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3
1. AUTONOMIA LOCAL: CONCEITO E RELEVÂNCIA ....................................................................... 5
1.1. A CARTA EUROPEIA DE AUTONOMIA LOCAL..................................................................... 6
1.2. AS FUNÇÕES DAS AUTARQUIAS LOCAIS .......................................................................... 8
A DIVISÃO DE PODERES ..................................................................................................................... 8
UMA PARTICIPAÇÃO MAIS ALARGADA DA POPULAÇÃO NA VIDA PÚBLICA LOCAL....... 9
SERVIÇOS PÚBLICOS MAIS EFICAZES ......................................................................................... 11
UMA LÓGICA DIFERENTE DE FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS.................12
1.3. TRADIÇÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS E ESTATUTO CONSTITUCIONAL
DAS AUTARQUIAS LOCAIS....................................................................................................................13
2. OS SISTEMAS DE AUTARQUIAS LOCAIS....................................................................................16
2.1. ESTADOS FEDERAIS, REGIONAIS E UNITÁRIOS: CONCEITOS E ILUSTRAÇÃO 16
2.2. AS AUTARQUIAS LOCAIS NA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS.... 22
ESTADOS FEDERAIS........................................................................................................................... 23
ESTADOS REGIONAIS ....................................................................................................................... 25
ESTADOS UNITÁRIOS ....................................................................................................................... 26
2.3. RELAÇÕES ENTRE DIFEREN'T'ES NÍVEIS DE AUTARQUIAS LOCAIS.................... 29
2.4. RELAÇÕES ENTRE ADMINISTRAÇÃO PERIFÉRICA DO ESTADO E AUTARQUIAS
LOCAIS ......................................................................................................................................................... 32
3. DIMENSÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS, EFICIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO DAS
POPULAÇÕES: O CASO DOS MUNICÍPIOS............................................................................................. 34
3.1. A DIMENSÃO DOS MUNICÍPIOS: SITUAÇÃO ACTUAL E EVOLUÇÃO NO
PASSADO...................................................................................................................................................... 35
3.2. DIMENSÃO DOS MUNICÍPIOS E EFICIÊNCIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS LOCAIS
41
3.3. DIMENSÃO DOS MUNICÍPIOS E DEMOCRACIA LOCAL................................................ 49
3.4. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 53
4. ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DAS AUTARQUIAS LOCAIS........................................... 55
4.1. PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO E REPARTIÇÃO DE ATRIBUIÇÕES E
COMPETÊNCIAS ......................................................................................................................................... 56
4.2. ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMPETÊNCIAS DAS AUTARQUIAS LOCAIS ...... 60
5. AS FINANÇAS LOCAIS........................................................................................................................71
5.1. A AUTONOMIA FINANCEIRA DAS AUTARQUIAS LOCAIS .........................................71
5.2. OS IMPOSTOS LOCAIS EXCLUSIVOS................................................................................. 79
5.3. TRANSFERÊNCIAS E PEREQUAÇÃO FINANCEIRA ......................................................... 85
5.4. EMPRÉSTIMOS DAS AUTARQUIAS ......................................................................................91
6. ORGANIZAÇÃO INTERNA E RECURSOS HUMANOS DAS AUTARQUIAS LOCAIS......... 94
6.1. OS ÓRGÃOS DAS AUTARQUIAS LOCAIS .......................................................................... 94
6.2. OS REPRESENTANTES ELEITOS ..........................................................................................101
6.3. O PESSOAL DAS AUTARQUIAS LOCAIS.......................................................................... 108
7. TIPOS-IDEAIS DE ADMINISTRAÇÃO AUTÁRQUICA E A SITUAÇÃO EM PORTUGAL.115
7.1. DOIS TIPOS-IDEAIS DE AUTARQUIAS LOCAIS...........................................................115
7.2. OS DOIS TIPOS-IDEAIS E A SITUAÇÃO EM PORTUGAL............................................119
PREFÁCIO
A opção feita de escrever um livro que pudesse ser lido, sem grandes
dificuldades, por todas as pessoas interessadas em temas de administração
pública e de administração autárquica em particular impôs um certo número
de restrições. Assim, o trabalho limita-se a apresentar análises descritivas
sobre diversos aspectos das autarquias locais e pouco se aventura em
argumentos de ordem explicativa ou normativa que teriam que ser
sustentados por desenvolvimentos de natureza empírica ou teórica
consequentes. Pelo mesmo motivo, as referências bibliográficas no corpo do
trabalho são reduzidas à mais simples expressão, embora no final seja
apresentada uma lista bibliográfica. Enfim, certas questões que seria
absurdo tratar em termos meramente descritivos (por exemplo, relações
entre Estado e autarquias locais, regionalização e regionalismo) ou de
natureza mais especializada (por exemplo, administração de zonas
metropolitanas, formas de cooperação entre autarquias locais e os seus
representantes) foram excluídos do trabalho.
A DIVISÃO DE PODERES
A existência de autarquias locais é, por si só, um factor de enriquecimento da
democracia pluralista. Da mesma maneira que a separação dos poderes
legislativo, executivo e judicial limita as margens de arbitrariedade de cada
um deles, a existência de diversos níveis de decisão, dotados de autonomia
relativa, reduz a possibilidade - e pode mesmo constituir um contra-poder
eficaz - de eventuais abusos do poder por parte da Administração Central.
É por este motivo que os sistemas políticos totalitários não podem aceitar a
existência de autarquias locais, tal como elas são entendidas neste trabalho
e, quando estas existem à data da instauração de regimes totalitários, um
dos primeiros actos dos novos regimes é o de substitui-las por estruturas de
desconcentração do poder da Administração Central. É assim que, após o
golpe militar de 28 de Maio de 1926 em Portugal, as leis de orientação
descentralizadora aprovadas durante a Primeira República foram sendo
progressivamente modificadas ou revogadas. O Código Administrativo
aprovado em 1936, que vigorou sem grandes alterações durante várias
décadas, instituiu um sistema de administração territorial assente em rígidos
postulados de subordinação hierárquica e funcional das «autarquias» à
Administração Central estabelecendo, por exemplo, a regra da nomeação do
Presidente da Câmara e da Câmara Municipal.
Pela natureza dos serviços que estão sob a sua responsabilidade (meio
ambiente, educação, cultura, lazer e desporto, transportes públicos, etc.), as
autarquias locais respondem mais às preocupações das populações enquanto
utentes ou consumidores de serviços do que na qualidade de agentes
económicos.
A Irlanda e o Reino Unido constituem dois casos sui generis no que diz
respeito ao estatuto constitucional das autarquias locais. No primeiro destes
países, as atribuições, competências e estruturas das autarquias locais
derivam exclusivamente das leis ordinárias. Nos finais dos anos 90, um grupo
de peritos independentes encarregado de fazer propostas para a revisão da
Constituição recomendou o reconhecimento constitucional das autarquias
locais. No Reino Unido, a ausência de Constituição escrita e a ideologia da
«soberania absoluta do Parlamento» determinaram uma grande
vulnerabilidade das autarquias em relação às diferentes maiorias
parlamentares, aos seus justificados objectivos e prioridades políticas e, por
vezes, aos seus caprichos.
Nos países onde os direitos e garantias das autarquias locais estão inscritos
nos textos constitucionais, a forma e detalhe dessa inserção varia também
significativamente. Nos Estados Federais (nomeadamente na Alemanha e na
Áustria), a autonomia local é consagrada não só nas Constituições federais,
mas, igualmente, e por vezes com diferenças importantes, nas Constituições
dos Estados federados. Em certos países (por exemplo, Espanha, Itália e
Portugal) as disposições constitucionais são muito pormenorizadas e, no caso
da Itália, completadas ainda por leis constitucionais aplicáveis às regiões com
estatuto especial. Enfim, noutros países (por exemplo, Dinamarca, Finlândia)
um artigo único afirma o princípio da autarquia local e é nas leis ordinárias
que são desenvolvidas as implicações práticas deste princípio.
O grau de autonomia das autarquias locais - ou, por outras palavras, o grau de
descentralização - diz respeito ao funcionamento e organização dos poderes
executivo e regulamentar, que são exercidos no quadro de uma única
hierarquia de normas subordinadas às leis aprovadas pelo Parlamento. As
normas regulamentares aprovadas pelas autarquias locais estão sujeitas a
uma tutela que visa geralmente assegurar o respeito pela legalidade e pelos
princípios constitucionais, mas que pode, em certos casos, incluir um juízo de
oportunidade.
Para distinguir os Estados federais dos Estados regionais é útil lançar mão a
um princípio base da teoria do federalismo, nomeadamente a participação dos
Estados federados nas instâncias parlamentares da federação, através de
uma segunda câmara do Parlamento com composição e competências
específicas.
Nos Estados unitários, todos os níveis de autarquias locais, que podem variar
de um a três, pertencem a uma ordem jurídica única e não existem relações
de subordinação entre os diversos níveis.
Os proponentes das soluções com dois níveis de autarquias locais fazem notar
que elas permitem a proximidade das populações no controlo da gestão de um
certo número de serviços locais e, ao mesmo tempo, a transferência para
autarquias locais com área de jurisdição mais vasta de serviços e funções
que, pela sua complexidade ou características, requerem pessoal técnico
especializado e equipamentos ou investimentos mais importantes. Para estes
serviços, a existência de um segundo nível de autarquias locais constitui uma
alternativa à criação de associações ou fusão de municípios e à prestação
destes serviços pela administração periférica do Estado ou por institutos
especializados.
Por sua vez, os paladinos das soluções mistas insistem no facto de que elas
permitem combinar os benefícios potenciais dos dois primeiros tipos de
soluções com dois níveis de autarquias nas áreas rurais (com fraca densidade
populacional) e um único nível nas áreas urbanas ou em zonas com
características geográficas (pequenas ilhas) ou culturais (comunidades
linguísticas históricas) específicas.
ESTADOS FEDERAIS
Quadro 2.1
ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS (situação em 1.1.1999)
Tipos de Estado Autarquias locais Administração local do Estado
1. ESTADOS FEDERAIS
Alemanha 16 Estados Ao nível das Autarquias
439 Autarquias intermédias intermédias
14 561 Municípios
(114 com estatuto especial)
Áustria 9 Estados 84 circunscrições
2359 Municípios administrativas chefiadas por
(15 com estatuto especial) Governadores
Bélgica 3 Regiões 10 Governadores
10 Autarquias intermédias
589 Municípios
H. ESTADOS REGIONAIS1
Espanha (1.1.1997) 17 Regiões 17 Delegados do Governo
50 Autarquias intermédias 50 Governadores
8097 Municípios
Itália 20 Regiões 20 Comissários regionais
(5 com estatuto especial) 95 Prefeitos
95 Autarquias intermédias
(2 com estatuto especial)
8099 Municípios
IIL ESTADOS UNITÁRIOS
• Com um nível de autarquias locais
Finlândia 455 Municípios 6 Governadores de província
1
Ilhas dotadas de estatuto especial, com poderes legislativos comparáveis aos das regiões nos estados regionais;
existem na Dinamarca (Ferõe e Gronelândia), na Finlândia (Áland) e em Portugal (Açores e Madeira). Após as
reformas de 1998, o Parlamento escocês, a Assembleia da Irlanda do Norte e, em menor grau, a Assembleia do País
de Gales dispõem igualmente de poderes legislativos.
ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS (situação em 1.1.1999)
Tipos de Estado Autarquias locais Administração local do Estado
Irlanda 34 Autarquias intermédias 8 Regiões-Plano
(5 com estatuto especial)
80 Municípios urbanos
(de três tipos)
Reino-Unido (1.1.2000)
Inglaterra 34 Autarquias intermédias 9 Regiões de coordenação
(+ Greater London Authority)
353 Municípios
(82 com estatuto especial)
Escócia 32 Municípios
ESTADOS REGIONAIS
ESTADOS UNITÁRIOS
Na maioria dos países (ver Quadro 2.1.), estas instâncias existem a um nível
territorial correspondente às autarquias locais intermédias (Alemanha,
Bélgica, Dinamarca, Holanda, Suécia) ou superior aos municípios, quando não
existem autarquias intermédias (Áustria, Finlândia e Luxemburgo). Nos
países regionais (Espanha e Itália), mas também na Grécia e em Portugal, elas
existem igualmente a um nível «regional» mesmo se nos dois últimos países as
regiões (enquanto autarquias locais) não existem em concreto e, no caso
português, o distrito não seja uma autarquia intermédia. Na Irlanda e Reino
Unido (Inglaterra), as instâncias de coordenação da administração periférica
do Estado existem apenas a um nível territorial superior às autarquias
intermédias, enquanto que na França existem três níveis territoriais de
coordenação (regional, intermédio e supramunicipal).
Na maior parte dos casos, esses órgãos e serviços são personificados por
representantes do Governo central (prefeitos, delegados do Governo,
comissários, etc.) ou do Chefe de Estado (Holanda e Luxemburgo), sendo que
neste segundo caso os mesmos são colocados na dependência hierárquica dos
Ministérios do Interior respectivos (apenas no caso da Irlanda, a estrutura
criada mantém-se ao nível de dois comités consultivos, sem quaisquer
competências executivas). Cumpre assinalar que, pelo menos em três países
(Dinamarca, Suécia e Reino Unido), estas instâncias funcionara na base de
comissões especializadas com a participação de representantes dos
municípios e mesmo dos sectores privado e associativo (Reino Unido). Enfim,
as funções desempenhadas por estas instâncias variam imenso de um país
para outro. Na maior parte dos países, em particular ao nível intermédio, elas
desempenham funções jurisdicionais ou quasi-jurisdicionais de supervisão,
controlo e de recurso dos particulares, relativamente às decisões e actos dos
municípios. Tal não é, no entanto, o caso nos países anglo-saxónicos.
Uma grande maioria dos países que hoje fazem parte da União Europeia
reduziu significativamente o número de municípios através de reformas
profundas dos sistemas de autarquias locais. Estes ajustamentos estruturais
realizaram-se essencialmente nas décadas de 60 e 70. Nenhuma reforma
deste tipo foi realizada nos anos 80 e apenas um país, a Grécia, levou a cabo
uma reorganização deste tipo em meados da década de 90. Convém
acrescentar que todas estas reformas foram introduzidas por via legislativa
e que fusões voluntárias de municípios, embora previstas nos dispositivos
legislativos da maior parte dos países e por vezes mesmo encorajadas
através de incentivos financeiros, não tiveram expressão significativa. Num
certo número de países, estas reformas foram levadas a cabo através de leis
específicas, que não poderão ser utilizadas de novo. Tal foi o caso da Bélgica,
da Holanda e da Suécia.
É assim evidente que neste grupo de países existe uma grande disparidade
entre algumas dezenas de grandes municípios e um vasto número de pequenos
municípios. Pode, então, concluir-se que as diferenças de dimensão entre
municípios existem não só entre diferentes países, mas igualmente, e por
vezes de forma particularmente significativa, no interior de um mesmo país.
Com a excepção de Portugal, todos os países em que os médios e grandes
municípios são maioritários reduziram consideravelmente o número de
municípios através de fusões, em particular durante as décadas de 60 e 70
(ver Quadro 3.3 e Figura 3.2). Tal explica as reduzidas percentagens de
pequenos municípios e a proporção elevada de municípios de média ou grande
dimensão. Não quer isto dizer que os países do primeiro grupo não tenham
reduzido igualmente a quantidade de municípios respectivos.
Quadro 3.1.
MUNICÍPIOS – SUPERFÍCIE, POPULAÇÃO E DENSIDADE DEMOGRÁFICA
MÉDIAS (1990)
Municípios
País Superfície media População Densidade media
(km2) média (Hab/km2)
Alemanha 176 4925 211
Áustria 40 3340 84
Bélgica 52 16960 327
Dinamarca 157 18760 120
Espanha 62 4930 79
Finlândia 669 10870 16
França 15 1580 106
Grécia (1998) 128 9736 76
Holanda 53 23200 442
Irlanda1 n.a.2 n.a. 53
Itália 37 7130 193
Luxemburgo 22 3210 146
Portugal 301 32300 107
Reino Unido3 504 118440 235
Suécia 1437 30040 21
1
Dada a estrutura autárquica particular da Irlanda, os valores correspondentes à superfície e à população média
não são significativos.
2
Não aplicável
3
Inglaterra Unicamente
Figura 3.1.POPULAÇÃO MÉDIA POR MUNICÍPIO
Quadro 3.2
DIMENSÃO DOS MUNICÍPIOS
País1 Número Número de municípios em função do número de habitantes (em percentagem do
total de total)
municípios Menos de 1000 1001-5000 5001 -10000 10001- Mais de
100000 100000
Alemanha (95) 14808 7260 (49.0) 4860 (32.8) 1202 (8.1) 1401 (9.5) 84 (0,6)
Áustria (91) 2353 626 (26.6) 1528 (64.9) 130 (5.5) 64 (2.7) 5 (0,2)
Bélgica (94) 589 1 (0.2) 97 (16.5) 167 (28.3) 316 (53.6) 8 (1,4)
Dinamarca (96) 275 0 18 (6.5) 118 (42.9) 136 (49.1) 4 (1,5)
Espanha (96) 8097 4886 (60.3) 2065 (25.5) 524 (6.5) 567 (7.0) 55 (0,7)
Finlândia (97) 455 22 (4.8) 202 (44.4) 120 (26.3) 105 (23.0) 6 (1,3)
França2(90) 36551 28183 (77.1) 6629 (18.1) 898 (2.5) 805 (2.2) 36 (0,1)
Grécia (98) 1033 91 (8.8) 475 (46.0) 282 (27.3) 177 (17.1) 8 (0,9)
Holanda (97) 572 0 31 (5.4) 130 (22.7) 387 (67.7) 24 -4.3
Irlanda (96) 80 0 36 (45.0) 24 (30.0) 20 (25.0) 0
Itália (97) 8103 1951 (24.1) 3906 (48.2) 1169 (14.4) 1036 (12.8) 41 (0,5)
Luxemburgo (96) 118 60 (50.8) 49 (41.5) 6 (5.1) 3 (2.6) 0 0
Portugal (91) 305 1 (0.3) 25 (8.2) 77 (25.3) 179 (58.7) 23 (7,5)
3 3
Reino Unido (99) 433 0 0 0
Suécia (99) 288 0 9 (3.1) 55 (19.1) 213 (74.0) 11 (3,8)
Por exemplo, na Alemanha Ocidental esta redução foi de dois terços do total
e na Áustria de 41%.
Uma leitura comparativa dos Quadros 3.1. e 3.3. indica que variáveis como a
densidade de população, a superfície média ou mesmo o número de habitantes
dos municípios não parecem poder explicar a importância relativa da variação
do número de municípios. As razões para os diferenciais encontrados estão
associadas a considerações mais genéricas: sobre a importância dos
representantes eleitos nos sistemas político-partidários a nível nacional;
sobre as atribuições e competências dos municípios de cada país, etc. Uma
análise detalhada destes diversos factores ultrapassa, contudo, o âmbito
deste trabalho.
1
Ex-Alemanha Ocidental unicamente: dados para a ex-RDA não disponíveis.
2
Municípios urbanos unicamente.
Por estes motivos, os estudos empíricos adoptam geralmente uma
metodologia simplificada, avaliando custos directos a partir do postulado de
um nível invariável dos serviços prestados (que se pode designar como «nível
padrão de prestação de serviços»). É claro que a adopção destas hipóteses
de base reduz consideravelmente o âmbito das análises.
O estudo permitiu estabelecer uma distinção entre serviços cujos custos são
função directa do número de habitantes dos municípios, serviços ditos de
variável dimensional genérica (15 no total - por exemplo: serviços
administrativos, feiras e mercados, manifestações culturais, instalações
desportivas, ensino pré-escolar) e serviços ditos de variável dimensional
específica cujos custos estão associados a outras variáveis (13 no total - por
exemplo: recolha de lixos domésticos - extensão do sistema viário;
saneamento - número de quilómetros de condutas necessárias, ensino
primário -- número de crianças nos estabelecimentos escolares).
No que diz respeito a uma possível dimensão óptima dos municípios, parece
claro que esta dependeria não só das atribuições municipais em ter-mos dos
tipos de serviços prestados, mas igualmente das formas de organização e das
técnicas de produção utilizadas para a prestação dos serviços. Dado que
estes factores são variáveis no tempo, quaisquer conclusões nunca poderiam
ser consideradas como definitivas, mas unicamente como de validade
temporal limitada.
A ideia de que existe uma dimensão abaixo da qual os municípios não dispõem
de um mínimo de capacidade administrativa ou técnica resulta da constatação
de que, isoladamente, os municípios muito pequenos não possuem os recursos
(financeiros, humanos e técnicos) necessários à gestão de serviços
complexos. Esta dimensão corresponde a um limiar abaixo do qual os
municípios não são viáveis em termos de prestação dos serviços em causa.
É claro que este limiar varia em função do serviço. Assim sendo, a definição
do limiar de viabilidade para um conjunto de serviços confronta-se com os
mesmos problemas que a determinação da dimensão «mais eficaz» ou «mais
eficiente», salvo se for adoptado o princípio que é o limiar inferior mais
elevado que fixa o limiar de viabilidade global.
Áustria n. d 2
Grécia n. d.
Holanda n d.
Irlanda n. d.
3.4. CONCLUSÃO
1
Excluindo quatro dos novos Lánder
2
Não determinado
3
1983
Contudo, alguns dos países que possuem uma maioria de pequenos municípios
(menos de 5000 habitantes), por exemplo a Alemanha, França e Itália
possuem, em simultâneo, um grande número de grandes municípios (mais de
100 000 habitantes). Num país como a Alemanha existe uma coexistência de
situações, com municípios de grande dimensão média em certos Estados e de
pequena dimensão média noutros.
Esta disposição visa, por um lado, evitar que as atribuições sejam decididas
de forma ad hoc, sem base legal e, por outro lado, garantir uma certa
liberdade aos órgãos legislativos para especificar e completar as
competências das autarquias locais.
Segunda, em países onde existem dois ou três níveis de autarquias locais, uma
aplicação sem reservas da cláusula geral seria contrária aos objectivos de
legibilidade do sistema e à responsabilização dos órgãos autárquicos. Por este
motivo, a reforma de sistema autárquico na Itália, em 1990, manteve o
princípio de cláusula geral para os municípios, mas preferiu enunciar
taxativamente as competências das autarquias intermédias (províncias). Um
sistema idêntico é utilizado na Alemanha na maior parte dos Lãnder, no que
diz respeito à repartição de competências entre os municípios (Gemeinden) e
as autarquias intermédias (Land Kreise).
O PRINCÍPIO DE SUBSIDIARIEDADE
Por esta razão, mas igualmente porque a autonomia de decisão dos órgãos
autárquicos se veria diminuída caso eles tivessem que assegurar a execução
de um número excessivo de competências delegadas, as disposições da Carta
Europeia de Autonomia Local definem um equilíbrio de princípios e de tipos
de competências claramente favoráveis à descentralização e ao poder local
democrático.
As últimas décadas foram assinaladas nos países da União Europeia por uma
tendência descentralizadora das funções do Estado em favor das autarquias
locais. Vários factores explicam esta evolução: o fim das ditaduras na
Espanha, Grécia e Portugal; a crise do Estado-providência e a crescente
popularidade da noção de subsidiariedade; as reformas dos sistemas de
autarquias locais que reforçaram consideravelmente as capacidades dos
municípios em termos de recursos humanos e financeiros; a adopção de novas
formas de gestão dos serviços públicos locais (empresas de economias
mistas, concessão, empresas intermunicipais, associações de municípios, etc.).
O Quadro 4.1. (págs. 68 e 69) indica claramente que existe um «núcleo duro»
de competências dos municípios nos países analisados (12 dos 15 Estados-
membros da União Europeia).
Quadro 4.1.
COMPETÊNCIAS DAS AUTARQUIAS LOCAIS
Luxemburgo
Dinamarca
Finlândia
Alemanha
Espanha
Portugal
Holanda
Bélgica
Áustria
Suécia
Grécia
França
Função
Administração geral
Policia, Ordem Pública (M-I-R) (M) (M) - (M)-R (M) (M) (M) (M) (M) - -
Bombeiros (M) (M) (M)-R (M) (M)-I M (M) M-I (M-I) (M) M (M)
Protecção Civil (R) - - (M-I) M-(R) M - M-I (M) - M (M-1)
Estado Civil (M) (M) M (M) (M) - (M) - (M) (M) - -
Educação
Ensino Pré-Escolar (M) (M) (M-I-R) (M) (M-R) M (M) (M-I) (M) (M) M (M)
Ensino Primário (M-R) (M) (M-I-R) (M) (M-R) (M) (M) (M-1) (M) (M) M (M)
Ensino Secundário (M-I-R) (M-R) (M-I-R) (I) M-(R) (M) (I-R) (Md) (M-I) - M (M)
Educação de adultos M M M-I-R (MI) M-R M (R) M-I (M) - M M
Hospitais (M-I-R) (M-R) M-R (1) M-(1-R) (M) - M-I (M) (M) - (I)
Acção Social
Habitação e urbanismo
Luxemburgo
Dinamarca
Finlândia
Alemanha
Espanha
Portugal
Holanda
Bélgica
Áustria
Suécia
Grécia
França
Função
Meio ambiente
Esgotos (M) (M) M-R (M) (M) (M) (M) (M) (M-I) (M) M (M)
Lixos e limpeza pública (M) (M) M-R (M) (M) (M) (M) (M) (M-I) (M) M (M)
Cemitérios (M) (M) (M) M (M) (M) M (M) (M) M -
Matadouros M M M-I-R - M - - M (1) M - -
Protecção do consumidor M - - (M) (M-R) M - - - - M (M)
Cultura, Lazer,
Desporto
Teatros M-I-R M-R R (M-I) M-I-R M M-I M-I (M-I) M M M-I
Museus, Bibliotecas M-I-R M-R M-I-R M-1 M-(I-R) M M-I M-I M-I M M M-I
Espaços verdes M-1-R M-R M-I-R M (M)-R M M M-I Md M M (M)
Instalações desportivas M-I (M) M-I-R (M) (M-I)-R M M M M-1 M M M
Transportes e
Comunicações
Rede viária (M-I-R) (M-R) M-I-R (M-I) (M-1-R) M M-I 1 (M-I) (M) M (M)
Transportes públicos (M-I-R) (M-R) M-R (M-1) (R) M M-I M-I (M-I) - M (M-I)
Serviços Económicos
Directas:
a) serviços autárquicos ou municipais: desprovidos de autonomia financeira
ou administrativa e sem personalidade jurídica;
b) serviços municipalizados autárquicos: com autonomia financeira e
administrativa, mas sem personalidade jurídica;
c) empresas públicas autárquicas ou municipais: com autonomia
administrativa, financeira e patrimonial; com personalidade jurídica
pública e sujeição ao regime geral do direito privado;
d) participação maioritária em empresas de tipo comercial;
e) formas associativas: associações de municípios; serviços
intermunicipalizados; empresas intermunicipais.
Indirectas:
Na Alemanha, na Itália e, de uma forma geral, nos países latinos, existe uma
grande tradição de cooperação com o sector associativo no domínio da
Assistência Social.
No Reino Unido, nos anos 80, houve uma forte tendência que favoreceu a
contratualização com o sector privado, mesmo se as formas directas do
exercício das competências continuaram a ser dominantes. Nos países do
Norte da Europa, tal é igualmente a regra.
No capítulo final deste trabalho veremos que a opção por uma ou outra forma
de exercício das competências deriva, em boa parte, de diferentes maneiras
de entender o papel e as funções principais das autarquias locais.
5. AS FINANÇAS LOCAIS
«3. Pelo menos uma parte dos recursos financeiros das autarquias locais deve
provir de rendimentos de impostos locais, tendo estas o poder de fixar a
taxa dentro dos limites da lei.
4. Os sistemas financeiros nos quais se baseiam os recursos de que dispõem
as autarquias locais devem ser de natureza suficientemente diversificada e
evolutiva de modo a permitir-lhes seguir, tanto quanto possível, na prática, a
evolução real dos cus-tos do exercício das suas atribuições. (...)
7. Na medida do possível, os subsídios concedidos às autarquias locais não
devem ser destinados ao financiamento de projectos específicos. A
concessão de subsídios não deve prejudicar a liberdade fundamental da
política das autarquias locais no seu próprio domínio de atribuições.»
Quadro 5.1.
AS DESPESAS MUNICIPAIS EM PERCENTAGEM DO PRODUTO INTERNO BRUTO
Quadro 5.2.
REPARTIÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS DOS MUNICÍPIOS (em % do total)
País Ano Impostos locais exclusivos Taxas e tarifas Transferências Empréstimos Outros
Alemanha 1993 19 16 45 9 11
Áustria 1993 15 19 35 8 23
Bélgica 1993 32 5 40 13 10
Dinamarca 1994 51 22 24 2 1
Espanha 1994 31 16 37 10 6
Finlândia 1993 34 11 31 3 21
França 1992 36 2 26 10 26
Grécia 1989 2 22 58 6 12
Holanda 1994 5 13 60 19 3
Irlanda 1994 18 10 57 2 13
Itália 1993 18 11 38 9 24
Luxemburgo 1993 31 29 37 3 0
Portugal 1993 29 19 38 6 17
Reino Unido 1994 11 6 77 0 6
Suécia 1994 61 8 19 1 11
Fonte: Conselho da Europa (1997)
Quadro 5.3.
TIPOS DE TRANSFERÊNCIAS PARA OS MUNICÍPIOS
(em % do total dos recursos financeiros)
Participação em
País Ano Dotações Subsídios Outros
Impostos
Alemanha 1993 17 15 13 0
Áustria 1993 26 1 0 8
Bélgica 1993 0 25 5 10
Dinamarca 1994 2 12 0 11
Espanha 1994 0 8 29 0
Finlândia 1993 1 28 1 0
França 1992 0 24 0 2
Grécia 1989 25 25 0 8
Holanda 1994 0 54 4 3
Irlanda 1994 0 11 46 0
Itália 1993 2 8 24 5
Luxemburgo 1993 24 2 0 11
Portugal 1993 1 31 4 2
Suécia 1994 0 11 8 0
Fonte: Conselho da Europa (1997)
Quadro 5.4.
RECURSOS FINANCEIROS DOS MUNICÍPIOS: PRÓPRIOS, NÃO AFECTADOS E
SUBSÍDIOS (em % do total dos recursos)
País Ano Recursos próprios Recursos não afectados Subsídios
Alemanha 1993 46 51 13
Áustria 1993 57 42 0
Bélgica 1993 47 57 5
Dinamarca 1994 74 65 0
Espanha 1994 53 39 29
Finlândia 1993 66 73 1
França 1992 64 60 0
Grécia 1989 36 52 0
Holanda 1994 21 59 4
Irlanda 1994 41 29 46
Itália 1993 53 28 24
Luxemburgo 1993 60 57 0
Portugal 1993 65 61 4
Suécia 1994 80 72 8
Fonte: Conselho da Europa (1997)
A parte dos recursos não afectados (impostos locais exclusivos + dotações +
participação em outros impostos) varia de menos de um terço do total das
receitas na Irlanda e Itália a valores que se aproximam ou excedem 60% em
sete países, nomeadamente e por ordem crescente: Holanda, França, Reino
Unido, Portugal, Dinamarca, Suécia e Finlândia. Enfim, os subsídios (receitas
consignadas) são particularmente significativos na Itália, Reino Unido,
Espanha e Irlanda (por ordem crescente).
Do que atrás fica exposto, é claro que os impostos locais exclusivos são o tipo
de recursos que pelas suas características – recursos próprios e não
afectados – melhor protegem a autonomia financeira local.
Os valores do Quadro 5.5. (ver igualmente Figura 5.2.) são reveladores de
importantes diferenças no grau de descentralização fiscal existente nos
países da União Europeia. Para efeitos de comparação, é preciso ter em
conta, contudo, que nos países federais as receitas do Estado incluem os
níveis central e federado e que, no caso dos países unitários e regionais, as
receitas fiscais das autarquias intermédias e das regiões são contabilizadas
juntamente com as dos municípios.
No que diz respeito à escolha dos impostos locais exclusivos nos vários
países, esta é determinada pelos habituais critérios: equidade; facilidade de
colecta; eficiência; elasticidade; visibilidade e imobilidade da base do
imposto. Alguns destes critérios (imobilidade da base de imposto; visibilidade
do imposto em relação às competências) são particularmente importantes no
caso das autarquias. Diferenças significativas nos tipos de impostos
utilizados ou nas taxas utilizadas para um mesmo imposto poderiam ocasionar
fenómenos de evasão fiscal e de «migração» das actividades económica ou da
população residente.
Quadro 5.5.
RECEITAS DOS IMPOSTOS LOCAIS EXCLUSIVOS EM PERCENTAGEM
DO TOTAL DAS RECEITAS FISCAIS DO ESTADO E DO PIB (1994)
Percentagem das receitas Percentagem do
País
fiscais do Estado (%) PIB (%)
Alemanha 12,6 3,0
Áustria ■ ■ ■
Bélgica O❑ O❑ O❑ O❑ O❑
Dinamarca X ❑ ❑
Espanha X X X
Finlândia X ❑ ❑ ■
França X X
Grécia ■ ■
Holanda O❑
Irlanda ❑
Itália ❑ ❑ ❑
Luxemburgo X X X
Portugal X
Reino Unido O❑
Suécia ❑ ❑
Na maior parte dos países, a participação das autarquias nas receitas dos
impostos do Estado e as dotações constituem o essencial das transferências
financeiras para as autarquias locais. Nos Estados federais são geralmente
as «regiões» (Estados federados) que asseguram o essencial das
transferências. Nos Estados unitários e, em grande medida, nos Estados
regionais, a Administração Central está na origem da maior parte das
transferências.
Na maior parte dos países onde as dotações têm algum peso no conjunto dos
recursos financeiros das autarquias, elas visam corrigir quer os
desequilíbrios financeiros verticais quer os horizontais. Na maior parte dos
casos em que aquele peso específico é relativamente pequeno, dotações de
perequação horizontal são claramente identificadas (por exemplo, Dinamarca,
Itália, Suécia), enquanto que nos outros o objectivo de correcção dos
desequilíbrios horizontais é suposto influenciar a fórmula de repartição da
dotação global.
Começando por este último tipo de diferenças, é evidente que estas não
podem ser calculadas em abstracto; elas estão associadas às competências
das autarquias. Quanto mais extensas forem as competências, mais complexa
terá que ser a fórmula de repartição. Por exemplo, na Holanda, o sistema de
cálculo de repartição do «Fundo dos Municípios» que entrou em vigor em
1997 inclui mais de 40 variáveis com ponderações que vão de 22,5% (número
de habitantes) a 0,1% (superfície inundável) e introduz novas variáveis tais
como a presença de minorias étnicas (2,5%) e o número de povoações antes
de 1830 (1%).
Quadro 5.8.
EMPRÉSTIMOS A MÉDIO E LONGO PRAZO
DAS AUTARQUIAS LOCAIS: ALGUNS CRITÉRIOS
Contratação de Limite legal de Empréstimos em divisas
País
empréstimos endividamento estrangeiras
Alemanha Requer aprovação Sim Requer aprovação
Áustria “ Não “
Bélgica “ Não “
Livre abaixo de certos
Dinamarca Sim Livre
limiares
Espanha “ Não Requer aprovação
França “ Não “
1 Não disponível
Na Itália, na sequência de uma crise da fiscalidade local nos anos 80 que
levou a que em muitas autarquias os empréstimos representassem cerca de
dois terços das receitas totais, a Administração Central foi obrigada a
assumir uma grande parte das dívidas dos municípios. Na sequência desta
crise, uma série de decretos-leis veio regulamentar pormenorizadamente a
gestão financeira municipal e foram estabelecidos limites legais de
endividamento em função do total das receitas municipais. Na Bélgica,
igualmente nos anos 80, o excessivo endividamento de vários municípios
conduziu a situações de ruptura financeira. Em paralelo com a introdução de
programas de reequilíbrio financeiro para certos municípios, as entidades de
tutela adoptaram critérios muito mais restritivos para a aprovação de
empréstimos.
O ÓRGÃO DELIBERATIVO
ÓRGÃO EXECUTIVO
a) eleição directa pela população: Portugal é o único país onde tal acontece;
b) eleição pelo órgão deliberativo: esta solução é a adoptada na Áustria, na
Bélgica, nos quatro principais municípios da Dinamarca (Copenhaga,
Aarhus, Aalborg e Odense), na Espanha (ao nível municipal e das
autarquias intermédias), na Finlândia, na França, na Grécia, na Holanda e
na Itália (ao nível regional). Na Bélgica (ao nível regional) e na Holanda
(aos dois níveis), os membros dos órgãos executivos podem não ser
membros dos órgãos deliberativos;
c) comissões executivas eleitas pelos órgãos deliberativos: esta é a
situação existente na Dinamarca (excepto nos quatro municípios acima
referenciados) e na Suécia (os membros podem ser escolhidos fora dos
órgãos deliberativos). Esta situação diferencia-se da anterior na medida
em que, no seio do órgão deliberativo, existem outras comissões com
poderes executivos limitados e sujeitos à autoridade geral da comissão
executiva;
d) nomeação pelo chefe do executivo – na Espanha (ao nível regional) e na
Itália (ao nível dos municípios e das autarquias intermédias): os membros
dos órgãos executivos são nomeados (e podem ser destituídos) pelo
chefe do órgão executivo (livremente no caso das regiões espanholas).
Nas regiões espanholas e nas autarquias intermédias italianas, os
membros dos órgãos executivos podem não ser membros dos órgãos
deliberativos;
e) no Luxemburgo, os órgãos executivos (chefia e outros membros) são
nomeados pelo Grão-Duque ou pelo Ministério do Interior após consulta
dos órgãos deliberativos.
REMUNERAÇÃO
Por exemplo, os chefes dos executivos dos municípios com mais de 50 001
habitantes e com população entre 30001 – 50 000 habitantes devem exercer
os respectivos cargos a tempo inteiro e a meio tempo, respectivamente. Os
representantes eleitos para os diversos órgãos deliberativos recebem senhas
de presença quando participam nas reuniões. Ao nível das autarquias
intermédias e das regiões, os deputados são reembolsados igualmente dos
custos de transporte.
FORMAÇÃO
OS PRINCÍPIOS-BASE
Nos capítulos anteriores foi feita alusão, por diversas vezes, a diferentes
tradições administrativas e a diversas tipologias de administração autárquica.
As informações recolhidas sobre os aspectos estruturais e funcionais dos
sistemas de autarquias locais nos países da União Europeia revelaram
variações importantes das suas características políticas e dimensões
organizacionais (recursos legais, financeiros e humanos).
Quadro 7.1.
DOIS TIPOS-IDEAIS DE ADMINISTRAÇÃO AUTÁRQUICA
Tipo-ideal Representativo (R) Tipo-ideal Funcional (F)
Protecção
Sim Não
constitucional
Dimensão dos
Pequena Grande
municípios
Resistência à reforma Grande Pequena
Relações entre
sistemas políticos Fortes Fracas
nacional e local
Chefes dos órgãos Eleitos directamente, alta
Inexistente ou eleito indirectamente
executivos visibilidade
Número relativo de
Grande Pequeno
eleitos locais
Atribuições «Cláusula gerais Especificas
Administração
Forte Fraca
periférica do Estado
Prestação de serviços Indirecta Directa
Importância relativa
Pequena Grande
das finanças locais
Importância relativa
Grande Pequena
dos recursos próprios
Quadro 7.2.
DOIS TIPOS-IDEAIS DE ADMINISTRAÇÃO AUTÁRQUICA E A SITUAÇÃO EM
PORTUGAL
Tipo-ideal Tipo-ideal
Caso português
Representativo (R) Funcional (F)
Protecção
Sim Não Sim (R)
constitucional
Dimensão dos
Pequena Grande Grande (F)
municípios
Relações entre
sistemas políticos Fortes Fracas Fortes (R)
nacional e local
Chefes dos órgãos Eleitos directamente, Inexistente ou eleito
Eleitos directamente (R)
executivos alta visibilidade indirectamente
Número relativo de
Grande Pequeno Pequeno (F)
eleitos locais
Administração
Forte Fraca Forte (R)
periférica do Estado
Importância relativa
Pequena Grande Pequena (R)
das finanças locais
Importância relativa
Grande Pequena Média
das finanças locais
ANEXO I
PREÂMBULO
Considerando que um dos meios pelos quais esta finalidade será alcançada é
através da conclusão de acordos no domínio administrativo;
Convencidos de que é ao nível local que este direito pode ser mais
directamente exercido;
PARTE 1
ARTIGO 1º
ARTIGO 2°.
ARTIGO 3°
ARTIGO 4°
ARTIGO 6°
ARTIGO 7°
ARTIGO 9°
3. Pelo menos uma parte dos recursos financeiros das autarquias locais deve
provir de rendimentos de impostos locais, tendo estas o poder de fixar a
taxa dentro dos limites da lei.
ARTIGO 10º
PARTE II
Disposições diversas
ARTIGO 12 °
Compromissos
ARTIGO 13º
ARTIGO 14°
Comunicação de informações
PARTE III
ARTIGO 15°
ARTIGO 16°
Cláusula Territorial
3. Qualquer declaração feita nos termos dos dois números anteriores pode
ser retirada, relativamente a qualquer território designado nesta declaração
por meio de notificação dirigida ao Secretário-Geral. A retirada entrará em
vigor no primeiro dia do mês seguinte ao decurso do prazo de seis meses após
a data de recepção da notificação pelo Secretário-Geral.
ARTIGO 17
Denúncia
ARTIGO 18°
Notificações
a. de qualquer assinatura;
ANEXO II