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Universidade Federal do Amazonas

Faculdade de Educação Física e Fisioterapia

Princípios de Intervenção

Profa. MSc. Aline Arcanjo Gomes

2010
CASO CLÍNICO 1
 L.K.J., sexo feminino, 54 anos, relata história de oito meses de
rigidez na cintura escapular, unilateral, com dor e fraqueza.
Apresentou início de quadro álgico insidioso, que perturbava seu
sono, há 6 meses atrás. A mobilidade do ombro era muito dolorosa e
os movimentos de abdução e rotação interna e externa perderam
amplitude. Após esse período, a dor diminui de intensidade, deixou
de ser contínua, mas persistiu à noite e à tentativa de movimentação
do ombro, que evoluiu com rigidez e bloqueio importante da
abdução e das rotações interna e externa.Atualmente L.K.J. queixa-
se de dor em nível 6 da EVA pela manhã e ao final do dia, apresenta
também dificuldade para dirigir até o trabalho. A paciente trabalha
em uma indústria que fabrica cartuchos de impressora operando uma
máquina que requer o levantamento de sacos de aproximadamente
20 litros de tinta para abastecimento da máquina.
Questões

 Qual o provável diagnóstico de L.K.J.?


 Como você descreveria essa condição a paciente?
 A partir do seu diagnóstico provisório, quais serão
seus objetivos e intervenção detalhada para a fase
I (0 a 2 semanas) e fase II (2 a 6 semanas)?
Lesões de Tecidos Moles

 Distensão
 Alongamento excessivo causado por esforço exagerado
 Tende a ser menos grave que o entorse
 Ocorre em decorrência de trauma leve ou traumas repetidos

 Entorse
 Distensão grave associada a sobrecarga intensa, estiramento
ou laceração dos tecidos moles (cápsula articulaqr,
ligamento, tendão ou músculo)
Lesões de Tecidos Moles

 Luxação
 Deslocamento dos componentes ósseos de uma

articulação (perda da relação anatômica).


 Gera dano nos tecidos moles, inflamação, dor e

espasmo muscular

 Subluxação
 Luxação parcial dos segmentos ósseos
Lesões de Tecidos Moles

 Ruptura ou laceração de músculo/tendão


 Parcial: dor é referida na região da fendaquando o
músculo é alongado ou se contrai contra resistência
 Completa: Músculo não exerce tração sobre a lesão
(alongamento ou contração não causam dor)
 LER:
 Sobrecarga ou desgaste por atrito repetido , sumáximo de um
músculo ou tendão (gera inflamação e dor)
Lesões de Tecidos Moles

 Lesões tendíneas
 Tenossinovite
 Inflamação da membrana sinovial que cobre um

tendão
 Tendinite
 Degeneração do tendão, pode resultar na formação

de cicatriz e depósitos de cálcio


 Tendinose
 Degeneração do tendão devido a microtraumas

repetitivos
 Tenovaginite
 Inflamação com espessamento da bainha tendínea
Lesões de Tecidos Moles

 Sinovite
 Inflamação de uma membrana sinovial
 Excesso de líquido sinovial normal em uma articulação ou
bainha tendínea causada por trauma ou doença
 Hemartrose
 Sangramento dentro de uma articulação
 Contusão
 Lesão decorrente de um golpe direto que resulta em
ruptura capilar, sangramento, edema e resposta
inflamatória
Condições Clínicas Resultantes

 Disfunção de um tecido ou região causada por:


 Encurtamento adaptativo dos tecidos moles
 Aderências
 Fraqueza muscular
 Perda da mobilidade normal
Condições Clínicas Resultantes

 Disfunção articular
 Perda mecânica da mobilidade articular normal

desencadeada por:
 Trauma

 Imobilização

 Desuso

 envelhecimento

 Contratura:
 Encurtamento adaptativo da pele, fáscia, músculo, cápsula
articular que impede a mobilidade normal
Condições Clínicas Resultantes

 Aderências
 Aderência anormal das fibras de colágeno às estruturas
ao redor durante a imobilização (restringe elasticidade
e deslizamento normal)

 Defesa Muscular Reflexa


 Contração prolongada de um músculo em resposta a
um estímulo doloroso

 Fraqueza muscular
As intervenções...

 ...São mais eficazes se estiverem apoiadas nas


abordagens orientadas para problemas e necessidades
funcionais dos pacientes, bem como para os objetivos
acordados mutuamente

Programas de intervenção mais em sucedidos são


aqueles cujo planejamento tem por base um
conjunto de experiências clínicas e dados
científicos
Controle da dor e da Inflamação
 Lesões de tecidos moles
dor, inflamação e edema

DOR
mecanismo de proteção

Transmissão de informações relacionadas a dor depende


da integração dos 3 níveis do SNC: medula espinal,
tronco cerebral e segmento anterior do cérebro
Metas Principais
 Fase inicial da intervenção em lesões agudas

 Recomenda-se durante o estágio agudo:


 Proteção
 Repouso
 Gelo
 Compressão
 Elevação
 Mobilização precoce
 Medicamentos
Proteção
 Evitar cargas excessivas nos tecidos

 Ex: Em caso deambulação dolorosa

 Até que o paciente possa suportar o próprio peso sem


dor
Repouso

 É definido mais como ausência de abuso do que


como ausência de atividade
Gelo
• Controle da inflamação e do edema,
principalmente em quadros agudos.
• Alívio da dor (analgesia)
Compressão

 ↓ edema
 Bandagens elásticas
Elevação

 Auxilia no retorno venoso e ajuda a minimizar o


edema
Mobilização Precoce

 Antecipação do movimento é recomendada para:


 Reduzir a atrofia muscular
 Manter a função das articulações
 Reduzir a probabilidade de ocorrência de artrofibrose ou
de formação excessiva de cicatrizes
 Reforçar a vascularização e a nutrição das cartilagens →
recuperação precoce e ↑ no conforto
Medicamentos

 Não se caracterizam como intervenção


fisioterapêutica mas apresentam importante efeito
analgésico facilitando a reabilitação das estruturas
lesionadas
Promover o progresso da cicatrização

 Fisioterapia não acelera o processo de cicatrização


mas com educação correta e supervisão
adequada pode garantir que ele não seja
adiado ou interrompido

A promoção do progresso dos reparos nos tecidos


envolve o equilíbrio delicado entre proteção e
aplicação de tensões funcionais controladas na
estrutura danificada
 Sinais e sintomas informam o estágio de reparo
tecidual
 Estágio 1: Inflamação)
 Edema
 Vermelhidão
 Calor
 Dano ou perda de função
objetivo: controlar a dor e reduzir grau de
inflamação e edema
Redução do sangramento e facilitação da remoção de
exsudatos inflamatórios
O que é útil nesse estágio?
 Modalidades físicas e eletroterapêuticas
 Final do estágio agudo: calor, ultra-som e
fonoforese
 Estimular independência funcional
 Objetivos:
 Evitar posições dolorosas
 Melhorar a ADM
 Reduzir atrofia muscular (exercícios isométricos leves)
Estágio 2: Migração e Proliferação
 Esse estágio se caracteriza por:
 diminuição da dor e do edema
 Aumento na ADM ativa e passiva sem dor
mas ainda não está nos limites normais

Tensão aplicada nas estruturas ainda pode causar alguma dor


 Fibroblastos precisam ser guiados – fibras de colágeno

substituídas sejam dispostas ao longo das linhas de tensão


Movimentos suaves na área geram tensões naturais
nos tecidos em fase de cicatrização e devem começar
por volta do 5° dia para fortalecer os reparos

 É importante:
 Estimular aumento progressivo nos movimentos
(possibilitar execução completa da ADM)
 Fortalecimento – isométrico submáximo
 Iníciar exercícios isotônicos com aumento de resistência
compatível com o nível de tolerância
Estágio 3: remodelação
 Paciente pode sentir dor no final da ADM passiva
 Aplicação contínua de tensões controladas
tecidos musculoesqueléticos respondem às
tensões controladas por meio da adaptação
(específica para a demanda imposta)
 Aplicação de tensões inadequadas podem:
 Contratura

 Lassidão

 Fibrose

 Aderências

 ↓ Função
Como prosseguir....

 Exercícios em cadeia aberta e fechada


 Estímulo a contração concêntrica e excêntrica
 Evolução para exercícios funcionais
Modalidades Terapêuticas no Tratamento das
Lesões Agudas

Inicial aguda

Resposta Inflamatória

Reparo fibroblástico

Maturação remodelação
Indicações e contra-indicações das modalidades
terapêuticas
Modalidade Terapêutica Respostas Fisiológicas Contra-indicações
Indicações
Correntes de estimulação Modulação da dor Marcapasso
elétrica Reeducação muscular Tromboflebite
Alta Voltagem Retardo da atrofia Lesões superificiais na pele
Fortalecimento muscular
Aumento na ADM
Cicatrização de fraturas
Lesões agudas
Baixa voltagem Cicatrização de feridas Malignidade
Consolidação de fraturas Hipersensibilidade da pele
Iontoforese Alergia a medicamentos

Interferencial Modulação da dor Marcapasso


Reeducação muscular Malignidade
Consolidação de fraturas Infecções
Aumento na ADM
Modalidade Respostas Fisiológicas Contra-indicações
Terapêutica Indicações
Correntes de Fortalecimento muscular Marcapasso
estimulação elétrica Consolidação de fraturas Malignidade
MENS Russa Cicatrização de feridas Infecções
Diatermia de ondas Aumento na circulação profunda Implantes metálicos
curtas e de Aumento nas atividades Marcapasso
microondas metabólicas Malignidade
Redução no espasmo e na defesa Curativos úmidos
muscular Áreas anestesiadas
Redução na inflamação Gravidez
Facilitação na cicatrização de Inflamações e lesões agudas
feridas Proximidade dos olhos
Analgesia Àreas de fluxo sanguíneo
Elevação na temperatura dos reduzido
tecidos em uma grande área
Crioterapia Lesões agudas Alergia ao frio
Vasoconstrição Danos circulatórios
Analgesia Cicatrização de feridas
↓ inflamações Hipertensão
↓ espasmo muscular
Modalidade Respostas Fisiológicas Contra-indicações
Terapêutica Indicações
Termoterapia Vasodilatação Traumas agudos e pós-
(parafina, Analgesia agudos
infravermelho, ↓ inflamações Circulação insuficiente
turbilhão) ↓ espasmo muscular Marcapasso
Aumento nas atividades metabólicas Danos circulatórios
Facilitação na cicatrização dos tecidos Malignidade

Laser de baixa Modulação da dor (pontos gatilhos) Gravidez


potência Facilitação na cicatrização de feridas Proximidade dos olhos
Ultra-som Aumento na extensibilidade dos tecidos Lesões agudas e pós-
conjuntivos agudas
Calor profundo Áreas epifisiais
Aumento na circulação Gravidez
Tratamento de lesões dos tecidos moles Tromboflebite
↓ inflamações Sensação inadequada
↓ espasmo muscular Proximidade dos olhos

Compressão ↓sangramentos agudos Danos circulatórios


intermitente ↓ edema

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