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Índice

1. Introdução..................................................................................................................1

1.1. Objectivos da Pesquisa...........................................................................................1

1.1.1. Objectivo Geral...............................................................................................1

1.1.2. Objectivos específicos.....................................................................................1

1.2. Metodologia da pesquisa........................................................................................1

2. Quadro conceptual.....................................................................................................2

3. Ajuda Internacional....................................................................................................3

3.1. Histórico da Ajuda Internacional........................................................................3

3.2. Ajuda Internacional e a Teoria da Dependência.................................................3

3.3. Objectivos da Ajuda Internacional.....................................................................4

3.4. Critérios da Ajuda internacional.........................................................................4

3.5. Pros e Contras da Ajuda Internacional...............................................................5

3.5.1. Aspectos PROS da ajuda internacional.......................................................5

3.5.2. Aspectos contra a ajuda internacional.........................................................6

4. Ajuda Internacional em Moçambique........................................................................7

4.1. Historial da Ajuda Internacional em Moçambique.............................................7

4.2. Ajuda Internacional em Moçambique e influência dos doadores externos nas


políticas públicas............................................................................................................9

4.3. Causas e Implicações Socioeconómicas da Dependência da Ajuda


Internacional em Moçambique....................................................................................10

5. Críticas à Ajuda Internacional..................................................................................10

6. Conclusão.................................................................................................................12

7. Referências bibliográficas........................................................................................13

0
1. Introdução
Pretende-se com a pesquisa debruçar-se sobre Ajuda Internacional. Neste sentido, a
Ajuda Internacional ou Externa visa a transferência de conjunto dos donativos ou
empréstimos em condições financeiras bonificadas provenientes de organismos públicos
ou das suas agências executoras e destinado a promover o desenvolvimento económico
e o bem-estar dos países em vias de desenvolvimento. Portanto, Moçambique, sendo um
país em via de desenvolvimento com elevado índice de Ajuda Internacional, digno de
captar atenção de políticos na sua qualidade de gestores públicos em particular e da
sociedade moçambicana em geral. Alguns críticos como Riddel (1996); Sobhan (1996),
Brautigam (2000), e de Renzio (2009) advogam que o aumento dos condicionalismos de
acesso à Ajuda Internacional tem vindo a baixar a capacidade dos países de definir as
suas próprias prioridades, em termos de políticas, bem como a habilidade dos governos
de uso dos recursos naturais disponíveis em prol de desenvolvimento, dando origem
deste modo a instituições domésticas frágeis com pouca autonomia para negociar os
mecanismos da ajuda.

1.1. Objectivos da Pesquisa


1.1.1. Objectivo Geral
 Analisar a Ajuda Internacional.

1.1.2. Objectivos específicos


 Identificar os pros (vantagens) e os contras (desvantagens) da ajuda
internacional;
 Identificar os objectivos da Ajuda Internacional;
 Identificar as causas e implicações socioeconómicas da depenência da Ajuda
Internacional em Moçambique;
 Apresentar críticas à Ajuda Internacional.

1.2. Metodologia da pesquisa


Para a materialização da pesquisa usou-se a pesquisa bibliográfica que é desenvolvida a
partir do material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos
já catalogados em bibliotecas, editoras, internet e em videotecas. (Spínola e Silva,
2005).

1
Portanto, a pesquisa bibliográfica serviu de base para a busca, análise e tratamento de
dados que sustentem o tema acima em referência.

2. Quadro conceptual
O quadro conceptual permite enquadrar o leitor sobre o tema discutido ao longo do
trabalho, por isso aqui apresentam-se os concceitos (principais) relacionados com a
matéria e que os mesmos conceitos servirão de guião para a abordagem do assunto aqui
tratado.

a) Condicionalismo

Para Castel Branco (1998) condicionalismo pode ser definido como aplicação de
exigências específicas predeterminadas que directa ou indirectamente entram na decisão
de um doador para aprovar ou continuar a financiar um empréstimo.

b) Ajuda Internacional

Segundo Cravo (s/d), a Ajuda Internacional é a transferência voluntária de recursos


financeiros, bens ou serviços para um Estado e respetiva sociedade, na forma de
donativos ou empréstimos bonificados, com a finalidade de promover o
desenvolvimento económico e o bem-estar social. Não obstante os dois princípios
básicos da Ajuda Internacional – emanar de um dever moral altruísta e produzir
resultados benéficos para o recetor – encontrarem pouco eco nas relações internacionais
contemporâneas, a recorrente associação do termo a situações em visível contradição
com esta lógica de motivação e impacto tem contribuído para um entendimento
distorcido das intervenções dos países mais ricos em países mais pobres.

De acordo com a definição do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD), da


Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a ajuda
internacional engloba o conjunto dos donativos ou empréstimos em condições
financeiras bonificadas provenientes de organismos públicos ou das suas agências
executoras e destinado a promover o desenvolvimento económico e o bem-estar dos
países em vias de desenvolvimento (PVD‟S). A ajuda internacional é também
conhecida por Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) ou, na sigla inglesa ODA –
(Moreira, 2004).

2
3. Ajuda Internacional
3.1. Histórico da Ajuda Internacional
De acordo com McGillivray et al.(2005:2) “a provisão da ajuda internacional, começou
depois da IIª Guerra Mundial. O Plano Marshall financiado pelos EUA foi anunciado
em 1947 e envolveu a provisão de fundos para a reconstrução da Europa. Este plano foi
amplamente considerado como um grande sucesso com muitos países europeus
atravessando um período de rápida industrialização durante os últimos anos da década
de 1940 e os primórdios da década de 1950. Isto também estreitou a relação entre os
EUA e a Europa enquanto continham a expansão Soviética. Em 1949, seguindo o
sucesso do Plano Marshal, o Presidente norte-americao, Truman, anunciou um
Programa maior de aumento da assistência externa aos países em desenvolvimento”.

Os efeitos da Ajuda Internacional dependem dos propósitos da sua concessão. A ajuda


concedida por razões ou propósitos diferentes, provavelmente terá efeitos diferentes no
desenvolvimento. Assistência desenhada para promover reformas económicas ou
aumentar métodos de produção e desenvolvimento social tende a ter um grande impacto
no desenvolvimento do que assistência militar que tem objectivo de construir uma força
armada forte nos países receptores (CBO, 1997). Além disso, tanto os fluxos brutos
como líquidos da ajuda têm vantagens e desvantagens nas análises de efeitos da
assistência financeira no desenvolvimento social.

3.2. Ajuda Internacional e a Teoria da Dependência


Segundo Dougherty e Pfaltzgraff (2003) , a teoria da dependência surgiu durante os
anos 1970 como uma escola de pensamento estruturalista-globalista com o objectivo de
explicar o fosso existente entre as nações ricas e as nações pobres do mundo. Foi
desenvolvida pelos analistas latino-americanos da Comissão Económica para a América
Latina (CEPAL) e rapidamente acolhida pelos autores pró-CNUCED (Conferência das
Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento) que não se encontravam satisfeitos
com as explicações que atribuíam o fracasso do desenvolvimento das sociedades do
Terceiro Mundo ao pressuposto de que as tradições religiosas e culturais representavam
obstáculos à modernização.

3
A ideia fundamental dos dependentistas parte do princípio de que a dependência,
enquanto estrutura mundial, é distinta do estado de dependência que liga os países uns
aos outros e que a maior parte dos estudiosos contemporâneos associa a um mundo
interdependente, mesmo quando reconhecem as desigualdades das relações
interdependentes. A teoria da dependência examina a interacção de factores externos e
internos. Como bons marxistas, os dependentistas não querem apenas explicar a
realidade, pretendem também modificá-la” (Dougherty e Pfaltzgraff, 2003:578).

Dougherty e Pfaltzgraff (2003) afirmam que na perspectiva dos teorizadores da


dependência, a relação entre o Norte (centro) e Sul (periferia), longe de ser uma relação
de cooperação para alcançar interesses mútuos, implica a subordinação do segundo em
relação ao primeiro e a exploração do segundo pelo primeiro. Todavia, os
dependentistas defendem que quando tal desenvolvimento ocorre não é, em verdade,
automático; ele é ditado pelas exigências globais do sistema-mundo capitalista.

3.3. Objectivos da Ajuda Internacional


De acordo com Lopes (2003), dentre vários enunciam-se, principalmente, os seguintes:

a) Prestar assistência temporária às populações afectadas por catástrofes naturais


(cheias, ciclones, secas, doenças endémicas, erosão, etc.) ou por desastres
induzidos pela acção humana (guerras civis, desertificação);
b) Ajudar a melhorar as condições de vida das populações dos PED, através da
comparticipação em projectos de grande envergadura (construção de infra-
estruturas económicas, sociais); e
c) Fornecer os meios financeiros que permitam aos PED fazer face aos
compromissos resultantes de elevados níveis de endividamento externo que
foram acumulando ao longo do tempo.

No caso do continente Africano, os objectivos da ajuda podem ser clarificados como


sendo de estabilização (que é o auxílio a curto prazo à balança de pagamentos até serem
feitos ajustamentos macroeconómicos) e, de desenvolvimento para elevar, a longo
prazo, o rendimento nacional (Lopes, 2003).

3.4. Critérios da Ajuda internacional


(i) A exigência de que esses fluxos contribuam para o desenvolvimento
económico e bem-estar dos países receptores;

4
(ii) Que efectivamente se destinem a Países em desenvolvimento (PED) que
constam da lista elaborada pelo CAD; e que
(iii) Essa transferência de recursos seja efetuada por via de donativo ou de
empréstimos com um carácter concessional, possuindo um elemento de
doação de pelo menos 25%.

O conceito de APD abrange apenas os fundos canalizados pelo sector público, de forma
bilateral (directamente com o país beneficiário) ou multilateral (por via de organizações
internacionais), não abrangendo por isso toda a diversidade de outros fluxos que
compõem a ajuda ao desenvolvimento global, como por exemplo os fluxos privados ou
donativos através de Organizações não-governamentais (ONG).

3.5. Pros e Contras da Ajuda Internacional


3.5.1. Aspectos PROS da ajuda internacional
3.5.1.1. Ajude outros países a combater os problemas locais de forma mais
eficaz.

A ajuda internacional fornece os recursos necessários para que os países combatam os


problemas locais que podem afectar sua qualidade de vida. Os problemas que a ajuda
estrangeira ajuda a combater incluem terrorismo, HIV e AIDS e dependência de drogas.
A ajuda internacional também pode ser usada para melhorar os processos agrícolas,
desenvolver recursos de apoio local e fornecer treinamento para as populações locais, de
modo que não tenham que depender continuamente de ajuda para ter uma vida boa.
Fornece recursos essenciais para a sobrevivência a qualquer momento para que a
recuperação possa começar.

3.5.1.2. Criação de um mundo independente.

Fornecer assistência financeira a outras nações permite que mantenham sua


independência. Nos séculos 18 e 19, muitos países venderam terras como forma de
arrecadar dinheiro. O Império Russo vendeu o Alasca aos Estados Unidos por US $ 7,2
milhões. Ao oferecer ajuda internacional, um país pode manter suas fronteiras em
tempos de necessidade, sem se preocupar com invasões ou tentar determinar quanto
deve ser vendido para criar um orçamento equilibrado. Ao mesmo tempo, sua economia
pode permanecer estável.

3.5.1.3. Beneficia o país que fornece ajuda internacional

5
Oferecer ajuda em um momento de necessidade é mais do que uma boa ética. Também
é uma boa política. A ajuda internacional promove relações diplomáticas positivas.
Você pode criar novas oportunidades de trabalho, negócios e ainda melhores acordos de
segurança. Embora o fornecimento de ajuda internacional seja um custo directo arcado
pelos contribuintes da nação fornecedora, existem inúmeras recompensas decorrentes de
tal acção que o isolacionismo jamais poderia oferecer.

3.5.1.4. Redução da pobreza

A ajuda internacional permite que os países em desenvolvimento tenham acesso a


alimentos, água e moradia que normalmente não têm. Bilhões de pessoas vivem com
US $ 2 por dia ou menos. O custo da alimentação dessas pessoas normalmente é inferior
a US $ 0,25 por refeição. Ao trabalhar para eliminar a pobreza, as nações fornecedoras
podem desenvolver novos recursos em países de ajuda para que todos possam se
beneficiar de alguma forma.

3.5.2. Aspectos contra a ajuda internacional


3.5.2.1. Não oferece garantia de lucro.

Actualmente, os Estados Unidos fornecem ajuda internacional a mais de 200 países a


cada ano. Nem todos os países oferecem alguma forma de ajuda ou benefício em troca.
Existe uma certa vantagem em fornecer ajuda quando necessário sem pedir ajuda em
troca. Alguns países, porém, pegam a ajuda e fazem o que querem com ela. A menos
que haja supervisão directa sobre essa ajuda internacional, ela poderia ser usada contra a
nação fornecedora.

3.5.2.2. Pode ser uma forma de mostrar favoritismo.

Existem actualmente 5 países que recebem oficialmente mais de US $ 1 bilhão em ajuda


internacional oficial a cada ano dos Estados Unidos. Quando a ajuda não oficial é
contada, Israel tende a ser o maior receptor de ajuda, com uma estimativa de US $ 130
bilhões em recursos anuais fornecidos. Esse tipo de favoritismo pode ser perturbador
para uma região, especialmente se houver tensões entre a nação que recebe ajuda e seus
vizinhos. Dependendo das circunstâncias, altos níveis de ajuda internacional podem até
tornar o país fornecedor um alvo.

3.5.2.3. Frequentemente subutilizado, se o for.

6
A Itália enviou vários suprimentos aos Estados Unidos após o furacão Katrina. Assim
que a remessa foi recebida, foi deixada de lado para estragar, nunca usada. A ajuda
internacional é frequentemente enviada de governo para governo, deixando o
desembolso dos suprimentos para o destinatário. Funcionários corruptos podem pegar
ajuda para si próprios, gastá-la com certas classes de pessoas na sociedade ou acumulá-
la para lucro futuro. Embora a ajuda internacional seja recebida com gratidão, muitas
vezes não chega às pessoas que mais precisam.

3.5.2.4. Geração de uma dependência.

A ajuda internacional pode ser útil. Países como Peru e China receberam altos níveis de
ajuda internacional no passado e agora fornecem sua própria ajuda a outros. Você
também pode criar dependências dessa ajuda. A dependência da ajuda, desde 2000,
aumentou em Moçambique de 58% para 74%. Em Gana, aumentou de 27% para 47%.
Mesmo em um país como as Filipinas, onde a ajuda internacional não é mais uma das
principais prioridades financeiras, ela criou uma dependência excessiva de safras
comerciais para impulsionar a economia do país.

3.5.2.5. Envolvimento dos doadores no governo

Quer a ajuda internacional seja fornecida por um governo ou uma agência internacional,
descobriu-se que sua provisão de longo prazo reduz a qualidade do governo dentro da
nação receptora. Isso reduz a quantidade de responsabilidade atribuída à liderança do
governo. Em vez de prestar contas ao seu povo, a liderança tende a garantir que o
doador esteja satisfeito com suas acções para que a ajuda internacional continue a fluir.
Isso pode levar a turbulências políticas, golpes e até guerra civil.

3.5.2.6. Perpetua o conflito

Existem alguns países que recebem ajuda internacional porque têm instabilidade
política. O Zimbabué e a República Democrática do Congo são dois países com uma
longa reputação de receber ajuda estrangeira desta forma. Quando a ajuda internacional
é vista como vinculada à estabilidade do governo, há um maior incentivo para o país
permanecer instável e continuar a receber os fundos que deseja. Isso perpetua um ciclo
de dependência que deliberadamente inicia conflitos simplesmente para obter acesso de
longo prazo a algum dinheiro grátis.

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4. Ajuda Internacional em Moçambique
4.1. Historial da Ajuda Internacional em Moçambique
Com a independência do país em 1975, Moçambique precisou de Ajuda Internacional
para retomar a economia e desencadear o processo de desenvolvimento do país. Nos
primeiros anos do pósindependência, Moçambique beneficiou-se da ajuda da União
Soviética, da China, dos países nórdicos e alguns movimentos progressistas dos Estados
Unidos e da Europa (De Renzio e Hanlon, 20071 citados por Nipassa, 2009).

Para superar a falta de quadros devido a fuga de centenas de portugueses que viviam e
trabalhavam em Moçambique, o país contou também com o apoio dos “cooperantes”,
recursos humanos estrangeiros que foram integrados nas mais diversas áreas de
actuação profissional onde deram o seu inestimável apoio. Neste período que se estende,
grosso modo, até 1980/5, o país viveu a experiência socialista. Nos primórdios da
década de 80, o recrudescimento da guerra civil iniciada pouco depois da independência
associado a queda das exportações e a subida dos preços de petróleo e das taxas de juro
ocasionaram o colapso da economia.(Nipassa, 2009).

Nesta situação, Moçambique voltou-se para a comunidade internacional solicitando


ajuda. Os Estados Unidos e outros doadores exigiram ao país que passasse da economia
centralmente planificada para a economia do mercado. Em 1984 Moçambique se juntou
ao FMI e Banco Mundial e logrou um aumento drástico da ajuda. De acordo com
Hanlon e Smart (2008)2 citados por Nipassa (2009) foi também exigido a Moçambique
que autorizasse a operação no país de organizações não governamentais internacionais,
facto que aconteceu com o estabelecimento da CARE e da World Vision. Cerca de
cinco anos mais tarde o número destas organizações tinha aumentado para cerca de 180.
Uma terceira condição era que Moçambique adoptasse as políticas de ajustamento
estrutural, na altura muito em moda, do FMI e Banco Mundial, envolvendo um aparelho
estatal mais pequeno, desvalorização, desregulamentação e privatização.

Os autores acrescentam que Moçambique moveu-se muito lentamente e em 1986, como


forma de pressão, os doadores retiraram a ajuda alimentar até o anúncio da adopção do
Programa de Ajustamento estrutural. Doravante o governo foi deixando de oferecer

1
De Renzio, P. e J. Hanlon. 2007. Contested Sovereignty in Mozambique: The Dilemmas of Aid
Dependence. University College, Oxford.
2
Hanlon, J. e T. Smart. 2008. Há Mais Bicicletas – Mas Há Desenvolvimento? Missanga Ideias &
Projectos Lda, Maputo.

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resistência e a Ajuda Internacional foi aumentando, ocasionando a situação de
dependência que o país vive.

4.2. Ajuda Internacional em Moçambique e influência dos doadores


externos nas políticas públicas
Para o caso de Moçambique, De Renzio & Hanlon (2007) consideram que de facto
Ajuda Internacional tem um potencial altamente prejudicial para o processo do
desenvolvimento das instituições nacionais, incluindo a sua capacidade de formular e
implementar suas próprias políticas e programas de desenvolvimento. Para sustentar
esta tese indicam que:

Desde o fim do socialismo, o governo não se tem orientado para


promover fortes projectos nacionais, nos seus acordos com os doadores.
[...] A fragmentação da ajuda […] acontece frequentemente nos níveis
sectoriais provinciais e locais, minando deste modo toda coerência das
políticas governamentais e promovendo gradualmente uma abordagem
conducente a problemas de desenvolvimento.

Num estudo produzido por Hodges e Tibana (2005:8), afirma-se que “a elevada
dependência significa que o processo de orçamento envolve essencialmente dois
actores, o executivo e os doadores estrangeiros. O grau de prestação de contas do
executivo aos doadores é maior do que a sociedade moçambicana”

Portanto, devido à dependência de Moçambique da Ajuda Internacional, a influência


dos doadores na definição da agenda política nacional é inevitavelmente grande. Esta
dependência tem efeitos perniciosos nas reformas políticas com vista à eficiência,
transparência e sustentabilidade (Nuvunga: 2008).

Citando Renzio & Hanlon (2007), estes argumentam que os doadores estão,
efectivamente, envolvidos em todas as fases do processo de políticas públicas, através
do acesso privilegiado a informação e documentos chave com base nos quais
influenciam as políticas nacionais exercendo, deste modo, pressão por dentro.

Nuvunga (2008) sustenta que esta profunda interconexão entre o governo e os seus
doadores programáticos parece levar Moçambique a uma caracterização de regime pós-
condicional. Por causa deste conjunto de factores, que em última instância condiciona a
uma forte presença dos doadores na definição de prioridades políticas, bem como na sua

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monitoria e avaliação, pode-se estar numa situação de coabitação do espaço do
principal, entre estes dois agentes (governo e doadores).

4.3. Causas e Implicações Socioeconómicas da Dependência da Ajuda


Internacional em Moçambique
A ajuda internacional ao desenvolvimento, enquanto elemento concessional do conjunto
de fluxos financeiros, tem como principal objetivo o desenvolvimento dos países
parceiros da ajuda. (Ribeiro, 2013).

Na sua acepção geral o desenvolvimento é um processo que pressupõe a mudança das


sociedades de uma situação social, económica, política e cultural em que os indivíduos
são incapazes de prover pelas suas próprias necessidades para um estádio em que são
capazes de o fazer (Macamo, 2005 citado por Nipassa, 2009).

Dentre essas necessidades, que podem ser infinitas, podemos destacar a alimentação, a
saúde, a educação, a habitação, o emprego, a liberdade e a justiça. Geralmente, quando
se fala de desenvolvimento o nosso imaginário busca a situação social, económica,
política e cultural dos países ocidentais. Efectivamente, eles institucionalizaram o
conceito de desenvolvimento a sua maneira e têm conseguido impô-lo a outras
sociedades, que interiorizando-o acriticamente, elaboram as suas visões de
desenvolvimento com base nos padrões de organização daqueles países. (Nipassa,
2009).

Dentro da perspectiva hegemónica ocidental, os países pobres precisam de ser


desenvolvidos ao seu estilo e por isso justifica-se a doação de recursos para o efeito. A
Ajuda Internacional envolvendo recursos financeiros, materiais, humanos e prescrições
são drenados para os países necessitados. Porém, o curioso desta ajuda é que as
prioridades para o desenvolvimento moçambicano são estabelecidas em Washington e
nas capitais europeias por pessoas que nunca estiveram em Moçambique e que estão
mais preocupadas com o que parece bem aos seus parlamentos e financiadores. (Ibid.).

Citando Hanlon e Smart (2008), Nipassa (2009) refere que as escolhas e orientações dos
doadores têm sido claras e o governo não tem tido possibilidade de recusar. Sem falar
das exigências como liberalização do mercado, limite na dimensão do aparelho do
Estado, privatização dos bancos, introdução do imposto sobre valor acrescentado,
introdução de pagamentos de serviços pelo utilizador, num ano o enfoque pode ser para
o Género, no ano seguinte Democracia e depois o HIV/Sida e no outro o Ambiente!

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5. Críticas à Ajuda Internacional
Van de Walle et al (1997) identificaram três falhas críticas que ajudam a explicar a
ineficiência da ajuda em África. A primeira falha é a falta de apropriação dos
beneficiários nos projectos e programas de desenvolvimento. Os doadores dominam o
processo de auxílio, prestando uma inadequada assistência nas preferências dos
governos no modo de utilizar e distribuir a ajuda. Assim, mesmo os projectos
identificados pelos doadores como sendo bons e efectivos são frequentemente
inviabilizados por causa da falta de integração e de apropriação por parte dos governos
locais que posteriormente as vêem como da responsabilidade dos doadores.

A segunda falha está na má gestão e coordenação da ajuda de um número sempre


crescente de agências doadoras. Os governos recipientes muitas vezes acabam por
esgotar as suas limitadas capacidades de gestão para acompanhar esses projectos e
integrá – los nas suas próprias estratégias de desenvolvimento. Embora os doadores
individuais, por vezes, tenham procurado estabelecer mecanismos para facilitar essa
coordenação, esse é outro exemplo de que os projectos devem ser realizados pelos
governos locais que seriam melhor colocados para integrar os esforços dos inúmeros
doadores em uma estratégia de resposta nacional, em vez de indiscriminada e
incondicionalmente aceitar qualquer tipo de ajuda.

A terceira e última falha residem no facto de que as realizações da ajuda financiada a


projectos são muitas vezes prejudicadas quando os fundos do doador chegam ao fim,
devido a uma incapacidade para cobrir os custos recorrentes. Isto é mais um exemplo do
problema de gestão por parte dos governos, que não conseguem acompanhar o
recebimento da ajuda das agências dos próprios doadores e, portanto, muitas vezes não
há um plano para a retirada da ajuda. Por último, devido a esta resultante proliferação de
projectos autónomos que contornam as instituições locais, a ajuda muito raramente
contribui para o reforço duradouro das instituições.

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6. Conclusão
Do tema proposto, conclui-se que a dependência da ajuda exerna é na maior parte das
vezes condicionada pelos países doadores, isto é, os países que recebem a ajuda (os
receprotes) estão condicionados a seguir os programas ou os critérios estabelecidos.
Estes critérios não olham para a realidade dos países financiados, daí que esta Ajuda
Internacional só é verificada no crescimento económico e não no desenvolvimento.

Nisto ela tem aspectos pós, estes que são Ajuda outros países a combater os problemas
locais de forma mais eficaz; Ajuda a criar um mundo independente; Beneficia o país
que fornece ajuda externa; Para os efeitos da pobreza. Apesar de esses aspectos
incentivarem, tem os aspectos contra, estes que são Não oferece garantia de lucro; Pode
ser uma forma de mostrar favoritismo; Frequentemente subutilizado; Você pode criar
uma dependência; Você pode fazer com que os doadores se envolvam no governo; Pode
perpetuar o conflito.

Sobre as causas e as implicações socioeconómicas da dependência da Ajuda


Internacional em Moçambique, nota-se que as prioridades para o desenvolvimento
moçambicano são estabelecidas em Washington e nas capitais europeias por pessoas
que nunca estiveram em Moçambique e que estão mais preocupadas com o que parece
bem aos seus parlamentos e financiadores.

As causas de dependência da Ajuda Internacional em Moçambique tem a ver com o


facto de que o país estar em desenvolvimento o que condiciona buscar ajuda nos países
do ocidente, onde também nota-se que a execução dos projectos internos de
desenvolvimento dependem de Ajuda Internacional e financimentos das organizações
governamentais. Para nós, Moçambique devia, com os recursos naturais que dispõe,
criar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento socioeconómico por forma a evitar
a dependência externa.

As implicações estão acentes no facto de que Moçambique não está a pensar em si


mesmo, não vive a sua realidade, optando pelo que os doares desejam que seja feito
sem, no entanto, olhar para aquilo que é a realidade do país em si. É certo que será um
processo longo para Moçambique desligar-se da dependência da Ajuda Internacional,
mas há necessidade de reorganizar-se estruturalmente e criar mecanismos de
autodesenvolvimento e sustentabilidade económicas.

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7. Referências bibliográficas
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