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: CONVERGÊNCIAS Sofia Esteves

Psicóloga Clínica

Os Meios de Comunicação Social


e a Criança
A atractibilidade que os meios de comunica-
ção social exercem sobre as nossas crianças é
claramente evidente. Basta observarmos uma
criança em frente à televisão. Chega a ser as-
sustador verificar que esta se encontra, muitas
vezes, num estado que se pode considerar “hip-
nótico”, onde as cores, o som e o movimento
tomam conta dos sentidos da criança.
As mensagens transmitidas por este meio
são de tal formas poderosas que se tornam
inquestionáveis, levando a um deturpamento
do sentido crítico.
A nossa mente é constantemente bombarde-
ada com informações claras, rápidas e de fácil
absorção, semelhante à “fast-food”.
Cabe aos pais, educadores e técnicos avaliar
que tipo de influência os meios de comunica-
ção exercem, pois não devemos, nem pode-
mos, esquecer que é através das informações
que o meio fornece que a criança vai coligin-
do o seu sistema de valores.
Cada série infantil e juvenil, que as crianças
consomem diariamente, apelam muitas ve-
zes à violência, à competição que não olha a
meios para atingir os fins e ao individualismo,
só para citar alguns exemplos.
E não só! Basta dar uma vista de olhos pelos
anúncios, que interpelam cada série, que se
pode verificar constantemente a sobrevalori-
zação do valor do consumismo, onde tudo se
compra e tudo se vende.
É necessário, por isso, analisar o conteúdo
das mensagens que são transmitidas, e a que
tipo de interpretações poderão ser sujeitas,
pois uma determinada mensagem pode ser
interpretada de diferentes formas, dependen-
do do indivíduo e do sistema de valores que
o acompanha.
Há que reter que informar, ao contrário de
comunicar, não permite uma “troca”. Nesta
A comunicação pode definir-se como uma onde não existirá informação de retorno por situação, o julgamento do que se está a ouvir,
troca de ideias, sentimentos e/ou experiên- parte do receptor, servindo só para pôr o indi- ler e/ou ver, não é estimulado.
cias entre os indivíduos. Esta implica a figura víduo ao corrente de uma determinada situa- É da responsabilidade dos educadores estimular
do emissor (aquele que emite a mensagem) ção. Isto pode levar a interpretações incorrec- o sentido crítico da criança e acompanhá-la na
e do receptor (o que recebe a mensagem do tas da mensagem que se pretende transmitir. “viagem” pelos meios de comunicação social,
emissor), o que faz com que esta comunica- É importante pensar nesta questão, quando para que esta se proceda sem percalços, auxi-
ção seja bilateral. falamos nos meios de comunicação social e liando na escolha do caminho mais adequado
Comunicar é diferente de informar. A acto de quando reflectimos sobre a influência que estes sempre que se encontre uma encruzilhada.
informar implica a emissão de uma mensagem, podem ter sobre as nossas crianças ou jovens.

39 Cadernos de Educação de Infância nº77 . Mar/06

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