Itália solicitaram afiliação, ainda sem o
apoio do „país do futebol‟ a Inglaterra, foi criada a FIFA (Federação Internacional de Futebol
Association) um ano depois a Inglaterra finalmente cede a FIFA (...). A FIFA é quem
organiza os grandes campeonatos de seleções (Copa do Mundo) de quatro em quatro anos,
também organiza campeonatos de clubes como, por exemplo, Copa Libertadores da América,
Copa da UEFA, Liga dos Campeões da Europa, Copa SulAmericana, entre outros
(GEHRINGER, 2010).
No restante do mundo o futebol não era considerado um esporte de elite ainda, tanto que
na segunda edição dos modernos jogos olímpicos, a modalidade foi considerada apenas como
exibição, muito atrás de esportes como atletismo, esgrima ou tênis, os jogos de exibição
atraiam poucos torcedores, em grande maioria composta por familiares, podemos resumir que
apenas na Inglaterra o futebol tinha força, e seus clubes faziam excursões pelo mundo para
difundir ainda mais o esporte (GEHRINGER, 2010).
Em 1920 assume interinamente a presidência da FIFA o francês Jules Rimet, advogado e
com grande influência no futebol francês. Embora contasse com apenas 20 países afiliados, o
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atual presidente tinha uma ideia inovadora e ambiciosa, um torneio Mundial de Futebol, a
ideia não era nova, mas Rimet foi o primeiro efetivamente a tirar do papel esse grandioso
projeto, o primeiro passo foi a organização do futebol nos Jogos Olímpicos de 1920, 1924 e
1928 pela FIFA, ainda sem a participação da Inglaterra, até então brigada com a entidade. O
Uruguai se mostrou interessado em sediar a primeira Copa do Mundo. Rimet ficou feliz com
as propostas uruguaias e acatou o pedido (GEHRINGER, 2010).
A primeira Copa foi composta por apenas treze países, com quatros europeus, dois norte-
americanos e sete sul-americanos. Os países chegaram todos de navios. Por questões políticas
o Brasil foi com apenas jogadores cariocas deixando paulistas de fora, a imprensa também
ficou dividida e o bairrismo era nítido, cariocas otimistas e paulistas críticos a seleção, o
Brasil fracassou no seu primeiro jogo contra a Iugoslávia perdendo de 2 x 1. Brasileiros
usaram algumas desculpas como campo encharcado, que favorecia os europeus e o frio
assustador que fez os jogadores autuarem com duas camisas brancas até então da
Confederação Brasileira de Desporto (CBD). O jornal carioca „A crítica‟ entendendo a difícil
situação da seleção brasileira mudou de ideia e publicou que “Foi a política infame da CDB
que arrastou o Brasil a derrota”. O Brasil ainda jogou mais uma partida vencendo a Bolívia
por 4 x 0, apenas para cumprir tabela (GEHRINGER, 2010).
O Uruguai se tornou campeão da primeira edição da Copa, vencendo a Argentina na Final por
4 a 2. O torneio foi considerado um grande sucesso, o esporte já estava difundido pelo mundo
e ficou decidido que em quatros anos teria uma nova edição. Esse formato (de quatro em
quatro anos) permanece na atualidade (GEHRINGER, 2010).
Em 1950 o Brasil sediou a Copa do Mundo, o Futebol já era um sucesso e o título era
esperado, mas na final quase 200 mil pessoas foram ao Maracanã (maior público de futebol
até hoje) assistiram o Brasil perder a final para o Uruguai. Como nas conquistas existem os
heróis nas derrotas também existem os vilões. Assim, Barbosa (goleiro) e Bigode (zagueiro)
são considerados os grandes culpados pelas derrotas. Não por coincidência, foram negros que
desfilaram com a camisa da seleção em um período claramente preconceituoso. Nos dias de
hoje os negros são maioria no futebol, mas o preconceito ainda se manifesta principalmente
na Europa obviamente não como mesma intensidade do século passado (REZER 2005).
Hoje a popularidade alcançada pelo futebol em todo mundo, é impressionante. A FIFA, órgão
máximo que gere o futebol tem mais filiados do que a própria Organização das Nações
Unidas (ONU), mostrando que para além de um esporte que possibilite intensas relações de
sociabilidade, o futebol possibilita uma análise da própria política mundial. O capitalismo e a
14

transformação do futebol em um show business acabou por diluir uma série de tradições do
futebol, principalmente aquelas ligadas a identidade (CAFÉ, 2010).

2.4 Escolinha de futebol: Uma questão pedagógica

O crescimento populacional, a expansão das cidades, conjuntamente com o aumento da


violência urbana e a falta de segurança, faz com que espaços de recreação antes utilizados
pelas crianças para práticas de esporte informal, vêm desaparecendo nos dias de hoje
(OLIVEIRA, 2015). Nesse contexto, o papel da escolinha de futebol se torna importante para
a segurança e o aprendizado da criança, destacando que, o profissional de educação física é de
extrema importância, pois garante um maior conhecimento técnico e bem-estar aos alunos.
Além da escolinha tornar-se uma mediação para o aluno chegar a uma carreira de sucesso e
melhora de vida, antes disso, ela tem papel fundamental em acolher crianças e jovens. Ao
saírem das ruas, utilizarão de seu tempo livre para a educação através do esporte, evitando que
se envolvam com práticas delituosas ou se associem as drogas (MELO; NUNES;
RODRIGUES, 2016).
Dentre os principais objetivos das escolinhas de futebol destacam-se a inclusão social e o
caráter pedagógico, relacionando conhecimentos do esporte com questões sociais em que os
alunos estão inseridos (PAZZIN, 2014). A escolinha também é um meio de inserir a criança
na prática de exercícios físicos de forma mais atrativa, e que possibilita trabalhar todos os
músculos, melhorando a coordenação motora, relação interpessoal, efeitos cognitivos, além de
favorecer a perda de calorias, evitando e/ou reduzindo os casos de obesidade (SILVA FILHO;
ARAÚJO, 2019).
Segundo Valentin e Coelho (2005), através das escolinhas de futebol é possível levar a
criança a uma transformação no seu desenvolvimento intelectual, moral, social e,
principalmente na questão da aprendizagem, por se tratar de um esporte coletivo, interativo e
que necessita o respeito às regras. Essa modalidade de esporte não pode ser vista apenas no
contexto da saúde física, mas uma atividade interdisciplinar.
Para o aluno, driblar, fintar, correr, passar é apenas um meio para atingir algo para si
mesmo, como prazer, autoestima etc. O seu sentido pessoal do jogo tem relação com a
realidade de sua própria vida, com suas motivações. Nesse contexto os temas da cultura
corporal expressam um sentido/significado do homem e as intenções/objetivos da sociedade
(CASTELLANI FILHO, 2009). Segundo Wilpert (2005) o indivíduo só se desenvolve através
15

das interações sociais, sendo o processo de desenvolvimento partindo do social para o


individual.
Numa escolinha de futebol, é imprescindível o desenvolvimento da consciência das
crianças sobre as suas atitudes, fortalecendo ações cooperativas, no entanto, sem deixar de
estimular a autonomia na tomada de decisões (OLIVEIRA, 2015). Na mesma linha de
pensamento, MACHADO (2008) ressalta que o aluno deve encontrar na escolinha um local
de aprendizado, onde adquire novas experiências, desenvolvimento motor, cognitivo, sem
deixar de ser um ambiente agradável, afetivo e de relações sociais, pois é a satisfação na
prática que manterá o aluno no ambiente do esporte.

2.5 A importância do Profissional de Educação Física na escolinha de futebol

Nem sempre as expectativas iniciais do jovem de se tornar um atleta profissional são


correspondidas, por isso, é necessário a orientação dos profissionais da necessidade de os
alunos estudarem concomitantemente a prática do futebol, para que tenham uma segunda
opção de profissão (MELO; NUNES; RODRIGUES, 2016).
Quando os jovens não são devidamente orientados a essas alternativas além do futebol, e
não atingem a carreira profissional almejada, muitos acabam em subempregos, às margens da
sociedade, ou até mesmo ingressam na criminalidade, nas drogas e outros vícios decorrentes
do fracasso, frustração e desilusão (ROSA, 2009). Portanto, é necessária a orientação do
profissional em relação a esse caso.
O esporte é um agente importante no processo de socialização de crianças e adolescentes,
influenciados por familiares, professores, técnicos e amigos (VERARDI; DE MARCO, 2008).
De acordo com Machado (1995), o professor, no desempenho de sua função, pode moldar
o caráter dos jovens e, portanto, deixar marcas positivas ou negativas na trajetória sócio
profissional de grande significado nos alunos em formação.
Outro desafio que se impõe ao professor e ao futuro profissional da área está na superação
da visão de desenvolvimento (do aluno) que enfatiza simplesmente o mecânico, o rendimento,
o alto nível (FLORENTINO, 2007).
Segundo Weinberg e Gould (2001), as crianças admiram o esporte devido às
oportunidades que o mesmo proporciona de estar com os amigos e fazer novas amizades. Já
para Daiuto (1974), o esporte é visto como uma necessidade individual e social, uma
16

influência que se evidencia cada vez mais dentre as atividades do homem, sendo uma fonte de
saúde e distração.
Daolio e Marques (2003) acreditam que o papel do professor como facilitador no processo
de ensino-aprendizagem não pode se limitar a um mero reprodutor de movimento, e sim o de
ajudar o aluno a adquirir valores sociais, éticos e morais utilizando um mecanismo que é uma
“paixão nacional”.
Seguindo essa linha, Almeida (1998) refere que o relacionamento entre professor e aluno
é um dos pontos mais importantes do processo de formação do indivíduo. O professor se torna
amigo, irmão mais velho, confidente, conselheiro, etc.
Machado (2001) diz que, os profissionais têm um papel importante junto aos pais, pois
cabe a esses profissionais, reeducar o pensamento desses pais, que pensam no trabalho de
formação, como apenas competitiva, e cabe aos educadores mostrar que o mais importante
não são os troféus, e sim as crianças.
Almeida (1995) enfatiza que as técnicas lúdicas fazem com que as crianças aprendam
com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante a ressaltar que a educação lúdica está
distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.
Aranha (1998) diz que é interessante salientar que a relação do educador com ele mesmo e
com o educando é muito importante e sofre mudanças ao longo do tempo. As desigualdades
entre esses atores do processo educacional foram diminuindo a medida que a ação do agente
da educação foi tornando-se eficaz. Assim, “o bom educador é, portanto, aquele que vai
morrendo durante o processo (...)”.
Concluindo, além de educador, o profissional de Educação Física também é um
orientador, e tem um papel importante na vida dos alunos e na tomada de decisões dos
mesmos.

2.6 Aspectos motores trabalhados na escolinha de futebol

Gallahue e Ozmun (2001) ressaltam que as habilidades motoras básicas ou movimentos


fundamentais são definidos como uma série de movimentos relacionados, os quais
desempenham tarefas motoras básicas, como locomoção, estabilização e manipulação. As
habilidades motoras e cognitivas são a base da competência motora, a qual pode ser explicada
como a capacidade do indivíduo de resolver problemas, enfrentar situações, organizar,
planejar, transformar o meio, sentir-se competente, ter conhecimento dos processos e atitudes,
adaptando-os à situação presente (CAMPOS; LADEWIG, 2004).
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Propiciar diferentes experiências motoras às crianças exige que elas desenvolvam e


aperfeiçoem suas habilidades com o objetivo de realizar o que foi proposto. Um meio de
favorecer essas novas experiências é a pratica de esportes, desde que as características de
amadurecimento motor sejam respeitadas, pois exigências inadequadas podem prejudicar o
desenvolvimento motor (NASCIMENTO, 2010)
Menezes (2014) aponta que é na infância, nos primeiros anos de vida, que as crianças
começam a desenvolver um conjunto de habilidades motoras, denominadas habilidades
motoras fundamentais, as quais são compostas pelas habilidades de controle de objetos e
habilidades locomotoras.
Em geral, é em torno dos 6 anos de idade que a maioria das crianças tem potencial para
atuar na maioria das habilidades motoras fundamentais e iniciar a transição para a fase de
desenvolvimento das habilidades motoras especializadas (GALLAHUE, 2005). O
desenvolvimento das habilidades motoras depende das restrições ambientais, experiências e
tarefas vivenciadas pelo indivíduo, assim como, suas características orgânicas, estruturais
psicológicas e socioculturais (PIFFERO, 2007).
Um praticante de futebol realiza uma variedade de habilidades motoras que podem ser
utilizadas em outros esportes e em sua vida cotidiana. Qualquer habilidade motora pode ser
usada durante uma partida de futebol, com exceção as habilidades manuais que devem ser
executadas apenas pelos goleiros (FREIRE, 2006).
O conhecimento tático é outro fator importante no desenvolvimento do aluno,
especialmente quando atleta profissional, pois diz respeito as relações de
cooperação/oposição, com base em aspectos estratégico-táticos do jogo estabelecidos entre
colegas e adversários (PAULA et al., 2018).
De acordo com Barbanti (2005), aprendizagem motora é definida como uma mudança
relativamente permanente na capacidade de uma pessoa executar determinada habilidade
motora como resultado da prática e experiência. O autor ainda completa que a aprendizagem
motora como um estudo dos processos envolvidos na 15 aquisição e no refinamento de
habilidades de movimentos e das variáveis que promovem ou inibem essa aquisição.
Quanto às capacidades motoras, diversas delas são fundamentais para o futebol, pois
aparecem no exercício de todas as habilidades específicas. As capacidades a seguir relatadas
foram mencionadas por Freire (2003) e algumas delas são derivadas de outras mais gerais,
porém, neste caso, aplicam-se diretamente para o futebol.
• Equilíbrio: quem joga futebol deve conseguir uma adaptação suficiente para se manter
equilibrado nas diversas situações do jogo. O equilíbrio depende de várias outras capacidades,
18

mas, sem dúvida alguma, tem muito a ver com a noção do próprio corpo que o jogador possa
ter.
• Motricidade Fina: responsável pela sutileza na aplicação das habilidades, é responsável
pela “arte-final” na execução das jogadas. Define a maior ou menor eficiência em cada
jogada. A motricidade fina é uma modalidade motora exercida pelas extremidades do corpo,
no futebol, essa capacidade se manifesta nos gestos sutis das pontas dos pés, por exemplo,
num passe muito preciso ou na cobrança de uma falta.
• Velocidade de Reação: as pessoas costumam chamar de reflexo a velocidade de
movimentos do goleiro para defender uma bola. No entanto, o que o goleiro faz, em certas
situações, é reagir com extrema velocidade, interceptando a bola antes que ela ultrapasse a
linha do gol. A mesma capacidade é solicitada com frequência ao defensor quando do
desarme, ou ao atacante quando ele tenta o drible ou a finalização.
• Força de Chute: não basta chutar com boa técnica. Para ser eficiente, e muitas situações,
especialmente nas finalizações, o chute tem que ser forte. Quanto maior for a força de chute,
capacidade derivada de outras capacidades de força, mais se pode chutar sem perder em
eficiência.
• Velocidade de Chute: os movimentos corretos devem ser aplicados com força e velocidade.
Estas duas capacidades, combinadas, resultam no ato explosivo de um chute forte, para
finalizar, lançar ou cruzar. É importante também está combinação para o cabeceio.
• Velocidade de Deslocamento: no futebol é importante ser veloz em deslocamentos curtos,
ou seja, ser capaz de percorrer trechos curtos com muita velocidade. O jogador de futebol terá
que correr inúmeras vezes espaços como10, 20, 30 metros durante o jogo, mudando de
direção e sofrendo empurrões dos adversários.
• Agilidade: no futebol o jogador tem poucas possibilidades de correr em linha reta; na
maioria das vezes, tem que desviar de obstáculos. Portanto, sua corrida é uma corrida sinuosa.
De posse de bola, o jogador tem que se deslocar com velocidade, mudando rapidamente de
direção para enganar o adversário. Essa capacidade de se deslocar em velocidade, mudando
rapidamente de direção, é chamada de agilidade.
• Força Geral: no futebol atual, o atleta deve ser, de modo geral, bastante forte. É um esporte
de contato, em que as jogadas são decididas não só com os pés, mas pelo confronto de força
de todo o corpo. Somente os jogadores extremamente habilidosos conseguem compensar as
dificuldades de um corpo muito franzino.
• Força de Salto Vertical: saltar muito alto é fundamental para atacar e defender. No futebol,
as jogadas aéreas são frequência. Os atacantes com boa impulsão vertical têm mais chances de
19

marcar gols de cabeça. Os goleiros com boa impulsão podem se aventurar a sair nas bolas
altas e os defensores que sobem bastante guarnecem melhor a área.
• Força de Salto Horizontal: deslocar-se rapidamente em espaços pequenos, mudando
bruscamente de direção, é a situação que mais ocorre no futebol. Isso exige que o jogador seja
capaz de acelerar em curto espaço de tempo. A capacidade motora que está na base desse
comportamento é a força de salto horizontal, ou seja, a capacidade de impulsionar o corpo
para a frente. Não há como acelerar rapidamente sem um bom nível de força de salta
horizontal.

2.7 Habilidades específicas do futebol

Segundo Freire (2003) são quatro as habilidades gerais do futebol: Habilidades


individuais; Habilidades coletivas de oposição; Habilidades coletivas de cooperação; e
Habilidades cognitivas de integração.
• Habilidades individuais:
- Finalização: é o ato de golpear a bola, desviando ou dando trajetória à mesma, estando ela
parada ou em movimento.
- Condução de bola: é o ato de deslocar-se pelos espaços possíveis do jogo, tendo consigo o
passe de bola.
- Cabeceio: é o ato de impulsionar a bola utilizando a cabeça.

• Habilidades coletivas de oposição:


- Drible: é o ato que o jogador, estando em posse da bola, tenta ludibriar o seu adversário.
- Desarme: é o ato de recuperar a bola que encontrasse de posse do adversário.

• Habilidades coletivas de cooperação:


- Passe: é um elemento técnico inerente ao fundamento chute, que se caracteriza pelo ato de
impulsionar a bola para um companheiro.
- Cruzamento: é o ato de realizar o passe aéreo para dentro da grande aérea buscando a
finalização de algum companheiro.
- Lançamento: é uma variação do passe, quando realizamos um passe de longa distância,
caracteriza-se como um lançamento.
20

• Habilidades cognitivas de integração: constituídas pela habilidade de compreender o jogo


como um todo, tornando o jogador capaz de antecipar jogadas, de criar hipóteses de jogo, de
analisar o jogo, de aplicar planos táticos.
Freire (2006) aponta que, a partir das habilidades gerais, desenvolve-se as habilidades
específicas no futebol. Que são elas: finalização, passe, controle de bola, condução, desarme,
drible, lançamento, cruzamento, cabeceio, habilidades do goleiro. Abaixo, as habilidades
motoras específicas citadas por Freire (2006) e as suas respectivas capacidades motoras
básicas:

• Finalização: equilíbrio, motricidade fina, força de chute, velocidade de chute.


• Passe: equilíbrio, motricidade fina, força de chute, cooperação.
• Controle de bola: equilíbrio, motricidade fina, noção do próprio corpo.
• Condução de bola: equilíbrio, agilidade, velocidade de deslocamento.
• Desarme: força geral, velocidade de reação, equilíbrio, agilidade, motricidade
fina, noção do próprio corpo.
• Drible: agilidade, equilíbrio, motricidade fina, noção do próprio corpo, velocidade
de reação.
• Lançamento: motricidade fina, força de chute, equilíbrio.
• Cruzamento: força de chute, equilíbrio, motricidade fina.
• Cabeceio: força de salto vertical, noção do próprio corpo.
• Habilidades do Goleiro: velocidade de reação, agilidade, força de salto vertical,
força de salto horizontal, motricidade fina, noção do próprio corpo, força geral.

Concluindo, com a contribuição do autor elencando as habilidades motoras, percebe-se


a extrema importância do treinamento de habilidades motoras gerais, para que sejam
desenvolvidas as habilidades motoras específicas, fazendo assim, um aprendizado completo
de futebol na infância.
21

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Tipo de Pesquisa


Este trabalho tem como base teórica e metodológica uma pesquisa tanto quantitativa,
quanto qualitativa. Entende-se por pesquisa quantitativa, “caracteriza-se pelo emprego da
quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas
por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-
padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc.”.
(RICHARDSON, 2014 p70). Entende-se por pesquisa qualitativa, “qualquer tipo de
pesquisa que produza resultados não alcançados por procedimentos estatísticos de outros
meios de quantificação”. (STRAUSS e CORBIN, 2008 p23).
A pesquisa será de natureza descritiva, que “têm como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de
relações entre variáveis [...] e uma de suas características mais significativas está na
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática. (GIL, 2002 p 42).
3.2 População e Amostra
Os participantes serão em torno de 30 crianças de com faixa etária de 6 a 12 anos, na
escolinha do Flamengo, em Sinop, no norte de Mato Groso. Os outros participantes serão
os professores, em torno de 2 participantes.

3.3 Técnica de Coleta e Análise de Dados


Com os alunos, será utilizado um questionário, já com os professores será realizada uma
entrevista, e também, será feita uma observação sistemática antes da realização das atividades
na escolinha.
22

3.4 Cronograma
Atividades/Meses
Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai

Escolha do Tema e
Definição do Problema X
Levantamento bibliográfico
e Redação do trabalho X X X X

Formulação do Projeto X

Tabulação de dados X X
Análise e Discussão dos
Dados e Conclusão X
Entrega versão Final e
Banca X
23

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