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Teoria da Arte

Docente: Professor José Carlos Pereira

Zdzisław Beksiński
Análise de uma obra (“The Night Creeper”)

Licenciatura De Design De Comunicação


Ano letivo:2021/2022
Inês Lapão, nº 14017

1
Índice

Introdução…………………………………………………………………………………..2
Desenvolvimento…………………………………………………………………………..3
Tema……………………………………………………………………………….3
Biografia de Zdzisław Beksiński…………………………………………………4
Introdução ao Surrealismo………………………………..……………………...6
Introdução ao Realismo “Mágico”..................................................................7
Descrição e Análise da obra………………………………………………..…....8
Conclusão…………………………………………………………………………………..10
Bibliografia e Webgrafia…………………………………………………………………...11

2
Introdução

No âmbito da disciplina da Teoria da Arte, desenvolveu-se a proposta para um


trabalho final no qual vou procurar fazer a análise de uma obra de Zdzislaw Beksinski. As
obras deste artista não costumam ter título, no entanto a obra que escolhi foi intitulada pelos
espectadores de “Night Creeper”, apesar de Beksinski nunca lhe ter dado um nome. A
razão pela qual o artista nunca chegou a dar um nome aos seus quadros, é o facto de dar
muito mais importância ao conteúdo e à forma do que a essência filosófica da sua pintura, e
achar que devia dar ao espectador a total responsabilidade de interpretar a obra, o que
implica ser atribuído um título.
O trabalho de Beksinski teve vários períodos. Esta obra faz parte do período que se
iniciou no final da década de 1960 onde o pintor procura trabalhar o fantástico utópico, o
futuro pós-apocalíptico surrealista, com cenas muito detalhadas de morte, decadência,
paisagens cheias de esqueletos, figuras deformadas e desertos.
Este trabalho está dividido em três partes fundamentais: a primeira centra-se nos
dados biográficos do autor e nos acontecimentos mais relevantes da sua vida; na segunda
parte é feito um resumo do período onde a obra selecionada se insere, sintetizando as
ideias principais dessa mesma fase, incluindo uma pequena análise do Surrealismo e o que
é o Realismo “Mágico” (subgénero onde a pintura se encaixa); na terceira farei uma análise
mais profunda da obra, depois dos devidos contextos dados.
No final será feita uma breve conclusão, na qual será exposta uma crítica acerca do
texto e da pintura estudada.

3
Desenvolvimento

Tema
O Tema que foi selecionado foi uma obra de um artista contemporâneo,
concretamente a obra conhecida como “The Night Creeper” de Zdzislaw Beksinski. Escolhi
uma obra deste artista por gostar do género surrealista e por apreciar os temas do pós-
apocalíptico.
Relativamente a um futuro apocalíptico enquanto tema, sabemos que as primeiras
narrativas e este respeito foram encontradas em textos sagrados e que o conceito que
temos de fim do mundo provém desses textos religiosos. A própria palavra apocalipse
deriva do grego apocalipsis que significa revelação daquilo que estava oculto. Não tendo
exatamente uma conotação negativa, o seu significado evoluiu mais tarde para um final
grandioso e destrutivo e a sua antevisão para um mau presságio. O conceito actual de
apocalipse incorpora a visão bíblica dada por São João no capítulo homónimo e tem
implícita a noção do regresso do Messias para um Juízo Final em que todos serão
avaliados e o Bem irá triunfar sobre o Mal após uma batalha. (3)
Um conjunto de obras que tem a mesma tonalidade sombria são as do período
negro de Goya. A perspectiva e a temática são, no entanto, diferentes. Na minha opinião
um dos exemplos seria a obra de Saturno Devorando O Filho, de Francisco de Goya, onde
Saturno, também chamado Cronos, devora com violência e rasga a carne do filho por receio
de ser superado por este. O seu valor ambíguo revela-se na forma de exprimir a máxima de
que o Tempo não perdoa ninguém, pelo que a morte nele representada deveria ser apenas
natural e expectável. No entanto, ele representa-a de uma forma extremamente violenta,
cruel e vivida com angústia. Pretendo estabelecer pontos em comum entre as obras de
ambos os artistas.

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Biografia de Zdzisław Beksiński

Zdzisław Beksiński (24 de


fevereiro de 1929 – 21 de fevereiro de 2005)
foi um renomado pintor, fotógrafo e artista
fantástico polaco. Beksiński morreu
assassinado em 2005, aos 75 anos de
idade.

Ao longo da vida, presenciou


várias tragédias que contribuíram para sua
melancolia e depressão. Depois da guerra,
sua esposa Zofia morreu de cancro. Um ano
depois, no Natal, seu filho Tomasz cometeu
suicídio. Em 21 de fevereiro de 2005, o
artista foi assassinado no seu apartamento
em Varsóvia, com 17 facadas. Robert
Kupiec, era o filho adolescente do cuidador
do artista, que se declarou culpado e foi
preso. Kupiec foi condenado a 25 anos de
prisão. Especulam que o artista foi
assassinado porque não quis emprestar
dinheiro ao jovem.

Sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, por consequência a sua arte refletia também
os horrores das batalhas, que se insere dentro do surrealismo e futuro apocalíptico. Nos
anos de 1990, criou uma série de pinturas surreais que exploravam sempre as mesmas
temáticas: a morte, a solidão, os pesadelos e o apocalipse. As pinturas desta série foram
menos detalhadas do que seu “período fantástico”, porém não menos poderosas.

Beksiński produzia suas pinturas e desenhos num estilo a que ele chamou ora de
"Barroco", ora de "Gótico" pelo dramatismo cromático, apelo às emoções e aos sentidos. O
primeiro era dominado pela representação, com os exemplos mais conhecidos advindos de
seu período de "realismo fantástico", em que o artista pintava imagens perturbadoras de
ambientes surrealistas e aterrorizantes. O segundo estilo é mais abstrato, sendo dominado
pela forma e tipificado pelas últimas pinturas do artista.

Beksiński foi considerado em vida como o maior artista contemporâneo polaco. A


cidade de Sanok, na Polónia, onde nasceu o pintor, possui um museu que lhe é dedicado.
O Museu Beksiński contém 50 pinturas e 120 desenhos do artista da coleção Dmochowski,
a maior coleção particular de obras do autor, foi aberta em 2006, na cidade de
Częstochowa. Em 18 de março de 2012, com a participação da ministra de
desenvolvimento regional Elżbieta Bieńkowska, foi inaugurada a Nova Galeria de Zdzisław
Beksiński; com a visita aberta ao público no dia seguinte. Uma "Cruz de Beksiński", no
tradicional formato de T comumente pintado pelo artista, foi instalada em uma edição do
festival Burning Man.

Estudou arquitetura, ou seja, não seguiu uma formação formal em pintura.


Interessou-se por fotografia, fotomontagem e escultura. Na fotografia, trabalhou com vários

5
temas que também apareceriam em obras futuras. Começou a pintar pois considerou que a
fotografia era limitativa e que constrangia a sua liberdade para criar e aproximar-se ao que
imaginava. (1) (2)

Algumas das suas obras

Pintura de 1975 Pintura de 1972 Pintura do final da década de


70

(4)

Introdução ao Surrealismo

Depois de Duchamp se ter afastado do Dadaísmo em 1924, alguns dos seus amigos
e conhecidos fundaram o “sucessor” do Dadaísmo - o Surrealismo. Ao fazê-lo definiram
também os seus princípios, tal como ser um puro automatismo psíquico com o objetivo de
expressar a base do pensamento, livre da razão e de qualquer funcionalidade estética ou
moral.
A teoria surrealista está fortemente imbuída de conceitos psicanalíticos, oníricos e
do subconsciente. A sua retórica forçada nem sempre pode ser tomada por certa. No
entanto, através da ambiguidade e da ambivalência, os conceitos anteriores foram os
caminhos apontados por Breton para o Surrealismo nas artes visuais. A noção de que era
possível transpor um sonho diretamente do subconsciente para a tela, sem a intervenção

6
consciente do artista, não resultou na prática - e verificou-se que um certo grau de
orientação era inevitável. (6)
Os princípios do Surrealismo, segundo o Manifesto do Surrealismo de André Breton
(1962), provêm do desejo de descobrir a liberdade através da imaginação, que segundo o
autor não possui limites. Para os surrealistas, a imaginação é a ferramenta para o que pode
ser, que levanta a barreira entre o que pode ser algo e a realidade em concreto.
Ao contrário do sonho, nas obras surrealistas sabemos que é uma ilusão. No
entanto, neste caso fazemos a escolha de sermos enganados na possibilidade de criar algo
novo à parte da realidade. (7)

Zdzislaw Beksinski é conhecido por alguns como “o artista do Apocalipse” e por


outros como o artista “fundador das Artes Negras”.
Beksinski foi assim intitulado devido ao aspecto grotesco e soturno das figuras
cadavéricas e/ou em decomposição que pintava; pelas características de esquálido,
deformado ou estranho que o corpo humano adquire nas suas telas, e pelas ruínas de
lugares fantásticos e devastados (ora pela peste ora pela guerra) que criava.
Apesar de tais títulos, muitos críticos concordam que o artista é um dos mais
importantes representantes do surrealismo polaco.
Beksinski,
[...] produzia as suas pinturas e desenhos num estilo que chamava ora de ‘Barroco’,
ora de ‘Gótico’. O seu principal estilo era dominado pela representação, com os exemplos
mais conhecidos advindos do ‘realismo fantástico’, em que pintava imagens perturbadoras
de ambientes "surrealistas e atemorizantes”.
(LIVISKI, 2017, pp.133-134).

Max Ernest, “swamp angel”

7
Introdução ao Realismo “Mágico”
Beksinski chamou o seu período mais negro de “Fantástico”, que durou até meados
da década de 1980. O conceito ao longo dos anos, e mesmo nas suas últimas obras,
continuou o mesmo: paisagens perturbadoras, figuras oníricas, infernais e distópicas.
Comparando-o ao período fantástico de Francisco de Goya, vemos que também é
recorrendo ao processo da invenção de imagens que cria as suas pinturas e gravuras. No
entanto, Goya estabelece uma relação texto-imagem devido aos títulos que atribuí às
imagens, algo Beksinski não fez. Apesar disso, continua a ser o nosso trabalho interpretar a
obra neste “jogo” de imagem-figura e texto-imagem. Tal como Beksinski, o fantástico de
Goya cria uma impiedosa estranheza, podendo ser mais aterrorizante ou mais cómica – tal
como Beksinski pensava serem as suas próprias obras.
Apesar das implicações sombrias, ele sentiu que suas obras foram mal
interpretadas. Segundo a sua expectativa, deveria ter sido observado nas suas obras algum
optimismo e até humor.
O trabalho de Beksiński é considerado realismo mágico pois tal como o realismo
apresenta a realidade, mesmo que seja somente a realidade para o artista, de forma neutra
e desapaixonada, e também pelo recurso a temas do quotidiano. (10)
A obra “The Night Creeper” enquadra-se neste contexto realista na medida em que
retrata um momento, concretamente aquele em que esta criatura se encontra a passar ou a
fugir pela rua. O componente “mágico” deste realismo provém do facto de relatar momentos
de um quotidiano fantástico. Ou seja, não o que vemos na realidade, mas uma possível
realidade do subconsciente.
Charles Pierre Baudelaire (poeta e teórico da arte) comentou, referindo-se ao talento
de Goya, que este “consiste em criar a monstruosa verossimilhança: “Todas as contorções,
os rostos bestiais, as caretas diabólicas estão penetradas na humanidade”. O realismo
mágico também se aplica a Goya, pois as suas imagens (gravuras e As Pinturas Negras)
representam o quotidiano (o homem em si mesmo) deturpado. (9)
A fusão do presente e do passado, a invenção de objetos estranhos, a justaposição
de coisas diferentes e a representação da alienação são apenas algumas das maneiras
pelas quais os pintores realistas “mágicos” evocam o mistério e a estranheza da realidade
quotidiana. O movimento original surgiu na década de 1920 na Alemanha para contrariar a
ênfase colocada na subjetividade individual por artistas vanguardistas anteriores.
Inicialmente sinónimo de Neue Sachlichkeit, Magic, este estilo focou-se menos na crítica
social mordaz e mais nas explorações da estranheza e da incongruência da existência.
Muitas vezes usando detalhes requintados e perspectiva incomum, os artistas transmitiram
a maravilha da realidade observável.
A influência do Realismo Mágico espalhou-se pelos media, especialmente na
literatura, para se tornar uma prática difusa em várias áreas ao redor do mundo. Nunca foi
um movimento unificado, e os seus artistas, de vários países, desenvolveram diversas
ideias e estilos, criaram versões únicas, que ainda se fazem ressoar como inovadores
contemporâneos pelos media até hoje.

8
As pinturas - como uma representação do estilo distinto de arte de Zdzisław
Beksiński - foram descritas e classificadas como "arte fantástica". As obras de arte criadas
nas últimas três décadas do século XX representam o estilo bem conhecido deste artista.
Muitas vezes, académicos e críticos tendem a esquecer-se das formas anteriores da
expressão artística, como a fotografia e os criptogramas, que tiveram um grande impacto no
significado e na compreensão das pinturas.
O paralelo entre as fotos e os roteiros (dos anos 50 'e 60') e as pinturas (dos anos
70') levam o autor a tomar um novo rumo interpretativo, baseado no expressionismo e
imaginação cinematográfica.
Tal conclusão, permite-nos pensar nas suas peças de arte como representações do
realismo “mágico”. Um excelente exemplo deste estilo vem dos anos 90, quando Bekisński
começou a criar fotomontagens. As peças de arte feitas em software gráfico combinavam
magia (sentimento surreal, onírico, místico característico) e realismo (fotografias). (8)

Descrição e análise
Na obra é
possível ver o uso
da temática do
realismo “mágico”
e do futuro
apocalíptico.
Representando a
distopia e
emergindo do
movimento
surrealista,
Beksiński expõe
os horrores do
subconsciente
encarnados pela
criatura representada.
Esta obra enquadra no centro da imagem uma criatura de corpo humanóide, e
se observarmos com atenção reparamos que apesar de os “braços” serem semelhantes aos
dos homens, as suas “pernas” se parecem às de um canino. Podemos conectar os
conceitos de estrutura corporal ao conceito da esfinge, uma mistura entre a mulher e o leão,
que neste caso é uma aberração entre o homem e o que parece ser outro animal
quadrúpede.
A sua cara não é visível pois está envolta pelo que parecem ser ligaduras. No meio
das ligaduras podemos assumir que o que vemos é tinta vermelha ou sangue. A figura
caminha toda curvada sobre os quatro membros e tem um corpo desfigurado, por ser
esquálido. A criatura caminha numa rua de uma cidade destruída que arde, pelo que a cor
do solo, do fumo, do fogo e de todo o ambiente assume tons encarnados e acastanhados. A
criatura pode estar só de passagem mas na verdade pode estar também a fugir, pois

9
apesar de ser uma criatura adequada ao contexto do caos, isso não implica que a
aberração não sinta pânico ou medo quando confrontada com o caos - neste caso, o
incêndio que consome os prédios do plano de fundo.
Interpretando a obra vemos que ela pretende representar o medo ou algo gerador de medo
e o estado de alerta despertado pela necessidade de lidar com esse mesmo medo. No
entanto, podemos ver o medo de duas perspectivas, a nossa ou a da própria criatura.

A obra incita o sentimento de medo desencadeado por receio do que é estranho e


desconhecido, percecionado como perigo. O medo irracional do desconhecido, neste caso,
pode ser causado pelo receio do que anda na escuridão, onde ninguém vê. No contexto
caótico e apocalíptico em que a criatura se enquadra, podemos também percepcionar o
receio do que nos espera e ser confrontados com as nossas próprias reações na tentativa
de lidar com o possível caos que se aproxima. Atualmente, é um medo recorrente quando
observamos a crise climática, as epidemias, os desastres naturais ou as guerras, por serem
catástrofes difíceis de escapar para quem está no seu contexto e sobre as quais nada
podemos fazer a nível individual.

O medo é uma emoção básica, não só para o homem, mas também para todos os
outros animais. A existência do medo tem uma razão de ser, pois em ele não seríamos
capazes de perceber o perigo e saber quando evitá-lo. É um mecanismo fisiológico
essencial.
Não obstante, sob o ponto de vista psicológico, Delumeau (1989) considera o medo
mais complexo nos seres humanos do que nos animais. Quando o medo deixa de ser
racional, como o medo de cobras ou alturas, passa a ser irracional e fruto da nossa
imaginação.
O medo depende muito do contexto cultural pode diferir bastante dependendo de:
“em que situações? Qual a intensidade do medo? Em que esse medo difere do pânico? Em
que medida essa tendência inata pode ser superada pela educação, treino ou experiência?
O pânico é aceite nesta sociedade e nestas circunstâncias ou o pânico é acompanhado
pela vergonha ou humilhação? O pânico é entendido como uma reação natural ou como
uma fraqueza? É compreendido como uma apreensão involuntária ou como um ato
voluntário, se bem que espontâneo?”.
Nesse sentido, o medo não é só uma reação emocional, é baseado em crenças. O
medo não implica, portanto, uma natureza única e imutável. Trata-se de um sentimento
construído historicamente, aprendido e ensinado de formas diferentes, dependendo da
época. Numa tentativa de pensar a emoção do medo vivida ao nível do indivíduo não se
pode descartar ou minimizar a importância do aspecto social.

Nesta obra o artista aplica uma paleta cromática associada ao que é esperado da
descrição típica de um apocalipse e situação capaz de desencadear medo e caos, que são
as cores intensas, escuras, muito monocromático onde prevalecem os vermelhos e os
castanhos que gradualmente escurecem.
O uso da cor vermelha é um dos elementos importantes para transmitir a sensação
de estado de alerta. Graças ao seu longo comprimento de onda, o vermelho é uma das
cores mais visíveis no espectro de cores. A sua capacidade de chamar a atenção das
pessoas instantaneamente é o motivo pelo qual é frequentemente usado para alertar sobre
perigos iminentes, como, por exemplo, sinais de trânsito, sirenes, carros de bombeiros e
semáforos vermelhos. (12)

10
Segundo este contexto é importante analisar o que o espectador vai sentir. Existe
uma série de emoções que reconhecemos como de medo, e que se traduzem na linguagem
verbal e corporal por expressões consistentemente interpretadas dessa forma. O medo,
aqui, é abordado como algo universal, pois todos reconhecem o sentimento ou a sensação
de medo, ninguém tem dúvida de que sente medo. Pode ser uma reação de fuga, reação
de retração, reação de negação, reação de precaução, reação de inibição. Tais reações
fazem parte de outros complexos emocionais, mas dotadas de diferentes configurações. A
caracterização de medo não é simples, mas deve ser vista como distinta de outras emoções
parecidas e por vezes sobreponíveis como de terror, de susto ou de pavor. (11)

Conclusão

A obra “The Night creeper”, que na realidade não tem título, enquadra-se dentro do
movimento Surrealista e dentro do sub-género do Realismo “Mágico”. Esta obra resume em
si uma grande simbologia sobre o medo humano, fruto da imaginação. Também
proporciona análise sobre o subconsciente de Beksiński e da sua perspectiva sobre o
sonho.
O Primeiro Manifesto do Surrealismo foi publicado em 1924, por André Breton, e
impulsionou o movimento surrealista, sobretudo, na literatura e nas artes plásticas.
O Manifesto exemplifica na perfeição a ligação entre a arte e o sonho, tema de
grande importância e bastante explorado pelos artistas deste movimento. Este acompanha
a teoria de Freud, em que o subconsciente se manifesta nos sonhos. Tentou ultrapassar os
limites do racionalismo e encontrar novas formas de percepção e de criatividade.
A exaltação do imaginário, a ausência da racionalidade e o regresso ao mundo dos
sonhos e do ocultismo são as características dominantes deste movimento. O automatismo
psíquico é o método exploratório, que permite uma livre manifestação da imaginação e do
inconsciente.
O quadro enquadra-se no Surrealismo na medida em que Beksiński procurava
explorar a liberdade dentro da imaginação (algo que não pode fazer na fotografia), e
explorar o subconsciente e o sonho, segundo os conceitos da psicanálise.
Também é considerado parte do género do Realismo “mágico” uma vez que
representa um momento de um suposto quotidiano, que é mágico por remeter para o
quotidiano fantástico.
Zdzisław Beksiński passou por depressão e melancolia por presenciar várias
tragédias. Na fase a que chamou de "período fantástico” pintou esta obra, manifestando as
suas emoções e o seu complexo subconsciente fruto também da imaginação.

11
Referências e Webgrafia

(1) Biografia de Zdzislaw Beksinski


https://www.google.com/url?
sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiV-
9r9iYX1AhXQxIUKHUsZBLgQFnoECAcQAQ&url=https%3A%2F%2Fwww.wikiart.org%2Fpt
%2Fzdzislaw-beksinski&usg=AOvVaw1gr7QhM0JJsn68BjcSt9vE

(2) Biografia de Zdzislaw Beksinski


https://www.google.com/url?
sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiV-
9r9iYX1AhXQxIUKHUsZBLgQFnoECBAQAQ&url=https%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org
%2Fwiki%2FZdzis%25C5%2582aw_Beksi
%25C5%2584ski&usg=AOvVaw1wlVQFJj6WlamcAhqFexms

(3) Alvarenga, V. M. (2017). A CIDADE DOS MORTOS: O MUNDO IMAGINÁRIO DO


ARTISTA POLONÊS ZDZISLAW BEKSINSKI. Revista Interdisciplinar Internacional
de Artes Visuais-Art&Sensorium, 4(2), 031-045.
http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/sensorium/article/view/1817/1316

(4) Museu Beksiński


http://beksinski.dmochowskigallery.net/galeria_karta.php?artist=52&picture=3399

(5) Laranjinha, N. (2016). O fim do mundo em Lars Von Trier, Abel Ferrara e Béla Tarr.
REVISTA LIVRE DE CINEMA, uma leitura digital sem medida (super 8, 16, 35, 70
mm,...), 3(2), 72-83.
http://relici.org.br/index.php/relici/article/view/78

(6) Janson, H. W. (1962) History of Art

(7) BRETON, A. (1985). Manifesto do surrealismo. Manifesto do surrealismo. Manifesto


do surrealismo. TELES, Gilberto.

12
(8) Zdzisław Beksiński – fantastic art of magic realism? From crypto-script to
photomontage
https://www.researchgate.net/publication/
330423071_Zdzislaw_Beksinski_fantasta_czy_realista_magiczny_Od_kryptoscenariusza_d
o_fotomontazu_EN_Zdzislaw_Beksinski_-_fantastic_art_or_magic_realism_From_crypto-
script_to_photomontage

(9) De Lima e Silva, Jason (1975). O Fantático de Goya


https://www.academia.edu/24661036/O_fant%C3%A1stico_de_Goya

(10) Realismo
https://www.google.com/url?
sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiwnOnVi4X1AhW
6hv0HHcMpAKcQFnoECAwQAQ&url=https%3A%2F%2Fwww.historiadasartes.com
%2Fnomundo%2Farte-seculo-19%2Frealismo
%2F&usg=AOvVaw1eDADHuGKjQmycMe_wFziV

(11) Santos, L. O. D. (2003). O medo contemporâneo: abordando suas diferentes


dimensões. Psicologia: ciência e profissão, 23, 48-49.
https://www.scielo.br/j/pcp/a/PKJbg7xGtChHVLscHfVyb3S/?format=pdf&lang=pt

(12) A psicologia da cor vermelha


https://www.verywellmind.com/the-color-psychology-of-red-2795821#toc-danger-and-
warning

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