RESENHA DO FILME “TEMPOS MODERNOS”, ESCRITO E PRODUZIDO POR:
CHARLIE CHAPLIN. ANO: 1936 DURAÇÃO: 87 MINUTOS *preto e branco.
A Administração Científica ergueu-se do esforço dos teóricos da época para
dar conta das conseqüências da Revolução Industrial, é uma forma de racionalização da produção capitalista baseado em inovações técnicas e organizacionais que se articulam tendo em vista a produção e o consumo em massa. Apesar do reconhecimento da grande contribuição desses teóricos para a Administração, muitas críticas são dirigidas pelas imensas características da sua obsessão pela unidade de comando, pela acentuada centralização e, também, pela pouca originalidade na sistematização e na definição dos princípios da administração. As principais críticas feitas referem-se ao fato de a proposta de Taylor transformar o homem em uma máquina onde o operário é tratado como apenas uma engrenagem do sistema produtivo, passivo e desencorajado de tomar iniciativas. Charles Chaplin foi um ator, diretor, roteirista e músico nascido em Walworth, Londres. Foi responsável por grandes obras-primas do cinema mudo como Tempos Modernos, lançado em 1936. A Escola de Administração científica em Tempos Modernos é apresentada como inovação técnica e organizacional da produção e do processo de trabalho. Ela se caracteriza como prática de gestão na qual se observa a radical separação entre concepção e execução, baseando-se no trabalho fragmentando e simplificado, com ciclos operatórios muito curtos, requerendo pouco tempo para formação e treinamento dos trabalhadores. Tempos Modernos é o retrato da sociedade capitalista que começava a se desenvolver na Europa a partir do século 18 após a Revolução Industrial que iniciou- se na Inglaterra. Logo no começo do filme, o autor compara o movimento dos trabalhadores com um rebanho, passando a idéia de que aqueles homens eram comandados pela elite com o cajado de um capitalismo recém-formado. Mas Chaplin não mostra apenas questões lgadas aotrabalhos, mas também tenta trazer ao público uma visão de humanidade onde a busca da felicidade é constante, observada no filme através da frase que pontua a idéia central da obra: “Tempos Modernos. Uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a cruzada da humanidade em busca da felicidade.” O clássico de Charles, focaliza a vida do operário na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho, visando alcançar maior produtividade e, como menores custos e melhores margens de lucro, enfrentar a crescente concorrência em todos os mercados. Também pode ser observado no filme a grande crítica, passada para o público de forma irônica, pela busca desenfreada do lucro no momento que o personagem vivido por Charles trabalha de forma continua e ininterrupta diante de uma esteira que evita o deslocamento dos trabalhadores e mantém um fluxo contínuo e progressivo das peças e partes, a ligação com a máquina é tão grande que o trabalhador industrial acaba tornando-se parte dela. E mais adiante acaba sendo engolido por ela. A análise, através de um cronômetro, para medir o tempo médio de um operário na execução de uma determinada tarefa onde neste tempo médio era adicionado o tempo de entrada e saída do operário na empresa bem como determinadas esperas e necessidades pessoais, resultando no chamado tempo padrão, é retratada em duas partes interessantes do filme. A primeira quando há a tentativa de utilização da Máquina Alimentadora como um artefato prático para alimentar seus empregados enquanto trabalham, assim, procurava-se eliminar os tempos mortos da produção tal como concebe a teoria de Taylor. A segunda quando o mecânico fica preso entre rolos, parafusos e demais aparelhos que movimentam a fábrica, e Carlitos, personagem vivido por Charles, no momento em que ouve o apito que sinaliza a hora do almoço, mesmo diante da situação vivida pelo mecânico, deixa de tentar ajudá-lo em sua tentativa de sair da enrascada em que se encontra, pega sua marmita e começa a comer, mostrando a sujeição do homem a escravidão do relógio. Enfim Charles Chaplin desvendou a verdadeira essência da administração científica de Taylor, retratando um ser humano enlouquecido, brutalizado e engolido pela maquinaria.
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