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Instituto Basquete Brasil – IBB

MINIBASQUETE

Autoras(es):
Larissa Rafaela Galatti
Yura Yuka Sato dos Santos
Cauê Peixoto Pacheco Goi
Lucas Mathias Alves Joaquim

Caio Capobiango Cardoso Fonseca - caiocapobiangocardoso@gmail.com - 101.525.346-60


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ÀS ETAPAS DE MINIBASQUETE 1 e 2 ................................................. 7
COMO O MINIBASQUETE É ENSINADO NO MUNDO: o que nos dizem os programas dos
países top 10 do ranking da FIBA ........................................................................................ 10
O QUE TREINADORES E TREINADORAS DEVEM SABER SOBRE O JOGO DE
MINIBASQUETE? .............................................................................................................. 13
O Minibasquete ................................................................................................................ 13
Da Lógica do Jogo de Minibasquete e Basquete aos Conceitos de Estratégia, Tática e Técnica
.......................................................................................................................................... 16
A estratégia, tática e técnica e sua relação interdependente ....................................... 19
COMO ENSINAR MINIBASQUETE? O JOGO COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM
.............................................................................................................................................. 21
PREMISSAS PARA A ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS DE ENSINO DO
MINIBASQUETE ................................................................................................................ 27
Especificidades do Minibasquete 1 (crianças de ± 6 a 8 anos) ........................................ 29
Necessidades gerais das crianças nessa etapa ............................................................ 29
Objetivo tático-técnico geral ........................................................................................ 31
Características das competições .................................................................................. 32
Estilo de jogo ................................................................................................................ 33
Conteúdos estratégico-tático-técnicos no Minibasquete 1 .......................................... 35
Organizando uma sessão de aula/treino do Minibasquete 1 ....................................... 45
Especificidades do Minibasquete 2 (crianças de ± 9 a 11 anos) ...................................... 57
Necessidades de praticantes dessa etapa ..................................................................... 57
Objetivo tático-técnico geral ........................................................................................ 58
Características da competição ..................................................................................... 59
Estilo de jogo ................................................................................................................ 60
Conteúdos estratégico-tático-técnicos no Minibasquete 2 .......................................... 61
Organizando uma sessão de aula/treino do Minibasquete 2 ....................................... 68
Outras Propostas de Jogos ................................................................................................ 73
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 86

Caio Capobiango Cardoso Fonseca - caiocapobiangocardoso@gmail.com - 101.525.346-60


METODOLOGIA DE ENSINO: MÉTODOS DE APLICAÇÃO A
PARTIR DO JOGO

INTRODUÇÃO
Olá, treinadores e treinadoras! Bem-vindos e bem-vindas ao tópico de METODOLOGIA
DE ENSINO DO BASQUETE do nível 1 da ENTB!
O basquete é um dos esportes mais populares do Brasil, possui ampla base de adeptos e
praticantes, e faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). Nacionalmente, o
basquete é administrado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), sendo que todos os
estados brasileiros têm uma federação de basquete (LEONARDI et al, 2021). O país tem um
histórico de vitórias em competições internacionais: entre os homens, a seleção tem três medalhas
de bronze olímpicas e dois campeonatos mundiais. As mulheres conquistaram um mundial e uma
medalha de prata nos Jogos Olímpicos. No entanto, nos últimos anos os resultados em competições
intercontinentais são menos expressivos. E esse é um dos motivadores do cuidado com as
categorias de base: o desenvolvimento de atletas adultos de nível internacional é em longo prazo e
exige respeito a cada etapa para se revelar um(a) atleta adulto(a). Da mesma forma, ter mais pessoas
que não cheguem a ser atletas adultos(as) de basquete, mas que conhecem, gostam e apreciam o
nosso esporte, aumenta as possibilidades de termos mais espectadores(as), gestores(as),
árbitros(as), além de interesse em financiar e investir no esporte (GALATTI et al., 2016; 2022).
Por isso, conhecer as etapas e sistematizar o ensino do basquete em longo prazo é primordial para
atingir esses objetivos.

Quando tratamos do ensino do basquete, logo nos vem algumas perguntas: Como organizar
os treinos? Por onde podemos começar? O ponto de partida para montar um plano de treino ou
qualquer outro processo pedagógico deve ser: para QUEM é a atividade?

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O nível 1 da ENTB é voltado para iniciação de crianças e desenvolvimento de adolescentes
no basquete, alcançando a faixa etária de entre 6 e 14 anos de idade. Este documento específico do
basquete é um ponto de partida para construirmos uma nova CULTURA de ensino para crianças e
adolescentes, em diferentes contextos, respeitando a necessidade de brincar e se divertir. O objetivo
é permitir o convívio com o basquete e a aprendizagem do esporte, visando formar praticantes que
amem o jogo, e com inteligência e criatividade para lidar com a imprevisibilidade e movimentos
que o basquete exige. Uma das consequências desejadas em longo prazo é revelar atletas cada vez
melhores, assim como aumentar o número de praticantes em diferentes níveis, ampliando a
comunidade do basquete no Brasil. Também é objetivo alcançar todas as regiões do país, já que há
ainda uma grande centralização no Sudeste (FARIA et al., 2021). Ainda, é fundamental estimular
e ampliar a prática entre meninas, já que elas têm menos espaços de prática na infância e
adolescência, assim como atletas mulheres tem condições insatisfatórias de desenvolvimento de
carreira esportiva (GALATTI et al., 2021; LEONARDI et al., 2021).

A figura chave na construção dessa nova cultura são treinadoras e treinadores de todo o
país, que tem neste documento diretrizes para pensar o basquete pelos seus elementos estruturais e
específicos, e desenhar seus treinos a partir de JOGOS.

As evidências científicas indicam que uma prática corporal e esportiva diversificada na


infância favorece a manutenção de crianças no esporte. Outros estudos vão indicar que a
diversificação de posições e funções no jogo nas primeiras categorias contribuem para o
desenvolvimento de atletas mais completos. Por fim, há evidências de que atletas campeões na
categoria júnior tendem a não ser as(os) mesmas(os) que vencem na categoria adulta; e mais: atletas
de sucesso competitivo na idade adulta viveram as fases de desenvolvimento esportivo cerca de
dois anos mais tarde que aquelas/es de sucesso na categoria júnior (GÜLLICH; MACNAMARA;
HAMBRICK, 2021).

Documentos ao redor do mundo sugerem que em modalidades como o basquete, a


especialização no esporte deve ser após a adolescência (CUNHA et al., 2017; DIFIORI et al., 2018;
FIBA, 2016; GALATTI et al., 2019). Inclusive um artigo científico que inclui pesquisadores
vinculados à National Basketball Association (NBA) é taxativo em indicar a diversificação de

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práticas, o foco na diversão e o desenvolvimento integral de praticantes por meio do JOGO na
iniciação e categorias iniciais de formação esportiva (DIFIORI et al., 2018).

Considerando que vivências diferentes geram experiências diferentes e que o processo


desenvolvimento de um(a) atleta de basquete leva anos e deve ser especializado apenas após a
adolescência, os princípios que regem o nível 1 do programa da ENTB são:

1. Que o ambiente de iniciação esportiva seja acolhedor e favoreça o engajamento no esporte:


que as CRIANÇAS GOSTEM E FIQUEM NO ESPORTE;

2. O foco deve estar no(a) PRATICANTE que joga basquete e se desenvolve como criança e
adolescente ao longo desta prática;

3. A DIVERSIFICAÇÃO deve preceder a especialização;

4. Na infância O JOGO em suas diferentes formas deve ser priorizado em detrimento de outras
estratégias de ensino mais fechadas (analíticas) - crianças são diferentes de jovens, brincar
importa;

5. A partir da JUVENTUDE a estratégia mais recomendada é utilizar situações de jogo em


diferentes formatos e intensidades;

6. A prática pode ser direcionada tanto para a PARTICIPAÇÃO, como para o


DESENVOLVIMENTO ESPORTIVO DE RENDIMENTO. Esteja atenta(o) em valorizar
as duas possibilidades;

7. As crianças devem ter oportunidades e ser encorajadas a se envolver em JOGOS


CONDUZIDOS PELOS(AS) COLEGAS, sem interferência de adultos. O jogo de basquete
liderado por colegas permite que as crianças vivenciem atividades autodeterminadas e
intrinsecamente motivadas, sejam criativos e se desafiem;

8. Respeitar as características maturacionais (afetivas, psicológicas, físicas e motoras) em


cada fase de desenvolvimento tanto na organização do ambiente de treino como de jogo;

9. Oferecer oportunidades de vivenciar o minibasquete e o basquete em eventos esportivos


com características formativas: o desenho do festival ou competição (se necessário) deve
favorecer diversão, participação de todas as crianças e equilíbrio entre as equipes
(sobretudo no minibasquete)

Figura 1: Princípios que regem o ensino do basquete no nível 1 da ENTB.

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INTRODUÇÃO ÀS ETAPAS DE MINIBASQUETE 1 e 2
Apresentados os princípios que regem este módulo, é hora de apresentar os conteúdos
metodológicos do nível 1 da ENTB para as etapas do Minibasquete 1 (± 6 a 8 anos) e Minibasquete
2 (± 9 a 11 anos). O foco nessa idade está em BRINCAR e APRENDER compreendendo aos
poucos a dinâmica do jogo de minibasquete, sem pressa em dominar conteúdos específicos
complexos. Até porque, nessa idade, a maioria dos atletas profissionais do Novo Basquete Brasil
(NBB) e Liga de Basquete Feminino (LBF), principais ligas nacionais do país, nem tinham iniciado
treinamentos de basquete ainda (CUNHA et al., 2017; GALATTI et al., 2021).

Além do alinhamento com propostas e pesquisas nacionais e internacionais de Ciências do


Esporte em geral e Pedagogia do Esporte e Basquete em específico, nosso desenho metodológico
está em alinhamento com o "Modelo de Desenvolvimento Esportivo do Comitê Olímpico do
Brasil". A partir do modelo, estamos tratando da etapa chamada "Etapa II: Brincar e Aprender".
Em alinhamento com as diretrizes nacionais do esporte, este documento avançará em promover as
primeiras experiências com o basquete de forma simples, sólida e divertida, respeitando as
características e necessidades de meninas e meninos. É importante considerar que o
desenvolvimento de cada pessoa é diferente. Logo, é preciso ter claro que as idades indicadas são
estimadas. O quadro síntese das sugestões do COB para essa a criança, o esporte e a gestão da
oferta esportiva nesta etapa estão na Figura 2 abaixo:

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Figura 2: Quadro Síntese da etapa Brincar e Aprender do Modelo de Desenvolvimento Esportivo do Comitê
Olímpico do Brasil (COB, 2022, p.55).

DICA DE LEITURA
Para conhecer mais sobre o desenvolvimento em longo prazo e plural de atletas, consulte
gratuitamente o Modelo de Desenvolvimento Esportivo do COB, disponível no link:
https://www.cob.org.br/pt/cob/time-brasil/modelo-desenvolvimento-esportivo

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Nesse primeiro e-book vamos tratar especificamente das primeiras experiências
sistematizas de crianças com o basquete, ou minibasquete, entre 6 e 11 anos de idade. Neste e-book
voltado para o minibasquete, você lerá mais sobre:

1) Como o minibasquete é ensinado no mundo? Objetivos e recomendações gerais para o ensino


do basquete na fase de iniciação a partir de alguns dos programas dos países melhor
classificados no ranking da Federação Internacional de Basquete (FIBA) nas categorias de base
(ano de referência: 2021). Entender como se ensina o minibasquete ao redor do mundo nos
serve de base para pensarmos o mesmo processo na realidade do nosso país.

2) O que treinadores e treinadoras devem saber sobre o jogo de minibasquete? Aqui passaremos
por premissas para o ensino do Minibasquete 1 e 2, a partir das abordagens baseadas no JOGO
(game-based approaches). JOGAR é o centro da proposta de ensino do basquete para as etapas
do NÍVEL I da ENTB, que está alinhada às propostas da FIBA, NBA e principais países no
ranking da FIBA de basquete, como Estados Unidos, Espanha e Austrália, além da também sul-
americana Argentina. Treinadoras e treinadores saberão mais sobre a lógica do jogo de
basquete, os conceitos de estratégia, tática e técnica e sua relação interdependente, bem como o
jogo como ambiente de aprendizagem. Evidências científicas sobre Pedagogia do Esporte e
desenvolvimento de atletas também sustentam este documento;

3) O que ensinar, quando e como? Aqui passaremos pela organização e aplicação do método de
ensino do basquete na iniciação e formação;

4) Como devemos jogar nas etapas do Minibasquete 1e 2? Nessa seção descrevemos a organização
de conteúdos de ensino do basquete, considerando os objetivos de aprendizagem e o estilo de
jogo em cada etapa. Os conteúdos estão acompanhados de possibilidades de atividades, assim
como exemplos de planos de aula elaborados a partir do ensino por meio do JOGO.

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COMO O MINIBASQUETE É ENSINADO NO MUNDO: o que nos dizem os
programas dos países top 10 do ranking da FIBA
Entendermos como o minibasquete é ensinado ao redor do mundo nos serve de base para
pensarmos o mesmo processo na realidade do nosso país. Por isso, investigamos os programas dos
países top 10 no ranking da FIBA em 2021 das categorias de base e adulto, nos naipes masculino
e feminino.

Buscamos os manuais dos programas nos sites oficiais das Confederações Nacionais para
o minibasquete e encontramos os seguintes: Argentina, Austrália, Canadá, Espanha (província de
Andaluza) e Estados Unidos 1. Além dos manuais dos países, também investigamos os manuais de
minibasquete propostos pela FIBA, por ser a instituição responsável por regularizar a modalidade
de basquete internacionalmente, e pela National Basketball Association (NBA), devido ao destaque
dessa liga no cenário mundial do esporte.

No Quadro 1 consta um resumo de cada manual analisado, seus objetivos em cada faixa
etária do minibasquete e algumas recomendações gerais para os(as) professores(as) e
treinadores(as) da modalidade.

Quadro 1: Objetivos e recomendações gerais para o ensino do minibasquete nos países melhores
classificados no ranking da FIBA nas categorias de base e adulto.

MINIBASQUETE - ATÉ 12 ANOS

País Objetivos Recomendações Gerais

Os objetivos gerais centram o engajamento dos alunos nas três Olhar lúdico e uso do jogo;
etapas do minibasquete argentino: escuelas (6 a 8 anos), pre minis Diversificação do conhecimento;
(9 e 10 anos), mini (11 e 12 anos). Para o CABB os treinos Compromisso com a educação holística através do esporte;
dependem de cinco fatores principais: Conhecer o processo de aprendizagem para estimular as
Argentina
Diversão e Prazer; diferentes competências em um processo não-linear;
(CABB)
Sentir-se competente; As explicações devem abranger todos os atletas, não só os
Aprender novas habilidades; mais talentosos;
Estar com amigos; O treinador deve conhecer seus alunos para adaptar os
Atitude dos pais. conteúdos as suas necessidades.

1Não são apresentados os programas da França, Itália, Lituânia, Sérvia e Rússia, que também aparecem
no ranking citado, pois não encontramos um documento em rede web gratuitamente em língua dominada
pelos autores (português, inglês e espanhol).

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Etapa de Foundation (base/fundação), ênfase no desenvolvimento Fase de explorar (explore):
de habilidades fundamentais do basquete e da confiança, Desenvolvimento geral: explorar o fundamental; explorar
objetivando o engajamento no esporte. Inclui ainda duas etapas: habilidades de movimento e coordenação; atividades que
Fase de explorar (explore): crianças de 6 a 10 anos. O objetivo é são progressivas em intensidade; ambiente seguro;
desenvolver movimentos fundamentais por meio de estímulos Desenvolvimento do basquete: oportunidade para
sensório-cognitivos em um ambiente seguro; experimentar uma variedade de situações esportivas e uma
Fase de aprender (learning): crianças de 11 a 14 anos. O objetivo grande variedade de atividades dentro de uma sessão;
Austrália é desenvolver habilidades fundamentais por meio do jogo, rotação de funções – não especialização em posições;
ocasionando a oportunidade de experimentar uma variedade de modificação de regras; experimentando o jogo;
estímulos e situações esportivas e proporcionar experiências Fase de aprender (learning):
recreativas multiesportivas para essas crianças. Desenvolvimento geral: aumentos constantes em
habilidades motoras, força, equilíbrio e coordenação;
coordenação olho-mão é relativamente maduro;
Desenvolvimento do basquete: aprendendo a arremessar,
driblar, passar, pegar, brincar com os outros e amar o jogo.

FUNdamental (6 a 9 anos): desenvolver as habilidades físicas, Introdução ao fair play e ética no esporte;
afetivas, cognitivas e psicossociais básicas, com base na diversão e As atividades devem ser prazerosas e divertidas;
no engajamento das crianças na prática; O desenvolvimento dos atletas deve ser a longo prazo e
A fase de movimento abrange crianças de 6 e 7 anos na qual baseado em questões físicas, mentais, emocionais e
basquete é aprendido através das habilidades fundamentais de cognitivas das crianças e adolescentes;
movimento; Cada estágio reflete em um ponto de desenvolvimento dos
A fase de jogos modificados abrange crianças de 8 e 9 anos na qual atletas;
Canadá
o basquete é ensinado por meio de jogos como 1x1, 2x2, etc; Oportunidades iguais de participação.
Learn to Train (L2T) (9 a 12 anos): neste estágio as crianças
desenvolverão habilidades fundamentais de movimento e de
esportes, ademais habilidades específicas do basquete devem ser
enfatizadas, mas as práticas de outras modalidades devem ser
encorajadas. Outras habilidades psicológicas básicas como a
definição de metas podem ser introduzidas.

Desenvolvimento das capacidades necessárias para construir um Escolher uma concepção claramente humanística e
jogo coletivo complexo livre; formativa do basquete;
Etapa 1 (6 a 8 anos): potencializar o desenvolvimento da Utilizar uma metodologia ativa, na qual o jogador é a
capacidade individual de jogo em situações de oposição simples referência do processo educacional;
Espanha
(1x1); Na programação, tanto anual como em cada uma das
(Federação
Etapa 2 (9 a 11 anos): ampliar experiências relacionadas com a sessões de treinamento, é necessário ficar explícito os
Andaluza)
posse de bola, iniciando o conceito de cooperação mútua através valores que irão ser trabalhados;
dos meios táticos coletivos básicos do jogo 2x2. É necessário planejar as sessões de treinamento para que
todos os conteúdos referentes a prática sejam abordados de
forma íntegra.

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A vitória não deve ser o objetivo principal dos(as) treinadores(as), O minibasquete deve enfatizar os benefícios esportivos e
mas fazer com que os jogadores aprendam a ser bons esportistas, educacionais - uma abordagem projetada especificamente
respeitando as regras do jogo, os árbitros e o time adversário, além para crianças;
de tentar sempre fazer o seu melhor. Ademais, o foco principal O método analítico deve ser evitado a todo custo nessa fase;
dessa modalidade é se divertir com esporte; Treinadores(as) devem adotar uma abordagem baseada em
Crianças de 5 a 7 anos: ensinar o básico sobre esportes para as jogos (game-based approach);
crianças, com jogos e brincadeiras utilizando o próprio corpo e Adaptações de regras para que o jogo seja adequado para
diferentes equipamentos, pensando em desenvolver outras quem pratica, as crianças!
habilidades, como correr, pular, mudar de direção, arremessar e Oferecer experiências de aprendizagem estimulantes e
FIBA recepcionar. É preciso que as crianças descubram por si só como desafiadoras, além de divertidas;
solucionar os problemas do exercício, necessitando de liberdade Considerar o nível para além da idade;
para explorar diferentes respostas. Ademais o foco é em conseguir Respeitar as diferenças de idade, de no máximo dois anos
fazer algo novo; entre as crianças em uma sessão;
Crianças de 8 e 9 anos: continuar o treinamento e desenvolvimento Encorajar meninas e meninos a jogarem juntos;
de padrões motores básicos para que possam, gradualmente, serem É importante não impor muita pressão sobre as crianças;
transformadas em habilidades específicas do basquete; Garantir que todos os jogadores estejam envolvidos no jogo,
Crianças de 10 a 12 anos: o treinamento e desenvolvimento motor não apenas os jogadores "dominantes";
das habilidades dos jogadores continua, com mais ênfase nos Garantir que todos experimentem diversas ações e tenham
fundamentos do basquete. sucesso – fazer cestas todos os dias.

Estágio 1 Active Start (0 a 6 anos): estimular as crianças a serem Promover o engajamento pessoal no minibasquete e em
fisicamente ativas todos os dias em um ambiente seguro e divertido. outros esportes.
A atividade deve incorporar habilidades fundamentais do Incluir atividades organizadas e informais lideradas por
movimento em todos os ambientes, maximizando o potencial físico pares.
das crianças. Estimular a diversificação esportiva.
Estágio 2 Fundamentals (6 a 9 anos): aprender todas as habilidades
NBA/ USA
fundamentais de movimento (construir habilidades motores gerais).
BASKETBALL
Diversificação esportiva é necessária.
Estágio 3 Learning to Train (8 a 12 anos): aprender todas as
habilidades fundamentais e básicas do basquete (construir
habilidades específicas do esporte). Dividir as atuais competições
entre jogos especiais (regras modificadas) e jogos 5x5, tentando não
focar na competição 5x5 até o fim dessa fase (últimas idade).

Fonte: os autores.

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Podemos observar que os programas evidenciam as ideias de desenvolvimento em longo
prazo e diversão na prática esportiva. Além disso, a aplicação de uma metodologia de ensino
centrada na criança e no jogo é fortemente sugerida, fugindo das propostas centradas na técnica de
forma isolada. De acordo com a FIBA, alguns dos problemas do ensino centrado na técnica são
(2016, p. 6, tradução livre):

“A execução repetitiva de habilidades, sem o contexto de um jogo, é chata e


diminuirá a motivação e o prazer dos jogadores (e principalmente das crianças); os
aspectos de pensamento e resolução de problemas necessários para um desempenho de
jogo bem-sucedido não são centrais nessa abordagem, já que os requisitos técnicos são
isolados do jogo em exercícios de habilidade técnica (por exemplo, arremesso sem
defensor); jogadores podem desenvolver hábitos que dificilmente serão bem-sucedidos
sob pressão defensiva. Assim, ter um defensor presente (por exemplo) no início do
aprendizado da técnica proporciona um melhor resultado.”

Fica evidente a importância do jogo no ensino do minibasquete. Mas afinal, qual o


diferencial do JOGO para o ensino do basquete? O que treinadores e treinadoras devem saber sobre
o jogo? Isso é que abordamos no próximo capítulo.

O QUE TREINADORES E TREINADORAS DEVEM SABER SOBRE O


JOGO DE MINIBASQUETE?
O Minibasquete

O minibasquete surgiu como uma modalidade, derivada do basquete que é aplicada às


crianças de 5 a 12 anos com diferentes regras que visam um maior desenvolvimento motor nas
ações das crianças e a aprendizagem do jogo. Tem ainda como objetivo fazer com que as crianças
se engajem no esporte, promovendo lazer, diversão, e qualidade de vida, visando ser uma
experiência positiva que se prolongue por toda a vida (MCHUGH, 2012). Para isso, torna-se
importante a vivência e o aprendizado de três referenciais da pedagogia do esporte: o estratégico-
tático-técnico, o socioeducativo e histórico-cultural do basquete.

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O referencial tático-técnico diz respeito aos aspectos técnicos, táticos e físicos do jogo,
assim como a sistematização e opção metodológica para o seu desenvolvimento. O referencial
socioeducativo diz respeito ao planejamento de situações de aprendizagem social e emocional
típicas da prática esportiva, com o estímulo ao desenvolvimento de valores e modos de
comportamento esperados pelo grupo em resposta às demandas sociais mais amplas. Por fim, o
referencial histórico-cultural nos remete aos aspectos históricos, como a evolução das regras e os
personagens marcantes do esporte, trazendo luz aos personagens e fatos marcantes da história do
basquete, comemorando e questionando sua história, tornando-a parte da biografia de cada criança
e jovem que experimente o jogo (MACHADO; GALATTI; PAES, 2015, 2012). O Quadro 2 abaixo
exemplifica possíveis conteúdos relacionados aos 3 referenciais destacados:

Quadro 2: Referenciais da Pedagogia do Esporte, adaptado de Machado, Galatti e Paes (2015).


REFERENCIAIS DA PEDAGOGIA DO ESPORTE
• Métodos de ensino e aprendizagem;
• Planejamento ao longo do período (mês, bimestre, semestre, ano...);
• Organização de cada aula/treino;
• Adequação da proposta ao grupo de trabalho;
TÉCNICO-TÁTICO SOCIOEDUCATIVO HISTÓRICO-CULTURAL
Estratégias Promover a discussão de História das modalidades
Aspectos Táticos Ofensivos, princípios, valores e modos de esportivas;
Defensivos e de Transição comportamento; Evolução das modalidades;
Habilidades Motoras Gerais Diversidade como princípio (de Regras e contexto de suas
Fundamentos Especializados culturas, cor de pele, etnias, alterações;
Capacidades biomotoras deficiência etc); Principais competições em nível
Propor a troca de papéis (colocar- local, regional, nacional e
se no lugar do outro); internacional;
Promover a participação, Personalidades de cada
inclusão, diversificação, a modalidade
coeducação e a autonomia; Outros saberes necessários para a
Construir um ambiente favorável compreensão da modalidade.
para desenvolvimento de relações
intrapessoais e interpessoais
(coletivas);
Equidade de gênero;
Estabelecer relações entre o que
acontece na aula de basquete com
a vida em comunidade em outros
contextos.

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Ser coerente com referenciais pedagógicos para o ensino do esporte é facilitado quando os
elementos estruturais e regras de cada modalidade são ajustados ao praticante. Assim, nas primeiras
idades e contato com o basquete a modalidade minibasquete é a mais indicada. Em especial, o
basquete de adultos contempla restrições de tempo que obrigam quem joga a realizar essas ações
sob pressão, o que torna a tomada de decisão uma variável essencial para o sucesso no jogo
(IBAÑEZ et al., 2018; SILVA; GALATTI; PAES, 2010). Por essa complexidade, o minibasquete
deve proporcionar conhecer e respeitar as regras básicas do jogo a partir de regras adaptadas,
tornando o jogo possível para a criança, facilitando com que entendam a lógica do basquete e
aprendam a conviver com o jogo a partir dos três referenciais da Pedagogia do Esporte (GALATTI
et al., 2008). Logo, o foco nessa etapa não é na vitória. O sucesso deve ser definido como ser capaz
de fazer algo que as crianças não conseguiam fazer antes em um ambiente divertido e motivado,
considerando o nível, para além da idade (COB, 2022; FIBA, 2016).

Para isso, as regras essenciais que constroem a lógica do basquete devem ser mantidas,
como por exemplo o deslocamento com bola deverá ser através de dribles, ou o alvo possuir
diâmetro um pouco superior ao tamanho da bola e estar em uma posição elevada em relação à altura
dos praticantes. Por outro lado, é preciso criar adaptações de regras, que chamaremos de regras
não-essenciais. Assim conseguimos manipular, por exemplo, a duração de um período de jogo, ou
as dimensões da quadra, além de outras regras que podem surgir ou serem adaptadas, com objetivo
de conseguir um maior ajuste às peculiaridades e necessidades das crianças que iniciam no esporte
(GALATTI et al., 2014; MARICONE et al., 2016). As adaptações nas regras não-essenciais
sugeridas pela ENTB para o ensino do minibasquete são apresentadas na seção de especificidades
do Minibasquete 1e Minibasquete 2.

Portanto, treinadores e treinadoras devem compreender os elementos tático-técnicos que


dão identidade ao jogo de minibasquete para que possam elaborar atividades de treino que
permitam o desenvolvimento global de crianças. Um caminho facilitador desse processo é o
domínio da lógica comum dos jogos coletivos de invasão, que tem funcionamento e objetivos em
comum e possibilitam a diversificação de estímulos e desenvolvimento de tarefas representativas,
com a transferência das competências e habilidades praticadas nesses jogos para o basquete
(SANTOS et al., 2021). Isso permite ao praticante desenvolver a compreensão sobre o jogo e o

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domínio das ações, a exemplo do que vimos nos modelos internacionais, do COB e nos estudos
centrados no desenvolvimento de crianças e jovens no esporte que defendem a diversificação na
iniciação esportiva, especialmente nas modalidades coletivas com alto grau de imprevisibilidade,
como o basquete.

Avançando no que é preciso compreender sobre alguns conceitos-chave que se referem ao


jogo e a sua lógica: quais são as referências e princípios do jogo de basquete? De maneira mais
ampla, o que é estratégia, tática e técnica? São conceitos cotidianos, que usamos sempre, mas será
que os conceitos estão claros e sólidos? Vamos avançar nesse tema!

Da Lógica do Jogo de Minibasquete e Basquete aos Conceitos de Estratégia, Tática e Técnica

O basquete é uma modalidade dinâmica, um jogo originalmente desenhado com fins


educativos, para jovens em idade escolar. Rapidamente se solidificou como esporte e, com o passar
dos anos, foi se tornando mais robusto, intenso, forte, complexo e desafiante. Nesse percurso,
sempre exigiu de praticantes a capacidade de lidar com o imprevisível, a partir de interações com
companheiros(as) de time, adversários(as) e a pressão de tempo!

O basquete está no grupo dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC) considerados jogos
complexos devido à interação de diferentes fatores, que devem ser administrados de forma precisa
e em tempo adequado para que as ações culminem em um resultado eficaz (GALATTI et al., 2014;
MOREIRA; PAES, 2011).

Todos os JEC, incluindo o basquete, possuem referências estruturais e funcionais em


comum que determinam uma lógica de jogo semelhante (BAYER, 1994). As referências estruturais
constituem a “estrutura” dos jogos, sendo: (1) a bola (ou implemento, como o disco no jogo de
hóquei), (2) o espaço de jogo, (3) as regras, (4) um alvo a atacar e outro a defender, (5) os(as)
companheiros(as) de equipe e adversários(as). Já as referências funcionais determinam a dinâmica
do jogo, ou seja, a “funcionalidade”, e podem ser sintetizados em princípios operacionais
balizadores, sendo três de ataque e três de defesa. A Figura 2 mostra as referências estruturais e
funcionais dos JEC.

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Figura 2: Referências estruturais e referências funcionais comuns aos jogos esportivos coletivos.

Os seis princípios operacionais balizadores (três de ataque e três de defesa) norteiam as


ações coletivas, grupais e individuais, e estão alinhados ao objetivo principal do jogo, que é
finalizar com mais pontos/gols do que a equipe adversária. São chamados de PRINCÍPIOS
BALIZADORES pois balizam as condutas táticas de jogadores(as) em qualquer jogo coletivo de
invasão. Dos princípios operacionais balizadores derivam os PRINCÍPIOS PARTICULARES, que
expressam as especificidades do basquete nas condutas táticas. Os princípios particulares podem
ser defensivos ou ofensivos. A Figura 3 mostra os princípios particulares relacionados a cada
princípio balizador defensivo e ofensivo.

Figura 3: Princípios balizadores e particulares do basquete.

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Um princípio particular pode se relacionar com mais de um princípio balizador. Um
exemplo é o princípio particular defensivo de compor o bloco defensivo, no qual temos como
objetivos principais impedir a progressão do adversário ao alvo, mas também de proteger o alvo e
as zonas mais vulneráveis ao mesmo tempo.

É a partir dos princípios balizadores e particulares que se expressam as ações tático-


técnicas, chamadas de maneira simplificada de técnicas do basquete. Por exemplo: para cumprir o
princípio particular de "buscar espaços vazios para a progredir ao alvo" dentro do princípio
balizador "de progredir ao alvo adversário", é preciso driblar e fintar. Para finalizar, é preciso
arremessar. O conjunto de ações tático-técnicas do basquete são: controle de corpo, manipulação
da bola, passe, drible, arremesso e rebote.

As técnicas não são um conjunto isolado de habilidades. Ao contrário: as técnicas são a


expressão das tomadas de decisão de jogadores(as) a partir dos princípios balizadores e

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particulares. As tomadas de decisão acontecem no plano tático do jogo, quando atacantes e
defensores se desafiam dentro do espaço e diante das regras do jogo para tentar obter vantagem e
ganhar mais pontos.

A estratégia, tática e técnica e sua relação interdependente

Para os(as) jogadores(as) interagirem nesse sistema complexo que é o basquete, é preciso
que atuem estratégica, tática e tecnicamente. E ter uma base conceitual sólida pode ajudar bastante
nas suas escolhas como treinador(a) ao organizar seu treino. O Quadro 3 apresenta cada um dos
conceitos:

Quadro 3: Conceitos de estratégia, tática e técnica, adaptado de Galatti et al. (2017) e Kroger e Roth (2002).

Estratégia É o que está previsto antecipadamente, é o planificado, e se associa e sustenta a tática. Pode ser
relacionada à pergunta: como vamos jogar? Exemplo: sistemas ofensivos e defensivos.

Tática É a gestão intelectual do comportamento nas situações de conflito frente à oposição do(a)
adversário(a) e gestão do espaço de jogo. Em outras palavras, é a tomada de decisão que se dá
de forma instantânea, durante os processos de percepção e análise da situação de jogo.
Portanto, não há tática sem oposição. A tática pode ser relacionada às perguntas: o que fazer?
Qual a melhor decisão a ser tomada nessa situação?

Tática Ações de um(a) jogador(a) que, por meio de uma tomada de decisão e da seleção e aplicação
individual de uma técnica/sequência de técnicas, visa atingir um determinado objetivo no jogo.
Exemplo: situação de um atacante contra um defensor 1x1.

Tática de Ações entre dois ou três jogadores(as) da mesma equipe que, por meio de tomadas de decisão
grupo e da seleção e aplicação de uma sequência de técnicas individuais, visam atingir um objetivo
comum. Exemplo: situações de 2x1, 2x2, 3x2, 3x3.

Tática Ações que envolvam todos os(as) jogadores(as). Os(as) companheiros(as) de equipe devem
coletiva perceber coletivamente a situação e julgar com a maior sintonia possível quanto às ações mais
convenientes a ser executadas. Exemplo: abrir espaços na quadra, deslocamentos de acordo
com a movimentação bola e de seus companheiros.

Técnica As técnicas do jogo são a manifestação corporal da resolução de problemas do jogo, as


manifestações motoras, o “como” fazer ou resolver algum problema causado na interação
tática com o jogo. As habilidades técnicas se constituem de uma sucessão de movimentos que
estão associados às experiências passadas gerando uma cultura de movimento e interesses e
criatividade por das crianças/atletas. A técnica pode ser relacionada à pergunta: como fazer?

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MAS ATENÇÃO TREINADOR(A): os moldes de técnica derivam muitas vezes dos atletas
de alto rendimento, que são, indiscutivelmente, eficientes e eficazes. Entretanto, esse gestual não
deve ser tomado como “técnica modelo” a ser ensinado imediatamente a todos as crianças.
Primeiramente, por se tratar de movimentos mais elaborados que exigem grande intimidade e horas
de prática do jogo de basquete; portanto: é preciso ter calma, que ao longo dos anos os movimentos
vão se estabilizando e se sofisticando. Também é preciso considerar a individualidade corporal e
criatividade de cada criança, assim como aspectos culturais de movimento, que podem gerar outras
demandas em termos de execução para resolver os problemas vividos no jogo de basquete (FIBA,
2016; MARICONE et al., 2016; SANTOS et al., 2021).

Dados os conceitos, começa a ficar clara a interdependência estratégia-tática-técnica: a


tática tem relação com a estratégia, que é o plano estabelecido previamente, pois a tomada de
decisão terá influência do plano de jogo da equipe. Por exemplo, se o plano da equipe é defender
por zona, as tomadas de decisão dos defensores se orientarão mais em função das zonas da quadra
em relação à movimentação da bola, e menos em função da movimentação dos adversários. Já a
manifestação da tática se dará na técnica, que é a ação motora resultante da tomada de decisão
tática. Portanto, a compreensão dos elementos táticos - “o que fazer” - é relevante para a decisão
de qual técnica utilizar - “como fazer” -, sabendo que uma não existe sem a outra.

DICA DE LEITURA
GALATTI, Larissa Rafaela et al. O ensino dos jogos esportivos coletivos: avanços metodológicos
dos aspectos estratégico-tático-técnicos. Pensar a prática, v. 20, n. 3, 2017. Disponível em:
https://revistas.ufg.br/fef/article/view/39593

Compreendidos os conceitos... Como ensinar o minibasquete? Vamos discutir no próximo


tópico o jogo como ambiente de aprendizagem do minibasquete.

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COMO ENSINAR MINIBASQUETE? O JOGO COMO AMBIENTE DE
APRENDIZAGEM

O basquete contempla restrições de tempo que levam jogadores(as) a atuar sob constante
pressão, o que torna a tomada de decisão uma variável essencial para o sucesso no jogo. Afinal, o
jogo é estruturado em 4 quartos de 10 minutos, com 24 segundos para concluir o ataque, 14
segundos para um segundo ataque após um rebote ofensivo obtido com o cronômetro abaixo dos
14 segundos do primeiro ataque, 8 segundos para passar o meio da quadra e 5 segundos para
tomadas de decisão individual com a bola sem drible. Quanta pressão!

Isso exige de quem joga cooperar com colegas de time, estabelecer uma estratégia comum
de jogo, lidar com sua imprevisibilidade, leitura tática das situações que emergem, além da
execução de ações técnicas adequadas para a resolução dos problemas do jogo. E, principalmente,
exige competência pedagógica de treinadores e treinadoras em estruturar jogos que permitam que
aos poucos e em LONGO PRAZO as crianças consigam lidar com as restrições de tempo e espaço
de um jogo tão complexo. Aliás, é por isso que o minibasquete surgiu, para ser um jogo mais
adequado às crianças que o jogo de adultos. Crianças não são adultos em miniatura e devem ter seu
próprio jogo e metodologia de trabalho adequados para a infância.

Para contemplar o desenvolvimento de competências para o jogo em longo prazo, surgiram


diversas propostas metodológicas. Na década de 80 houve uma revolução importante a nível
mundial: os métodos que até então tinham um viés de ensino centrado na tarefa (método analítico),
passaram a centrar o ensino global, considerando a técnica indissociável da tática.

A considerar a importância da tática no basquete, aprender com o jogo se torna importante


para o desenvolvimento da inteligência para as tomadas de decisão, ou, “leitura de jogo”. Aliás,
além de ler bem o jogo, é preciso saber "escrevê-lo", ou seja, propor situações problemas que
dificultem à equipe adversária cumprir o objetivo do jogo: fazer mais cestas!

Já no primeiro contato com o basquete, e considerando a importância do desenvolvimento


em longo prazo, é importante que a criança aprenda a lógica do jogo do minibasquete. Entretanto,
treinadoras e treinadores precisam conhecer o nível de compreensão de seus alunos e alunas sobre

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o jogo. De acordo com Garganta (1995), existem fases do jogo de acordo com o nível de
compreensão de seus elementos, relacionados ao desenvolvimento esportivo dos(as) praticantes,
para além da idade (Figura X).

Figura X: Fases do jogo e progressão de nível no minibasquete 1 e 2.

• Fase anárquica: centração na bola, jogo desorganizado em consequência da


compreensão ainda restrita do jogo em geral, e execução de subfunções (não há
funções definidas no jogo); há demasiada verbalização, sobretudo para “pedir a
bola”; visão centralizada.

• Fase de descentração (ou descentralização): as funções não dependem apenas da


posição da bola; os espaços começam a ser percebidos e melhor ocupados conforme
a compreensão sobre a lógica do jogo; prevalência da verbalização; da visão
centralizada para a periférica.

• Fase de estruturação: ocupação racional dos espaços e conscientização da


coordenação das funções (surgem as funções ofensivas, defensivas e de articulação

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das estratégias); comunicação por verbalização e gestos; o controle não é só visual,
mas também propioceptivo.

• Fase de elaboração: execução de ações complexas que convergem para uma


estratégia de equipe; presença de metacomunicação (linguaguem não-verbal);
otimização das capacidades propioceptivas.

Pensando num momento de iniciação ao basquete, é possível estabelecermos certa relação


da FASE ANÁRQUICA com a categoria do minibasquete. É muito comum observamos as crianças
se deslocarem em função da bola, virando um “aglomerado” em volta da criança que tem a posse.
Também é comum elas falarem “eu, eu, passa para mim”. Todas querem ter a bola e possuem
dificuldade de perceber os espaços e os(as) companheiros(as) livres. Isso acontece porque na
iniciação, em geral, as crianças estão nessa fase anárquica, com baixo nível de compreensão da
lógica do jogo, centração (ou centralização) em torno da bola e visão centralizada.

Vale mais uma vez lembrar que as diretrizes são gerais e que, para além da idade ou da
categoria, treinadores e treinadoras precisam estar atentos(as) ao desenvolvimento de cada criança
e ao nível de jogo. Numa turma de minibasquete 2, por exemplo, é possível ter alunos(as) que se
desenvolvem mais rápido e/ou que já tenham experiências prévias e estejam num nível de
compreensão maior do jogo e, assim, encontrarem-se numa FASE DE DESCENTRAÇÃO. Por
exemplo, uma criança que pratique ou já tenha praticado outro esporte coletivo pode ter mais
facilidade em compreender os espaços e a lógica do jogo, por já ter experiências prévias e evoluído
seu nível de jogo.

A considerar as características de desenvolvimento das crianças no minibasquete, bem


como a importância de aprender progressivamente a lógica do jogo, é importante a criança JOGAR
PARA APRENDER e APRENDER JOGANDO. Ou seja, o treinador e a treinadora deve saber
quando utilizar estratégias explícitas e estratégias implícitas de aprendizagem do jogo:

• JOGAR PARA APRENDER, estratégia implícita - ênfase no Minibasquete 1:

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o O foco permanece centrado no aluno, na aprendizagem incidental, na
descoberta, na integração dos processos de aprendizagem tática e motora,
no jogar e exercitar jogando;

o O aprendizado e a compreensão do jogo acontecem incidentalmente, ou


seja, sem que as crianças tomem consciência;

o Elas aprendem quais são as ações mais eficazes a partir dos erros e acertos
= experimentar e praticar muito;

o Esse tipo de aprendizagem incidental ou implícita provoca um processo de


memorização mais forte NESSA FASE do que a aprendizagem explícita.

• APRENDER JOGANDO, estratégia explícita - ênfase no Minibasquete 2:

o Essa proposta da aprendizagem intencional fomenta-se na escolha das


atividades na tríade objetivos-conteúdos-método. A função do(a)
treinador(a) se direciona conforme um ensino intencional (intencionalidade
pedagógica), por meio da escolha de jogos para atingir determinados
objetivos. Depende da intencionalidade pedagógica do(a) treinador(a)!

o O aprendizado e a compreensão do jogo acontecem de forma explícita, ou


seja, tomando consciência sobre as informações;

o Acontece, por exemplo, quando o(a) treinador(a) explica ou questiona


sobre quais seriam as opções de ação e o que deve ser observado para agir;

o Esse tipo de aprendizagem intencional ou explícita começa a fazer mais


sentido NESSA FASE devido às características de desenvolvimento
cognitivo.

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Mas o jogo não é apenas uma ferramenta ou um meio de ensino, e sim um fenômeno capaz
de promover um ambiente propício à aprendizagem do basquete. Isso significa que o jogo vai além
das referências estruturais e funcionais, estendendo-se para questões de representatividade e
significados, pois é no despertar do interesse do(a) jogador(a) que ele(a) será capaz de mobilizar
competências e habilidades para resolver os problemas do jogo e aprender. Portanto, para que a
criança aprenda, o jogo precisa ter representação, significado. Por exemplo, no jogo de tabuleiro
“WAR”, uma criança de 6 ou 8 anos não consegue jogar conforme as regras do fabricante, tão
pouco entende a lógica e o objetivo. Talvez, ela pegaria as peças do tabuleiro e inventaria o seu
próprio jogo. Por isso, existe uma faixa etária indicativa do fabricante de “WAR”, referente à idade
aproximada que a criança conseguiria compreender a lógica do jogo.

O mesmo raciocínio se entende ao jogo de minibasquete/basquete. Para que a pessoa entre


em estado de jogo e mobilize suas competências para atingir o objetivo, é necessário que o jogo
(seja ele reduzido, pré-desportivo ou formal) faça sentido e tenha representatividade, além de
incorporar outros elementos que fazem parte da lógica: imprevisibilidade, desequilíbrio e desafio
(Figura X). Desta forma, o ambiente de jogo será, portanto, um ambiente de aprendizagem.

Figura X: Pressupostos para um ambiente de jogo.

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Os jogos podem ser diversos:

JOGO Proposto e organizado pelas próprias crianças/jovens (normalmente em


DELIBERADO contextos de prática livre - não formais).

JOGOS PRÉ- Jogos de ataque e defesa entre duas equipes, que expressam a lógica
ESPORTIVOS estratégico-técnico-tática dos jogos esportivos coletivos. Ex: Pic-bandeira.

JOGOS
REDUZIDOS
Elaboração de situações de jogo com regra oficial ou adaptada. De
igualdade (1x1, 2x2, 3x3) ou desigualdade numérica (2x1, 4x3, 2X3 etc).
PEQUENOS JOGOS
Opções: coringa, apoio, diferentes áreas da quadra, com restrição/ênfase de
fundamentos, pressão de tempo.
SITUAÇÕES DE
JOGO

JOGO FORMAL Jogo com as regras específicas formais (no minibasquete, regras adequadas
às crianças).

Mas qualquer jogo basta? Deixar jogar ou aplicar qualquer tipo de jogo não será suficiente
no ambiente formal de ensino. Quando o processo é orientado por um(a) treinador(a) é preciso ter
intencionalidade, ou seja, treinadores e treinadoras além de saberem para QUEM, devem saber O
QUE, COMO e QUANDO se ensina e se aprende. Afinal, o jogo deve ser representativo e ter
significado para motivar quem joga. E na representatividade do jogo por meio da semelhança entre
os aspectos estratégico-tático-técnicos que as nossas crianças e adolescentes irão aprender a jogar
basquete.

DICA DE LEITURA
SCAGLIA, Alcides José; REVERDITO, Riller Silva; GALATTI, Larissa Rafaela. Ambiente de jogo e
ambiente de aprendizagem no processo de ensino dos jogos esportivos coletivos: desafios no ensino e
aprendizagem dos jogos esportivos coletivos. in: NASCIMENTO; RAMOS; TAVARES. Jogos
desportivos: formação e investigação. Florianópolis: UDESC, v. 4, p. 133-170, 2013.
Disponível em: https://9824e411-08c4-444f-bb2a-
10c9aa8c105e.filesusr.com/ugd/98b588_26e4ecaf95594cafbf26f51724d18b26.pdf

Então o que, como e quando treinadores e treinadoras do país devem ensinar o


minibasquete?

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PREMISSAS PARA A ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS DE ENSINO DO
MINIBASQUETE
A partir das características do jogo de minibasquete, organizar os conteúdos de ensino é um
desafio. A organização diz respeito à seleção e distribuição dos conteúdos ao longo do tempo, ou
seja, o que e quando ensinar um conteúdo de minibasquete ou basquete. Os conteúdos são todas as
experiências de aprendizagem que são necessárias para atingir os objetivos pedagógicos propostos.
Treinadores(as) devem ter atenção a alguns parâmetros para seleção e organização de conteúdos
para o ensino do minibasquete:

1. Definir o objetivo geral de aprendizagem em cada etapa/categoria, considerando as


características dos(as) praticantes – no caso, do Mini 1 e Mini 2;

2. Tipo de competição ou evento esportivo festivo em que a equipe deve participar ou não;

3. O estilo de jogo que se propõe para cada fase do processo e que inclui uma análise desde
o ponto de vista (i) espacial, (ii) em função do ritmo de jogo, (iii) do grau de liberdade, (iv)
do grau de especialização de função e posição e das (v) ações tático-técnicas prioritárias
na etapa.

As características gerais do Minibasquete 1 e Minibasquete 2 para o nível I da ENTB estão


apresentadas no Quadro 4.

Quadro 4: Objetivos, tipo de competição e estilo de jogo nas etapas 1 e 2 do minibasquete.


PARÂMETROS MINI 1 (± 6-8 anos) MINI 2 (± 9-11anos)

Potencializar o desenvolvimento da Ampliar as experiências relacionadas


capacidade individual de jogo em com a posse de bola, potencializando
OBJETIVOS GERAIS situações de oposição simples (1x1), e situações de 1x1 e iniciar o conceito de
a relação do jogador com a bola, com cooperação mútua, através do jogo
o alvo e com seu adversário. coletivo básico (3x3).

3x3, adaptações para as capacidades


3x3, adaptações para as capacidades
CARACTERÍSTICAS DA físicas das crianças. Promover o
físicas das crianças. Promover a
COMPETIÇÃO entendimento da lógica de competição e
socialização.
respeito a árbitros(as) e praticantes.

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ESPACIAL

Jogo com profundidade e


aproximação à cesta com três espaços Jogo com profundidade e aproximação
externos e um interno que pode ser à cesta com três espaços externos e um
ocupado por qualquer jogador(a) interno que pode ser ocupado por um
transitoriamente. jogador sem bola se desmarcando.

Jogo posicionado para obter vantagem


ESTILO numérica ou espaço-temporal: buscar
DE Jogo posicionado para obter vantagem
superar o adversário. As crianças
JOGO numérica ou espaço-temporal: buscar o
devem compreender a lógica do jogo,
RITMO DE corte sem bola. As crianças devem
como a mudança rápida de fases do
JOGO compreender a lógica do jogo, buscando
jogo, trocando os papéis de defesa e
formas mais objetivas de se chegar à
ataque rapidamente para surpreender
cesta.
os adversários e aumentar as chances
de sucesso ofensivo.

Máxima liberdade de ação. Os (as) Máxima liberdade de ação. Os(as)


jogadores(as) necessitam explorar e jogadores(as) necessitam explorar e
LIBERDADE experimentar diferentes situações e experimentar diferentes situações e
desafios causados pela desafios causados pela
imprevisibilidade do jogo. imprevisibilidade do jogo.

ESPECIALI- Sem especialização de posições e Sem especialização de posições e


ZAÇÃO diversificação de funções. diversificação de funções.

Vale destacar que os objetivos devem ser estabelecidos de forma progressiva ao longo do
processo de ensino-vivência do basquete, mas de forma não-linear, de acordo com as características
e necessidades dos praticantes de um contexto específico. Geralmente, o processo de organização
do ensino do basquete e as competições são estabelecidos a partir de categorias por idade, mas o
desenvolvimento e a aprendizagem são complexos e não lineares entre os praticantes de uma
mesma categoria. Desta forma, se o ritmo de desenvolvimento e aprendizagem se difere entre os(as)
praticantes, treinadores(as) devem estar atentos(as) para organizar conteúdos e estabelecer
objetivos específicos para os praticantes de uma mesma equipe. Isso significa que alguns
praticantes de uma equipe podem permanecer centrados no desenvolvimento de conteúdos de uma
etapa durante um ano, enquanto outros podem necessitar prolongar ou avançar.

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Devido a essas características, altos níveis de proficiência na modalidade somente são
atingidos após anos de prática. Na tentativa de acelerar esse processo muitos treinadores(as)
especializam crianças e jovens atletas precocemente no basquete, ou em posições e funções da
modalidade, reduzindo a quantidade de variáveis com que o atleta precisa lidar. Nesse cenário, a
simplificação do processo com decisões como limitar um(a) atleta a uma função específica, ou a
tentativa de ensinar respostas prontas, pode impedir o comportamento criativo e comprometer a
tomada de decisão - tanto quanto o prazer em brincar de basquete. Ao contrário disso, nas primeiras
idades, é preciso adaptar o jogo e suas regras para facilitar que crianças consigam interagir e
aprender com mais calma os elementos do jogo. E é preciso que crianças e adolescentes joguem
em diferentes posições, facilitando a formação dos(as) tão desejados atletas versáteis - ao longo
dos anos!

Dito isso, vamos conhecer as especificidades da etapa de iniciação do nível I da ENTB: o


Minibasquete 1 e 2.

Especificidades do Minibasquete 1 (crianças de ± 6 a 8 anos)

Necessidades gerais das crianças nessa etapa

• Durante um tempo as crianças devem satisfazer suas necessidades egocêntricas


relacionadas com a posse de bola, sem que tenham a obrigação de compartilhá-la. Ir contra
a própria natureza da criança não ajudará no processo de socialização, pelo contrário, pode
representar uma causa importante para provocar frustrações e abandonos;

• Conseguir o objetivo principal do jogo: fazer a cesta, razão pela qual a posse da bola faz
com que se sintam protagonistas do jogo e o ajuda a melhorar sua autoestima.

• Em consonância com o “Modelo de desenvolvimento esportivo” do Comitê Olímpico


Brasileiro (COB) lançado em 2022, consideramos o Mini 1 dentro da fase de Brincar e
Aprender, visto que é a primeira etapa na qual há a introdução do processo sistematizado
de treino (ou aula). Entretanto, ainda encontraremos traços da fase de Experimentar e

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Brincar, principalmente com as crianças mais novas. Assim, temos que ter atenção às
características e necessidades das crianças quanto ao seu desenvolvimentos físico,
psicológico e social no minibasquete 1. A partir das sugestões do COB (2022) destacamos:

▪ Desenvolvimento físico: Nessa etapa as crianças passam por aumentos


lentos e regulares na altura e na massa corporal, como também há o
amadurecimento dos sistemas ósseo, muscular e cardiorespiratório. É um
período que antecede o estirão de crescimento da pré-puberdade, em que
meninos e meninas são similares nos padrões de crescimento. Além disso,
quando bem estimuladas pelo ambiente, elas conseguem aprender
habilidades esportivas com mais rapidez pela maior organização dos
sistemas sensorial e motor. Os avanços são percebidos na melhora da
coordenação motora e das habilidades esportivas, sendo que a variação de
estímulos é fundamental para ampliar a base de desenvolvimento que poderá
ser transferida a outras modalidades esportivas ao longo das etapas do
desenvolvimento esportivo.

▪ Desenvolvimento psicológico: As crianças desenvolvem funções


cognitivas que possibilitam a expressão de suas vontades, devido ao
desenvolvimento da linguagem, acompanhada de uma maior autonomia.
Também iniciam com uma percepção muito concreta do ambiente e
evoluem gradativamente para um pensamento mais abstrato, desenvolvendo
a habilidade de compreender melhor as próprias emoções e as dos outros, de
forma que aumente a complexidade de relacionamentos com pares e pessoas
adultas. Em contrapartida, desde o início da etapa, as crianças têm uma
propensão muito grande à imaginação, que é uma precursora da criatividade.
São curiosas, mas apresentam atenção difusa, não sustentam atenção
concentrada por muito tempo e, por isso, não prestam atenção a explicações
demoradas, distraindo-se facilmente em longas filas de espera para um
exercício. É comum que, ao final da etapa, elas estejam mais
autoconscientes, devido ao desenvolvimento intelectual, o que favorece a

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tomada de consciência e a racionalização sobre suas vivências. Ademais,
constroem habilidades socioemocionais importantes ao entendimento de si,
como autoconceito e autoestima, em que a qualidade das relações sociais e
as experiências pessoais de sucesso e fracasso são fatores mediadores.

▪ Desenvolvimento social: No início as crianças apresentam características


egocêntricas em relação ao seu desenvolvimento social e demonstram
dificuldade em compreender o espaço e o papel do outro, evidenciando
limitações para cooperar em jogos e dificuldade em lidar com derrotas. Por
outro lado, começam a compreender, pouco a pouco, mais capazes de
realizar ações coletivas em busca de um objetivo comum em uma
brincadeira ou jogo. Compreendem melhor regras e desenvolvem
julgamento moral. Tornam-se mais independentes e começam a desenvolver
competências socioemocionais relacionadas a valores e atitudes, como
confiança e respeito aos colegas e às regras. Para isso, a prática esportiva
oferece oportunidades únicas de desenvolvimento ético e moral. Conforme
se desenvolvem, as crianças conseguem lidar com situações novas e cada
vez mais complexas, começam a se interessar mais pela própria
aprendizagem e desejam assumir mais responsabilidades.

Objetivo tático-técnico geral

Potencializar o desenvolvimento da capacidade individual de jogo em situações de oposição


simples (1x1), e a relação da criança com a bola, com o alvo e com um(a) adversário(a). É preciso
suprir, por um tempo, as necessidades egocêntricas de praticantes em relação à posse de bola, sem
ter que compartilhar essa posse com companheiros(as). Nesta etapa o foco está principalmente em
fazer com que as crianças se desmarquem e superem um(a) adversário(a) direto, sem ajudas
externas (por exemplo, corta-luz), buscando a cesta com finalizações mais simples. Nesse sentido,
o primeiro conceito importante a ser desenvolvido é o “jogo de desajustes” (MARICONE et al.,
2016), que vamos chamar de “jogo de vantagens”. A partir desse conceito, as crianças devem ser
estimuladas a perceber as possíveis vantagens físicas, estratégicas ou tático-técnicas individuais

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que podem obter diante de seu(sua) adversário(a) direto, como uma vantagem em relação à altura,
velocidade, agilidade ou habilidade.

Características das competições

Os eventos esportivos com jogos amistosos, festivais ou mesmo competições podem ser
recomendados para todas as idades, inclusive no Mini 1. No entanto, é preciso observar se o modelo
de evento escolhido favorece que todas as crianças participem e com um equilíbrio que favoreça
aprendizado.

Se a opção for competições, são necessárias adaptações para favorecer o direito de todas as
crianças aprenderem com esse momento, sendo propostas algumas adaptações descritas na Tabela
1.

Tabela 1: Características das competições ou festivais no Minibasquete 1.

Modalidade de jogo 3x3


Estrutura do tempo de jogo 6 períodos de 6 minutos
Espaço de jogo Meia-quadra longitudinal

Tempo real de jogo Relógio corrido

Parcialmente livre: jogar sem restrição de tempo até


caracterização persistente do "jogo passivo", ou seja,
não tentar atacar a cesta. A critério do(a) oficial de
Tempo de posse de bola no ataque
arbitragem e a partir da sinalização de jogo passivo,
a equipe no ataque terá 15 segundos para tentar
finalizar à cesta
Quantidade de quartos jogados por jogador(a) Mínimo 2, máximo 3
Placar Sem placar
Altura do aro 1,80 metros

Tamanho da bola N° 3 ou 5.8

Lances livres Não


Arremessos de três Não

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Regras específicas Acordadas entre treinadores(as)

Defesa Individual com ajuda dentro do garrafão

Bola presa Pulo bola

Cobrança direta pelas crianças, sem passar a bola


Lateral
pela arbitragem

Arbitragem Um(a) árbitro(a), sem oficiais de mesa

PENSANDO NA PRÁTICA
Se não for possível obter uma cesta com o aro a 1,80 metros de altura do chão, tente adaptar ou
construir uma com seus alunos e alunas. Há exemplos na internet de cestas feitas com aros de arame
encapado com “macarrão de piscina”, bambolês e paletes (exemplo abaixo), entre outras
possibilidades. Além de as crianças desenvolverem um trabalho coletivo, podem aprender mais
sobre o basquete e as suas especificidades.

Fonte: https://www.atibaia.sp.gov.br/

Estilo de jogo

Do ponto de vista espacial

Promover o jogo com sentido de profundidade com o intuito de cumprir com o princípio de
criação de perigo iminente, incentivando jogadores(as) a buscarem soluções para os problemas
enfrentados. Isso estimula um jogo mais agressivo, buscando infiltrações para se aproximar do alvo
e pontuar de maneiras mais simples. A busca pelo alvo é constante.

Além disso, é imprescindível que haja a compreensão e ocupação dos espaços exteriores e
interiores, aqui entendidos como sendo os foras e dentro do garrafão. O foco está em criar espaços
para infiltrações e desmarques em direção à cesta. Os espaços internos devem ser ocupados pelas

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crianças que estão se deslocando enquanto driblam a bola ou deslocamentos esporádicos de
jogadores(as) sem a bola, visando se desmarcarem, mas sempre com caráter transitório e de forma
dinâmica. Isso para incentivar o jogo livre, sem posições, fazendo com que todos os(as) praticantes
vivenciem diversas situações de oposição, em diferentes locais da quadra e realizem funções
diferentes no decorrer do jogo. Além disso, o espaçamento é importante para facilitar as ações
isoladas de 1x1.

Ritmo de jogo

Uma das primeiras coisas que praticantes no Mini 1 devem ser introduzidos refere-se à
rápida troca de papéis entre defesa e ataque, de maneira que surpreenda adversários(as) para uma
cesta rápida ou para a recomposição defensiva. É fundamental que entendam a lógica do jogo e,
consequentemente, qual é o meio mais fácil de se pontuar, atacando rápido o suficiente para impedir
a recomposição do bloco defensivo adversário. Desta forma as crianças podem encontrar situações
de vantagem no ataque, como numérica (1x0, 2x1), ou espaço-temporal (estar mais próximo a cesta
para finalizar), assim diminuindo a dificuldade da ação.

Grau de liberdade

Todas as crianças deverão ter máxima liberdade para jogar e tomarem suas próprias
decisões baseadas em suas experiências com o próprio jogo. Limitar as possibilidades de ação nessa
etapa fará com que os jogadores(as) limitem suas experiências àquilo que o(a) treinador(a) o
limitou a vivenciar na iniciação.

Grau de especialização

Os praticantes do Mini 1 não possuem uma posição específica a exercer


permanentemente durante a partida, isso porque nessa fase buscamos a diversificação de estímulos

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e funções exercidas durante o jogo para uma maior vivência da modalidade, que ajudará as crianças
nos aspectos estratégico-tático-técnicos do basquete.

Conteúdos estratégico-tático-técnicos no Minibasquete 1

Conteúdos de ataque do Minibasquete 1

Os conteúdos estratégicos, táticos e técnicos que devem ser priorizados no Minibasquete 1


devem traduzir os objetivos, características e estilo de jogo desta etapa. No ataque priorizamos o
ensino do sistema estratégico de 3 abertos e as condutas táticas de progredir à cesta, a partir da
busca por espaços vazios para a progressão à cesta e romper linhas defensivas, assim como finalizar
à cesta, explorando diferentes formas de finalizações. A conduta de manter a posse de bola acontece
de forma individual, considerando necessidades das crianças nesta etapa, já descritas
anteriormente. A Figura 4 mostra os conteúdos estratégico e táticos de ataque que devem ser
priorizados no Mini 1.

Figura 4: Conteúdos estratégicos e táticos de ataque priorizados no Minibasquete 1.

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As técnicas a serem priorizadas também devem traduzir os conteúdos estratégico e táticos
determinados para esta etapa. Por exemplo, a conduta tática de manter a posse bola acontece de
forma mais individualizada no Mini 1, por isso, a técnica priorizada será o drible. Isso não significa
que não acontecerão passes e recepções, mas sim que essas técnicas não serão foco central de
atenção no processo de ensino nesta etapa. Isso porque o objetivo principal do Mini 1 é desenvolver
a capacidade individual de jogo em situações de oposição simples: relação eu-bola, eu-bola-alvo e
eu-bola-adversário (GARGANTA, 1995).

Para apresentar todos os conteúdos técnicos atrelados aos conteúdos estratégico e táticos
de ataque do Mini 1, apresentamos a Figura 5. Nas colunas encontram-se os conteúdos estratégico
(sistema de ataque) e táticos, traduzidos em princípios balizadores e particulares. Estes, por sua
vez, influenciam nas técnicas. As técnicas podem ser executadas pelo(a) jogador(a) com a posse
da bola ou sem a posse da bola, sendo representado nas linhas. Portanto, uma técnica pode pertencer
ao mesmo tempo a uma ou mais colunas, dependendo da intenção tática do(a) jogador(a).

Figura 5: Mapa conceitual dos conteúdos estratégico-tático-técnicos ofensivos do Minibasquete 1.

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Fonte: Os(as) autores(as).

Glossário dos conteúdos de ataque do Minibasquete 1

Apresentados os conteúdos estratégico-tático-técnicos de ataque a serem priorizados na


etapa do Mini 1, descrevemos abaixo o glossário no Quadro 5, com a definição de cada um deles.
Vale ressaltar que, muitas vezes, os termos podem ser conhecidos por outros nomes, devido a
regionalidade ou ao vocabulário prático que cada treinador(a) possui.

Quadro 5: Glossário dos conteúdos estratégico-tático-técnicos de ataque enfatizados no Minibasquete 1.

Conteúdo Descrição
É o sistema ofensivo caracterizado pelos jogadores(as) ocuparem apenas os espaços externos,
normalmente fora da linha de três pontos, com um bom espaçamento, fazendo com que os espaços
3 Abertos internos estejam livres para serem ocupados pelo(a) portador(a) da bola durante uma infiltração.
Devido aos parâmetros propostos para os jogos do Mini 1, utilizamos apenas três jogadores(as) para
a realização desse sistema.

É o princípio balizador caracterizado pelo avanço ou progressão de um(a) ou mais jogadores(as) até
Progredir à cesta
o(s) alvo(s) adversário.

Manter a posse de É o princípio balizador caracterizado pela manutenção ou conservação da posse de bola pelos(as)
bola jogadores(as), mantendo-a sob controle da equipe, evitando a recuperação pela equipe adversária.

É o princípio balizador caracterizado pela finalização aos alvos do jogo, normalmente a cesta,
Finalizar à cesta
exclusivamente pelo(a) JCB.

Buscar espaços
Refere-se ao princípio dos(as) JCB e JSB buscarem ultrapassar o(a) seu(sua) adversário(a) direto(a)
para a progressão à
e ganhar vantagem espaço-temporal em direção à cesta
cesta

Romper linhas Refere-se ao princípio dos(as) JCB e JSB buscarem a progressão da bola por entre as linhas
defensivas defensivas, exteriores ou interiores.

Realizar Refere-se ao princípio do(a) JCB efetuar tentativas de finalização ao alvo, independentemente da
finalizações técnica utilizada ou da distância até o alvo.

Ocorre quando o(a) JSB recebe a bola e realiza uma postura com os joelhos semiflexionados,
Tríplice ameaça glúteos e core ativos com a bola na altura da cintura, permitindo a possibilidade de três decisões
diferentes, podendo ser arremesso, drible ou passe.

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Ação realizada pelo(a) JCB. Refere-se à primeira passada, a partir do drible, que o(a) jogador(a)
Saídas
realiza para sair de uma posição de inércia e começar a se locomover pela quadra.

Saída realizada com a mesma perna da mão que controla a bola. Essa saída é mais utilizada para se
Aberta ganhar espaço lateral e avançar sobre o(a) defensor(a). O drible deverá ser realizado antes que se tire
o pé de pivô do chão, caso contrário será uma violação de andada.

Saída realizada com a perna oposta da mão que controla a bola. Essa saída é mais utilizada para se
proteger a bola, colocando o corpo entre a bola e o(a) defensor(a), evitando que o(a) adversário(a) a
Cruzada
roube, como também avançar sobre o(a) defensor(a). O drible deverá ser realizado antes que se tire o
pé de pivô do chão, caso contrário será uma violação de andada.

Drible estacionário Refere-se à técnica de driblar a bola de maneira estática, sem movimento.

Drible com Caracteriza-se por driblar a bola com velocidade e força, tanto com a mão dominante quanto com a
velocidade não-dominante.
Troca de mãos pela
frente do corpo Caracteriza-se pela mudança rápida de bola nas mãos do(a) JCB, trocando-a em frente ao corpo.
“Crossover”

Caracteriza-se pela ação de esconder a bola do(a) adversário(a), de modo que o(a) defensor(a) não
Proteção de bola tenha a chance de roubá-la. O corpo deve permanecer entre a bola e o marcador(a) e a mão livre
deve ser utilizada para impedir a aproximação do(a) defensor(a).

Drible dinâmico Refere-se à técnica de driblar a bola de maneira dinâmica, em movimento.

Caracterizado pelo(a) JCB realizar o drible à frente de seu tronco, empurrando a bola para frente,
Drible de avanço com finalidade de deslocar-se com velocidade pela quadra, já que não se encontra nenhum(a)
defensor(a) a sua frente (face-to-face).

Caracteriza-se pela rápida mudança de velocidade que o(a) JCB realiza para criar uma vantagem
Hesitação (Parar e espaço-temporal sobre o(a) jogador(a) adversário(a) e facilitar a infiltração ou finalização. O
ir) movimento ocorre de uma velocidade normal/rápida para uma velocidade baixa ou parada e logo em
sequência para uma velocidade rápida, podendo mudar de direção ou não.

Troca de mãos pela Caracteriza-se pela mudança rápida de bola nas mãos do(a) JCB, trocando-a em frente ao corpo,
frente do corpo para desvencilhar-se do(a) marcador(a) durante o movimento. Importante que exista a transposição
“Crossover” do(a) adversário(a) para progressão ao alvo.

Arremesso Refere-se ao(à) JCB realizar um movimento de arremesso da bola em direção a cesta.

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Ação realizada pelo(a) JCB. Este lançamento tem uma primeira fase de impulso (salto) para cima,
até que o corpo alcance o ponto culminante do lançamento, a mecânica de arremesso não se realiza.
Arremesso em
A bola deve ser arremessada assim que o ponto culminante for alcançado. A força útil para a
suspensão
elevação e a posterior liberação da bola vem das pernas; os braços regulam a força e guiam a
trajetória.
Ação realizada pelo(a) JCB. Após receber um passe de algum companheiro(a) o(a) JCB, sem drible,
Arremesso após já se posiciona e efetua um arremesso em direção a cesta. Como não há drible nesse tipo de
recepção arremesso, normalmente há alguma ação prévia que pode deixar o(a) jogador(a) livre, como um
desmarque.

Ação realizada pelo(a) JCB. Esse arremesso se inicia a partir do drible do(a) JCB, sendo de fintas ou
Arremesso após o
não. O(A) JCB deve conseguir posicionar seu corpo e se equilibrar para realizar um lançamento
drible
eficiente após uma fase de movimento.

É um arremesso em suspensão realizado em deslocamento, em que o(a) jogador(a) realiza um ou


Bandeja dois passos em direção à cesta antes de lançar a bola ao aro. Pode ser feita com ou sem mudança de
direção e/ou ritmo.

O passo zero se caracteriza pelo pé de apoio no momento em que um(a) jogador(a) recebe a bola
enquanto está em movimento, ou após completar um drible. A partir disso, é permitido dar dois
passos e lançar a bola à cesta em movimento de bandeja. Pode ser feito de diferentes maneiras,
como em progressão linear, mudando de direção, com o primeiro ou o último passo com os dois pés
Com passo zero juntos. Entretanto, não é permitido utilizar o mesmo pé de apoio em sequência. Por exemplo, passo
zero com o pé esquerdo, passo 1 com o pé direito e passo 2 com o direito novamente (ou qualquer
outra combinação).
Devido a implementação dessa regra em 2018, as crianças já deverão aprender que essa ação é legal
e pode ser utilizada, e não como uma exceção.

Refere-se a uma ação do(a) JCB para enganar o(a) seu(sua) adversário(a) direto(a), fingindo
Fintas
executar uma ação, para poder ganhar vantagem espaço-temporal quando for executar outra.

Caracteriza-se pela falsa tentativa de arremesso, a partir da tríplice ameaça, realizada pelo(a) JCB,
Finta de arremesso para induzir que o(a) marcador(a) tente impedir a finalização, o que pode facilitar a infiltração ou o
passe.

Caracteriza-se por uma passada em falso para um lado, com a mesma perna e mostrando a bola para
Finta de drible (Jab) o(a) defensor(a), a partir da tríplice ameaça, realizada pelo(a) JCB, para induzir que o(a)
- Aberta marcador(a) tente impedir a passagem do(a) jogador(a), o que pode facilitar o arremesso, drible ou o
passe.
Caracteriza-se por uma passada em falso para um lado com a perna oposta, escondendo a bola do(a)
Finta de drible (Jab) defensor(a) com o corpo, a partir da tríplice ameaça, realizada pelo(a) JCB, para induzir que o(a)
- Cruzada marcador(a) tente impedir a passagem do(a) jogador(a), o que pode facilitar o arremesso, drible ou o
passe.

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Caracteriza-se pela falsa tentativa de passar a bola, realizada pelo(a) JCB, para induzir que o(a)
Finta de passe marcador(a) tente impedir a linha de passe do(a) jogador(a), o que pode facilitar o arremesso ou a
infiltração.

Refere-se à compreensão individual sobre as vantagens físicas, estratégicas e tático-técnicas sobre


Jogo de Vantagens os(as) adversários(as). As vantagens surgem a partir das próprias ações individuais, como as fintas,
dribles e infiltrações.

Disputar Rebote Refere-se ao(à) JSB disputar a posse de bola após a tentativa de finalização ao alvo de algum(a)
Ofensivo companheiro(a) de equipe.

Diz respeito aos(às) JSB que se situam na área restrita. Referentes aos deslocamentos feitos com
Perto do alvo maior intuito de afastar os(as) defensores da cesta e/ou sair de bloqueios de defensores(as), tentando
manter a posse de bola com o ataque.

Diz respeito aos(às) JSB que se situam fora da área restrita. Se relaciona com o balanço defensivo e
Longe do alvo com a função de cada jogador(a) após a finalização. O(A) jogador(a) pode se deslocar com maior
intuito de se aproximar do alvo, buscando vantagem espaço-temporal para conseguirem o rebote.

Conteúdos de defesa do Minibasquete 1

Vimos até então os conteúdos de ataque do Minibasquete 1. Agora apresentaremos e


discutiremos os conteúdos defensivos dessa mesma etapa. No minibasquete em geral a ênfase está
no ataque, visto que o principal e mais motivador objetivo do jogo é de se fazer cestas: com isso
poucos conteúdos defensivos são priorizados, apenas os essenciais para que exista oposição
simples no jogo.

Na defesa priorizamos o ensino do sistema estratégico individual simples e as condutas


táticas de recuperar a posse de bola, impedir a progressão adversária cesta e proteger a cesta e as
zonas mais vulneráveis. A Figura 6 mostra os conteúdos estratégico e táticos de defesa que devem
ser priorizados no Mini 1.

Figura 6: Conteúdos estratégicos e táticos de defesa priorizados no Minibasquete 1.

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Os conteúdos técnicos atrelados aos conteúdos estratégico e táticos de defesa do Mini 1
estão apresentados na Figura 7. Nas colunas encontram-se os conteúdos estratégicos (sistema de
defesa) e táticos, traduzidos em princípios balizadores e particulares. Estes, por sua vez,
influenciam nas técnicas. As técnicas podem ser executadas pelo(a) defensor(a) do(a) jogador(a)
com a posse da bola ou sem a posse da bola, sendo representado nas linhas. Portanto, cada técnica
pode pertencer ao mesmo tempo a uma ou mais colunas, dependendo da intenção tática do(a)
jogador(a).

Figura 7: Mapa conceitual dos conteúdos estratégico-tático-técnicos defensivos do Minibasquete 1.

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Fonte: Os(as) autores(as).

Glossário dos conteúdos de defesa do Minibasquete 1

Apresentados os conteúdos estratégico-tático-técnicos de defesa a serem priorizados na


etapa do Mini 1, descrevemos abaixo o glossário no Quadro 6, com a definição de cada um deles.

Quadro 6: Glossário dos conteúdos estratégico-tático-técnicos de defesa enfatizados no Minibasquete 1.

Conteúdo Descrição

Consiste na defesa dos(as) jogadores(as) de maneira individual, ou seja, cada jogador(a) defende
Individual simples um(a) adversário(a) direto(a), sendo responsável, principalmente, por tentar impedir que esse(a)
jogador(a) pontue durante a partida.

É o princípio balizador caracterizado por dificultar ou até mesmo inibir a progressão de um(a) ou
Impedir a
mais jogadores(as) até o(s) alvo(s) da equipe. É realizado por todos(as) participantes do jogo durante
progressão ao alvo
as fases de defesa e transição defensiva.

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É o princípio balizador caracterizado pela tentativa de recuperação da posse de bola pelos(as)
Recuperar a posse
jogadores(as), podendo ser através de erros forçados, não forçados e violações cometidas pela equipe
de bola
adversária, mas também através de rebotes defensivos e disputas de bola presa.
Proteger o alvo e as
É o princípio balizador caracterizado pela tentativa de atrapalhar a finalização dos(as)
zonas mais
adversários(as) aos alvos do jogo, normalmente a cesta, exclusivamente pelo(a) JCB.
vulneráveis

Aproximação do(a) defensor(a) ao(à) atacante, possuindo ou não o controle da bola. Após isso, a
Aproximar e
abordagem seria, em posição básica de defesa, interceptar linhas de passe ou pressionar o(a)
Abordar
portador(a) da bola, com o intuito de dificultar a progressão e tentar retomar a posse de bola.

Induzir para zonas Ocorre quando os(as) jogadores(as) influenciam os(as) do ataque para zonas que possuem uma
de menor risco menor chance de conversão de arremessos.

Postura Defensiva Posição em que os(as) defensores(as) deverão se manter durante essa fase do jogo.

Ação realizada pelos(as) DJCB e DJSB. Consiste em manter as pernas ligeiramente afastadas,
Básica joelhos semiflexionados, tronco levemente inclinado para a frente, cabeça erguida e os braços devem
estar ativos para impedir alguma ação do(a) atacante.

Contestar Refere-se a ação de dificultar ou impedir a realização de um arremesso eficiente do(a) atacante,
Finalização diminuindo sua eficácia.

Ação realizada pelo(a) DJCB. Defensor(a) contesta o arremesso nas zonas internas da quadra,
Interna devendo erguer os braços de maneira que fique dentro de seu "cilindro imaginário", evitando invadir
o espaço do(a) atacante, causando uma falta.

Ação realizada pelo(a) DJCB. Defensor(a) contesta o arremesso nas zonas externas da quadra,
Externa possuindo mais liberdade para contestar o arremesso, podendo realizar diversos movimentos para
atrapalhar a execução adversária, somente evitando tocá-lo(a), causando uma falta.

Manter-se Entre o A partir da posição básica de defesa, temos a posição que, no geral, é melhor para defender um(a)
Adversário e o Alvo adversário(a), se mantendo entre ele(a) e o alvo, com o intuito de contestar e dificultar a finalização.

Ação realizada pelo(a) DJCB e DJSB. Depende do posicionamento do corpo em relação ao(à)
De frente
seu(sua) adversário(a) direto(a), se mantendo de frente.

Ação realizada pelo(a) DJCB e DJSB. Depende do posicionamento do corpo em relação ao(à)
De costas
seu(sua) adversário(a) direto(a), se mantendo de costas.

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Ação realizada pelo(a) DJCB e DJSB. Depende do posicionamento do corpo em relação ao(à)
De lado
seu(sua) adversário(a) direto(a), se mantendo de lado.

Deslocamento na Ação individual que é orientada por ações grupais. Função de acompanhar o(a) adversário(a) que
Posição de Defesa está marcando e impedir sua progressão ao alvo.

Ação realizada pelo(a) DJCB e DJSB. Referentes aos movimentos feitos no eixo longitudinal da
Vertical
quadra (de uma linha de fundo à outra).

Ação realizada pelo(a) DJCB E DJSB. Referentes aos movimentos feitos no eixo transversal da
Horizontal
quadra (de uma linha lateral à outra).

Ação realizada pelo(a) DJCB E DJSB. Referentes aos movimentos feitos em direção diagonal em
Diagonal
relação às dimensões da quadra (de uma zona morta à outra oposta).

Ação individual que é orientada por ações grupais. Consiste na disputa de dois ou mais jogadores(as)
Disputar Posição
por uma posição que lhe conceda alguma vantagem para realização de seu respectivo objetivo.

Ação realizada pelo(a) DJCB E DJSB. Referentes ao posicionamento do corpo em relação ao(à)
De frente
seu(sua) adversário(a), nesse caso a disputa ocorre de frente.

Ação realizada pelo(a) DJCB E DJSB. Referentes ao posicionamento do corpo em relação ao(à)
De costas
seu(sua) adversário(a), nesse caso a disputa ocorre de costas.

Ação realizada pelo(a) DJCB E DJSB. Referentes ao posicionamento do corpo em relação ao(à)
De lado
seu(sua) adversário(a), nesse caso a disputa ocorre de lado.

Inicia-se quando a bola deixa a mão do(a) jogador(a) que arremessou. Os(As) defensores(as) devem
Disputar Rebote
se posicionar favoravelmente em relação a cesta, bloqueando e/ou afastando os(as) adversários(as)
Defensivo
da cesta, facilitando o rebote da equipe.

Ação realizada pelo(a) DJCB e DJSB. Referentes aos deslocamentos feitos com maior intuito de
Perto do alvo
afastar os(as) atacantes da cesta, aumentando a chance de um rebote acabar com a defesa.

Ação realizada pelo(a) DJCB E DJSB. Referentes aos deslocamentos feitos com maior intuito de
Longe do alvo bloquear os(as) atacantes, impedindo que eles(elas) cheguem próximo a cesta, aumentando a chance
de um rebote acabar com a defesa.

Recomposição Recomposição do bloco defensivo realizada pelo(a) defensor(a) após sofrer uma ultrapassagem,
Defensiva sendo ela feita a partir de drible, movimentação ou erro de posicionamento.

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Ação realizada pelo(a) DJCB. Após ultrapassagem, correr para tentar chegar antes do(a) atacante à
Correr para recuperar
cesta, evitando uma finalização fácil.

Organizando uma sessão de aula/treino do Minibasquete 1


Até aqui falamos da importância de ensinar os conteúdos do Minibasquete sempre
vinculando os aspectos estratégicos, táticos e técnicos e toda a literatura já apresentada ao longo
deste e-book sustenta as proposições desse tópico. Deve-se valorizar a infância e priorizar
desenvolvimento integral, lembrando dos referenciais socioeducativos e histórico-culturais.
Elencamos algumas premissas que poderão auxiliar na organização das sessões de aulas/treinos
considerando todos esses fatores:
1. O mini 1 existe para adaptar o jogo de basquete para crianças pequenas, e não para que
crianças pequenas consigam jogar basquete. SEMPRE se lembre que a simplicidade em
proporcionar diversão, prazer, brincar e jogar são fundamentais!
2. Planeje o objetivo estratégico-tático-técnico da sessão, somado ao socioeducativo e/ou o
histórico-cultural – certamente poderá haver mais de um objetivo na sessão, desde que haja
coerência, mas é importante que a sessão seja suscinta, a fim de facilitar a aprendizagem
das crianças, afinal, não é possível trabalhar todos os conteúdos numa única sessão, tão
pouco esperar que as crianças os aprendam;
o É importante que o planejamento dos aspectos socioeducativos e histórico-culturais
sejam também explícitos. Planejar de forma explícita significa promover de forma
intencional a aprendizagem, por meio de ações sistematizadas. Para isso,
treinadores/as e professores/as devem: a) desenvolver atividades e jogos que
integrem os aspectos socioeducativos e histórico-culturais aos estratégico-tático-
técnicos; b) planejar momentos de conversas e discussões sobre os aspectos
socioeducativos e histórico-culturais; c) estimular e facilitar a transferências desses
aprendizados em outros contextos (veja os exemplos de sessões de aula/treino);
• Respeite as referências estruturais e funcionais, incluindo-as na maioria das brincadeiras e
jogos e atividades da aula/treino;

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• Se a aprendizagem não é linear, planeje diferentes níveis de complexidade e dificuldade
nas atividades e jogos, desde que tenham coerência com o nível de jogo das crianças. Para
isso, vale explorar as referências estruturais e funcionais:
Referências estruturais:
o Explore os espaços de jogo: propor atividades na metade da quadra, em zonas
específicas, iniciar o jogo em reposições no fundo ou nas laterais da quadra, etc;
o Considere igualdade e desigualdade no número de companheiros/as e
adversários/as;
o Considere vantagem física: por exemplo 1x1, tendo uma criança mais veloz contra
uma mais alta (cada uma terá um tipo de vantagem);
o Considere vantagem espaço-temporal: por exemplo, 1 ou 2 defensores/as podem
estar “atrasados/as” em relação (nas costas ou ao lado do/a portador/a da bola);
o Gerencie regras: diversificar o tamanho, peso ou formato da bola, diversificar o tipo
de alvo, limitar o número de dribles por posse de bola, etc.
o Explore materiais diversos, como bolas de diferentes pesos e tamanhos, e permita
que as crianças brinquem com esses materiais nos espaços de jogo oficiais e
adaptados
Referências funcionais:
o Considere as diferentes fases do jogo (transição ofensiva, ataque posicionado,
transição defensiva e defesa posicionada): pensar em situações de treino que
proporcionem o desenvolvimento em todas estas fases, considerando os objetivos
no Mini 1;
o Para promover o engajamento da criança no Minibasquete e por ser uma modalidade
de precisão para acertar o alvo, fazer cesta todas as aulas/treinos importa! Por isso,
a finalização deve estar presente em todas as sessões (para relembrar os tipos de
finalizações a serem desenvolvido no Mini 1, retome o glossário do Quadro 4).
Contudo, não se deve perder de vista os demais objetivos e, desta forma, a
finalização pode estar presente de diferentes formas nas atividades e jogos.

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• Planeje cada parte de sua aula/treino. A considerar que o tempo de aula/treino apropriado
às crianças até 8 anos é de 30 a 60 minutos (DiFiori et al., 2018), sugerimos o planejamento
conforme a figura X, que certamente poderá ser adaptado à sua realidade:

Figura X: Planejamento do tempo dedicado à cada parte da sessão de aula/treino no Minibasquete 1.

• Planeje jogos e atividades que envolvam todas as crianças ativamente, evitando a formação
de filas e tempo ocioso de espera – uma dica simples: se as crianças passam mais tempo
esperando do que treinado, algo precisa mudar na organização do seu treino/aula;
• Planeje os pontos-chave de aprendizagem (coaching points) de cada atividade/jogo. Os
pontos-chaves representam os principais aspectos a serem observados para que o/a
treinador/a foque sua intervenção. Em uma atividade/jogo, muitas ações podem acontecer,
por isso, é importante que a intervenção seja OBJETIVA.

DICA DE LEITURA
O planejamento de pontos-chave vem sendo indicado nos manuais internacionais de
desenvolvimento de treinadoras/es em diferentes esportes e países e começa a se solidificar no
Brasil. Dentre os documentos em português que exploram esse tema, recomendamos o material

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da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, que você pode acessar GRATUITAMENTE em:
https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/book/153

• Se possível, reserve alguns minutos antes e/ou depois da aula/treino para deixar o espaço
livre para as crianças brincarem e se organizarem de forma espontânea. Como comentado
na introdução deste documento, as crianças devem ter oportunidades e ser encorajadas a se
envolver em jogos conduzidos pelos(as) colegas, sem interferência de um adulto. O jogo
de basquete liderado por colegas permite que as crianças vivenciem atividades
autodeterminadas e intrinsecamente motivadas, sejam criativos(as) e se desafiem.

A fim de auxiliar você treinadora e treinador de forma prática, desenvolvemos exemplos de


duas sessões de treino, considerando os referenciais estratégico-tático-técnicos, socioeducativos e
histórico-culturais. Você irá notar que o primeiro exemplo de sessão possui ênfase no ataque e o
outro na defesa, embora as atividades e jogos envolvam ambas as fases do jogo. Isso significa que,
ao trabalhar com o ensino por meio do jogo, as referências funcionais estarão presentes, mas a
partir da gestão das referências estruturais, é possível enfatizar determinados princípios e ações
tático-técnicas. Desta forma, o planejamento das sessões parte dos princípios operacionais
balizadores e particulares direcionados ao Minibasquete 1, seguidos das ações tático-técnicos
priorizadas, além de incorporar as referências socioeducativos e/ou histórico-culturais. Certamente
são exemplos que não esgotam a discussão acerca do planejamento, mas que podem servir de
inspiração para você treinadora e treinador adaptar ao seu contexto de prática.
Você vai notar que as sessões possuem os “pontos-chave”, em que destacamos o que queremos
observar e estimular nos(as) jogadores(as). Uma mesma atividade/jogo/brincadeira em treino pode
estimular inúmeros elementos, mas temos que ter em mente qual é o objetivo e preparar as
estratégias de intervenção e comunicação. Com o(a) treinador(a) tendo claro o que "olhar" em cada
sessão, certamente terá mais efetividade em mediar o treino.
E você, usa alguma estratégia no seu planejamento para guiar seus olhar e sua atenção durante
a preparação a aplicação do treino? Que tal incluir os pontos-chave da sua sessão no planejamento?

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SESSÃO DE TREINO – EXEMPLO 1
OBJETIVOS – Progredir ao alvo e Finalizar ao alvo
Princípios particulares: Romper linhas defensivas, buscar espaços para infiltração
Ações tático-técnicas: Drible dinâmico, bandejas, arremessos curtos
Referencial socioeducativo: honestidade; coragem em buscar o ataque (segurança para conviver com
os erros).
Referencial histórico-cultural: reconhecer atletas pelas suas competências tático-técnicas
CONVERSA INICIAL
Conversa sobre objetivos do treino e nas ações que os jogadores devem se atentar
AQUECIMENTO

• Craque do ataque X Craque da defesa

Pergunte para as crianças se conhecem algum(a) atleta de basquete. Explorando os exemplos dados por
elas ou apresentando um(a) atleta reconhecido(a) pela sua qualidade ofensiva e outro(a) pela defensiva,
dê o nome ao jogo a partir dessas referências (ex: Janethinhas X Varejões)
Objetivo do jogo é que os fugitivos (atacantes) consigam cruzar a quadra sem serem pegos
Dois pegadores (defensores) se posicionam no meio da quadra
Todos os fugitivos possuem bola e devem driblá-la para cruzar a quadra
Todos os jogadores devem colocar um colete do lado da cintura
Se o pegador retirar o colete o fugitivo está pego e vira o novo pegador

Pontos-chave: explorar os espaços vazios para atravessar a quadra; acusar-se de for pego(a).
PARTE PRINCIPAL

• 1x1 em vantagem espaço-temporal – Joken-pô

Duas filas no meio da quadra, uma de cada lado do círculo central


A bola inicia no chão, entre os jogadores das filas
Os primeiros jogadores de cada fila jogarão Joken-pô (Pedra, Papel ou Tesoura)
Quem ganhar irá pegar a bola e escolher o lado que irá atacar, quem perder irá defender
Pontos-chave: Estimular o atacante a buscar a cesta enquanto o defensor não se recupera
Se estou na frente do meu defensor, como busco a cesta mais fácil?

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• 1x1 em vantagem espaço-temporal – Bola nas costas (Saída Aberta)

Mesmas filas da atividade anterior, sendo uma progressão para enfatizar a Saída Aberta
Uma fila começa com a bola e será de atacantes, a outra de defensores
A bola inicia na mão do atacante que irá encostá-la nas costas do defensor
Assim que o atacante tirar a bola das costas o defensor é livre para poder marcar
O atacante continua escolhendo em que lado irá finalizar
Pontos-chave: Agora preciso criar vantagem (espaço-temporal) do meu defensor, o que devo fazer? Se
eu tirar a bola das costas e ficar parado, será mais fácil ou difícil atacar? O que preciso fazer para ficar a
frente do meu marcador?
Se estou na frente do meu defensor, como busco a cesta mais fácil?

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• 1x1 em vantagem espaço-temporal – Bola na mão do defensor (Saída Cruzada)

Mesmas filas da atividade anterior, sendo uma progressão para enfatizar a Saída Cruzada
Uma fila começa com a bola e será de atacantes, a outra de defensores
A bola inicia na mão do defensor que irá estender seu braço e “oferecê-la” ao atacante
Assim que o atacante tirar a bola das mãos do defensor o jogo começa
O atacante continua escolhendo em que lado irá finalizar
Pontos-chave: Agora preciso criar vantagem (espaço-temporal) do meu defensor, o que devo fazer?
Meu defensor já está de frente, além da vantagem preciso proteger a bola, o que eu faço? O que faço
para não perder a bola logo que eu tiro da mão do defensor?
Se estou na frente do meu defensor, como busco a cesta mais fácil?

• 2x2

Mesmas filas da atividade anterior


Ambos os jogadores da fila começam defendendo
Dois atacantes iniciam dentro do garrafão
Jogo de Ataque, Defesa e volta para a fila
Logo após defender, a dupla já sai para atacar contra os próximos dois da fila
Jogadores da defesa precisam manter os braços para trás durante todo o ataque, com intuito de facilitar
os cortes dos atacantes

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Pontos-chave: olhar para a cesta e espaços (vazios); buscar a vantagem individual e tentar a cesta;
tentar sempre a cesta, mas se sempre sou superado(a) pelo(a) defensor(a), começar a pensar que é
possível passar. Treinador(a): busque oferecer feedback de apenas um elemento de cada vez; priorize
essa conversa individualmente, tendo a atenção da criança)
Não devo ter medo de ir para a cesta pois mesmo errando, pois estou aprendendo!

VOLTA À CALMA E CONVERSA FINAL

• Competição finalizações

Cada jogador tem direito a duas finalizações


As finalizações são feitas por escolha do jogador, tanto local como técnica
Equipe que conseguir mais cestas ganha um ponto
Quem conseguir cinco pontos vence o jogo

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• Conversa final a respeito de tomadas de decisão. Quando estou com a bola, quais opções eu
tenho? Se ninguém está me marcando, o que preciso fazer? Se estou marcado(a), quais opções
eu tenho? Quais finalizações são interessantes nessas situações? Não devo ter medo de tentar à
cesta, pois mesmo errando, estou aprendendo!

SESSÃO DE TREINO – EXEMPLO 2


OBJETIVOS – Impedir a progressão ao alvo, Recuperar a posse da bola
Princípios particulares: Aproximar e abordar, induzir para zonas de menor risco
Ações tático-técnicas: Postura defensiva, manter-se entre alvo e adversário, contestar finalização,
rebote defensivo
Referencial socioeducativo: reconhecer falhas e faltas, sendo honesto(a) consigo e com colegas ao
reconhecer ações faltosas
Referencial histórico-cultural: reconhecer o que é permitido ou não pelas regras do jogo quando
defendendo
CONVERSA INICIAL
Conversa sobre objetivos do treino e nas ações que os jogadores devem se atentar
AQUECIMENTO
• Pega-Pega com postura defensiva e rebote

Pegadores sem bola, fugitivos com bola


Todos os fugitivos devem driblar a bola para se movimentarem ao redor da quadra
Caso for pego o atleta deve deixar sua bola no chão e entrar na postura básica de defesa
Para ser salvo algum companheiro precisa jogar sua bola para cima, obrigando o atleta pego a pular e
pegar a bola no ponto mais alto que consiga
Após isso o salvador pega a bola do companheiro no chão e continua a fugir
Caso todos os fugitivos forem pegos o treinador troca o pegador

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PARTE PRINCIPAL

• 1x1 em ¼ de quadra

A meia quadra é reduzida e limitada no meio por cones


Duas filas em cada meia quadra
Uma fila possui a bola e é de atacantes, a outra é de defensores
Um jogador começa com a bola e é defensor, o outro é atacante
Defensor começa rolando a bola para qualquer lugar da quadra que ele quiser
Quando atacante pegar a bola o jogo começa
Ao fim, quem atacou vira defensor, defensor vai para a fila

Pontos-chave: Estimular o defensor a pensar quais os lugares da quadra são mais “fáceis” de serem
defendidos; aprender o que são ações faltosas e que as crianças se acusem quando as cometerem. Propor

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uma pressão por tempo para os atacantes finalizarem, visando estimular os defensores. Reforçar o fato
de os defensores não serem ultrapassados por seus adversários, mantendo-se entre a cesta e o atacante.

• 2x2

Mantendo as filas, adiciona-se os defensores entre as filas


Agora a limitação da quadra não existe mais
Jogo inicia-se da mesma forma, com a bola na mão do defensor e sendo rolada para qualquer
direção dentro da quadra
Atacantes viram defensores e defensores voltam para as filas

Pontos-chave: Para onde devo rolar a bola? Se meu adversário segurar a bola, o que eu devo
fazer? E o meu companheiro? Depois que o atacante segura a bola, quais são suas opções?
Cometi alguma falta? Por que foi falta?

• 3x3

Jogo de dois minutos ou uma cesta para que todos os jogadores rodem e não fiquem parados
Se o jogo acabar por tempo, ambas as equipes saem, se o jogo acabar por cesta, só a equipe
defensora sai
Máximo de três dribles por recepção para os atacantes, gerando mais situações em que o
atacante tem apenas duas opções (passe ou finalização)
Pontos-chave: observar se a criança que eu marco está fazendo muitas cestas. Se sim, por que
ela faz tantas cestas; como posso marcar melhor? Se não, o que estou fazendo bem e posso
reforçar?
Observar as ações faltosas e explicar o que foi falta e como não cometê-la novamente.
VOLTA À CALMA
• Competição finalizações

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Cada jogador tem direito a duas finalizações
As finalizações são feitas por escolha do jogador, tanto local como técnica
Cada cesta conta um ponto para a equipe
Enquanto um jogador da equipe x finaliza, outro jogador da equipe y poderá se posicionar para pegar o
rebote (cabeça do garrafão). Se esse jogador conseguir pegar o rebote sem que a bola caia no chão sua
equipe também ganha um ponto
Equipe que terminar com mais pontos vence

Conversa final a respeito da importância do rebote nas situações de jogo, sendo a forma de
recuperarmos a posse de bola. Discutir o porquê que temos que marcar com a postura defensiva
e não de pé. Entender onde os atletas pensam que são as zonas mais fáceis de se defender e
mais difíceis de se fazer cesta.

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Especificidades do Minibasquete 2 (crianças de ± 9 a 11 anos)

Necessidades de praticantes dessa etapa

• Se no Minibasquete 1 havia a necessidade de satisfazer as necessidades egocêntricas


das crianças relacionadas à posse de bola, no Mini 2 há a necessidade de compartilhá-
la para manter a posse, evoluindo para o desenvolvimento do senso de coletividade.

• Da mesma forma que no Mini 1, seguimos os parâmetros do COB para definirmos as


necessidades dos praticantes do Mini 2. Dessa forma, essa etapa se encontra
inteiramente na fase de Brincar e Aprender.

▪ Desenvolvimento físico: Aqui há a continuidade do processo de


crescimento e desenvolvimento motor, através de diferentes estímulos
dados pelo(a) treinador(a). A melhora da coordenação motora facilita
a aprendizagem dos gestos técnicos específicos da modalidade, como
também do desenvolvimento de habilidades gerais que podem ser
transferidas para outros esportes. Algumas crianças já estarão na pré-
adolescência ou mesmo adolescência: atenção a possíveis mudanças
rápidas de crescimento e instabilidades de desenvolvimento

▪ Desenvolvimento psicológico: Nessa fase há a melhora na habilidade


de compreender as emoções, tanto pessoais como as dos outros,
aumentando assim a complexidade de relacionamentos entre os pares
e com as pessoas adultas. Ainda apresentam dificuldade em manter a
atenção por longos períodos, portanto explicações demoradas ou
longos períodos de espera para a execução de alguma atividade farão
com que as crianças se distraiam e busquem alguma outra atividade
que capte seu interesse. Ao fim dessa fase as crianças já estão mais
autoconscientes, favorecendo a tomada de consciência e a
racionalização sobre as vivências.

▪ Desenvolvimento social: Nesse momento, as crianças são capazes de


se comunicarem melhor com colegas, compreendendo e considerando

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as opiniões e sentimentos de pares. Se tornam mais capazes de realizar
ações coletivas em busca de um objetivo em comum. Elas
compreendem melhor as regras do jogo e desenvolvem o julgamento
moral, mostrando o desenvolvimento cognitivo sobre a percepção dos
motivos para que tais regras existem. Tornam-se mais independentes
e avançam em desenvolver competências socioemocionais
relacionadas a valores e atitudes, como confiança e respeito aos
colegas e às regras. Conforme se desenvolvem, conseguem lidar com
situações novas e cada vez mais complexas, começam a se interessar
mais pela própria aprendizagem e desejam assumir mais
responsabilidades. Por isso, há um engajamento mais consciente no
esporte e na escolha das atividades preferidas, além do gosto pela
competição ficar mais evidente. Nessa etapa, a família continua sendo
a principal incentivadora, entretanto o relacionamento entre pares e o
pertencimento a um grupo social ganham especial relevância, podendo
impactar positivamente no desenvolvimento da autoestima e na
permanência no programa esportivo.

Objetivo tático-técnico geral

● Ampliar as experiências relacionadas com a posse de bola, potencializando situações


de 1x1 e iniciar o conceito de cooperação mútua, avançando para o jogo coletivo
básico (3x3). Assim, nessa fase introduzimos o conceito ofensivo de “dividir e
passar” (MARICONE et al., 2016);

● Dividir e passar é definido como: o(a) jogador(a) com bola (JCB) supera por completo
seu(a) defensor(a) direto, ou seja, o(a) defensor(a) do(a) jogador(a) com bola (DJCB),
criando uma situação de superioridade numérica e uma vantagem espaço-temporal.
Nessa situação, o(a) JCB que superou o(a) DJCB terá a opção de: (1) continuar em
direção à cesta e tentar a finalização; ou, em caso de um ajuste defensivo, (2) terá a
opção de passar a bola para um(a) jogador(a) sem bola (JSB) livre. Este último
poderá, então, tentar a finalização ou dar sequência no conceito de dividir a defesa e
passar a bola, até que se crie uma situação de finalização (MARICONE et al., 2016).

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Este princípio facilita a ampla exploração de situações individuais, em duplas e em
trios, fortalecendo a busca da cesta quando em vantagem e ampliando a percepção do
jogo coletivo.

Características da competição

Os jogos, competições ou festivais seguem sendo recomendados para o Mini 2. Para


isso, é necessário adaptações para as necessidade e interesses das crianças, como descritas na
Tabela 2.

Tabela 2: Características das competições no Minibasquete 2.

Modalidade de jogo 3x3

Estrutura do tempo de jogo 6 períodos de 8 minutos

Espaço de jogo Meia-quadra longitudinal

Tempo real de jogo Relógio corrido

Tempo de posse de bola no ataque 30 segundos

Quantidade de quartos jogados por jogador(a) Mínimo 2, máximo 3

Placar Sim, mas é reiniciado ao fim de cada período

Altura do aro 2,60 metros

Tamanho da bola N° 5.8

Lances livres Apenas em faltas no arremesso

Arremessos de três Sim, desde que com linha adaptada

Regras específicas Andada, drible ilegal

Defesa Individual com ajuda

Bola presa Alternância

Cobrança direta pelas crianças, sem passar a bola


Lateral
pela arbitragem

Arbitragem Um(a) árbitro(a) e um oficial de mesa

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Estilo de jogo

Do ponto de vista espacial

Nessa etapa o espaço se estrutura da mesma forma que o anterior, com três espaços
exteriores menores e um espaço interno maior. Se difere do Mini 1 pelo espaço interno não
ser reservado apenas para movimentações transitórias e dinâmicas, agora, qualquer
jogador(a) sem bola pode se desmarcar e ocupar esse espaço interno, desde que o jogador(a)
com bola não tenha iniciado sua aproximação ao alvo a partir do drible.

Ritmo de jogo

No Mini 2 essas trocas já acontecem de forma mais fluida e dinâmica, aqui tentamos
potencializar as finalizações com vantagem numérica ou espaço-temporal, aproveitando-as
de uma melhor maneira. Nessa etapa o foco permanece o mesmo, pontuar da forma mais
simples possível, partindo de diversificadas situações de troca de posse, como roubos ou
rebotes defensivos.

Grau de liberdade

Assim como o Mini 1, nesta fase todos os praticantes deverão ter máxima liberdade
para jogar e tomarem suas próprias decisões baseadas em suas experiências com o próprio
jogo. Limitar as possibilidades de ação nessa etapa fará com que os jogadores(as) limitem
suas experiências e capacidade de interagir criativamente com as demandas imprevisíveis do
minibasquete.

Grau de especialização

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No Mini 2 as crianças ainda não possuem uma posição específica, na qual ficará
permanentemente exercendo durante o jogo. Elas deverão executar e vivenciar diversas
funções diferentes, variando-as de forma dinâmica e imprevisível.

Conteúdos estratégico-tático-técnicos no Minibasquete 2

Conteúdos de ataque do Minibasquete 2

Assim como descrito no Mini 1, os conteúdos estratégicos, táticos e técnicos que


devem ser priorizados no Minibasquete 2 devem traduzir os objetivos, características e estilo
de jogo desta etapa. No ataque priorizamos o ensino do sistema estratégico de 3 abertos,
podendo evoluir para 4 e 5 abertos ao longo do processo, ainda que as competições
permaneçam em formato de 3x3. A conduta tática de manter a posse de bola agora passa a
acontecer também de forma coletiva. A Figura 8 mostra os conteúdos estratégico e táticos de
ataque que devem ser priorizados no Mini 2.

Figura 8: Conteúdos estratégicos e táticos de ataque priorizados no Minibasquete 2.

Para apresentar todos os conteúdos técnicos atrelados aos conteúdos estratégicos e


táticos de ataque do Mini 2, elaboramos a Figura 9, sendo que os conteúdos que foram
abordados no Mini 1 aparecerão novamente, dado que o desenvolvimento deles continuam

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sendo importantes no processo de ensino-vivência do minibasquete. Os conteúdos que
passam a ser prioridade na etapa do Mini 1 estão contornados com a cor vermelha.

Figura 9: Mapa conceitual dos conteúdos estratégico-tático-técnicos de ataque do Minibasquete 2.

Fonte: Os(as) autores(as).

Glossário dos conteúdos de ataque do Minibasquete 2

Descrevemos no Quadro 7 o glossário com os conteúdos que NÃO apareceram na


etapa do Mini 1 e, portanto, se diferem e aparecem apenas a partir do Mini 2. Relembrando
que todas os conteúdos do Mini 1 devem estar presentes no processo de ensino-vivência do
minibasquete nessa etapa também.

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Quadro 7: Glossário dos conteúdos estratégico-tático-técnicos de ataque enfatizados no
Minibasquete 2.

Conteúdo Descrição
Mesma ideia do anterior, entretanto, devido aos parâmetros propostos para os jogos do
4 Abertos Mini 2, utilizamos quatro jogadores(as) para a realização desse sistema. Importante
ressaltar que é diferente do sistema 4 abertos e 1 interno.
Mesma ideia dos anteriores, com os(as) cinco jogadores(as) da equipe ocupando todos os
espaços externos da quadra. Atentamos que esse sistema deve ser utilizado apenas com
5 Abertos
as crianças que participam de competições formais, com a modalidade de cinco contra
cinco.
Refere-se ao princípio do(a) JSB manter as linhas de passe diretas ativas e/ou ajudar o(a)
Apoiar portador da
JCB a manter a posse de bola, como com um bom espaçamento, impedindo a perda do
bola
controle do(a) JCB por estar pressionado(a).
Refere-se ao princípio dos(as) JSB buscarem espaços, através de desmarques,
Criar linha de passe movimentações ou deslocamentos, de forma que o(a) JCB consiga realizar um passe
eficaz para um(a) JSB.

Refere-se à compreensão individual sobre as vantagens físicas, estratégicas e tático-


técnicas sobre os(as) adversários(as). As vantagens surgem a partir das próprias ações
individuais, como as fintas, dribles e infiltrações, ou a partir de ações grupais, assim
Jogo de Vantagens
como o dividir e passar. A partir dos desajustes, a defesa terá que se readequar as novas
situações, causando um desequilíbrio defensivo e promovendo situações mais simples de
cestas.

Refere-se ao(à) JCB não enfrentar o(a) seu(sua) marcador(a) direto(a) e, através do
Afastar
drible, aumentar a sua distância o(a) defensor(a), buscando para criar espaço.

Afastamento realizado, com uma das mãos, sem a realização de qualquer tipo de finta
Sem finta
para dificultar o roubo de bola do(a) adversário(a).

Afastamento realizado, com ambas as mãos, com a realização de qualquer tipo de finta
Com finta
para dificultar o roubo de bola do(a) adversário(a), como por exemplo o crossover.

Drible estacionário Refere-se à técnica de driblar a bola de maneira estática, sem movimento.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible puxando a bola para atrás da linha do corpo e
Drible frente e trás
depois empurrando-a novamente para a frente do mesmo, com ambas as mãos.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible, trocando de mãos, por trás de seu corpo,
Drible atrás do corpo
fazendo com que a bola troque de lado, com ambas as mãos.

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Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible, trocando de mãos, por entre suas pernas,
Drible entre as pernas
com ambas as mãos.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible, sem trocar de mãos, de maneira que projete
Drible dentro e fora a bola na direção de sua mão oposta e depois, rapidamente, em direção oposta, fazendo
um movimento de dentro e fora enquanto em movimento.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar uma sequência de dribles, combinando dois ou mais
Dribles combinados
dos citados anteriormente, sem perder o controle da bola.

Drible dinâmico Refere-se à técnica de driblar a bola de maneira dinâmica, em movimento.

Caracterizado pelo(a) JCB tentar ultrapassar o(a) adversário(a) efetuando um giro em


Drible em giro torno de seu próprio eixo, para alguma direção e sobre uma das pernas, protegendo a bola
com o seu corpo e trocando a mão da batida de bola após o giro.

Caracterizado pelo(a) JCB realizar o drible à frente de seu tronco, atacando seu(sua)
Atacar e afastar defensor(a), forçando-o(a) a recuar, com um sucessivo recuo, abrindo espaço entre os(as)
jogadores(as), possibilitando uma futura ação, livre de defesa.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible, trocando de mãos, por trás de seu corpo,
Drible atrás do corpo
fazendo com que a bola troque de lado, com ambas as mãos enquanto em movimento.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible, trocando de mãos, por entre suas pernas,
Drible entre as pernas
com ambas as mãos enquanto em movimento.

Caracteriza-se pelo(a) JCB realizar o drible, sem trocar de mãos, de maneira que projete
Drible dentro e fora a bola na direção de sua mão oposta e depois, rapidamente, em direção oposta, fazendo
um movimento de dentro e fora enquanto em movimento.

Refere-se ao(à) JCB movimentar um dos pés em qualquer direção, enquanto o outro
Pé de pivô permanece fixo no chão, sem tirá-lo ou arrastá-lo, para "pivotear" em qualquer direção
que deseja.

Com finalidade de colocar o corpo entre a bola e o(a) adversário(a), dessa forma,
Para proteção da bola
protegendo a bola.

Para criar espaço para o Caracteriza-se pela possibilidade do(a) JCB utilizar o pé de pivô para afastar o(a)
arremesso adversário(a) e facilitar a execução de um arremesso.

Caracteriza-se pela possibilidade do(a) JCB utilizar o pé de pivô para se afastar do(a)
adversário(a) e facilitar a execução de um passe.
Para criar linha de passe
Enquanto no Mini 1 o pé de pivô é ensinado com ênfase em criar espaço para o
arremesso, no Mini 2 também passa a ser uma ação para criar linha de passe.

Arremesso Refere-se ao(à) JCB realizar um movimento de arremesso da bola em direção a cesta.

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Ação realizada pelo(a) JCB. Esse arremesso se inicia a partir de um drible de hesitação
do(a) JCB. O(A) JCB deve conseguir posicionar seu corpo e se equilibrar para realizar
Arremesso com um lançamento eficiente após uma fase de movimento e hesitação. Por a bola estar mais
hesitação à mostra a chance de ser roubada é maior, entretanto a hesitação também pode afastar
o(a) defensor(a) que, com receio da infiltração, dá um passo atrás facilitando o
arremesso.
Refere-se ao movimento do(a) JCB efetuar uma passada legal com bola quando se está
Bandeja perto da cesta. Ao seu último passo, deve-se impulsionar-se e saltar para chegar o mais
próximo da cesta na tentativa de fazer uma cesta fácil.
Caracteriza-se pela progressão à cesta com a realização de uma bandeja utilizando apenas
uma passada com a bola na mão para a realização do salto e do sucessivo lançamento a
cesta. Essa única passada pode ser utilizada para economizar tempo ou aproveitar um
Com uma passada
espaço temporário. Por ser mais difícil de se manter o controle corporal e o controle da
bola, devido ao menor tempo entre as ações motores, como também de controle do
implemento com as duas mãos, é recomendado para o Mini 2.

Caracteriza-se em realizar uma bandeja, com qualquer tipo de passada, em que a bola é
Gancho
arremessada à cesta a partir da lateral do corpo, realizando um movimento de gancho.

Caracteriza-se em realizar uma bandeja, com qualquer tipo de passada, em que a bola é
arremessada à cesta a partir de um movimento de deixar bola na cesta, rolando-a por
Rolar com os dedos
todos os dedos até perder o contato com a mão e ir à cesta. Normalmente é realizada
quando a progressão é a partir da linha medial da cesta.
Caracterizado pelo(a) JSB realizar, em igualdade numérica, fintas, mudanças de ritmo,
Desmarque velocidade e direção com o intuito de conseguir vantagem espaço-temporal sobre o(a)
seu(sua) adversário(a), para receber a bola no espaço desejado.
Tipo de desmarque que se assemelha a letra "L". Com o(a) atacante se deslocando para
uma posição interior e, de forma repentina, realizar uma mudança de direção (em 90º)
"L"
para um espaço externo, mantendo-se de frente para o(a) JCB para receber um possível
passe.
Tipo de desmarque que se assemelha a letra "V". Com o(a) atacante se deslocando para
uma posição interior e, de forma repentina, realizar uma mudança de direção (em 45º),
"V"
retornando para o mesmo espaço externo que ocupava anteriormente, mantendo-se de
frente para o(a) JCB para receber um possível passe.
Caracteriza-se pela mudança abrupta de velocidade ao sair de um espaço externo e cortar
Tomar a frente em direção a cesta com o corpo entre o(a) JCB e o(a) adversário(a), tomando a frente
do(a) defensor(a).
Caracteriza-se pela mudança abrupta de velocidade ao sair de um espaço externo e cortar
em direção a cesta com o DJSB entre o(a) JCB e o(a) jogador(a), correndo pelas costas
Backdoor
do(a) defensor(a). Normalmente utilizado quando o DJSB está impedindo que o passe
seja realizado para o espaço externo depois de algum outro desmarque.
Caracteriza-se pelo avanço, sem drible, que o(a) JCB pode realizar, por regra, sem
Passada legal com bola cometer alguma infração. É utilizado para ganhar mais espaço antes de executar alguma
ação de jogo, como por exemplo a bandeja.

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Refere-se à passada feita a partir de algum drible, tendo sua primeira fase em segurar a
Após o drible bola, mantendo o controle e, após isso, realizar até três passos para finalizar ou passar,
não podendo retornar ao drible novamente via de regra.
Refere-se à passada feita a partir de uma recepção de passe, tendo sua primeira fase em
segurar a bola, mantendo o controle e, após isso, realizar até dois passos para finalizar,
Após a recepção
passar ou driblar. Entretanto, para ser realizado, é preciso que o(a) JCB esteja em
movimento durante a recepção, não configurando uma violação de andada.

Refere-se ao(à) JCB efetuar um passe ao(à) JSB, trocando o controle da bola entre
Passe
jogadores(as) de uma mesma equipe, sem que a defesa intercepte.

Caracteriza-se pelo passe com a bola saindo da altura do peito do(a) JCB e chegando até
o peito do(a) JSB, sendo realizado com as duas mãos. Ao final do movimento, o(a)
Passe à altura do peito
jogador(a) deve terminar com os braços estendidos e paralelos, com os dedos voltados a
direção desejada e os polegares virados ao chão.
Caracteriza-se pelo passe em direção ao(à) JSB que, durante sua trajetória, há um quique
Passe quicado no chão antes de ser recepcionado pelo(a) companheiro(a). Pode ser realizado com uma
ou duas mãos.

Recepção Refere-se à ação do JSB em adquirir o controle da bola após um passe.

Caracteriza-se pela recepção do passe com as duas mãos. No ato da recepção posicionar
as duas mãos à frente do corpo, de modo que as mãos fiquem espaçadas e a palma das
Com as duas mãos mãos viradas para a direção que a bola está vindo, para um melhor encaixe da bola. Além
disso, é interessante juntar os polegares e os indicadores das mãos, evitando com que a
bola apenas rebata nas mãos dos(as) jogadores(as).

Refere-se ao(à) JSB orientar-se ao JCB para que exista a possibilidade de realização de
Oferecer-se
um passe.

Refere-se ao movimento do(a) JSB “abrir espaço” para o deslocamento com drible do(a)
Abrir espaço JCB, deslocando-se para um novo espaço vazio, à medida que o(a) JCB ocupa o espaço
que era ocupado pelo(a) JSB.

Para o fundo Ação realizada pelo(a) JSB. Refere-se ao deslocamento, em direção ao fundo da quadra,
(em profundidade) do(a) JSB após uma derivação do(a) JCB para a posição que era ocupada pelo(a) JSB.

Para o meio Ação realizada pelo(a) JSB. Refere-se ao deslocamento, em direção ao centro da quadra,
(em largura) do(a) JSB após uma derivação do(a) JCB para a posição que era ocupada pelo(a) JSB.

Refere-se ao(à) JCB ultrapassar, completamente ou parcialmente, o(a) seu(sua)


adversário(a), criando assim uma vantagem numérica ou espaço-temporal sobre a defesa.
Dividir e passar Sendo assim, ele(a) é a primeira opção de definição da jogada, entretanto, caso ocorra
uma ajuda defensiva ele(a) poderá realizar um passe para o(a) JSB, sem adversário
direto, criando assim, uma vantagem espaço-temporal sobre a defesa.

Conteúdos de defesa do Minibasquete 2

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Na defesa priorizamos o ensino do sistema estratégico individual com ajuda no
perímetro e as condutas táticas, traduzidas nos princípios particulares a serem introduzidos
são: interceptar as linhas de passe, compor o bloco defensivo e realizar coberturas. A Figura
10 mostra os conteúdos estratégico e táticos de defesa que devem ser priorizados no Mini 2.

Figura 10: Mapa conceitual com conteúdos estratégico-tático-técnicos defensivos abordados no


Minibasquete 2.

Fonte: Os autores.

Glossário dos conteúdos de defesa do Minibasquete 2

Novamente temos um número inferior de ações defensivas enfatizadas, sendo


inserido apenas mais dois princípios e uma ação tático-técnica individual, descritos no
glossário do Quadro 8.

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Quadro 8: Ações estratégico-tático-técnicas, princípios balizadores e particulares defensivos enfatizados
no Minibasquete 2.

Conteúdo Descrição

Interceptar as Linhas de Refere-se a ação de dificultar ou impedir a realização de passes entre os(as) jogadores(as) de
Passe uma equipe.

A partir da aproximação e abordagem, os(as) defensores(as) pressionam os(as) seus(suas)


Pressionar
adversários(as), dificultando a execução de ações técnicas.

Ação realizada pelo(a) DJCB. Defensor(a) pressiona o(a) atacante com o intuito de provocar
Pressionar durante o drible
um erro durante o manejo de bola, fechando espaços de progressão.

Ação realizada pelo(a) DJCB. Defensor(a) pressiona o(a) atacante com o intuito de provocar
Pressionar antes ou após o
um erro antes ou depois do drible, com o(a) adversário(a) segurando a bola, podendo provocar
drible
uma perda do controle ou um erro de passe.
Ação realizada pelo(a) DJSB. Defensor(a) pressiona seu(sua) adversário(a) com o intuito de
Pressionar o passe dificultar a criação de linhas de passe ou negar uma linha de passe direta, obrigando algum
desmarque.

Refere-se a ação dos(as) jogadores(as) de recuperarem a posse de bola após a tentativa mal
Interceptar passes
sucedida de passe entre adversários(as).

Ação realizada pelo(a) DJCB, no qual há um desvio do passe logo após sair da mão do(a)
DJCB
atacante, sendo recuperada pelo(a) DJCB ou DJSB, invertendo a posse de bola.

Ação realizada pelo(a) DJSB, no qual há um desvio ou interceptação do passe antes da bola
DJSB chegar à outro (a) jogador(a) do ataque, sendo recuperada pelo(a) DJSB que desviou ou
outro(a) DJSB próximo(a), invertendo a posse de bola.

Organizando uma sessão de aula/treino do Minibasquete 2

No Mini 2 seguimos as premissas de organização de aula/treinos, com a diferença de que


o tempo da sessão poderá ser de 45 a 75 minutos (DiFiori et al., 2018).

SESSÃO DE TREINO – EXEMPLO 3


OBJETIVOS – Finalizar ao alvo
Princípios particulares: Realizar finalizações
Ações tático-técnicas: Bandejas, passada legal com a bola, arremessos curtos
Referencial socioeducativo: honestidade; valorização da individualidade corporal e técnica;
reconhecimento de companheiros(as) para o uma finalização de sucesso pela equipe.

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Referencial histórico-cultural: reconhecer atletas de basquete homens e mulheres competentes em
realizar finalizações; conhecer diversidade de técnicas historicamente construídas para finalizar à cesta,
associando-as a atletas de destaque. Valorização tanto do basquete feminino quanto masculino.
RODA INICIAL
Conversa sobre objetivos do treino e nas ações que jogadores(as) devem se atentar. Perguntar quais
técnicas de arremesso as crianças conhecem e destacando outras variedades não citadas por elas.
Perguntar para cada técnica se conseguem destacar um atleta homem e uma atleta mulher que admiram
por pontarem bastante e falar sobre o gestual de arremesso desse(a) atleta, valorizando caraterísticas
pessoais únicas. Sugerimos valorizar atletas brasileiros(as) de destaque nacional ou internacional, e
também de destaque local, favorendo a valorização de atletas de seu clube (quando houver) e maior
aproximação/identificação de crianças com ídolos mais acessíveis.
AQUECIMENTO
• Competição de arremessos

Duas equipes, uma em cada fila


Objetivo é o time realizar 10 cestas, equipe que conseguir primeiro ganha um ponto e abre a contagem
de um minuto para a outra equipe alcançar a meta, caso essa equipe não atinja, a equipe vencedora
recebe mais um ponto
Variação das posições das filas e tipos de arremesso
o Lugares da quadra: Fila na 45, na Zona Morta, no meio da quadra, do outro lado da quadra, etc.

o Tipo de arremesso: Atleta que escolhe, de fora do garrafão, de tabela, pulando com apenas uma
perna, usando apenas uma mão, etc.

Pontos-chave: observar e oferecer feedback quanto à trajetória da bola em direção à cesta, observando
com a criança se ajustes corporais e gestuais são necessários; contagem correta e honesta em voz alta
por todo o grupo.
PARTE PRINCIPAL
• 2x1 quadra inteira

Duas filas em cada linha de fundo


Apenas uma bola no jogo
Todos que estão nas filas entrarão na quadra como atacantes
Um defensor começa na linha do lance livre
Assim que o atacante receber a bola do treinador o jogo começa em transição
Ao final, o jogador que finalizou e o jogador que defendeu vão para a fila, o que sobrou volta
defendendo a próxima dupla
Jogador que defendeu já pega o rebote ou o fundo bola e passa rapidamente para os próximos atacantes

Pontos-chave: observar a busca por espaços da quadra que favoreçam a finalização livre; valorizar a
diversidade e criatividade na execução técnica da finalização.
Contribuir com ajustes corporais e gestual a partir de perguntas que permitam à criança a autopercepção
da qualidade de sua finalização Exemplos: você procurou espaços vazios ou buscou o 1X1; por quê?
para onde seu tronco estava direcionado? Como sua mão está terminando o arremesso? Você notou que
realizou uma bandeja; conhece outras formas de fazer a bandeja? Treinadoras e treinadores: escolham
um elemento ou dois elementos para abordar em cada intervenção para evitar excesso de informação e
proporcionar uma comunicação mais efetiva.

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• 3x2 quadra inteira

Aumenta-se uma fila em cada linha de fundo


Dinâmica das filas é a mesma
Pontos-chave: semelhante ao anterior, observando como cada criança lida com mais adversários(as) e
companheiros(as).

• 4x3 quadra inteira

Aumenta-se uma fila em cada linha de fundo


Dinâmica das filas é a mesma
Pontos-chave: semelhante ao anterior, observando como cada criança lida com mais adversários(as) e
companheiros(as). Nesta atividade as perguntas podem ser mais para o grupo e suas decisões coletivas
do que individualmente.

VOLTA À CALMA
• Competição de arremessos em dupla

Formar duplas, cada dupla possui uma bola


Um da dupla realiza um arremesso de fora do garrafão, enquanto isso o outro já se posiciona em uma
nova posição para o arremesso
Assim que um jogador arremessar ele deve buscar seu próprio rebote e passar para o companheiro
Para conquistar um ponto ambos os jogadores precisam fazer a cesta em sequência (acerto + acerto)
Primeira dupla que fizer 5 pontos vence o jogo
Repetir o jogo quantas vezes quiser, podendo modificar as posições

Conversa final a respeito da importância de dividir a bola com companheiros (se juntar para atingir um
objetivo em comum). Discutir as tomadas de decisão em superioridade numérica: se tenho a bola e não
estou marcado, o que eu faço? Se meu companheiro está livre? Qual a importância do espaçamento
nessas situações?

SESSÃO DE TREINO – EXEMPLO 4


OBJETIVOS – Recuperar a posse de bola
Princípios particulares: Interceptar linhas de passe
Ações tático-técnicas: Roubar a bola, interceptar passes
Referencial socioeducativo: ímpeto defensivo (reconhecimento e desejo de ser competente
defensivamente); colaboração e reconhecimento de companheiros(as) para o uma defesa de sucesso
pela equipe. Honestidade.
Referencial histórico-cultural: apreciação do jogo defensivo e desenvolvimento de uma cultura de
valorização da defesa; reconhecer atletas de basquete homens e mulheres competentes defensivamente.
Valorização tanto do basquete feminino quanto masculino.
RODA INICIAL
Conversa sobre objetivos do treino e nas ações que os jogadores devem se atentar. Perguntar para as
crianças por que melhorar a defesa é importante, valorizando essa fase de jogo. Perguntar se conseguem
destacar um atleta homem e uma atleta mulher que gostam de ver jogar pela sua entrega e capacidade

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defensiva; comentar sobre atletas com essa característica. Sugerimos valorizar atletas brasileiros(as) de
destaque nacional ou internacional, e também de destaque local, favorecendo a valorização de atletas de
seu clube (quando houver) e maior aproximação/identificação de crianças com ídolos mais acessíveis.
AQUECIMENTO
• Jogo dos passes

Duas equipes, uma contra a outra


Se a equipe defensiva roubar a bola ou interceptar algum passe recebe um ponto
Se equipe ofensiva realizar 10 passes, remove dois pontos da outra equipe
Ambas as equipes começam com 10 pontos, se uma equipe zerar, ou uma equipe alcançar os 20 pontos
(+-10 pontos) o jogo acaba
Pontos-chave: observar a capacidade de defender um(a) atacante direto e de fazer coberturas; destacar
quando surgirem coberturas valorizando o trabalho em equipe. Honestidade na contagem dos pontos.
PARTE PRINCIPAL
• 1x2 quadra inteira

Duas filas abertas no meio da quadra


Apenas uma bola no jogo
Todos que estão nas filas entrarão na quadra como defensores
Um atacante começa na linha do lance livre
Assim que o atacante receber a bola do treinador o jogo começa em transição
Ao final, o defensor que recuperou a bola, sendo roubando-a ou pegando o rebote irá atacar do outro
lado da quadra contra a próxima dupla
Intervenções do(a) treinador(a): destacar e estimular trabalho coletivo na defesa, estimulando que
um(a) da dupla avance em tentar roubar a bola (sem faltas) e outro(a) se atente às coberturas. Valorizar
ímpeto defensivo.

• 2x3 quadra inteira

As filas no meio continuam as mesmas, porém agora entrarão 3 jogadores defendendo


Agora o defensor que recuperou a posse de bola deverá passar a bola para um dos seus companheiros de
defesa e voltar para a fila junto com os atacantes
Pontos-chave: semelhante ao anterior, observando o comportamento com mais companheiros(as) e
adversários(as).

• 3x4 quadra inteira

As filas no meio continuam as mesmas, porém agora entrarão 4 jogadores defendendo


Agora o defensor que recuperou a posse de bola deverá passar a bola para um dos seus companheiros de
defesa e voltar para a fila junto com os atacantes (igual o 2x3).
Pontos-chave: semelhante ao anterior, observando o comportamento com mais companheiros(as) e
adversários(as).

VOLTA À CALMA
• Bobinho

Formar uma grande roda, com dois jogadores no meio

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Ambos os jogadores precisam interceptar um passe (obter controle da bola) para ocupar um lugar na
roda
Jogadores da roda não podem segurar a bola, apenas rebatê-la utilizando as mãos. Também não podem
rebater para o companheiro logo ao seu lado

Conversa final a respeito da defesa. Ter vontade de marcar é essencial, correr para evitar passes fáceis.
Ocupar espaços e se posicionar de forma eficiente para recuperar a posse de bola.

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Outras Propostas de Jogos

Nesta seção apresentamos outras propostas de jogos que englobam os conteúdos


estratégico-tático-técnico para o Minibasquete 1 e/ou 2 e que são representativos da
modalidade formal.

Nesses jogos descrevemos a fase de jogo enfatizada, os princípios operacionais


balizadores e particulares, bem como ações tático-técnicas principais. Também sugerimos
materiais a serem utilizados, espaço de jogo, número de participantes e regras. Por fim,
apresentamos uma discussão sobre cada jogo e as possíveis variações. Outras adaptações
podem ser feitas para a realidade do seu contexto e equipe, mas lembre-se sempre de manter
a coerência da proposta de jogo com o objetivo de ensino.

Legenda:

ATAQUE ou DEFESA Fase enfatizada


ATAQUE ou DEFESA fase secundária
ATAQUE ou DEFESA Sem ênfase

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JOGO DE PASSES
Jogo Pré-desportivo
ATAQUE DEFESA
Conservar a posse de bola Retomar a posse de bola
Interceptar linhas de
Apoiar portador da bola
passe/Aproximar e abordar.
Descrição Esquema em Desenhos
Materiais: Bola e coletes;
Espaço de jogo: Meia quadra;
Número de Jogadores: Duas equipes = 3x3
Regras: Os(as) jogadores(as) estarão distribuídos no espaço
de jogo – conforme a figura. O objetivo é trocar 5 passes
entre a equipe para pontuar. Não é permitido quicar a bola.
Não é permitido retirar a bola da mão do(a) jogador(a)
adversário. Ao completar 5 passes, a equipe ganha 1 ponto;
Discussão: O jogo de minibasquete transcorre de maneira
dinâmica, e o jogo posicionado dificilmente acontece.
Dessa forma, os passes ocorrem ocasionalmente, por isso, a
adaptação nessa brincadeira é colocar poucos passes entre
os(as) jogadores(as), algo entre 3 e 5. Sendo assim, você
terá mais pontuação de jogo, o que ocasionará mais
sentimento de realização, e também ocorrerá uma
proximidade com o jogo formal de minibasquete.
Técnicas e ações táticas enfatizadas:

Variação: Inserir alvos no chão - como os círculos


amarelos na figura - e após a conclusão dos 5 passes, os(as)
atacantes poderão atacá-los. Se a equipe finalizar em um
dos alvos, ganhará mais 1 ponto;
Discussão: O objetivo dessa variação é incentivar a
progressão e finalização ao alvo.
Princípios enfatizados:

Técnicas e ações táticas enfatizadas:

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Variação: Diminuir para 3 a quantidade de passes necessários
para finalizar ao alvo, após os passes, a finalização poderá
ocorrer nos alvos no chão, valendo 1 ponto, ou na cesta,
valendo 2 pontos.
Discussão: Diminuindo-se o número de passes, o jogo ficará
mais agressivo, já que menos passes serão necessários para
atacar os alvos, diminuindo passes que objetivam apenas a
conservação da posse de bola. A Progressão ao alvo se torna
mais evidente quando a equipe tem menos passes para
poderem finalizar, aumentando a frequência de finalizações
dos(as) praticantes.
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

Bola ao Capitão
Jogo Pré-desportivo

ATAQUE DEFESA
Superar adversário/Progredir ao alvo Retomar a posse de bola
Interceptar linhas de
Romper linhas defensivas passe/Aproximar e
abordar.
Descrição Esquema em Desenhos

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Materiais: Bola, coletes e cones;
Espaço de jogo: Meia quadra;
Número de Jogadores: 8 jogadores(as) divididos(as) em duas
equipes mais o(a) coringa;
Regras: Os jogadores estarão distribuídos no espaço de jogo,
sendo uma equipe contra a outra, e apresenta um(a) coringa,
que apenas atacará e não poderá finalizar (pode atacar pelas
duas equipes). O(A) capitão(ã) possui uma área restritiva, em
que se pode movimentar livremente, mas nenhum(a)
defensor(a) pode adentrá-la. O objetivo é fazer com que a bola
chegue ao(à) capitão(ã) da equipe para pontuar. É permitido
driblar a bola livremente. Não é permitido retirar a bola da
mão do(a) jogador(a) adversário(a), porém, é permitido
durante o drible e o passe. Ao chegar ao(à) capitão(ã), a
equipe ganha 1 ponto e troca-se o(a) capitão(ã) com aquele
que realizou o passe;
Discussão: O basquete é um jogo de invasão em território
adversário para se obter um objetivo, trazer brincadeiras e
jogos caóticos com muitas variáveis, torna o ambiente de
aprendizagem mais diversificado para novas atribuições de
habilidades. O bola ao(à) capitão(ã) é um ótimo jogo para
entender essa demanda tática envolvida no basquete, ainda
mais, quando adaptada a essas maneiras, com menos
jogadores(as) e menos passes envolvidos, o que torna mais
fácil e direcionado a aprendizagem tática ofensiva.
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

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Variação: Só é permitido o passe quicado entre os(as)
jogadores(as) e o(a) capitão(ã);
Discussão: Ao limitar o uso do passe para apenas o quicado,
os(as) jogadores(as) não poderão utilizar de lançamentos para
poderem fazer pontos, isso faz com que estimule a progressão
ao alvo, visto que, para realizar um passe quicado eficaz,
os(as) jogadores(as) precisarão estar mais pertos do objetivo
do que na variação anterior;
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

Variação: Retirar o(a) coringa do jogo;


Discussão: Ao retirar o(a) coringa do jogo se diminui a
vantagem numérica da equipe atacante, igualando com o
número de defensores(as) em jogo. Isso fará com que os(as)
atacantes tenham que apoiar mais o portador da bola para
conservar a posse. Em igualdade numérica os(as) atacantes
terão que realizar mais desmarques e progressões até o alvo;
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

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Variação: Limitar a quantidade de passes para 3.
Discussão: Ao limitar a quantidade de passes que cada equipe
pode realizar, a progressão ao alvo ficará mais iminente. Isso
exigirá um raciocínio mais apurado na tomada de decisão,
dado que os(as) atacantes deverão se ater à quantidade
máxima de passes, com isso, intuitivamente os(as)
jogadores(as) deverão buscar mais a penetração do que o
passe para a progressão ao alvo.
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

Situações de 1x1 - Vantagem espaço-temporal para o(a) atacante


Jogo situacional

ATAQUE DEFESA
Impedir progressão ao
Progredir ao alvo alvo
Realizar finalizações Aproximar e abordar
Descrição Esquema em Desenhos

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Materiais: Bola e cones;
Espaço de jogo: Meia quadra;
Número de Jogadores: 1 defensor(a) e 1 atacante;
Regras: Os(As) jogadores(as) iniciarão afastados
aproximadamente 3m um(a) do(a) outro(a) (meio da quadra e
linha de 3m do vôlei, por exemplo), sendo que o(a) atacante
possui a vantagem. O objetivo é pontuar fazendo cestas, de
maneira que cada jogador(a) conte sua pontuação
isoladamente, independentemente de quem for seu(sua)
defensor(a). É permitido quicar a bola livremente. Não é
permitido retirar a bola da mão do(a) jogador(a) adversário(a),
apenas no drible. O(A) defensor(a) poderá se mover apenas no
momento que o(a) atacante driblar a bola, antes disso deverá
permanecer parado(a) em sua posição inicial;
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

Variação: Diminuir a desvantagem do(a) defensor(a),


fazendo com que ele(a) fique ao lado do(a) atacante,
entretanto, nessa variação, atribui-se um ponto ao(à) atacante
caso ele(a) consiga, através de fintas, fazer com que o(a)
defensor(a) retire um dos seus pés do chão antes que ocorra
um drible;
Discussão: Nessa variação, por possuir uma nova maneira de
pontuar, os(as) jogadores(as) começarão a trabalhar mais sem
o drible para forçar seus(suas) defensores(as) a se
movimentarem antes do permitido, enfatizando a realização
de fintas sem drible, além de valorizar as saídas abertas e
cruzadas para se obter uma maior vantagem espaço-temporal;

Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

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Variação: Duas filas no centro da quadra, uma de frente para
a outra. Jogadores(as) de apenas uma fila começam com bola.
O(A) jogador(a) que está com a bola efetuará um passe para
o(a) jogador(a) da outra fila que, por sua vez, escolherá um
dos lados para atacar, enquanto quem passou vira o(a)
defensor(a) e deverá tentar impedir a pontuação. Jogo vai a 5
pontos, sendo que cada cesta de bandeja valerá 2 pontos e
outras cestas valerão 1 ponto;
Discussão: Nessa variação, os(as) atacantes utilizarão de
fintas para tentar obter uma maior vantagem contra seus(suas)
defensores(as), enfatizando a tomada de decisões dos(as)
atacantes, de maneira que terão que escolher, rapidamente,
qual lado da quadra ele(a) terá mais facilidade para finalizar,
dependendo de elementos já presentes no jogo, como a leitura
da posição do(a) adversário(a);
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

Situações de 2x1 - Vantagem espaço-temporal para o(a) atacante

Jogo situacional

ATAQUE DEFESA

Progredir ao alvo Impedir progressão ao alvo

Realizar finalizações Aproximar e abordar

Descrição Esquema em Desenhos

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Materiais: Bola;
Espaço de jogo: Meia quadra;
Número de Jogadores: 1 defensor(a) e 2 atacantes;
Regras: Os(as) jogadores(as) iniciarão no meio da
quadra voltados para um dos lados, entre eles(as) está
o(a) defensor(a) que ficará dois passos mais próximo(a)
da cesta e voltado na direção oposta. Ao passe do(a)
treinador(a) a um(a) dos(as) atacantes, o(a) defensor(a)
deve aproximar-se da linha do meio da quadra e tocá-la
antes de recuperar defensivamente, os(as) atacantes por
outro lado devem finalizar ao alvo que estão voltados,
com drible livre e um limite de 3 passes para realizar a
finalização;
Discussão: Nesse jogo observa-se de uma vantagem
espaço-temporal e numérica sobre a defesa, dessa forma,
colocamos uma ênfase ofensiva sobre o jogo, para
facilitar o objetivo principal de progressão ao alvo;

Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

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Variação: Os(As) jogadores(as) estarão distribuídos no
espaço de jogo, sendo dois(duas) jogadores(as) contra o
outro. O objetivo é fazer pontos através de cestas. É
permitido quicar a bola. Não é permitido retirar a bola da
mão do(a) jogador(a) adversário(a). Ao fazer a cesta os
papéis se trocam, o(a) jogador(a) que finalizou, defende,
e o(a) que defendeu, ataca. Cada jogador(a) conta sua
pontuação separadamente, valendo 1 ponto para a equipe
que fizer cesta;
Discussão: Nessa variação a desvantagem defensiva é
apenas numérica, fazendo com que os(as) atacantes
tenham que ser agressivos, com o intuito de fazer o(a)
defensor(a) tomar uma decisão (se para a bola ou tira o
passe) facilitando a finalização de um(a) dos(as)
dois(duas) atacantes;

Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

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Variação: Introduzir outro(a) defensor(a) ao jogo e
ambos(as) de frente aos seus(suas) respectivos(as)
adversários(as). Ao passe do(a) treinador(a) a um(a)
dos(as) atacantes, o(a) respectivo(a) defensor(a) deve
tocar a linha do meio da quadra antes de recuperar
defensivamente, por exemplo, se o passe for para o(a)
jogador(a) 1 do ataque, o(a) jogador(a) 1 da defesa terá
que tocar a linha;
Discussão: Apesar de se trazer mais um(a) defensor(a) ao
jogo, o princípio e objetivo da atividade continua o
mesmo, dividir o(a) defensor(a) para que um(a) dos(as)
atacantes possa estar livre em relação à cesta. A diferença
nessa ocasião, é que o jogo traz uma igualdade numérica,
entretanto com uma desvantagem espaço-temporal de
um(a) dos(as) defensores(as), enquanto o(a) mesmo(a)
tenta recuperar, servindo como pressão espacial aos(às)
atacantes, que deverão ser mais efetivos(as) e
agressivos(as) em sua progressão se quiserem tentar a
finalização desmarcados(as), o(a) outro(a) defensor(a)
terá que dividir ou ajudar o(a) companheiro(a) e, dessa
forma, possibilitando o conceito do dividir e passar
dentro da progressão ao alvo;

Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

JOGO DE BANDEJAS

Jogo Pré-desportivo

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ATAQUE DEFESA

Progredir ao alvo Retomar a posse de bola

Interceptar linhas de
Criar linha de passe/ Realizar finalizações passe/Aproximar e
abordar.

Descrição Esquema em Desenhos

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Materiais: 2 Bolas, dois alvos e coletes;
Espaço de jogo: Meia quadra
Número de Jogadores: 12 jogadores(as) divididos(as) em
duas equipes para turmas grandes; Recomendado 6
jogadores(as) divididos(as) em duas equipes, permitindo
maiores possibilidades de contato com a bola.
Regras: Os(As) jogadores(as) estarão distribuídos(as) no
espaço de jogo, sendo uma equipe contra a outra. O objetivo é
fazer pontos em alguns dos alvos, a cesta ou no chão, ambos
valendo 1 ponto. Para progredirem ao alvo, os(as)
jogadores(as) podem driblar e passar dentro da área de jogo.
Os(As) defensores(as) não podem roubar a bola das mãos
dos(as) atacantes, apenas interceptar passes ou roubar no
drible. Para entrar na área de finalização, o(a) jogador(a) deve
estar com posse de bola, e para finalizar pode dar até 2 passos.
A finalização é considerada ponto quando o(a) jogador(a)
entra com os dois pés no bambolê ou faz a cesta. Uma vez que
o(a) jogador(a) entra no espaço de finalização, não pode voltar
o passe para a área de jogo, só pode tentar finalizar. Ao
pontuar, a equipe deve deixar a bola no chão para reposição da
outra equipe;

Discussão: Por tratar-se de um jogo com ênfase nas


capacidades básicas táticas, como a invasão e a finalização.
Esse jogo conceitual de bandejas é uma ótima introdução para
um fundamento tão complexo de ensinar, de uma forma mais
interacionista e sem muitas intervenções do treinador.
Variação: Se o(a) jogador(a) receber parado um passe e
avançar para área de finalização em seguida, será considerada
a violação;

Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

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Variação: Dividir os(as) jogadores(as) em 4 equipes de 2
pessoas, cada equipe protegerá o seu alvo, que corresponderá a
uma cor de colete (verde, branco, preto e azul). O jogo terá
duas bolas, uma a cada duas equipes, e será dito contra qual
cor as equipes irão jogar, dessa forma, irá acontecer dois jogos
simultaneamente no mesmo campo de jogo. Agora o drible é
permitido sem restrições de área, porém limitado a três batidas
por recepção;
Discussão: Com essa variação emerge o elemento caótico
presente do jogo, de maneira que os(as) praticantes precisarão
estar plenamente atentos às regras do jogo e as relações
presentes com os(as) companheiros(as) e adversários(as) para
não gerar confusões. Além disso, outros aspectos presentes
nos jogos de invasão continuam a atuar, elucidando a lógica do
jogo.
Princípios enfatizados:

Ações tático-técnicas enfatizadas:

Após a representação prática de como os princípios e as ações tático-técnicas são


inseridas em um contexto de treino, esperamos que toda a discussão aqui levantada sobre
conceitos tenha ficado mais clara. Esse assunto é amplo e permite diversas compreensões a
respeito, entretanto acreditamos alcançar o objetivo de ser norteador para treinadores(as) de
minibasquete.

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