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Universidade Metodista

Luciene Borges Rodrigues Machado – Matricula 206898

Curso à distância – Ciências Sociais

Atividade Complementar

Positivismo no Brasil
Para se falar da entrada e da influência do positivismo no Brasil, é interessante
permearmos o contexto da sociedade e da política brasileira em 1850. A política usada
pelo imperador Dom Pedro II lhe garantia poder absoluto, o que gerou grande
insatisfação no meio dos políticos e intelectuais . Tal influência é decorrente dos anseios
por desenvolvimento.

A porta de entrada para tal filosofia e pensamento no Brasil, indubitavelmente


foi pela educação, a princípio por brasileiros que estudaram na França, convivendo com
os ideais do positivismo ou até mesmo sendo discipulados pelo próprio Comte. O
positivismo sempre se firmou no meio estudantil. As teorias cientificistas trouxeram
respostas, nova concepção de valores, o que marcou a vida dos intelectuais.

A expansão do positivismo se deu em vários setores da sociedade brasileira,


como imprensa, parlamento, escolas, literatura e vida científica.

Nesse período não havia uma filosofia predominante na vida política, começou a
se formar no nível intelectual a filosofia positiva. Tal filosofia foi difundida ao seu auge
com os militares, iniciando pela Escola Militar do Rio de Janeiro, em uma filosofia da
ordem e do progresso, da ascensão, da técnica, do cientificismo, coisas práticas que
melhorariam em muito a filosofia militar em sua conduta.

A filosofia positiva vem delinear o caráter da república, influenciando todo o


país, que agora vislumbra um caminho novo que é um caminho positivo. Desde a
primeira hora da república, houve um grande trabalho de construção da identidade
nacional. Uma tentativa consciente de realização de uma ação pedagógica que visava
disseminar a ideia de que as pessoas pertenciam a uma comunidade, a uma nação. O
Positivismo Ortodoxo ajuda na montagem na identidade republicana através de
símbolos, que estabelece um significado para os objetivos de luta, as aspirações
fundamentalistas, objetos que possam trazer reflexões e imagens que interliga esses
fatos, tais como a construção da figura feminina, mito da origem, do herói, do hino e da
bandeira.

Miguel Lemos fundou a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, que constitui a


origem do Apostolado Positivista do Brasil e da Igreja Positivista do Brasil, cuja
finalidade era “formar crentes e modificar a opinião por meio de intervenções oportunas
nos negócios públicos”. Entre essas intervenções, foi importante a participação dos
positivistas no movimento republicano. Influíram na Constituição de 1891 e a bandeira
brasileira passou a ostentar o lema comteano “Ordem e Progresso”.
Os ideais do Apostolado se objetivaram pela modernização, pela propaganda
republicana, em oposição aos princípios do Império. Aos poucos o ideário do
Apostolado foi tecendo um novo campo de atuação para os interesses do poder
econômico, sem deixar de citar a abolição da escravatura, em 1888, a instauração do
trabalho livre e as readequações necessárias para que a aristocracia agrária pudesse
manter-se sem prejuízos aos seus sustentáculos. Estes fatores também favoreceram
diretamente e indiretamente as aspirações de industrialização do país, no caminho da
modernização político-econômica, tendo o desenvolvimento europeu como paradigma
civilizatório a ser seguido.

Proclamada a República, o Apostolado procurava intervir nas principias decisões


do governo provisório, dando sugestões e, muitas vezes, exigindo o encaminhamento do
poder republicano. Lutavam pela instituição não apenas da República, mas de uma
ditadura republicana, isto é, um governo forte, como saída para a crise política e social
da época, vivida diante do contexto de radicalização das posições e do enfrentamento
das classes sociais em que o mundo vivia. A separação da Igreja do Estado talvez tenha
se tornado em um dos principais êxitos nas diversas intervenções dos positivistas. A
adaptação da ditadura comteana visava conduzir o povo brasileiro ao estado positivo, a
verdadeira sociocracia, na qual a racionalidade se impõe, contra quaisquer elementos
teológicos ou metafísicos.

Ainda, os positivistas defendiam uma reforma da sociedade a partir de uma nova


hegemonia política e social, através de um novo conteúdo, em que a formação da moral
e do caráter deveria ser ensinada deste os primeiros anos da criança, devendo ser tarefa
da família, especialmente da mulher como a primeira educadora na valorização das
primeiras manifestações do altruísmo na criança: “A vida doméstica é a base de toda a
moralidade; porém, para que a cultura afetiva realizada espontaneamente no lar
preencha o seu destino social, é indispensável que a Família se subordine à Pátria e à
Humanidade” (MENDES, p. 43).
.
Na área educacional, sua disseminação de maneira mais genérica deu-se nos
documentos oficiais por decorrência das reformas educacionais de Benjamin Constant
que atribuía enorme importância à educação. Segundo os seguidores de Comte, somente
a intervenção positivista poderia dar providência, no sentido de educar e moralizar os
indivíduos.

Enfim, entre as principais teses do Apostolado Positivista figuravam a instalação


e manutenção da ditadura republicana, a elaboração de um projeto constitucional, a
separação da Igreja do Estado, uma ampla reforma no ensino e a liberdade como
princípio universal.

Como vimos o positivismo trouxe suas contribuições, mas também abriu


caminho para várias críticas. Primeiramente, não há como negar que o positivismo no
Brasil trouxe uma revolução acadêmica, cumprindo um papel útil e necessário para os
anseios do século XIX. Outra coisa importante é observarmos as grandes
transformações sociais, no entanto, cai por terra o fato de que o estabelecimento da
ordem trouxe o progresso esperado, em algumas áreas temos regredido.

O modelo escolar que vivenciamos em nossos dias é uma cópia fidedigna do


projeto de educação padronizada, elaborada na seara da ciência do século XIX.
Hierarquia, ordem, utilitarismo e perspectiva de progresso, compõem a estante do
positivismo educacional. Devemos nos atentar para isso, buscar caminhos mais críticos
para a construção de um projeto de formação que não apenas alfabetize ou eduque, mas
que fomente um saber reflexivo, crítico e mais livre dos condicionamentos impostos.

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