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VIA SACRA

VIA SACRA – CLUNY 7 (Bussaco 2011)


(01) Jesus é condenado à morte
Como um criminoso
Conduzido a tribunal,
Jesus é condenado e morto.

É acusado de ter falado mal de Deus,


Ele que é a Palavra de Deus!
Não é culpado de nada
Mas acusam-no de inventar
Novas maneiras
De amar a Deus e ao próximo.

O que é que ele fez exactamente?


Todos vós o sabeis!
Disse que vinha salvar os habitantes da terra
Do mal e do desespero.
O que é que ele fez exactamente?
Vós já o sabeis.
A todos, sem excepção,
Mostrou o imenso amor de Deus!

- Senhor, estás sempre ao lado dos inocentes!

(02) Jesus carrega com a cruz

A cruz é pesada.
Não existe nada de mais pesado que uma cruz:
não é senão a dor,
não é senão as lágrimas,
não é senão o sofrimento.

Jesus vacila.
A cruz esmaga-o.

Ela pesa
nos seus ombros,
mas mais ainda
no seu coração.

Segura-a
curvado,
dobrado,
vergado.
É um peso.

Senhor, levas connosco o peso das nossas dores!

(03) Jesus cai pela primeira vez


Jesus cai.
Como poderia Ele
permanecer de pé com este peso
nos seus ombros
e no seu coração?

A cruz é pesada
e ela magoa-o.

Mas o que mais fere


é o brilho mau nos olhos
daqueles que o vêem vacilar.

Como suportar
o fardo
dos olhares maus
semelhantes a murros
que atiram por terra
e que esmagam?

São olhares sem compaixão.

Senhor, poisa sobre cada um de nós um olhar benevolente!

(04) Jesus encontra a sua mãe

No caminho da cruz
Maria encontra o seu filho.
Diz ela:
“É o meu filho muito amado.
Porquê toda esta maldade?”

Não compreende
por que todos se põem
a apontá-lo com o dedo
e a troçar como se estivessem contentes
de o ver assim, ferido e humilhado,
como se estivessem contentes
do que acontecia
ao seu filho muito amado.
No caminho do sofrimento,
Jesus encontra
o rosto amoroso da sua mãe.
Diz Ele:
“Obrigado, minha mãe!”

Senhor, vens ao encontro de todos os abandonados.

(05) Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz


Na multidão trocista,
não há senão mãos
que empurram Jesus.

É semelhante a um fardo
empurrado
que serve para se divertirem.
Ninguém lhe toca para o amparar,
como se, ao tocá-lo,
tivessem receio de se sujar,
como que a dizerem:
“Não tem valor, pode rejeitar-se!”

Obrigam um certo
Simão de Cirene,
que passava por ali,
a levar a cruz de Jesus.

Como permanecer de pé,


se não há uma mão prestável?

Senhor, a cada um de nós estendes a tua mão!

(06) Uma mulher limpa o rosto de Jesus


O caminho é longo
O caminho é interminável
quando o sofrimento é muito.

Jesus está cansado:


nem sequer distingue
o chão sobre o qual se arrasta
com a cruz que o esmaga.
Jesus tem medo:
avança entre muros de furor
e para ele é a pior das crueldades.
No rosto e no coração de Jesus
não existe senão dor.

Na multidão, uma mulher não pode admitir


que um ser humano seja assim torturado.

Com um lenço,
limpa o rosto de Jesus:
doçura e bondade!

Senhor, cuida de todos aqueles que estão esgotados.

(07) Jesus cai pela segunda vez


Quando se está muito carregado,
o normal é cair.

O madeiro sobre os seus ombros


tão rugoso e pesado que dilacera o corpo.

Mas o que dilacera,


até ao coração,
é o ódio que se estende à sua volta!

O ódio que jorra


do interior das pessoas,
é mais cortante que uma arma:
é mesmo capaz de trespassar e de matar.

Jesus vacila e cai.


Como suportar todo o peso
deste grande ódio que grita tão forte:
“Tu és mau.
Não queremos nada de ti?”

Senhor, tu nos acolhes a cada um no teu amor.

(08) Jesus consola as mulheres de Jerusalém


Na multidão que está ali
para ver Jesus a passar,
há mulheres que se põem a chorar.

A cruz,
os golpes,
as troças,
as feridas no corpo,
Jesus cheio de dores: é demasiado!
É odioso!

As lágrimas correm-lhes dos olhos


e gritam:
“Não é ele que curou a tantos
e falou com tanta bondade?”

Jesus consola-as:
“Não choreis por minha causa.
chorai antes
por causa do mal que as pessoas fazem!”

Senhor, chamas cada um a levantar-se contra o mal.

(09) Jesus cai pela terceira vez


Jesus cai
uma e outra vez.

Está por terra.


Está no pó do chão.
Não se consegue levantar,
Nem estar de pé como um homem.

Nada de espantar:
toda esta violência que o atinge,
toda esta maldade que berra,
todos estes punhos estendidos para o empurrar.
Quem teria ainda vontade de se levantar?

Ninguém para o compreender


e ninguém para contemplar
os seus olhos suplicantes.

Como avançar quando toda a gente


troça e dá pontapés
para o fazer cair?

Senhor, tu acompanhas aqueles que não podem mais!

(10) Jesus é despido das suas vestes


Chegou ao cimo da colina.
Ao calvário.
Ao lugar das execuções.
Formam um círculo à sua volta com uma matilha.
Como para o cercar
e o impedir de se escapar!

Está muito fraco.


Está sem defesa.
Está esgotado.
Está-se sempre assim que é rejeitado
e quando se sofre pelas ofensas dos outros.

Já lhe tiraram a sua força e dignidade.


Agora tiraram-lhe também as roupas.
Está completamente despido,
Como um miserável que nada possui.
Podem tirar-lhe as suas vestes
mas o seu amor, ninguém lho pode tirar!

Senhor, dás tudo a todos!

(11) Jesus é pregado na cruz


Colocaram-no sobre a cruz,
bem esticado, estendido,
como se o quisessem impedir de se levantar.

Depois crucificam-no.
As suas mãos já não se podem mover!
As suas mãos que se estendiam
para os humildes e os pobres
e para todos aqueles que não tinham esperança.

Está crucificado.
Está cravado na cruz.

Aproximai-vos e vede:
aquele que está crucificado na cruz
é Jesus, é o Filho de Deus!

Os seus braços estão abertos como para dizer:


“Vinde e vede: Estou convosco.
Vinde e tomai: Eu sou o Amor.”

Senhor na cruz, Deus de ternura para o mundo!


(12) Jesus morre na cruz
Quis anunciar a bondade de Deus.
Quis distribuir a ternura de Deus.
Quis oferecer o perdão de Deus
a todos,
os que são dignos ou indignos.
A todos e a todas!

Cumpriu a sua missão.


Fê-lo perfeitamente.
Agora e grita e morre na cruz.

Aproximai-vos e olhai:
Aquele que foi colhido pela morte
Como qualquer vivente da terra,
é Jesus,
é o filho de Deus!

Entra na morte a fim de nos dizer a todos:


“Comigo, não tenhais medo:
Eu sou a Vida!”

Senhor, connosco atravessas a morte!

(13) Jesus é retirado da cruz


O corpo de Jesus foi despregado.
A cruz está vazia
semelhante a uma árvore depois da colheita!
A cruz deu o seu fruto de vida:
Jesus, o Filho de Deus.

Para sempre a cruz


é o sinal das maravilhas
que Deus realiza
para tirar a infelicidade
todos os habitantes da terra.

Para sempre a cruz,


com os seus madeiros
em largura e altura,
é o sinal dos braços estendidos de Cristo,
oferecendo o amor de Deus
aos habitantes da terra.

Senhor, a todos nos apresentas os sinais da tua presença!


(14) Jesus é depositado no túmulo
Metem-no na terra.
Está enterrado
como qualquer mortal.

É o luto.
Já não se lhe pode tocar.
Já não se lhe pode falar.
Já não se pode escutar.
Já não se pode ver.
Desaparece na terra.

É a tristeza.
Onde estará agora,
Aquele que se dizia a luz de Deus?
Onde estará agora,
Aquele que anunciava a Palavra da Vida?

Mas nada acabou.


Jesus é semelhante à semente
que desaparece no interior da terra.
Paciência, mais um pouco de tempo
e vereis a seara!

Senhor, dás a vitória à vida!

(15) Jesus ressuscita

É a aurora.
A noite desapareceu.
A luz inundou o céu e a terra.
É o nascer do dia.

O túmulo está vazio.


A pedra foi rolada para o lado.

Deus ressuscitou Jesus!


Deus glorificou Cristo!
Deus ergueu o seu Filho!

A morte está vencida!


Terminou!
Foi derrotada para sempre!

Aproximai-vos e vede:
Jesus Cristo saiu da morte.
Ele vive!

Como canta, a sua Palavra de alegria!


Como brilha, a Luz de Deus!

Aleluia!

Senhor, levas as nossas cruzes até à vida!

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Contemplando
o caminho da cruz
de Jesus Cristo,
meditando
na sua morte e ressurreição,
os cristãos descobrem
até onde pode ir o amor o Deus:
até tomar
o caminho do sofrimento
e da morte,
a fim de dar
a esperança de viver para sempre,
a todos os habitantes da terra.

É por isso que


os cristãos param
para rezar com Jesus Cristo
no caminho onde ele carregou
a sua cruz
antes de ressuscitar.

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