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1. Introdução..................................................................................................................1
2. Quadro conceptual.....................................................................................................2
3. Ajuda Internacional....................................................................................................3
6. Conclusão.................................................................................................................12
7. Referências bibliográficas........................................................................................13
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1. Introdução
Pretende-se com a pesquisa debruçar-se sobre Ajuda Internacional. Neste sentido, a
Ajuda Internacional ou Externa visa a transferência de conjunto dos donativos ou
empréstimos em condições financeiras bonificadas provenientes de organismos públicos
ou das suas agências executoras e destinado a promover o desenvolvimento económico
e o bem-estar dos países em vias de desenvolvimento. Portanto, Moçambique, sendo um
país em via de desenvolvimento com elevado índice de Ajuda Internacional, digno de
captar atenção de políticos na sua qualidade de gestores públicos em particular e da
sociedade moçambicana em geral. Alguns críticos como Riddel (1996); Sobhan (1996),
Brautigam (2000), e de Renzio (2009) advogam que o aumento dos condicionalismos de
acesso à Ajuda Internacional tem vindo a baixar a capacidade dos países de definir as
suas próprias prioridades, em termos de políticas, bem como a habilidade dos governos
de uso dos recursos naturais disponíveis em prol de desenvolvimento, dando origem
deste modo a instituições domésticas frágeis com pouca autonomia para negociar os
mecanismos da ajuda.
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Portanto, a pesquisa bibliográfica serviu de base para a busca, análise e tratamento de
dados que sustentem o tema acima em referência.
2. Quadro conceptual
O quadro conceptual permite enquadrar o leitor sobre o tema discutido ao longo do
trabalho, por isso aqui apresentam-se os concceitos (principais) relacionados com a
matéria e que os mesmos conceitos servirão de guião para a abordagem do assunto aqui
tratado.
a) Condicionalismo
Para Castel Branco (1998) condicionalismo pode ser definido como aplicação de
exigências específicas predeterminadas que directa ou indirectamente entram na decisão
de um doador para aprovar ou continuar a financiar um empréstimo.
b) Ajuda Internacional
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3. Ajuda Internacional
3.1. Histórico da Ajuda Internacional
De acordo com McGillivray et al.(2005:2) “a provisão da ajuda internacional, começou
depois da IIª Guerra Mundial. O Plano Marshall financiado pelos EUA foi anunciado
em 1947 e envolveu a provisão de fundos para a reconstrução da Europa. Este plano foi
amplamente considerado como um grande sucesso com muitos países europeus
atravessando um período de rápida industrialização durante os últimos anos da década
de 1940 e os primórdios da década de 1950. Isto também estreitou a relação entre os
EUA e a Europa enquanto continham a expansão Soviética. Em 1949, seguindo o
sucesso do Plano Marshal, o Presidente norte-americao, Truman, anunciou um
Programa maior de aumento da assistência externa aos países em desenvolvimento”.
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A ideia fundamental dos dependentistas parte do princípio de que a dependência,
enquanto estrutura mundial, é distinta do estado de dependência que liga os países uns
aos outros e que a maior parte dos estudiosos contemporâneos associa a um mundo
interdependente, mesmo quando reconhecem as desigualdades das relações
interdependentes. A teoria da dependência examina a interacção de factores externos e
internos. Como bons marxistas, os dependentistas não querem apenas explicar a
realidade, pretendem também modificá-la” (Dougherty e Pfaltzgraff, 2003:578).
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(ii) Que efectivamente se destinem a Países em desenvolvimento (PED) que
constam da lista elaborada pelo CAD; e que
(iii) Essa transferência de recursos seja efetuada por via de donativo ou de
empréstimos com um carácter concessional, possuindo um elemento de
doação de pelo menos 25%.
O conceito de APD abrange apenas os fundos canalizados pelo sector público, de forma
bilateral (directamente com o país beneficiário) ou multilateral (por via de organizações
internacionais), não abrangendo por isso toda a diversidade de outros fluxos que
compõem a ajuda ao desenvolvimento global, como por exemplo os fluxos privados ou
donativos através de Organizações não-governamentais (ONG).
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Oferecer ajuda em um momento de necessidade é mais do que uma boa ética. Também
é uma boa política. A ajuda internacional promove relações diplomáticas positivas.
Você pode criar novas oportunidades de trabalho, negócios e ainda melhores acordos de
segurança. Embora o fornecimento de ajuda internacional seja um custo directo arcado
pelos contribuintes da nação fornecedora, existem inúmeras recompensas decorrentes de
tal acção que o isolacionismo jamais poderia oferecer.
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A Itália enviou vários suprimentos aos Estados Unidos após o furacão Katrina. Assim
que a remessa foi recebida, foi deixada de lado para estragar, nunca usada. A ajuda
internacional é frequentemente enviada de governo para governo, deixando o
desembolso dos suprimentos para o destinatário. Funcionários corruptos podem pegar
ajuda para si próprios, gastá-la com certas classes de pessoas na sociedade ou acumulá-
la para lucro futuro. Embora a ajuda internacional seja recebida com gratidão, muitas
vezes não chega às pessoas que mais precisam.
A ajuda internacional pode ser útil. Países como Peru e China receberam altos níveis de
ajuda internacional no passado e agora fornecem sua própria ajuda a outros. Você
também pode criar dependências dessa ajuda. A dependência da ajuda, desde 2000,
aumentou em Moçambique de 58% para 74%. Em Gana, aumentou de 27% para 47%.
Mesmo em um país como as Filipinas, onde a ajuda internacional não é mais uma das
principais prioridades financeiras, ela criou uma dependência excessiva de safras
comerciais para impulsionar a economia do país.
Quer a ajuda internacional seja fornecida por um governo ou uma agência internacional,
descobriu-se que sua provisão de longo prazo reduz a qualidade do governo dentro da
nação receptora. Isso reduz a quantidade de responsabilidade atribuída à liderança do
governo. Em vez de prestar contas ao seu povo, a liderança tende a garantir que o
doador esteja satisfeito com suas acções para que a ajuda internacional continue a fluir.
Isso pode levar a turbulências políticas, golpes e até guerra civil.
Existem alguns países que recebem ajuda internacional porque têm instabilidade
política. O Zimbabué e a República Democrática do Congo são dois países com uma
longa reputação de receber ajuda estrangeira desta forma. Quando a ajuda internacional
é vista como vinculada à estabilidade do governo, há um maior incentivo para o país
permanecer instável e continuar a receber os fundos que deseja. Isso perpetua um ciclo
de dependência que deliberadamente inicia conflitos simplesmente para obter acesso de
longo prazo a algum dinheiro grátis.
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4. Ajuda Internacional em Moçambique
4.1. Historial da Ajuda Internacional em Moçambique
Com a independência do país em 1975, Moçambique precisou de Ajuda Internacional
para retomar a economia e desencadear o processo de desenvolvimento do país. Nos
primeiros anos do pósindependência, Moçambique beneficiou-se da ajuda da União
Soviética, da China, dos países nórdicos e alguns movimentos progressistas dos Estados
Unidos e da Europa (De Renzio e Hanlon, 20071 citados por Nipassa, 2009).
Para superar a falta de quadros devido a fuga de centenas de portugueses que viviam e
trabalhavam em Moçambique, o país contou também com o apoio dos “cooperantes”,
recursos humanos estrangeiros que foram integrados nas mais diversas áreas de
actuação profissional onde deram o seu inestimável apoio. Neste período que se estende,
grosso modo, até 1980/5, o país viveu a experiência socialista. Nos primórdios da
década de 80, o recrudescimento da guerra civil iniciada pouco depois da independência
associado a queda das exportações e a subida dos preços de petróleo e das taxas de juro
ocasionaram o colapso da economia.(Nipassa, 2009).
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De Renzio, P. e J. Hanlon. 2007. Contested Sovereignty in Mozambique: The Dilemmas of Aid
Dependence. University College, Oxford.
2
Hanlon, J. e T. Smart. 2008. Há Mais Bicicletas – Mas Há Desenvolvimento? Missanga Ideias &
Projectos Lda, Maputo.
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resistência e a Ajuda Internacional foi aumentando, ocasionando a situação de
dependência que o país vive.
Num estudo produzido por Hodges e Tibana (2005:8), afirma-se que “a elevada
dependência significa que o processo de orçamento envolve essencialmente dois
actores, o executivo e os doadores estrangeiros. O grau de prestação de contas do
executivo aos doadores é maior do que a sociedade moçambicana”
Citando Renzio & Hanlon (2007), estes argumentam que os doadores estão,
efectivamente, envolvidos em todas as fases do processo de políticas públicas, através
do acesso privilegiado a informação e documentos chave com base nos quais
influenciam as políticas nacionais exercendo, deste modo, pressão por dentro.
Nuvunga (2008) sustenta que esta profunda interconexão entre o governo e os seus
doadores programáticos parece levar Moçambique a uma caracterização de regime pós-
condicional. Por causa deste conjunto de factores, que em última instância condiciona a
uma forte presença dos doadores na definição de prioridades políticas, bem como na sua
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monitoria e avaliação, pode-se estar numa situação de coabitação do espaço do
principal, entre estes dois agentes (governo e doadores).
Dentre essas necessidades, que podem ser infinitas, podemos destacar a alimentação, a
saúde, a educação, a habitação, o emprego, a liberdade e a justiça. Geralmente, quando
se fala de desenvolvimento o nosso imaginário busca a situação social, económica,
política e cultural dos países ocidentais. Efectivamente, eles institucionalizaram o
conceito de desenvolvimento a sua maneira e têm conseguido impô-lo a outras
sociedades, que interiorizando-o acriticamente, elaboram as suas visões de
desenvolvimento com base nos padrões de organização daqueles países. (Nipassa,
2009).
Citando Hanlon e Smart (2008), Nipassa (2009) refere que as escolhas e orientações dos
doadores têm sido claras e o governo não tem tido possibilidade de recusar. Sem falar
das exigências como liberalização do mercado, limite na dimensão do aparelho do
Estado, privatização dos bancos, introdução do imposto sobre valor acrescentado,
introdução de pagamentos de serviços pelo utilizador, num ano o enfoque pode ser para
o Género, no ano seguinte Democracia e depois o HIV/Sida e no outro o Ambiente!
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5. Críticas à Ajuda Internacional
Van de Walle et al (1997) identificaram três falhas críticas que ajudam a explicar a
ineficiência da ajuda em África. A primeira falha é a falta de apropriação dos
beneficiários nos projectos e programas de desenvolvimento. Os doadores dominam o
processo de auxílio, prestando uma inadequada assistência nas preferências dos
governos no modo de utilizar e distribuir a ajuda. Assim, mesmo os projectos
identificados pelos doadores como sendo bons e efectivos são frequentemente
inviabilizados por causa da falta de integração e de apropriação por parte dos governos
locais que posteriormente as vêem como da responsabilidade dos doadores.
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6. Conclusão
Do tema proposto, conclui-se que a dependência da ajuda exerna é na maior parte das
vezes condicionada pelos países doadores, isto é, os países que recebem a ajuda (os
receprotes) estão condicionados a seguir os programas ou os critérios estabelecidos.
Estes critérios não olham para a realidade dos países financiados, daí que esta Ajuda
Internacional só é verificada no crescimento económico e não no desenvolvimento.
Nisto ela tem aspectos pós, estes que são Ajuda outros países a combater os problemas
locais de forma mais eficaz; Ajuda a criar um mundo independente; Beneficia o país
que fornece ajuda externa; Para os efeitos da pobreza. Apesar de esses aspectos
incentivarem, tem os aspectos contra, estes que são Não oferece garantia de lucro; Pode
ser uma forma de mostrar favoritismo; Frequentemente subutilizado; Você pode criar
uma dependência; Você pode fazer com que os doadores se envolvam no governo; Pode
perpetuar o conflito.
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7. Referências bibliográficas
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