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La Paz
Salar de Uyuni
Sucre
Copacabana
Para fazer esta viagem a agência de turismo irá lhe obrigar a levar
apenas uma mochila pequena com o que for necessário para estes três dias, o
restante das bagagens ficará guardado no escritório da empresa até o seu
retorno. Eu optei por levar meu saco de dormir, pois o havia utilizado até este
momento em todos os hotéis nesta viagem e não seria neste momento que iria
desistir dele. Ele foi produzido no Brasil, de forma que, não está preparado
para baixas temperaturas, mas para minha surpresa, as temperaturas
enfrentadas foram as mesmas que havia encontrado em La Paz. Mesmo quem
não levou saco de dormir conseguiu dormir bem, somente com o fornecido
pelas hospedagens.
Um dos pontos que me preocupava era ter que dividir um espaço tão
restrito, como o carro e alojamentos coletivos, com pessoas desconhecidas,
mas essa na verdade foi a melhor parte do passeio, pois todos foram muito
De Sucre fui a Copacabana, uma cidade que fica nas margens do lago
Titicaca. Na verdade eu peguei um ônibus leito de Sucre a La Paz e de lá, um
microônibus até o destino final. Sempre preferi viajar durante o dia para ver a
bela paisagem, mas como em viagens noturnas eu poderia contar com este
“luxo”, não dispensei. Mesmo porque tive um pouco de azar nas duas últimas
viagens, pois o assento ao lado do meu foi ocupado por mulheres com bebês
de colo. Minha sorte é que eles são do tipo “ninja”, não vomitam (pelo menos
nestas oportunidades nada ocorreu) e em uma das vezes dormiu o bebe e a
mãe e, por incrível que pareça, ninguém caiu de seu lugar. Desta vez preferi
não arriscar, afinal de contas quando certas coisas acontecem, todo mundo
dorme, menos eu.
O ônibus leito possuía apenas três assentos em cada fila (e não quatro
como era o comum) e reclinava um pouco mais. As estradas bolivianas não
possuem muito movimento durante o dia e acredito que à noite deve ser mais
tranqüilo. Acredito que seja assim, não posso garantir porque dormi bem
durante toda a viagem.
Uma coisa boa para os católicos é que os precipícios são tão íngremes e
profundos que se cair, pelo menos terá a chance de rezar uma ave-maria antes
de morrer com o impacto. Quando comprei o pacote me foi recomendado
fortemente que não levasse minha câmera fotográfica, já que eles tiram as
fotos do grupo e depois fornecem um CD. Nesta “gentileza” está embutida uma
boa dose de segurança, porque alguns turistas já morreram ao tentarem tirar
fotos enquanto pedalavam, aliás, nem mesmo trocar de marchas é permitido,
pois uma olhadinha para verificar se a corrente respondeu ao comando, pode
ser o fim.
Falando em corrente, eu protagonizei a única “beijada de chão” do
passeio, já que a corrente da minha bicicleta saltou, travou a roda traseira e,
como estava um pouco acima da velocidade, o chão foi ficando cada vez mais
próximo até ficarmos juntinhos. No inicio do passeio achei que era um
preciosismo ter que vestir uma roupa inteira sobre a de cada um e ter que usar
capacete, luvas, joelheiras e cotoveleiras, mas foi isso que me livrou de uns
bons arranhões. O câmbio da minha bicicleta teve “perda total” e recebi outra
para continuar o passeio. Outras duas foram trocadas em nosso grupo, por
motivos diferentes. Pensando bem, essa estrada da morte, com seus buracos,
mata muito mais as bicicletas que as pessoas.
Meu acidente foi uma imprudência, já que eu não precisava estar tão
rápido naquele momento, mas estava em um trecho sem abismos e sabe como
é... o grande filósofo Max diz: “se você está no inferno, o que custa dar um
abraço no Capeta?” Então, por que não acrescentar um pouco de emoção ao
passeio? As vezes passa um pouco da conta, mas isso faz parte do jogo.
Foi muito bom visitar a Bolívia e pretendo voltar outras vezes. É um
destino relativamente pouco comentado e utilizado, mas isso tende a mudar
com as facilidades criadas para facilitar o trânsito de brasileiros e bolivianos
entre nossos países e esta é uma das chaves para a integração necessária e
desejável entre nossos povos.
Caso queira ver mais fotos desta viagem, por favor acesse o site
http://www.flickr.com/photos/cazuza1234/
Um abraço,
Elias D. Teixeira