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Morbidade em

Epidemiologia
Professor: Sandro Rodrigo Steffens
Disciplina de Epidemiologia
O que é Morbidade?

A medida de morbidade é um dos temas centrais da


epidemiologia, sendo que sua obtenção apresenta diferentes
graus de dificuldade.

Também é a taxa de portadores de determinadas doenças em


relação ao número de habitantes sãos em determinado local
ou em determinado doente.

Refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquiriram doenças


num dado intervalo de tempo
Medidas de frequência das
doenças
Frequência, para o leigo, é o número de vezes
que um evento ocorre.

Para a Epidemiologia, a frequência leva em


consideração a distinção entre “incidência” e
“prevalência”.
Em epidemiologia é importante discernir
entre INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA, com o
intuito de separar determinados aspectos
que, se não levados em conta, dificultam as
comparações de “frequências”.
Por que é preciso saber medir as
“frequências”?

O domínio das técnicas de mensuração da


freqüência de doenças e de óbitos constitui
pré-requisito para profissionais que
desenvolvem atividades rotineiras de
vigilância e investigação de surtos em
serviços locais de saúde.
É fundamental que essa mensuração seja
efetuada de forma apropriada, de maneira a
permitir a caracterização do risco de
determinada doença na população ou estimar
a magnitude de um problema de saúde
expresso em termos de mortalidade.
Ajuda em muito no planejamento em
saúde!
Isso se faz por meio do cálculo das taxas em
diferentes subgrupos da população, que
podem ser delimitados segundo sexo, idade,
história de exposição a determinado fator ou
outra categoria que permita a identificação de
grupos de alto risco e fatores causais. Tais
informações são vitais para a elaboração de
estratégias efetivas de controle e prevenção
de doenças.
Medidas de frequência de Morbidade

 Para descrevermos o comportamento de uma doença numa


comunidade, ou a probabilidade (ou risco) de sua ocorrência,
utilizamos as medidas de freqüência de morbidade.

Em saúde pública podemos entender como morbidade:

 doença;

 traumas e lesões;

 incapacidade.
 As fontes de dados, a partir das quais os casos são
identificados, influenciam sobremaneira as taxas que
calculamos para expressar a freqüência da doença.

 Portanto, antes de analisarmos as taxas relativas à


ocorrência de certa doença, precisamos identificar as
fontes dos casos e como eles foram identificados, para
depois interpretarmos as taxas encontradas e compará-
las com aquelas verificadas em outras populações ou na
mesma população em momentos diferentes.
Incidência (refere-se aos casos novos)

A incidência de uma doença refere-se aos


casos novos de doenças em uma dada
população.

A incidência reflete a dinâmica com que os


casos aparecem no grupo. Ela informa
quantos, entre os sadios, se tornam doentes
em um dado período de tempo.
 Por exemplo:

A incidência informa quantos, entre os sadios, se


tornam doentes em um dado período de tempo,
ou então, quantos entre os doentes, apresentam
uma dada complicação ou morrem, decorrido
algum tempo.
Por isso usa-se dizer que a incidência reflete a
“força da morbidade” (ou força da mortalidade)
caso se trate de óbitos.
Como calcular a taxa de incidência
Taxa de Incidência

Número de “casos novos”, em


determinado período
_______________________________________x N
Número de pessoas expostas
ao risco, no mesmo período.

Exemplo: entre 400 crianças pré-escolares,


acompanhadas durante um ano, foram
diagnosticados 2 casos sarampo.
 Exemplo: entre 400 crianças pré-escolares,
acompanhadas durante um ano, foram
diagnosticados 2 casos de sarampo.

Cálculo da Incidência

2/400 = 0,005 = 0,5% cinco casos de sarampo


por 1000 crianças no ano.
 Na expressão matemática do cálculo da taxa
de incidência, o resultado foi multiplicado por
1.000; dessa maneira, expressaremos a
incidência por 1.000 habitantes. No entanto,
a escolha dessa unidade de referência é
arbitrária. Da mesma forma, poderíamos ter
escolhido 10.000, 100.000 ou 1.000.000 de
habitantes.
 Devemos usar a incidência, e não números
absolutos, para comparar a ocorrência de
doenças em diferentes populações. Note-se
que a transformação do número absoluto de
casos numa taxa relativa a uma população
genérica (por exemplo, 100.000 habitantes)
nos permitirá comparar o coeficiente assim
obtido com outros, cujo denominador tenha
sido reduzido à mesma base - no exemplo,
100.000 habitantes.
O ponto fundamental da definição de
incidência é o de incluir somente casos novos
no numerador, medindo, portanto, um evento
que se caracteriza pela transição do estado
de ausência da doença para o de doença.
Logo, a incidência mede o risco ou
probabilidade de ocorrer o evento doença na
população exposta.
 No cálculo da incidência, qualquer pessoa
incluída no denominador deve ter a mesma
probabilidade de fazer parte do numerador.
Por exemplo, no cálculo da incidência de
câncer de próstata, devemos incluir no
denominador somente indivíduos do sexo
masculino.
Taxa de ataque

Nos casos de doenças ou agravos de natureza aguda que


coloquem em risco toda a população ou parte dela por um
período limitado, a incidência recebe a denominação taxa
de ataque.

É o que ocorre, tipicamente, nos surtos epidêmicos. As


taxas de ataque são expressas geralmente em
percentagem.

Para uma população definida (população sob risco),


durante um intervalo de tempo limitado, podemos calcular
a taxa de ataque da seguinte forma:
Como calcular a taxa de ataque?

Nº de casos novos numa


população durante um determinado
período x 100
 Taxa de ataque = ____________________________
População sob risco no início do período
Exemplo:
 Exemplo: entre os 257 estudantes que almoçaram no
restaurante universitário no dia 25 de setembro de 1997, 90
desenvolveram um quadro agudo de gastroenterite. Para
calcular a taxa de ataque de gastroenterite, devemos primeiro
definir o numerador e o denominador:

 Numerador: casos de gastroenterite identificados no intervalo


de tempo correspondente ao período de incubação da
gastroenterite entre os estudantes que participaram do almoço
no restaurante universitário em 25 de setembro de 1997.

 Denominador: número de estudantes que participaram do


almoço no restaurante universitário em 25 de setembro de
1997.
Portanto
 Portanto,
90 x 100
 Taxa de ataque = ___________ = 35%
257

 Considerando que a taxa de ataque é uma forma


particular de calcular a incidência e, portanto, o risco
ou probabilidade de adoecer, podemos dizer que a
probabilidade de desenvolver um quadro de
gastroenterite entre os participantes do almoço no
restaurante universitário em 25 de setembro de 1997
foi de 35%.
Prevalência

A prevalência mede a proporção de pessoas


numa dada população que apresentam uma
específica doença ou atributo, em um
determinado ponto no tempo.
No cálculo da prevalência o numerador abrange o
total de pessoas que se apresentam doentes num
período determinado (casos novos acrescidos
dos já existentes). Por sua vez, o denominador é
a população da comunidade no mesmo período.
Taxa de prevalência

Número de casos existentes ou


conhecidos, num determinado período
_____________________________________x N (100.000)
Número de pessoas na população durante o mesmo
período
 Exemplo:
Entre as mesmas 400 crianças submetidas a exame parasitológico
de fezes, no início do ano, foram encontradas 40 com exame
positivo para Ascaris.
Cálculo: 40/400 = 0,1 = 10% = 100 casos por mil.
Importância da Prevalência (até aqui)

 A prevalência é muito útil para medir a freqüência e a magnitude de


problemas crônicos, ao passo que a incidência é mais aplicada na
mensuração de freqüência de doenças de curta duração.

 Quando a mensuração da prevalência é efetuada em um ponto definido


no tempo, como, por exemplo, dia, semana, mês, ano, temos a
prevalência instantânea ou prevalência num ponto.

 Quando a medida da prevalência abrange um determinado período,


temos então a prevalência num período que abrange todos os casos
presentes no intervalo de tempo especificado.
Relações entre incidência e
prevalência
 Na figura 2 são apresentadas algumas relações entre incidência e prevalência. Na figura
2a temos um tanque que representa uma comunidade e o líquido, a prevalência.

 Como poderíamos aumentar a prevalência?


Conforme a figura 2b, a prevalência pode aumentar com a elevação da incidência sem
um correspondente aumento das mortes e/ou curas.

 Como poderíamos diminuir a prevalência?


A figura 2c mostra-nos que a prevalência pode diminuir com a elevação do número de
curas e/ou mortes, mantido o mesmo nível da incidência ou com sua diminuição.

 Como poderíamos manter um determinado nível de prevalência?


Analisando o esquema apresentado na figura 2d, verificamos que isso é possível
quando mantemos a incidência e mortes ou curas constantes.

 A prevalência pode ser expressa como o produto da incidência pela sua duração média,
quando a incidência é constante.

 Prevalência = incidência x duração média da condição em estudo.


Relações entre incidência e
prevalência
Tipos de Prevalência
 Prevalência pontual (instantânea)
Ela é definida em relação a um ponto de
referência e traduz a fração da população que é
portadora do evento sob consideração.

Ex. O coeficiente de prevalência de escabiose é


de, por exemplo, 5% entre os escolares de uma
determinada escola, no primeiro dia de aula.
O ponto de referência para o cálculo da
prevalência pontual é o dia mencionado.
Prevalência pontual ou instantânea
O ponto de referência para expressar a
prevalência pode ser um outro, sem relação
com o calendário: por exemplo:

 A prevalência de anomalias congênitas no


nascimento.
 De doença de Chagas nos recrutas do serviço
militar e de casos de cisticercose,
identificados por ocasião da autópsia.
Prevalência no período
 Abrange um certo período de tempo.

 Nesta prevalência é feita a soma dos casos


preexistentes em um determinado momento
com os casos novos ocorridos no período
considerado.
 Trata-se, portanto, da soma da prevalência

instantânea com a incidência.


Muito utilizado pela área da Saúde Mental.
Prevalência no período
 Exemplo frequência de depressão população 40.000 hab.

 Incidência: número de novos casos de depressão em um


período especificado de tempo (por ex., um ano – 50 casos) .

 Prevalência: (pontual ou instantânea) – número total de casos


de depressivos já existentes (por exemplo, no dia de hoje –
400 casos).

 Prevalência no período: número total de depressivos em um


período especificado de tempo (por exemplo, no ano de 2008),
incluem-se os casos prevalentes no dia 1.1.2008, aos quais
somam-se os casos novos identificados no decorrer deste ano.
Exemplo
Cálculo da prevalência no período

casos existentes no início do período +


casos novos no período
_______________________________x constante
População sob risco, no mesmo período

(400+50)/
40.000 = 450/40.000 = 0,01125 = 11,25
casos de depressão por mil habitantes.
Bibliografia:
 MEDRONHO, R. et al. Epidemiologia. São
Paulo: Atheneu, 2002.

 PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e


prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam,
1995.

 http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_d
e_leitura/saude_e_cidadania/ed_04/05.html

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