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lV p © Estado de Santa Catarina ie ® MINISTERIO PUBLICO Procedimento n® 77424.1/SGMP Assunto: Alteragao da destinagdio dos valores referenies 4 transagdic penal pelo julz. Em breve sintese, cuida-se de expediente encaminhado ao Excelentissimo Senhor Procurador-Geral de Justica por este Centro de Apolo Operacional Criminal informando a edicéo de uma_portaria conjunta dos magistrados da Comarca de Chapecé disciplinando a forma de recolhimento = da deslinagGo dos vaicres referentes ds penas restitivas de direlifo aplicadas por meio da tronsagGo penal e da suspensdo condicional do proceso, no ambito daquela comarca Apés autuado junto a Secretaria-Geral do Ministério Publico, @ questo foi submetida a andlise da Assessoria do Procurador-Geral de Justiga, a qual, diante das diversas dificuldades envolvendo o processamento das demandas sob o tito da Lei 9.099/95 no ambit do Poder Judicidrio catarinense, sugeriu que este Centro de Apoio elaborasse um questionario visando a diagnosticar os problemas enfreniados pelos Membros do Minisério PUblico que atuam ou ja atuaram junto aos Juizados Especiais Criminais. Acolhido o parecer e elaborado o questionario, posteriommente enviade aos Promotores de Justica. Instruido com os devidas respostas dos consultados, bem como cutras intormacées referentes aos demais problemas enfrentacios no Smbito dos Juizados Especiais Criminais, sobreveio a detetminagGo do Excelentissimo Senhor Procurador-Geral de Justica para que este Orgao Auxiliar elaborasse estudo sobre a possibilidade, ou nao, da alteracao, pelo juiz, da destinagao dos valores advindos da iransa¢ao penal. Elaborado, entao, o parecer abaixo. MP » Estado de Santa Catarina © MINISTERIO PUBLICO oh . Cent de Apois Opera Sabe-se que a transagGo penal & inslilulo decorrente do Principio da oportunidade de propositura da agGo penal, o que confere G0 seu fitular, 0 Ministério PUblico, a facuidade da sua disposigao sob certas condicdes, nas hipdteses legalmente previstas, desde que hala a concordancia do autor da infragao e a posterior homologacao judicial. Logo, a interferéncia do magistrado na propositura da transagGo pencl viola a norma constitucional, que atribui ao Minisiério PUblico a titularidade da agdo penal. Vejamos: Artigo 129. Sao funcées institucionais do Ministério Piiblico: | = promover, privativamente, a agdo penal publica, na forma da lei [Ll No Ambito da legislagdo infracorstitucional, temos que: Cédigo de Process Penal Att. 257. Ao Ministério Publica cabe: | = promover, privativemente, a agGo penal pUblica, na’ forma estabelecida neste Cécigo: [... Lei 9.099/95 Ait. 76. Havendo representacGo ou tratando-se de crime de acdo penal piblica inconcicionada, ndo sendo caso de arguivamento, 0 Minisiério PUblico poderd propor a aplicagéo imediata de pena restritiva de direitos ou multas, ser especificada na proposta § 1° Nas hipdteses de ser a pena de multa a tnica aplicavel, 0 juiz poderé reduziia até a meiade, § 2° Nao se admitird a proposta se ficar comprovado: te" sido © avlor da infragdie condenado, pela pralica de ctime. & pena privativa de liberdade, por sentenca definitive; Il - ter sido © agente beneficiado antetiormente, no prazo de 5 (cinco) anos, pela aplicagéo de pena restiiiva ov muita, nos terms deste artigo: Ill = n@o indicarem os antecedentes, G conduta social ¢ a personaiidade de agente, bem como os motivos e as cirounstancias, ser necessdria © suficiente a adogéo da medida: Oo a ve “© Estado de Santa Catarina ~ MINISTERIO PUBLICO | Ce tro de Ap § % Acoita c proposta pelo autor da infragdo © seu defensor, seré submetida a opreciacdo do juiz. § # Acolhendo a proposta do Ministério pubico aceita Pela autor da infragéo, 0 jviz apicaré a pena restritiva de direitos ou multa, que n&o importaré em teincidéncic, sendo regisiada apenas para impedir novamente o mesmo beneficio ne prazo de § (cinco) anos. § 5° Da sentenca prevista no pardgrafo anterior caberé a apelagéo referida no art. 82 desta Lol § 6° A imposigao da sangao de que trata o § 4° deste artigo N&o constara de cerlidéo de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositive, € nao tera efeitos civis, cabenco aos interessades propor agao cabivel No juizo civel. Ad. 77, Na agao penal de iniciativa publica, quando nao houver aplicagao de pena, pela auséncia do auter do tato, ou pela ndo ocoréncia da hipdtese prevista no art, 76 desta Lei, 0 Minisiério Publico oferecerd ao julz, de imediato, dentncia oral, so n&o houver necessidade de ciligéncias imprescindiveis. Seguindo a determinagéo imposia pelo Poder Legislativo, a juisprudéncia do Supremo Triounal Federal sedimentou posicionamento nesse mesmo sentido: E da jurisprudéncia do Supremo Tribunal que a fundamenta¢gao do leading case da Simula 696 evidencic: HC 75.343, 12.11.97, Pertence, RTJ 177/1293 -, que a imprescindibilidade do assentimento do Ministério PUblico quer 4 suspensGo condicional do processo, quer 4 transacado penal, esta conectada estreitamente a titularidade da ago penal publica, que a Constituigdo Ihe confiou privativamente (CF, arl. 129, I). 2. Dai que a transacdo penal - bem como a suspenséo condicional do. processo - pressup6e o ocordo entre as partes, cuja inicictiva da proposta, na acdo penal publica, é do Miristério Publico.! © Superior Tibunal de Justiga, por sua vez, firmou entendimento no mesmo sentido: 1 Supremo Trtunal Federal. RE n* 468.151/GO, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 22.5.07, Estado de Santa Catarina Maa MINISTERIO PUBLICO 10 Operacional Criminal CRIMINAL. RESP. USO DE ENTORPECENTES. INFRAGAO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. LEi DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. ALTERACAQ DO LIMITE DE PENA MAXIMA. COMPETENCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS AINDA QUE © DELITO POSSUA RITO ESPECIAL, MODIFICACAO DA INTERPRETACAO DADA AO ART. 61 DA LEI N? 9.099/95. TRANSACAO = PENAL, ~—POSSIBILIDADE. PROPOSTA. PRERROGATIVA DO MINISTERIO PUBLICO. RECURSO PROVIDO. () V. £ defeso ao juiz oferecer a proposta de transagde penal, de cficio ou a requerimento da parle, uma vez que ese ato @ privative do representante do Parquet, titular da ago penal pubica, Vi. Havende recusa injustificada da digo de acusagéo acerca do oferecimento da propasta de transa¢ae pena ou divergéncia entre este € 0 Magisirado sobre o seu cabimenlo, 05 aulos devem ser encaminhades ao Procurador-Geral de Jusliga, em aplicagéo onalégica ao cisposio no art. 28 do CPP. Mil. Recurso pravidla.” PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANGA. PENAL E LEI N® 9.09/95. TRANSACAO PENAL. PROPOSTA. TITULARIDADE. MINISTERIO PUBLICO. 1 E cabivel, in casu, o manejo de mandado de seguran¢a conta ato de Juiz que, a despeito de manifestagéo expressa do membro do Ministerio Puiblico, de oficio. concedeu 0 beneficio previsto no art. 76, da Lei n° 9.099/95, par ter viclado direito liquide € certo do Parquet em efetuar @ proposicdo de transacdo, eis que € o dominus lis da a¢do penal. IF Nao cabe ao Juiz, que nao € filular da agao penal, substitui-se a0 Parquet para formular proposta de transagdo penal. (Precedenies}.. lll- 4 eventual diveraéncia sobre o ndo oferecimento da Proposta resolve-se, por analogic, & luz do mecanismo estabelecido no art, 28 c/c 0 art. 3° do CPP. (Precedentes} Recurso provido.” RECURSO ORDINARIO. PROCESSUAL PENAL. LEI 9.099/98, ART. 76. TRANSAGAO PENAL. PROPOSTA EX OFFICIO. 2. Superior Tibunal de Justiga. REsp 737688/SP, Rel, Ministro GILSON DIP, DJ 18/10/2006. 3. Superior Tribunal de Justiga RMS n* 18.413/SP, Rel. Min, Felix Fscher, DJ 73.2005. g 0 i B Estado de Santa Catarina : i MINISTERIO PUBLICO p08i272 Centra de Ap IMPOSSIBILIDADE. TITULARIDADE DO MINISTERIO. PUBLICO. APLICAGAO ANALOGICA DO ART, 28 DO CPP. No cabe ao Juiz, que ndo é titular da agéo penal, subslituisse co Parquet para formula: proposia de transagdo penal. A eventual divergéncia sobre 0 nado oferecimento da proposta resolve-se & luz do mecanismo estabelecido no art. 28 c/c o art. 3° do CPP. Precedentes do STF € desta Corle. Recurso conhecido, mas desprovido.' A jurisprudéncia do Triounal de Justiga catarinense, nao desioa. Vejamos: ACAO PENAL. JURI. TENTATIVA DE HOMICIDIO. CONSELHO DE SENTENCA GUE AFASTA © ANIMUS NECANDI, DEVOLVENDO A MATERIA AO JUIZ SINGULAR. SUSTENTACAO, PELA DEFESA, EM PLENARIO, DA DESCLASSIFICACAO PARA O DELITO DE DISPARO DE ARMA DE FOGO. CONDENACAO AGENTE QUE VISAVA LESIONAR A VITIMA, CONSUNCAO. ART. 15 DA LEI 10.826/03. CRIME DE LESAO CORPORAL LEVE. } CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. SOBRESTAMENTO DOS EFEITOS DO ACORDAO PARA QUE NA ORIGEM SEJA ANALISADO © CABIMENTO DOS BENEFICIOS A QUE ALUDEM A LEL9.099/95 Tanto a transagdo penal, quanto a suspenséo condicional Go proceso Constituem-se em direito subjetivo do acusado, tornando imperativo que se Ihe submetam as respectivas propostas quando estiverem presentes os requsitos, incumbindo a andlise do cabimento, ou nao, ao Promotor Ge Justiga, sob pena de supresstio de instancia. VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. “LEI MARIA DA PENHA’ (N. 11 .340/2006). IRRESIGNAGAO CONTRA DESPACHO QUE AVOCOU OS AUTOS E DESIGNOU DATA PARA AUDIENCIA DE PROPOSTA DE — SUSPENSAO CONDICIONAL DO PROCESSO (LEI N. 9.099/95, ART. 89) VEDAGAO EXPRESSA NO ART. 41 DAQUELE DIPLOMA LEGAL. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL AFIRMANDO A SUA CONSTITUCIONALIDADE. COMPETENCIA EXCLUSIVA DO 4 Supatior Tribunal de Jusiiga, RHC 16029/SP, Rel. Ministro JOSE ARNALDO DA FONSECA 5 Tribunal de Justiga do Estado de Sante Catarina. Apelagdo Criminal n, 2009,029860-2, Rel, Des. Sérgio Paladino, julgado em 22/10/2007. sj Estado de Santa Catarina cont MINISTERIO PUBLICO peracional Cri MINISTERIO PUBLICO PARA ANALISE E OFERECIMENTO DA PROPOSTA. PEDIDO DEFERIDO, DETERMINANDO-SE A SUSPENSAQ DA AUDIENCIA DESIGNADA COM TAL FINALIDADE E © PROSSEGUIMENTO DO FEITO, * APELACAO CRIMINAL, CRIME CONTRA RELACAO DE CONSUMO. ART. 7°, INC. IX, DA LEIN. 8.137/90. EXPOSICAO A VENDA DE MERCADORIA IMPROPRIA AO CONSUMO, TRO QUE SE AMOLDA AO CONCEITO DE INFRACAO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, COMINACAO DE PENA DE MULTA ALTERNATIVA. POSSIBILIDADE DE TRANSACAO PENAL. PRECEDENTE DESTA CORTE, PROPOSTA DE TRANSACAO, REALIZADA PELO JUIZQ EM DISCORDANCIA COM A MANIFESTACAO DO MINISTERIO PUBLICO, AFRONTA AO ART. 76 DA LEI N. 9.099/95. NULIDADE DA DECISAO. RECURSO PROVIDO.” Como se pode perceber, a questéo da fitularidade do Minislétio PUblico para @ formulagdo do institulo da transagGo penal & incontroversa no Gmbito da jurisprudéncia. O mesmo se da entre os doutrinadores. Nesse sentido, Alexandre de Moraes argumenta que: A transagéo penal € instiiuto decorente do principio da oportunidade da propositura da agdo penal, que confers ao seu titular, o Ministério PUblico, a faculdade de aispor da ago penal, isto é de nado promové-la, sob cerlas condigées. Nos termos do art. 78 do lel foi adotade o principio da discricionariedade regulada. © Ministério Publico somente podera dispor da agGo penal nas hipéteses previstos legaimente, desde que exisla a concordancia do autor da infragdo € a homologacae judicial A transag&o penal € 0 novo instrumento de politica criminal de que dispde o Ministério Publica para, entendendo conveniente ou oportuna a resolugdio répida do Iitigio penal, proper ao autor da infragdo de menor polencial Cfensivo a aplicagdo sem dentncia © inslauragao de pracesso, de pena néo privativa de liberdade 6 Tribunal de Justiga do Estaclo de Santa Catarina, Reclamagiio n. 2008.047364- Des. ineu Joao da Silva, juigado em 01/04/2009 7 Tribunal de Justiga do Estado de Santa Catarina. Apelagdo Criminal n. 2007.007392-5; Rel. Des. Victor Fenteira, julgado em 14/04/2008. Rel vy gt M Pp: Estado de Santa Catarina “© MINISTERIO PUBLICO ntra de Apoio Ope ional Cri al Na concepsao de Teresa Armenta Deu, renomada processuaiisia espanhola, o principio da oportunidade outorga aa Ministétia Publico “facuidades discricionérias" Alitma a autora que a discticionariedade supde que o ordenamento juridico atriouiu uma margem de escolha, configurada por uma plurclidade de solugGes, todas vélidas por estarem adequadas & legalidade. Desta forma, 0 Poder Judiciéro verificaria a presenga das condigées legals que permitiiam a opedo discriciondria por parte do Ministério Pblico, mas n&o poderia de nenhuma forma fiscolizar a oportunidade, 0 mérito da op¢éo formulada, por inexisténcia de Um critério legal determinante (Criminalidad de Bagatela y Principio de Opartunidad, PPU, Barcelona, 1991, p. 181-163). (Nesse sentido: TU/SP — Habeas Corpus n. 207.80-3/0 - S40 Roque ~ rel. larbas Mazzoni — v. u. deciscio 27-5-95), Este principio 6 mundialmente reconhecido e faz parte da proposta dos coutrinadores do Direito Processual Penal para "UM CODICE TIPO DI PROCEDURA PENAL PER AMERICA LATINA", efetuada no Congreso Internacional de Roma, realizado em 1991." Guilherme de Souza Nucci, por sua vez, observa que a transagGo penal é instituto pré-processual, ou seja, a parlicioacao do magistrado equipa BMORAES, Alexandre ra-se a uM mediador: Logo, parece-nos totalmente inadequade que o juiz se substitua ao membro do Ministér’o Publico, quando este se recusar a oferecer a proposia, fazendo-o em seu lugar e homologande 0 que ele mesmo, magistrado, propés ao ‘autor do faio. Atua o juiz como mediador, afinal, nem mesmo processo existe ainda, A aiuacée judicial de oficio, nesse Cendrio, avilia © principio corstitucional de que a iniciativa da cgéo penal piblica é exclusiva do Ministério PUblico. Caso 0 promotor (ou procurador da Republica} se recuse, injustificadamente, a fazer a proposta, cabe a aplicagGo, por anaiogia, do art. 28 do CPP. |...) Em suma, a fransagéo ¢ um acordo entre os partes - acusacao e autor do falo - ndo podendo um e out ser alljado desse processo de convergéncia de vontades por quem seja, especialmente pelo magistrado.” (Desiacamos) de; SMANIO, Gianpaolo Poggio. Legisagao penal especial. sao Paulo: Atlas, 2004. p. 281 9 NUCCI, Guilherme de Souza, Leis penais © processuais penais comentadas. Sao Paulo: Estado de Santa Catarina 3 MINISTERIO PUBLICO Assim, ao Juiz cabe a homologagao da transagao, cujo contetido perience ds partes, que de comum acordo disciplinam © seu contetido a ser cumpnido pelo autor do fato. Nesse sentido, mostram-se oportunes os ensinamentos de Fernando da Costa Toutinho Filho: Argumenia-sé que se a transagde implica acordo de vontades, por dbvio esse acordo ha de ser entre o titular da agao penal e o autor do fate, ndo podendo o Juiz gesempenhar um papel proprio do Ministéno PUblico, sob pena de usurpor-he fungao exclusiva. A transagdo que a Constituigao permite possa ser feita, dizem, nada mais é que um sucedaneo da acéo penal. E como se a lei Gissesse: a hipdlese enseja @ propositura da acto penal, mas, tratando-se de infragGo de menor potencial ofensivo, © denUncia pode ser substituida por uma proposta de aplicagGe de muita ou medida resiritiva de direito, sem a necessidade de se instaurar processo a respeito. Assim, nem teria sentide pudesse o Juiz, como érgGo superparies, assumir a posictio do Promotor de Juslig¢a e formular a proposta do autor do fato. Por isso, dem, embora soja pratico, ndo se consona com 0 processo acusatério e, de cette modo, deixaria maculado 0 principio do ne procedat judex ex officio. Haveria um processo penal ‘sem demanda”, " Ressalta-se, que © proprio legislador tratou de delimitar as dues Unicas hipdteses em que o magistrado poderd alterar o conteUdo da transacdo penal: quando a pena de multa for a Unica aplicével, podendo reduz-la alé a metade; ov quando a proposta aceita estiver em desacordo com as imposigdes legais (exigéncia de uma das hipdteses do art. S*, XLVI, da Constituigao da Republica, por exemplo} Nesse aspecto, Fernando Capezleciona ave: © juz ndo esté obrigado a homologar o acordo penal, devendo analisor preliminarmente a legalidade da Editora Revista dos Tribunals, 2006. p. 386/387. 10 TOURINHO FILHO, Femando da Costa, Camentaiias & Lei dos Juizados Especiais Fimincis, SGo Pavio: Saraiva, 2007, p. 111 Mi Pp _ | Estado de Sante Catarina é MINISTERIO PUBLICO tro de Apoie Operacional proposta e da aceitagdo. Nas hipéteses de ser a pena de muita a Unica aplicavel, juiz poderd reduzila até a metade. bel Dessa forma, o juz somente pode deixor de homologor o corde que contrariar as exigencias legals (aspectos formals); se discordar do contevdo ou da falta de proposta, deveré aplicar 0 art. 28 do CPP. Assim, considerando que a proposta de transagao penal & de titulotidede exclusiva do Ministerio PUblico e que a entidade beneficiada pelo resultado da san¢ao faz parle do contetido Constante do instrumento fimado pelas partes, ndo pode o Poder Judicidrio modificd-lo, sob pena de usurpa¢ao da fun¢co constitucional atribuida ao Parquet. Como jd elucidado, cabe ao Magistrado, quando da homologagéo da proposta de jransagdo penal, observar se as formalidades legais exigidas foram tespeitadas. cabendo, ainda. se assim entender, reduzir & metade a pena de muila, quando for a Unica aplicdvel. A respeito do tema, Fermando da Costa Tourinho Filho observa que: Pode o Juiz discordar da proposia formviada e aceita? Ja dissemos que o Juiz nao é@ um convidado de pedra. Formulada a proposta pelo titular da agGo e levada a considerag¢do do autor do fato e seu Defenser, se aceita fer, cumprira ao Juiz homologala, dés que o acordo frmado esteia deniro nos pordmetras legais. Na audiéncia, a propesta apresentada pode ser debatida. © autor do fato pode apresentar contrapropasta @ nada impede que o Juiz, aii na audiéncia, come cenciliador, procurando estimular a pacificagdo, faga sugestéo que, se aceita por ambas as partes, pde termo ao “litigio". Por fim, mostra-se oportune destacar que, como sabido, a transacdo penal € instituto anterior co processo penal. Ou seja, € um acordo entre as partes na fase que precede a demanda, Nao se trata de uma prestagdo jurisdicional, mas uma faculdade que o legislador deu ds 11 CAPEZ, Fermando. Curso de Direito Penal. v. 4, S40 Paulo: Saraiva, 2008. p. 571 12 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Comentarios & Lei des Juizados Especiais Criminais. Sao Paulo: Saraiva, 2009. p. 127. iV Pp ae : Estado de Santa Catarina ss * MINISTERIO PUBLICO Centro de Apoio Oj ninal partes de abrir mao da ago penal. Logo, nao se irata de aplicagdo de pena - a propria Lei cuidou de atastar expressamente os efeitos da condenagdo ao autor do fato que aderir ao acorde proposto pelo Ministétia Pliblico Assim, cabe ao juiz, como j& élucidado, gerantir a legalidade do ccordo, néo podendo, todavia, alterar o conietdo celebrado entre Ministério PUblico € autor da fato, observada, é claro, a hipdtese do art. 76, § 1°, da Lei n° 9.099/95. Dessa feita, excetuadas as duas hipdteses anteriormente citadas, 0 Magistrado nao poderd alterar o contetdo do acordo fimado, nem mesmo para dar destinacdo divetsa a acordada, posio que, nos termos acima expostos, a fitularidade para essa providéncia é do érgao do Ministério Public. SGo essas, portanto, as consideragdes pertinenies ao objeto do esiudo proposto. Alorianépolis, 14 de fevereiro de 2.011. ¢ £ 7, of or ONOFRE JOSE CARVALHO AGOSTINI Promotor de Jusliga Coordenador-Geral do Ceniro de Apoio Operacional Criminal

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