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FACULDADE METROPOLITANA DE BLUMENAU

LARISSA KELLY DALPIAZ E RUBENS SEMPKOWSKI

A INICIAÇÃO ESPORTIVA NO FUTEBOL MASCULINO: UM ESTUDO DE


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Blumenau – SC
2023
LARISSA KELLY DALPIAZ E RUBENS SEMPKOWSKI

A INICIAÇÃO ESPORTIVA NO FUTEBOL MASCULINO: UM ESTUDO DE


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Relatório final, apresentado a Faculdade


Metropolitana de Blumenau, como parte das
exigências para a obtenção do título de Bacharel em
Educação Física.

Orientador: Prof. Me. Marcel Henrique Kodama


Pertille Ramos.

Blumenau – SC
2023
A INICIAÇÃO ESPORTIVA NO FUTEBOL MASCULINO:
UM ESTUDO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Larissa Kelly Dalpiaz e Rubens Sempkowski


Marcel Henrique Kodama Pertille Ramos

RESUMO

Este estudo foi realizado no intuito de verificar e discutir as formas de iniciação esportiva no futebol
masculino, os métodos utilizados pelos profissionais e suas fases, como são elaborados os métodos
de treinos e em detalhes quais são as fases a serem respeitadas. Foram encontrados vários artigos
relevantes ao assunto da iniciação esportiva no futebol masculino, porém somente consta os artigos
mais recentes e que abordavam detalhadamente do assunto. Este estudo também consta a importância
do futebol para os alunos/atletas desde sua infância, a influência dos pais e professores/treinadores.
Também abordamos a iniciação esportiva como importante para o crescimento do aluno/atleta tanto
na coordenação motora, seus benefícios para a saúde, aspectos emocionais e no desenvolvimento do
futuro atleta. Com este estudo podemos concluir que é importante o profissional ter conhecimento
dos métodos de trabalho, saber aplicá-los e administrá-los corretamente, planejar suas aulas/treinos
tendo conhecimentos das fases dos seus alunos/atletas e respeitando a idade de cada um.

Palavras-chave: Iniciação esportiva. Metodologia do ensino dos esportes. Futebol.

1 INTRODUÇÃO

O futebol no Brasil chegou em 1894 por Charles William Miller vindo da Inglaterra, com ele
trouxe amplo conhecimento, equipamentos e muito desenvolvimento da modalidade do futebol
masculino aqui no Brasil. Com o desenvolvimento do futebol, as pessoas ganharam gosto pela
modalidade, praticavam nas ruas e áreas rurais (VEJMELKA, 2018).
O futebol foi crescendo e se consolidando, fazendo com que houvesse a criação da Seleção
Brasileira de Futebol Masculino em 1914. No mesmo ano foi criada a Confederação Brasileira de
Desportos (CBD), entidade que viria a ser a responsável pelo futebol masculino no Brasil na época.
Com o crescimento e reconhecimento do futebol no Brasil, a seleção chega a ser filiada com a FIFA,
com isso pôde participar da maior competição entre Seleções do Mundo, a Copa do Mundo da FIFA
realizada em 1930 (GABRIELLI, 2021).
Dentre as modalidades coletivas o futebol é uma das mais praticada entre crianças. Tendo em
vista que isto já vem desde o nascimento, onde seus pais já os ensinam a gostar de futebol, tornando-
se muito comum as crianças entrarem em uma escolinha de futebol. Decorrente da influência dos
eventos esportivos divulgados e a exposição da mídia em que fala-se muito em Copa do Mundo,
Olimpíadas e formação de talentos, com isso a identificação com ídolos se torna ainda mais grandiosa,
tornando essas crianças e seus pais a procurarem uma iniciação precoce (CARDOSO, 2020).
Com o crescimento do futebol masculino a FIFA juntamente com a CBF traçam metas para o
futebol brasileiro, que seriam focar também nas categorias de base, com isso a CBF criou competições
a partir das categorias do sub-17, tornando importante o trabalho das escolinhas de futebol nas cidades
(FRANCO, 2021).
Muitos profissionais utilizam o futebol para a iniciação esportiva, com o intuito de apresentar
o esporte para essas crianças. Porém, muitas vezes os professores não apresentam o futebol de
maneira adequada e acabam buscando o rendimento, o treinamento específico e a competição, o
professor ao aplicar suas atividades deve ter conhecimento da forma em que se desenvolvem os
processos de aprendizagem e com isso deve conhecer as vantagens e desvantagens dos métodos de
ensino a serem aplicados (ALBUQUERQUE; PARRÃO, 2017).
“A iniciação esportiva é um momento de “iniciação propriamente dita”, em que, irá ser
construído o conhecimento técnico e tático de uma modalidade esportiva. Logo, não é um
momento de priorizar a detecção dos possíveis “talentos esportivos”, mas sim, desenvolver
futuros praticantes desta modalidade, e não deve ser priorizada ou desvalorizada nenhuma
das futuras metas possíveis, mas sim, buscar formar um indivíduo de forma integral que
possa ter autonomia e conhecimento através da emancipação pelo esporte, possibilitando
poder de escolha se vai continuar com aquele esporte no futuro” (TEIXEIRA, 2020, p. 22).

A formação de atletas no Brasil é muito forte e conhecida mundialmente, o incentivo dos


atletas vem desde as escolinhas de base, sendo elas já em clubes, escolinhas de bairro e até nas escolas
em suas aulas de educação física, por isso é de suma importância um bom trabalho com as crianças,
realizando uma boa formação do atleta, não só como jogador com qualidades, mas sim na formação
da pessoa em si (ANTES; SILVA, 2022).
A fase da iniciação é muito importante, pois trabalha um conjunto de coisas, engloba todos os
tipos de valências, coordenação motora, força, resistência, velocidade, aeróbica e coordenação
neuromuscular. É importante o profissional trabalhar tudo isso, e em todas as categorias e fases da
formação, é um processo muito importante para o aprendizado, fazendo que tenham uma formação
de qualidade e um futuro promissor. O afetivo e psicológico também é muito importante saber
trabalhar, dar exemplo para os alunos/atletas, saber trabalhar o lado humano, lidar com as frustrações.
É muito importante realizar jogos reduzidos, com espaços menores, para as crianças trabalharem a
velocidade de reação, decisão, analise e percepção, conversarem entre si, trabalhar a técnica desses
futuros atletas e poderem participar mais do jogo (BETTEGA, et al. 2020).
Capacitar o aluno/atleta para o processo correto de aspectos técnicos, recursos com a bola, a
relação com a bola precisa ser fundamental, virar hábito no dia a dia, fazer com que eles tenham um
bom domínio de bola, é primordial ter um bom passe, precisa-se fazer com que eles saibam trabalhar
com a bola e não terem medo dela, ter uma boa condução de bola perto do pé, entendimento da função
exercida no campo, passar treinos com o uso dos dois pés, fazer o processo cognitivo, não somente
com o pé dominante, fazendo com que ele evolua até na questão de equilíbrio na hora de executar um
movimento, fazendo tudo isso, ajudará muito no desenvolvimento da criança, não fará com que eles
cheguem em uma categoria mais avançada e não saibam os fundamentos importantes. Os
alunos/atletas precisam saber sair jogando com a bola desde o sistema defensivo, fazendo com que
não chutem de qualquer maneira, tendo um bom domínio com os pés, sabendo dominar os
fundamentos e jogar na pressão, para não sofrerem futuramente (SILVA, 2018).
Outro fator de grande importância é a dos pais, que precisam acompanhar, incentivar, com
isso ajudará muito na formação do atleta, não ficar criticando e xingando o próprio filho, ter educação
e ser o exemplo. Da parte do treinador, saber respeitar o aluno, dar valor e saber prepará-los (DOS
SANTOS; NOGUEIRA, 2018).
Existem fases sensíveis no aprendizado que precisam ser respeitadas e não ultrapassadas.
Possui muita diferença de uma categoria para a outra. Precisa de um processo com calma, acreditar
nos alunos, ter convicção. O pai do aluno também precisa ter paciência, não querer pular fases, cuidar
com os aspectos emocionais, fazer experiências, jogos e competições podem ajudar no
desenvolvimento do futuro atleta (PADILHA; REIS, 2019). O objetivo desta revisão foi analisar e
compreender como são estruturados os treinamentos e suas fases na iniciação em escolinhas de
futebol masculino.

2 MÉTODO

O presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica, obtida por meios de pesquisas de
artigos científicos, utilizando algumas bases eletrônicas de dados: SCIELO e GOOGLE
ACADÊMICO, todos relacionados a iniciação esportiva no futebol masculino, métodos de ensino e
suas fases, com linha temporal entre 2017 e 2022. Os critérios utilizados para a escolha dos artigos
selecionados foram a abordagem dos autores e o assunto tratado, voltado para fases e métodos de
como é executado a iniciação esportiva, a importância da iniciação, além da data de publicação do
artigo. A pesquisa virtual realizou-se por intermédio de palavras-chave, tais como iniciação esportiva,
fases da iniciação esportiva, metodologia de trabalho com iniciação esportiva e iniciação esportiva
no futebol. Ao total, houve o levantamento de 35 artigos que apresentavam informações de acordo
com o tema abordado, porém foram utilizados apenas 17, os quais apresentavam informações
relevantes a esta revisão bibliográfica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 A importância do Futebol na Infância


O futebol na fase de iniciação vem ganhando cada vez mais espaço e tornando-se importante,
e com a influência dos pais, a paixão de pai para filho no esporte é algo que passa de geração para
geração. O futebol sendo o esporte mais popular faz com que as crianças acompanhem e/ou pratiquem
a modalidade desde cedo, tornando-se muito comum as crianças entrarem em uma escolinha de
futebol. Decorrente da influência dos eventos esportivos divulgados e a exposição da mídia em que
fala-se muito em Copa do Mundo, Olimpíadas e formação de talentos, com isso a identificação com
ídolos se torna ainda mais grandiosa, tornando essas crianças e seus pais a procurarem uma iniciação
precoce (PACHECO; PEIXOTO, 2018).
Muitos professores de educação física utilizam o futebol para a iniciação esportiva, com o
intuito de apresentar o esporte para essas crianças. A iniciação esportiva no futebol vem sendo comum
para crianças, pois elas podem fazer atividades lúdicas, se divertirem, brincarem e assim realizando
uma atividade física com diversão, sem falar que poderão estar fazendo amizades e aprendendo algo
cada dia (SILVA, 2018).
Outro fator de grande importância é que as crianças praticando o futebol desde a infância,
geram muitos benefícios para a mente e para o corpo, além do combate ao sedentarismo. Além de
incentivar o desenvolvimento social e cognitivo, jogar futebol ainda ensina sobre resolução de
conflitos, tomada de decisão e atenção. Em primeiro lugar, não é nenhuma surpresa que esportes e
exercícios são essenciais para o desenvolvimento e crescimento de uma criança. Por um lado, há os
benefícios físicos, por outro a prática de atividades físicas ajudam a reduzir o estresse, promover a
concentração, aumentar a confiança e também contribui para a cooperação e interação, favorecendo
a autoestima da criança. (COSTI, et al, 2017).

3.2 A Iniciação Esportiva


A iniciação esportiva é o primeiro contato que o aluno tem com o esporte, isso pode ocorrer
em qualquer fase da vida, mas geralmente ocorre na infância. Sendo um período em que a criança
começa a aprender de forma específica, a prática de um ou vários esportes. Podendo ser iniciada na
escola ou por intermédio dos pais que optam por inserir seus filhos em clubes ou até mesmo
escolinhas de bairro (BARROS, 2017).
A fase da iniciação é muito importante, pois trabalha um conjunto de coisas, engloba todos os
tipos de valências, coordenação motora, força, resistência, velocidade, aeróbica, coordenação
neuromuscular, cultural, social, cognitiva e afetiva, enfim, é tudo. O profissional que trabalhar isso,
e em todas as categorias e fases da formação, quando esse atleta estiver em um clube profissional ou
mesmo ao longo do tempo, pode ter certeza que ele lembrará do professor/treinador da iniciação, pois
isso foi um processo muito importante para o aprendizado dele, fazendo que tenha uma formação de
qualidade e um futuro muito promissor. O afetivo e psicológico é muito importante saber trabalhar,
ser amigo e dar exemplo para os alunos/atletas, saber trabalhar o lado humano, lidar com as
frustrações, pois nem todos podem conseguir chegar ao profissional. Sempre competir, incentivar,
fazer esses atletas sempre quererem ganhar o que estão disputando, não ganhar de qualquer custo,
sem brigas, mas fazer eles buscarem o resultado, mas caso não ganhe, precisa saber trabalhar com a
derrota, para esse atleta já saber o valor da vitória e a dor da derrota (PAIXÃO, 2022).
A prática de atividades físicas desde a iniciação pode contribuir significativamente para a
melhoria cardiorrespiratória, aptidão física, força, resistência e flexibilidade. Todos esses elementos
visam ao aprimoramento do condicionamento físico do indivíduo melhorando sua capacidade
funcional. Com isso, torna-se capaz de ter melhores desempenhos em tarefas simples do cotidiano o
que revela uma qualidade de vida satisfatória (SILVA, 2018).
Os pais precisam acompanhar, incentivar, dar exemplo para o filho deles, apoiar o treinador e
outros alunos/atletas, não fazer intrigas, respeitar o profissional que está trabalhando com seu filho,
mostrar que está lá para apoiar o seu filho em todos os momentos, isso ajudará muito na formação do
atleta, não ficar criticando e xingando o próprio filho, ter educação e ser o exemplo. Da parte do
treinador, saber respeitar o aluno, dar valor e saber prepará-los, avaliar eles durante os jogos e trazer
para os treinos o que eles fizeram de correto e errado. Analisar cada um individualmente, e saber
programar as aulas/treinamentos durante a semana, não sobrecarrega-los demais para não estar
desgastando não somente o físico mas também o psicológico deles (CORTEZ; SCAGLIA; SILVA,
2021).
Outro fator de grande importância dos pais dos alunos é terem paciência, não querer pular
fases, colocar o filho em uma categoria muito avançada, isso pode ser prejudicial, afeta o emocional
e pode deixar o aluno/atleta com receio de jogar. Cuidar com os aspectos emocionais, pois isso afeta
muito, saber o entorno e trabalhar com isso, para não afetá-lo. Incentivar e ajudar no desenvolvimento
do futuro atleta (PADILHA; REIS, 2019).

3.3 Fases e Métodos Utilizados na Iniciação Esportiva do Futebol Masculino


Em escolinhas e clubes de futebol no Brasil se utilizam vários métodos de ensino da
modalidade, desenvolvendo nas crianças habilidades necessárias para a formação de jogadores para
um futuro atleta. É muito importante considerar a idade biológica, o nível de coordenação motora e
o grau de inteligência para a elaboração das atividades a serem desenvolvidas com a criança. Existem
alguns métodos a serem utilizados em cada uma das fases que, de forma geral, obedecem a um
aumento da complexidade e exigências, para que essa iniciação seja favorável para o
desenvolvimento da criança. É importante que o professor/treinador tenha conhecimento sobre a
existências dos métodos a serem utilizados nos processos de ensino aprendizagem, além de recorrer
ao método de ensino conforme o momento e situação durante seus treinos e aulas. Pois, o
professor/treinador é o agente mediador da compreensão do jogo com seus alunos/atletas, com a
adequação a faixa etária dos atletas, seja a abordagem em escolinhas, clubes, etc (CELLA, 2022).
A aprendizagem do futebol e a metodologia utilizada é um tema que tem gerado muita
polêmica entre estudiosos e treinadores, principalmente devido à existência de diversos métodos. Os
seguintes métodos utilizados por professores/treinadores são:
Método Analítico: Segundo Silva (2018) como o nome já diz o método faz uma análise
(analítico) do jogo dividindo em elementos especiais: tático, técnico, físico e aos poucos vão se
reunindo em conexões maiores. Essa metodologia apresenta um conceito de fragmentação do jogo. E
desenvolve o lema: aprender para jogar. Este método vem sendo muito utilizado desde a década de
60, é caracterizada pela aprendizagem do jogo através das técnicas básicas, fundamentação e formas
analíticas executadas sem a presença de adversário ou oposição, ou seja, as técnicas são fragmentadas
e o processo de ensino-aprendizado se desenvolve em sequência, do simples para o complexo,
buscando alcançar a técnica ideal. Dentre escolinhas, categorias de base e o futebol profissional, o
método analítico foi o método mais utilizado nos primórdios do treinamento técnico. O modelo
analítico mostra-se eficiente em movimentos com alto nível de complexidade técnica (dificuldade) e
baixo nível de organização (sequência das ações). Pois a repetição sistemática dos movimentos sem
oposição faz o aluno/atleta focar toda a sua atenção para o aprimoramento do gesto técnico. Silva
(2018) reporta encontrar melhoras nos gestos técnicos do futebol com a aplicação do método. Em
contrapartida a falta de oposição na execução dos exercícios não estimula o desenvolvimento da
capacidade cognitiva do aluno/atleta (tomada de decisão) e o nível de compreensão das
relações/interações envolvidas num jogo.
Método Global: O método global consiste na utilização de toda complexidade e dinâmica do
conteúdo a ser aprendido, sua aplicação se dá através do jogo propriamente dito. O ponto de partida
é a equipe, que aprende a jogar através do deixar jogar. A estrutura de ensino proposta pelo modelo
global ao invés de enfatizar a aprendizagem de determinados fundamentos investe no
desenvolvimento do jogo como um todo, através da capacidade de descoberta pela prática. O
aluno/atleta aprende diretamente a partir da própria experiência, com o auxílio indireto do
professor/treinador, o processo de aprendizagem por tentativa e erro, também o aluno/atleta é
estimulado a pensar e tomar decisões de forma contínua. Tarefas com baixo nível de complexidade e
alto nível de organização, o ensino-aprendizagem realizado pelo método global demonstra ser
eficiente. A utilização desse método, assim como os demais, demonstrou melhora na capacidade
cognitiva do atleta, ou seja, no conhecimento tático. No futebol se utiliza a combinação dos métodos
analítico e global, com a utilização de exercícios analíticos no começo da sessão de treinamento e
jogo coletivo (método global) no final. Esta combinação ainda é muito utilizada nos dias de hoje.
Nessa visão, o método analítico e o método global são vistos como complementares. Isto é, o
treinamento do jogo formal complementaria o trabalho feito analiticamente sobre o gesto técnico.
Porém, sem uma integração dos tipos de exercício (SILVA, 2018).
Método Situacional ou Jogo Condicionado: Este método é caracterizado pela prática de
situações de jogo semi-estruturadas (situações extraídas do jogo), jogos condicionados ou métodos
de série de jogos, que envolvem comportamentos individuais e coletivos, por exemplo, ataque contra
defesa, cobranças de escanteios e faltas. A ênfase deste método é desenvolver a capacidade cognitiva
do aluno/atleta no seu espaço de jogo, como a percepção, antecipação, e tomadas de decisão, com e
sem bola. Na prática, o professor/treinador adapta espaço, número de alunos/atletas, regras, mas sem
alterar os princípios do jogo. De maneira geral, este método permite desenvolver competências para
os alunos/atletas solucionarem os problemas específicos do esporte através do desenvolvimento das
capacidades cognitivas, coordenativas e técnico-motoras. O professor/treinador ao utilizar o método
integrado deve ter atenção quanto à escolha de jogos adequados ao nível de aprendizado dos
praticantes. Alunos/atletas com baixa capacidade técnica podem apresentar grande dificuldade na
participação de alguns jogos reduzidos, portanto, cabe ao professor/treinador selecionar jogos de
maneira consciente. Respeitando a individualidade do aluno/atleta, o método integrado pode ser
aplicado em uma sequência de fases, com uma sequência crescente de complexidade (SILVA, 2018).
Método de Jogos reduzidos: Utiliza-se muito o método de jogos reduzidos, na qual são
realizados jogos em espaços pequenos, onde os elementos da estrutura das modalidades coletivas
devem estar presentes. São estes os elementos: bola; regras; espaço; alunos/atletas; meta. O jogo
reduzido aumenta o dinamismo e a intensidade da partida e faz com que os alunos/atletas sejam
obrigados a terem um raciocínio e toque de bola mais rápidos. Os jogos vão sendo adaptados
conforme o objetivo do treino e do professor/treinador. Essa prática traz inúmeros benefícios e hoje
ela é praticamente um dos pilares de qualquer professor/treinador quando o assunto é a melhora dos
resultados da equipe. Praticamente todos os grandes clubes utilizam essa técnica nos mais diferentes
níveis. Um dos principais motivos para utilizar os jogos reduzidos são os benefícios na evolução das
capacidades técnicas e táticas da sua equipe (SILVA, 2018).
Métodos de confrontação ou jogo formal: Segundo Silva (2018) este método traz a ideia de
que o jogo se aprende jogando. Neste método não leva em consideração a divisão do jogo em partes,
porque com essa divisão o todo deixaria de existir. O autor fala que o papel do professor/treinador é
formar duas equipes, dar poucas instruções e iniciar o jogo. Consiste em aprender o jogo com suas
características formais, sem divisões de etapas, ou objetivos preliminares a serem trabalhados. Um
exemplo clássico, é o “coletivo”, onde a aprendizagem se dá através da organização do jogo formal
entre o confronto das duas equipes. A estruturação desta atividade está relacionada diretamente com
a busca pela vitória, seja na divisão das equipes, na elaboração de estratégias, no confronto direto
entre os jogadores, entre outros. Outra situação é o confronto entre dois ou quatro alunos/atletas, um
ou dois atacam contra um ou dois defendendo, realizando situações de jogo, com jogadas curtas,
raciocínio rápido e a conclusão da jogada em um determinado tempo e espaço.
Portanto, o profissional a ter conhecimento das metodologias cabe a ele se adequar no seu
estilo de trabalho e assim respeitando as fases dos alunos/atletas, este profissional pode encaixar a
idade adequada dos alunos/atletas dentro de cada método, fazendo assim com que eles respeitem as
fases adequadas e não ultrapassando-as (CELLA, 2022).
Cella (2022) classifica as fases a partir da idade cronológica. A iniciação esportiva deve ser
dividida em três fases: a primeira fase é a iniciação esportiva que deve ocorrer entre 8 a 9 anos de
idade, sendo nesta fase a aquisição de habilidades motoras e destrezas específicas e globais, realizada
através de formas básicas de movimento e de jogos pré-esportivos. A segunda fase é o
aperfeiçoamento esportivo que deve ocorrer entre 10 a 11 anos de idade, já nesta fase tem como o
objetivo introduzir os elementos técnicos fundamentais, táticas gerais e regras através de jogos
educativos e atividades esportivas com regras. E a terceira fase deve ocorrer entre os 12 a 13 anos de
idade, com objetivo de aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, além da
aquisição das qualidades físicas necessárias à prática do esporte.
Cella (2022) também divide o ensino-aprendizagem em fases, onde cada fase possui a sua
idade com conteúdos específicos que devem ser trabalhados em função das características do
praticante. Sendo as fases:
Fase pré-escolar (4 a 6 anos), deve proporcionar diversidade de movimentos, sem que ocorra
a exigência de perfeição na execução do movimento, a fim de desenvolver um repertório motor
extenso que será aproveitado nas outras fases.
Fase universal (6 a 12 anos). É a maior fase e mais importante, onde a criança encontra-se
com habilidades básicas de locomoção, estabilização e refinamento progressivo, sendo voltada para
uma preparação geral, a fim de criar uma base ampla e variada de movimentos que ressaltam o aspecto
lúdico. Deve-se também estimular o desenvolvimento da imagem corporal, a bagagem coordenativa,
a percepção sensorial e especial. Podendo ser trabalhado atividades com mais complexidade nesta
fase.
Fase de orientação (12 a 14 anos). Nesta fase ocorre a automatização e o refinamento de
grande parte dos movimentos aprendidos nas fases anteriores, liberando a cognição para a realização
de movimentos concomitantes.
Um aspecto importante no planejamento da iniciação esportiva é a avaliação, utilizada como
um recurso para diagnosticar o nível de habilidade e da noção tática do praticante, porém muitas
escolinhas de iniciação esportiva não estruturam uma avaliação. Muitas vezes utilizam a participação
em jogos como forma de avaliar a performance. Porém, não exigem do professor a realização de uma
avaliação individualizada dos alunos, para acompanhar a evolução técnica e tática dos iniciantes
(TEIXEIRA, 2020).
Outro fator importante é filmar os treinamentos e atividades, para depois poder tentar corrigir
os erros e ajudar esses alunos e mostrando a eles o que precisa ser feito, a execução de movimentos,
posicionamentos, analisando o individual de cada aluno e também o coletivo da equipe. Pois cada
aluno tem uma forma diferente de aprender (CELLA, 2022).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim esse trabalho evidenciou a importância de estruturar o processo de iniciação esportiva
no futebol. O conhecimento dos métodos de trabalho no processo da iniciação também são atribuições
do profissional de Educação Física que trabalha com a iniciação esportiva. O planejamento de
aulas/treinos respeitando as fases do desenvolvimento dos alunos/atletas são aspectos observados no
ensino do futebol. Conforme relatado neste artigo, o incentivo dos pais contribui no bom
desenvolvimento dos alunos/atletas que praticam a modalidade desde cedo.
Uma sugestão para um futuro trabalho seria realizar a pesquisa a campo, podendo encontrar
dados mais detalhados com equipes e/ou escolinhas de futebol, realizando uma pesquisa com
treinadores e professores dos alunos/atletas da cidade e/ou região.

REFERÊNCIAS
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Atletas do Futebol no Brasil. Etic-Encontro de Iniciação Científica-ISSN 21-76-8498, v. 13, n.
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