DA FACULDADE DE OPÇÃO PARA O EMPREGADOR DOMÉSTICO

O Fundo de Garantia é instituto jurídico complexo, imperativo e de ordem trabalhista, positivado

com advento da Constituição Federal de 1988 e legislação infraconstitucional correlata.

A Constituição no capitulo dos direitos sociais art. 7º, III, traz como direito dos trabalhadores
urbanos e rurais “fundo de garantia do tempo de serviço” sendo este bem jurídico regulamentado
pela lei 8036/90, que no §1º do art. 15 cria a obrigação de fazer aos empregadores do depósito no
fundo.

O texto constitucional não previu aos empregados domésticos tal direito, vez que no paragrafo
único do art. 7º, não trouxe menção ao inciso III do mesmo artigo ao rol dos direitos dos
empregados domésticos.

O conceito de empregado doméstico é tratado pela lei e doutrina, constituindo-se por modalidade de
empregado na seguinte ordem:

a) conceito legal: ¹ “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não
lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas”.
b) doutrinalmente ² “empregado doméstico é a pessoa física que presta, com pessoalidade,
onerosidade e subordinadamente, serviços de natureza contínua e de finalidade não
lucrativa à pessoa ou à família, em função do âmbito residencial destas ”.

Como rol exemplificativo é certo classificar nesta modalidade de empregados os enfermeiros

domésticos; empregadas domésticas; caseiros rurais; motorista familiar; todos desde que fora de
atividade econômica; portanto voltados à servidão de pessoa ou família sem a característica
econômica de seu labor em favor de lucros em favor do empregador.

A lei 8036/90 traz em seu artigo 15, § 3º “os trabalhadores domésticos poderão ter acesso ao
regime do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei”.

(1) Lei 5859/72, art. 1º.

(2) DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito Trabalho. São Paulo, 9ª edição, editora LTr, 2010. P.
354.
(3) DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito Trabalho. São Paulo, 9ª edição, editora LTr, 2010. P.
1183.
(4) GOMES, Orlando e Gottschalk, Elson. Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro, editora Forense,
1972. p. 101.
A doutrina define a abrangência do FGTS ³ “O Fundo de Garantia é direito trabalhista, que o
empregado deve, imperativamente, desde a Constituição, a todo empregado urbano ou rural
(observe-se a exceção quanto ao doméstico).”

A inserção no fundo do empregado doméstico tem caráter voluntario visto que ⁴ “trata-se de uma
atividade de mero consumo e não lucrativa” sendo assim a legislação infraconstitucional, Lei n.
10.208, de 23.3.2001, Art. 3o-A.  “É facultada a inclusão do empregado doméstico no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, de que trata a Lei n o 8.036, de 11 de maio de 1990,
mediante requerimento do empregador, na forma do regulamento" criou a possibilidade para esta
modalidade de obreiro estar inserido no sistema com ato voluntário de seu empregador, já que para
os trabalhadores urbanos e rurais, por participarem de atividade lucrativa de seus empregadores a lei
cria a obrigação da inscrição.
Cabe ressaltar que uma vez inscrito o obreiro doméstico, no fundo, o ato jurídico é irretratável,
durante a vigência do contrato.

O lançamento deverá ser efetuado, pelo empregador, em duas vias, em Guia de Recolhimento do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social (GFIP), a qual é
vendida em papelarias e bancas, sendo uma depositada no banco e outra deverá ser entregue ao
empregado que deverá guarda-la pelo prazo de 30 anos com fins de permitir fiscalização.

O depósito deverá ser realizado em conta vinculada na Caixa Econômica Federal, aberta para este
fim, na razão de 8%, até o dia 7 de cada mês.

(1) Lei 5859/72, art. 1º.

(2) DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito Trabalho. São Paulo, 9ª edição, editora LTr, 2010. P.
354.
(3) DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito Trabalho. São Paulo, 9ª edição, editora LTr, 2010. P.
1183.
(4) GOMES, Orlando e Gottschalk, Elson. Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro, editora Forense,
1972. p. 101.