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PSICOLOGIA

Cultura – noção
É tudo o que é produzido pelo homem em sociedade e que engloba bens materiais (cidade,
tecnologia) e bens imateriais (valores, ética, moral).
 É uma totalidade onde se conjugam diversos elementos.

Estes elementos mudam e influenciam-se mutuamente, encontrando-se organizados de forma


dinâmica.

As crianças selvagens:
Crescem privadas de todo o contacto humano (abandonadas, perdidas, vitimas de
abusos…): Victor de Averon, Amala e Kamala e Genie; Isabel (Portugal).
Através de estudos científicos foi possível compreender o papel das interacções sociais no
desenvolvimento humano. Características:
 Linguagem mímica (sons de animais);
 Linguagem verbal quase nula (varia com o tipo e idade);
 Comportamento diferente do dos humanos;
 Não riem nem choram;
 Tem dificuldades no controlo emocional
Estas crianças mostram-nos como dependemos uns dos outros, do contacto físico e
sociocultural.

Culturas
Vários modos de relacionamento entre as pessoas: ideias, objectos ambiente
humanamente construído.
 Varia no tempo e no espaço; com as épocas e momentos históricos; de lugar para lugar.

Há múltiplas culturas, todas diferentes: comunidades que organizam formas de viver em conjunto,
os acontecimentos da sua história, as suas necessidades e exigências.
Factores: habitats, acontecimentos, contactos com outras culturas…

Padrões culturais:
Importante papel no enquadramento da construção de significados em muitos domínios da
vida social, pois:
 Influenciam as actividades, modos de relação entre as pessoas e os significados que lhes
estão associados.
 A cultura influencia o pensar e o sentir, o bonito ou feio, bom ou mau, aceitável ou
inaceitável; o que consideramos normal ou anormal.

Definem um conjunto particular de hábitos, crenças, valores, formas de pensar.


Mas: mudam permanentemente (ex: contacto com outras culturas)

Conceito de aculturação:
Conjunto dos fenómenos resultantes do contacto continuo entre grupos de indivíduos
pertencentes a diferentes culturas, assim como as mudanças nos padrões culturais de ambos os
grupos a que eles decorrem.

Socialização:
Processo de integração do individuo na sociedade que passa pela aprendizagem da cultura
dessa sociedade. Divide-se em duas fases:
 Socialização primaria: (durante a infância) responsável pelas aprendizagens mais básicas
da vida em comum – regras de relacionamento, hábitos alimentares, regras da linguagem,
etc.
 Socialização secundária: (da adolescência até ao final da vida) ocorre sempre que a pessoa
tem de se adaptar e integrar em situações sociais especificas, novas para o individuo –
mudança de escola, divórcio, casamento… – exigem às pessoas novas adaptações e
aprendizagens.

História pessoal
Quando integrados numa comunidade, vivemos experiências com os outros, desde o nosso
nascimento, que se vão acumulando. Essas experiencias marcam cada um de nos, tornando-nos
únicos, distinguem-nos dos outros e fazem parte da nossa história pessoal/vida que marca a nossa
identidade pessoal.

Papel dos significados:


Experiências vividas – experiencias do mundo, dos outros e nossas – são elementos
fundamentais na nossa vida.
As experiências são encaradas de maneira diferente por cada um: a ligação que se
estabelece é o significado que cada um lhes atribui.
Nós participamos, por isso, na determinação de nós próprios e dos contextos em que
vivemos.

Auto-organização e criação sociocultural:


Seres humanos seres auto-organizadores: organizam o seu fluxo de suas próprias
experiências e o tornam compreensível

Auto-organização

História pessoal Sociedade especificidade


Individual ( genética…)

 Transformam o seu ambiente físico e sociocultural: por isso são seres capazes de
autonomia.

Adaptação e autonomia
Independência, livre arbítrio, fazer escolhas,
determinar-se a si mesmo, construir o seu caminho.
Característica das respostas dos organismos ao seu contexto.

O processo de adaptação dos seres vivos tem características próprias: depende da forma
como o organismo e o ambiente interagem. Esta interacção vai determinar a forma como certas
pressões, provenientes do meio são integradas na experiência do individuo. Nesta integração
entram os processos de auto-organização e de autonomia.
A adaptação processa-se entre o individuo e o meio.

A RIQUEZA DA DIVERSIDADE HUMANA


Diversidade biológica:
É o facto de conseguirmos distinguir o homem da mulher por apresentarem traços distintos,
tanto em termos anatómicos como fisiológicos (olhos, cabelo, nariz, corpo…). A constituição dos
seres humanos (genoma) é muito semelhante, portanto a questão da diversidade física é muito mais
complexa do que se julgava
Hereditariedade individual: torna-nos únicos, dotados de um património genético único.

Diversidade cultural
É no contexto das relações do meio que cada ser humano se desenvolve com características
próprias.
O nosso código genético não é suficiente para crescermos como humanos, da forma nos
(re)conhecemos. Sem o contexto social éramos inacabados.

Diversidade individual
Ao construir a sua história pessoal, cada ser humano utiliza e recria não só o seu corpo e o
seu cérebro, mas também o seu património cultural e as suas aprendizagens e vivencias sociais (é
necessário escutar as múltiplas diferenças dos outros e apreciar a diversidade).

Vantagens da diversidade humana


É nas nossas diferenças em realizar e organizar as várias dimensões que está a riqueza do
ser humano.
É por isso que devemos estar mais atentos às diferenças e dispostos a escutá-las e a
percebê-las.

MENTE: PROCESSOS COGNITIVOS, EMOCIONAIS E CONATIVOS


O saber, sentir, fazer:
Durante muito tempo: dimensão cognitiva correspondia ao pensamento (base da produção do
conhecimento científico.

Mais tarde: revisão da concepção – implica também o emoção, os sentimentos, a actividade e a


acção.
Mente humana:
 Sistema que integra os processos emocionais conativos
 Não é uma colecção de processos, mas sim uma manifestação total de processos dinâmicos
que interagem.
3 processos mentais:
1. processos cognitivos: relacionados com o saber, com o conhecimento, reportam-se à
criação, transformação e utilização da informação do meio interno e externo
2. processos emotivos: relacionados com o sentir; são estados vividos pelo sujeito
caracterizados pela subjectividade. (prazer – desprazer)
3. processos conativos: relacionados com o fazer; expressam-se em acções, comportamentos.
Dimensão intencional da vida psíquica (motivação)

Processos cognitivos: percepção, memória, emoções, linguagem e inteligência – actividades


mentais que formam a cognição.
 São complexos porque implicam um conjunto de estruturas que recebem, filtram,
organizam, modelam, retém, os dados provenientes do meio.
1. A percepção (órgão do sentidos): processo cognitivo complexo através do qual
contactamos com o mundo, através dos órgão dos sentidos (exige a realidade de conhecer)
Função: organização e interpretação das informações.
Recepção sensorial tem 3 elementos comuns apesar de ser feita em órgãos diferentes: estimulo
físico, a sua tradução em impulsos nervosos, a resposta à mensagem como percepção.

 Órgãos receptores -» processo de sensação(detecção e recepção) -» recepção dos estímulos


pelos órgãos receptores -» transformados em impulsos nervosos que são conduzidos ao
SNC e processados pelo cérebro.
 A percepção é uma actividade que não se limita ao registo da informação sensorial: atribui
um sentido, e por isso é subjectiva. Depende de: conhecimentos, personalidade, sentidos,
estado de espírito e físico, cultura, sociedade, etc.
 Exerce um processo de selecção (captamos aquilo que nos interessa num mundo cheio de
estímulos)

A interpretação da realidade
A visão que temos do mundo não é uma reprodução da realidade, mas uma interpretação.
Algumas situações - percepções visuais:
a) Constância de tamanho: percepcionamos o tamanho independentemente da distância. O
memos objecto a diferentes distâncias imagens com diferentes tamanhos: quanto +
longe está + pequeno parece. É o cérebro que interpreta os dados que recebe, mantendo
o constante tamanho.
b) Constância da forma: um objecto nunca forma a mesma imagem retiniana (o ângulo, a
luz, a distância mudam), mas reconhecemo-lo reconhecimento sistemas
elaborados em que intervém a anterior experiência do sujeito.
c) Constância do brilho e da cor: nós mantemos constantes o brilho e a cor dos objectos,
mesmo quando as circunstâncias físicas nos dão outra informação. A memória e a
experiência actualizam as características que percepcionamos.

A percepção social: designa o processo como conhecemos os outros e como interpretamos o seu
comportamento. Está relacionada com os grupos sociais, com o contexto social em que a pessoa
está inserida.
 Indivíduos atribuição de significados à realidade física e social
 Um dos fenómenos estudados predisposição preceptiva.

Percepção e cultura: o contexto cultural marca o modo como se percepciona o mundo. Daí que um
mesmo objecto, acontecimento ou situação seja percepcionado de diferentes maneiras por sujeitos
que pertencem a diferentes culturas (ex: percepção de profundidade).

MEMÓRIA
 Processo cognitivo que consiste na retenção e na evocação das informações,
conhecimentos, acontecimentos e experiências assegura a identidade pessoal.
 É essencial para a nossa sobrevivência, sendo condição da adaptação ao meio e para a
aquisição de novas aprendizagens.
 Sem memória não há cognição ela está na base de todos os processos.

Processos da memória
 Codificação: é a primeira operação da memória que prepara as informações sensoriais para
serem armazenadas no cérebro. Faz a tradução de dados num código (pode ser acústico,
visual ou semântico).
 Armazenamento: cada um dos elementos que constitui a memória está registado em várias
áreas cerebrais. Quando uma experiência é codificada e armazenada, ocorrem modificações
no cérebro de que resultam traços mnésicos engrama.
 Recuperação: Nesta etapa, recupera-se a informação: lembramo-nos, recordamos,
evocamos uma informação – reconhecimento.

Memorias
 Memoria a curto prazo: retém a informação durante um período limitado de tempo.
a) Memória de trabalho: mantém-nos a informação enquanto ela nos é útil.
b) Memória imediata: material recebido que fica retido durante uma fracção de tempo (30
segundos +/-)
Estas duas são complementares curto prazo.

 Memória a longo prazo: retém os materiais durante horas, meses ou toda a vida.
a) Não declarativa (ou implícita): corresponde às informações que se utilizam nos
comportamentos motores dos quais não se tem consciência. (bicicleta automática)
b) Declarativa (ou explicita): implica a consciência do passado, do tempo, reportando-se a
acontecimentos, factos, pessoas. É a memória verbalizável, constituída pelas memórias
semântica e episódica.
Memória construída
A memória não é uma reprodução fiel ao passado, pois as recordações estão marcadas pela
experiência, pelas emoções, pelos afectos, pelas representações.
A memória constrói os dados que recebe, dando relevo a uns e omitindo, ou distorcendo
outros.
Processo activo dinâmico
 A memória é condição da identidade pessoal e também da identidade colectiva: família,
grupos sociais, instituições. Também a este nível se faz a reconstrução do passado.

Esquecer para memorizar:


Esquecimento ocorre quando n.ão se consegue recuperar informação.
A memória tem uma função selectiva afasta o que não é útil e vice-versa. Carácter
adaptativo (informação transformada)
 Esquecimento regressivo: ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e
em recordar conhecimentos, factos e nomes aprendidos recentemente.
 Esquecimento motivado: (Freud) coisas esquecidas para evitar a angústia e a ansiedade e
manter o equilíbrio psicológico. Processo recalcamento.
 Interferência das aprendizagens: as novas memórias interferem com as memórias mais
antigas. Actualmente pensa-se que, mais do que desaparecer, o material que não
conseguimos recordar sofre modificações efeito de transferências de aprendizagens e
experiências posteriores.

APRENDIZAGEM
 através de experiências, estudo, comunicação, educação/socialização…
Processo cognitivo que nos torna humanos, pois é fundamenal no processo d adaptação ao
meio.

Processos de aprendizagem
Aprendizagem não simbólica: comportamentos que estão directamente relacionados com
estímulos do meio e que são previsíveis a partir da presença de estímulos.
a) Aprendizagem não associativa:
o é graças à habituação – que consiste em aprender a não reagir a determinado
estímulo – que seleccionamos do meio ambiente o que nos interessa, centrando a
nossa atenção no que é essencial para nós.
o Sensitização: aprendem-se as propriedades de um estímulo ameaçador ou
prejudicial (preparação para defesa ou fuga)

b) Aprendizagem associativa: para se aprender tem de se associar estímulos e respostas ou


associar estímulos.
o Condicionamento clássico: Experiência realizada por Pavlov para estudar os
reflexos digestivos do cão:

O cão aprendeu a salivar ao som da campainha


Este tipo de

aprendizagem está presente quer nos animais quer nos seres humanos. É uma aprendizagem que
não envolve a vontade do sujeito: o sujeito é passivo.
A resposta condicionada pode ser extinta: se o estímulo condicionado fosse apresentado
várias vezes sem ser seguido do estímulo incondicionado, a resposta condicionada acabava por
desaparecer.

o Condicionamento operante: Experiência realizada por Skinner com ratos utilizando


a “caixa operante” ou “caixa de Skinner”:
1) Colocou o rato na caixa operante
2) O animal explora o ambiente cheirando, deambulando no interior da gaiola
3) Por acaso, selecciona a alavanca recebendo uma porção de alimento
4) A partir de várias tentativas bem-sucedidas, o rato passa a premir a alavanca
para receber alimento.

O rato aprendeu a obter alimento: graças ao reforço (positivo), o animal aprendeu a


carregar na alavanca.

 Reforço negativo não é igual a castigo

Enquanto o reforço negativo visa aumentar a ocorrência do comportamento, o castigo visa


diminuir ou evitar que um comportamento não desejável se repita.

A recompensa é o procedimento ou estímulo usado para aumentar a probabilidade de resposta.


Corresponde ao reforço positivo do condicionamento operante.

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