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Implantes Hexágono Externo e Hexágono Interno

CONEXÕES PROTÉTICAS DOS IMPLANTES

IMPLANTES HEXÁGONO EXTERNO E HEXÁGONO INTERNO

Certamente, a Implantodontia não é, de forma alguma, uma especialidade cirúrgica (Cirurgia/Periodontia),


muito menos um ramo da prótese, mas sim uma especialidade protética que depende da cirurgia para a
instalação de pilares intra-ósseos mundialmente denominados de implantes osseointegráveis e da
Periodontia para a manutenção da sua integridade.

A Implantodontia tem por finalidade a restauração da oclusão (função) e estética, baseada numa estrutura
de titânio inserida em tecido ósseo, através de uma técnica totalmente estabelecida e clarificada. Por
causa disso, a ênfase na indústria de implantes migrou para resoluções estéticas mais satisfatórias
tentando a simplificação do tratamento com a utilização de implantes dentários.

O protocolo original de Brånemark exigia que alguns implantes fossem inseridos na região interforaminal,
a fim de se restaurar a arcada inferior totalmente desdentada, unindo-os através de uma barra onde uma
prótese fixa seria construída. Mas para que os implantes pudessem ser inseridos, um hexágono externo
(poderia ter sido um interno) foi adicionado na plataforma desses implantes. Sendo assim, esse hexágono
não tinha o papel de funcionar como um sistema anti-rotacional, mas apenas como dispositivo de
preensão e inserção.

Somente mais tarde, quando os implantes foram usados para reconstrução de elementos dentários
unitários, o hexágono se tornou a concepção mecânica para evitar que a coroa girasse ao redor do seu
próprio eixo. Porém, mecanicamente a altura desse hexágono, de somente 0,7 mm, nunca foi desenhada
para suportar as forças oclusais geradas durante a mastigação. Portanto, algumas modificações tiveram
que ser inseridas nos parafusos que fixavam as coroas em posição. Mesmo assim, a altura do hexágono
externo para os outrora implantes Brånemark, atualmente produzidos pela Nobel Biocare, nunca foi
mudada e várias companhias fizeram seus implantes com o mesmo tipo de resolução externa para que os
sistemas de próteses pudessem ser compatíveis.

Para aumentar a estabilidade na interface plataforma-coroa e também facilitar a restauração completa


implante-coroa, novos desenhos de conexão entre a coroa e o implante surgiram no mercado para
satisfazer objetivos estéticos, funcionais e técnicos. Na verdade, o que foi possível observar é que
variados tipos de transmucosos (abutments) e pilares foram inventados, fazendo com que o clínico
aumentasse ainda mais o armamentário de componentes protéticos para a restauração definitiva sobre o
implante, até mesmo, dificultando a correta decisão de qual o componente ideal a ser empregado numa
determinada restauração, gerando confusões e controvérsias que persistem até hoje em relação a
indicação do uso de um implante com hexágonos externo ou interno.

Vários outros desenhos de hexágono interno foram lançados no mercado, variando o tipo da articulação
implante- conexão e a quantidade de lados internos para a resolução protética. Com relação à estética
não existe diferença quando um sistema de hexágono externo ou interno é empregado e, é impossível
descobrir caso a prótese não seja removida. Já no que diz respeito à microinfiltração parece óbvio que os
implantes tipo Cone Morse tenham uma infiltração diminuída, mas são necessários trabalhos de pesquisa
mostrando qual a vantagem desse aspecto na preservação da integridade do espaço periimplantar com
relação aos implantes de plataforma expandida e abutments reduzidos, pois ainda não existe nada
comprovado na literatura mundial nesse aspecto.

Com relação à estabilidade da prótese os implantes que ofertam a possibilidade de polígonos internos
para a confecção da restauração protética, tendem a uma maior segurança para o parafuso protético,
prevenindo um deslocamento lateral e menor efeito de movimentação vertical resultante do afrouxamento
do parafuso de retenção (protético). Os implantes de resolução interna, mas com característica de cone
morse, como os implantes dos Astra Tech, ITI Dental Implant, Morse-Lock e Titanium Fix fornecem uma
ancoragem reforçada para a combinação componente de ancoragem (implante)-elemento retentivo
(parafuso ou prótese), gerando uma soldadura fria entre esses elementos.

É bom ressaltar que um implante hexágono externo que recebeu um abutment tem um parafuso muito
menor para sustentar a prótese parafusada em posição quando comparado ao mesmo tipo de implante
como uma prótese cimentada sobre um pilar aparafusado diretamente ao implante. O elemento
transmucoso está ausente. Não existem diferenças claras entre a microinfiltração e estética para uma
restauração implanto-suportada a partir de um sistema de hexágono externo ou interno.

Existem sim, diferenças com relação à distribuição de forças dentro do implante devido ao tipo de
conexão coroa-implante. Vale salientar que in vitro, devido à pequena espessura da região do pescoço,
um implante hexágono interno é muito menos resistente a uma força tangencial de falência (estresse de
cisalhamento) do que o implante hexágono externo, cuja região é mais robusta. Teoricamente, então, o
primeiro seria menos resistente do que o implante hexágono externo nesse segmento.

As verdadeiras implicações clínicas decorrentes dessa observação necessitam ainda ser avaliadas.
Muitos estudos clínicos e biomecânicos, além de ensaios mecânicos, precisam ser publicados para que
seja possível comparar as diferenças existentes entre cada um desses tipos de conexões modulando o
estresse aplicado sobre prótese unitária-implante ou nas possíveis combinações do conjunto prótese-
implantes. Estresses de cisalhamento e compressivos devem ser comparados em pacientes com oclusão
sem traumas e aqueles bruxômanos, com o intuito de observar se o estresse incidido afeta mais
diretamente a estrutura de suporte (osso), gerando reabsorção ou à estabilidade coroa-implante, devido
ao estresse transmitido ao parafuso protético.
CRITÉRIOS DA MECÂNICA DOS IMPLANTES: O que mudou?

Prof. Dr. Marcos Dias Lanza

Marcos Daniel S. Lanza

Complicações causadas por carregamento oclusal podem influenciar o

prognóstico das reconstruções protéticas parciais e unitárias. A carga oclusal

pode ultrapassar a capacidade de tolerância mecânica e biológica das próteses

ou dos implantes osseointegrados, causando falhas mecânicas ou falha na

osseointegração. Se isso ocorrer, a carga pode ser definida como sobrecarga.

O implante osseointegrado (anquilose funcional) tem contato direto com o osso,

isto é, ausência de ligamento periodontal, consequentemente, não existem

receptores periodontais, mas sim nociceptores ósseos (osseopercepção). Isso

influencia a sensibilidade táctil quando implantes orais são carregados

oclusalmente, sendo recobrada ao longo do tempo nas próteses implantosuportadas.

Complicações técnicas, como perda de algum componente da supra-estrutura

(parafuso do abutment e/ou da prótese), que podem tornar-se frouxos devido à

flexão e/ou momento de força, são relativamente comuns em overdenture

(média de 3,5%), no período de cinco anos, e média de 48% para próteses

parciais e/ou unitárias.

Estudos experimentais e clínicos indicam que a perda óssea marginal pode

estar associada com sobrecarga oclusal, principalmente em áreas de qualidade

óssea pobre. Tem sido sugerido que implantes com superfícies rugosas podem
ter um risco reduzido de falhas por sobrecarga devido ao aumento da área de

superfície de osseointegração, apesar da falta de existência de estudos

Professor do programa de Mestrado da PUC-MG; Professor Associado da FO-UFMG; Mestre

e Doutor em Reabilitação Oral FOB-USP; Mestre Implantodontia USC-Bauru.

Especialista e Mestre em Prótese Dentária.prospectivos demonstrando a direta relação entre estresse


oclusal (sobrecarga)

e perda da osseointegração dos implantes orais.

Complicações relacionadas aos fatores mecânicos, tal como perda e/ou

afrouxamento dos parafusos, estão diretamente relacionadas com a interface

abutment/implante, pela criação de micromovimentos entre as duas superfícies

quando carga extrema é aplicada. MAEDA E SATOH sugerem que fixações

com implante de hexágono interno apresentam uma maior e melhor distribuição

de forças que implantes de hexágono externo. Perda ou afrouxamento de

parafuso podem resultar em deslocamento da prótese, causando perda de

função. Isso ocorre mais freqüentemente nas restaurações unitárias

parafusadas em regiões posteriores em implantes de hexágono externo.

Concluiu-se que conexões de hexágono interno são clinicamente mais

favoráveis nas próteses unitárias e parciais.

As conexões do tipo Cone Morse apresentam alta resistência ao afrouxamento,

necessitando de torque 7 a 20% maior para que o parafuso afrouxe. Isso

ocorre devido ao travamento mecânico que existe entre o pilar e a parede


interna do implante, observando uma taxa de apenas 3% de afrouxamento do

parafuso em coroas unitárias.

Vários estudos têm tentado comparar a eficácia dos diferentes mecanismos de

conexão entre abutment e fixação. Nas próteses implanto-suportadas

aparafusadas, as várias cargas geradas concentram-se na maioria das vezes

nos parafusos de ouro, funcionando como dispositivo de segurança, sofrendo

fratura quando muito solicitado, o que diminui o estresse na interface implanteosso.

Dentre as complicações nos implantes de conexões de hexágono externo, que

acontecem com mais freqüência, estão a quebra e o afrouxamento do

parafuso, provocados por micromovimentos devido à altura do hexágono ser de 0.7mm, apresentando
uma menor resistência rotacional nos movimentos

laterais. Além disso, apresenta um microgap próximo ao osso, onde são

referidas situações de sobrecarga na plataforma do implante.

Foi observada uma taxa de afrouxamento de parafusos de 26 a 38% em coroas

unitárias em implantes de conexão de hexágono externo.

A conexão pilar implante, baseada no princípio da junta Morse, promove um

firme assentamento com transmissão das cargas funcionais diretamente para o

corpo do implante e deste para a estrutura óssea. Esse sistema é similar ao

cone Morse utilizado na engenharia mecânica, na qual qualquer encaixe cônico

entre duas estruturas metálicas, com ângulo igual ou menor que 8º, cria um

travamento por assentamento sob fricção. Esse processo necessita de um

torque de afrouxamento da interface cone/parafuso de 7 a 24% maior que o

torque de aperto, quando comparado à uma conexão retida por parafuso


simples, na qual o torque de afrouxamento é cerca de 10% menor que o torque

de aperto.

A partir de um trabalho de elementos finitos 3D, reporta-se que a conexão do

tipo cone Morse 8º é mecanicamente mais estável que a conexão de hexágono

externo. Concordando com este trabalho, foi relatada uma melhor resistência à

fadiga da conexão cone Morse em relação ao hexágono externo.

Entretanto, vantagens, desvantagens e a influência biomecânica ainda devem

ser melhor examinadas. Dessa forma, podemos concluir que, para evitar falhas

nas conexões, parâmetros clínicos e mecânicos são importantes para que

obtenhamos uma melhor previsibilidade na distribuição dos implantes e na

distribuição das cargas ao longo eixo axial controlado.

O desenvolvimento de uma interface mais estável modificou o direcionamento

profissional de problemáticas próteses parciais e unitárias aparafusadas, para um maior uso de próteses
cimentadas. Portanto, em um planejamento das

próteses unitárias, parciais e/ou múltiplas, devemos optar primeiro em escolher

o tipo de sistema de retenção ideal que melhor se adapte àquela situação

clínica (hexágono externo, hexágono interno, cone morse), e, dessa forma,

definir qual o tipo de prótese a ser confeccionada (cimentada e/ou

aparafusada), como fator decisivo de sucesso a longo prazo de uma prótese

fixa implanto-suportada.

Prof. Dr. Marcos Dias Lanza:

- Professor do programa de Mestrado da PUC-MG;

- Professor Associado da FO-UFMG;

- Mestre e Doutor em Reabilitação Oral, pela FOB-USP;


- Mestre em Implantodontia, pela USC-Bauru.

Marcos Daniel S. Lanza

- Especialista e Mestre em Prótese Dentária

Cone Morse: uma alternativa nas reabilitações

sobre implantes

Jornal Odontonordeste.com - Quais as vantagens

e desvantagens na utilização do sistema de implante

Cone Morse?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi -

Primeiramente gostaria de ressaltar que existem dois

modelos de implantes com este tipo de conexão: o implante de um estágio, em que não
há necessidade de um

segundo estágio cirúrgico para exposição e colocação

do abutment (exemplo: Straumann® – ITI Dental Implant System, Institut Straumann,


Waldenburg, Suíça);

e o implante de dois estágios, em que há necessidade

de um segundo estágio cirúrgico (exemplo: Ankylos®

– Dentsply Co., Mannheim, Alemanha). Nossa experi-

ência clínica está mais relacionada com os implantes de

dois estágios, por esse motivo todas as nossas respostas

estarão relacionadas a este tipo de implante.

Principais Vantagens:

• Ausência de microgaps na junção abutment/implante: o encaixe preciso da superfície


cônica minimiza o

risco de formação de fendas, evitando assim contaminação bacteriana.


• Melhor transmissão de força abutment/implante:

vários estudos comprovam que os maiores níveis

de tensão durante as forças oclusais encontram-se

localizados entre a superfície interna do implante e

a superfície do abutment (na conexão cônica), protegendo assim o parafuso de retenção


do abutment e

evitando sua fratura ou afrouxamento.

• Melhor estabilidade abutment/implante: será comentado na próxima pergunta.

Desvantagem:

Custo: esta é uma desvantagem relativa, pois ultimamente várias empresas nacionais
estão fabricando

seus implantes com conexão Cone Morse.

Mônica Studart Moreira - O Cone Morse é um sistema

de retenção interna do elemento protético sobre implante

que utiliza o atrito mecânico entre a superfície de contato

do componente protético e a parede interna do implante.

As paredes do abutment e do implante obedecem a uma

angulação que permite o maior contato possível entre as

paredes das duas estruturas, aumentando significativamente o nível de retenção da


prótese. O fenômeno Morse

é oriundo da indústria mecânica e tem sido utilizado há

muito pela implantodontia. Assim, pode-se dizer que a

retenção por Cone Morse é tão antiga quanto a do hexágono interno ou externo. É uma
retenção vantajosa,

que distribui melhor as forças nas paredes internas do


implante, e o gradiente de tensão na área cervical também é transmitido ao osso de
forma mais adequada.

Possui componentes de fácil manuseio de transferência e

replicação. Enfim, quando bem indicado é um excelente

recurso terapêutico. Entretanto, devemos estar atentos ao

fato de que para ocorrer o fenômeno de retenção Morse,

é necessária uma espessura mínima de diâmetro de mesa

de retenção. Também irá requerer uma espessura óssea

mínima para suportar um implante de pelo menos 4,0

mm. Isso significa que em regiões anteriores a aplicação

desse sistema deve ser criteriosa. Além disso, o implante

também deve estar muito bem posicionado para que

o abutment seja parafusado de forma a obedecer o

longo eixo do implante, ou seja, devem ser evitadas

angulações significativas.

Antonio Alberto De Cara - Vantagens mecânicas:

maior área de atrito abutment/implante; maior justeza abutment/implante; menor tensão


resultante

das forças oclusais no parafuso; maior espessura do

abutment na área de concentração de esforços (momento fletor).

Conseqüências: raramente o abutment, ou prótese,

solta-se do implante; baixa manutenção; ausência de

afrouxamento e fraturas de parafusos.

Vantagens biológicas: ausência de fenda abutment/


implante no nível ósseo; fenda única de implanteprótese; a prótese é inserida no sulco
gengival, afastada

da superfície óssea.

Conseqüências: ausência de odores e de inflamação

gengival perimplantar e muito menor perda óssea.

Desvantagens: a colocação correta do implante (posicionamento cirúrgico) é mais


crítica; o planejamento

cirúrgico/protético deve ser muito criterioso.

Ariel Lenharo: O Cone Morse é um conceito novo

na implantodontia, embora na mecânica seja usado

desde 1843 (Stephen A. Morse). Quando usado corretamente, tem como vantagens:
melhor distribuição de

forças, diminuindo a concentração de tensão; menor

probabilidade de afrouxamento dos parafusos de pró-

teses. Desvantagens: dificuldade de posicionamento

em restaurações múltiplas.

Lécio Pitombeira Pinto - Vantagens: teoricamente,

a conexão tipo “Cone Morse” seria impermeável ao

biofilme bacteriano, como se proporcionasse uma

“solda-fria”, um corpo único entre o implante e o pilar

protético, melhorando conseqüentemente a distribuição

e a transmissão das forças mastigatórias ao longo do

implante com o tecido ósseo, evitando o afrouxamento

de parafusos e aumentando a praticidade de encaixe


nos momentos de moldagem. Além disso, a possibilidade da utilização de pilares
protéticos que tenham

menor diâmetro que o dos próprios implantes afasta

a interface implante-pilar protético, região potencialmente contaminada com o biofilme


bacteriano do osso

perimplantar e que aumenta a espessura gengival nessa

região, potencializando as defesas naturais e reduzindo

a perda óssea perimplantar.

Desvantagens: custo relativamente maior e menor

domínio da técnica por parte dos profissionais, que

vai desde os técnicos de laboratório, representantes das

empresas de implantes até, e principalmente, os próprios

dentistas das diversas especialidades que exercem na

Implantodontia. Além disso, mesmo considerando os

vários lançamentos de pilares protéticos Cone Morse,

tais implantes geralmente são fechados apenas para a

utilização de componentes protéticos da sua empresa,

porque, apesar de parecerem idênticas, a conicidade

da conexão implante-pilar protético não é padronizada entre os fabricantes, impedindo o


intercâmbio de

componentes entre empresas. Por isso, a escolha da conexão tipo Cone Morse aumenta
a responsabilidade do

cirurgião-dentista, devendo este preferir empresas sedimentadas no “mercado”, pois


caso haja descontinuidade

do fabricante, a reabilitação do caso poderá ser inviável,

mesmo que os implantes estejam osteointegrados.


Por Israel Correia de Lima

O jornal da ABO-CE ouviu a

opinião de renomados especialistas para explicar as

vantagens, desvantagens,

grau de confiabilidade, procedimento de moldagem e

os cuidados que o profissional tem que ter quando da

utilização deste sistema.

4Cone Morse ::

Jorge Mulatinho - Inúmeras são as vantagens do

Cone Morse, das quais cito algumas: kit reduzido; cirurgias mais rápidas e menos
traumáticas; facilidades

protéticas; rapidez e precisão.

Ricardo Teixeira Abreu - Atualmente as conexões

entre implante e prótese podem ser classificadas em

externa e interna, sendo esta última podendo apresentar

um sistema anti-rotacional convencional ou sistema

chamado Cone Morse. Com a evolução da engenharia

na implantodontia e a observância e entendimento da

resposta biológica aos diversos formatos de plataformas

de implantes, verificou-se que o melhor desenho de

plataforma de implante deveria ser de conexão interna

associando um sistema anti-rotacional convencional ao

sistema Cone Morse. As conexões morse, por não necessariamente apresentarem


encaixe entre duas plataformas
planas, diminuem consideravelmente a possibilidade de

haver desajuste entre componente protético e implante,

proporcionando assim um ótimo selamento, diminuindo a possibilidade de


contaminação bacteriana nesta

região e o afrouxamento e fadiga da prótese (melhor dissipação das tensões e cargas


oclusais), que podem levar

a complicações à prótese após sua instalação. Este tipo

de encaixe apresenta melhor relação com o componente

protético e reduz a saucerização, o tecido periimplantar

formado apresenta semelhança com a gengiva, tem

menor potencial à perda óssea marginal e garante a

otimização da carga imediata para casos estéticos.

No entanto, estes implantes apresentam menor versatilidade de componentes protéticos


em relação aos implantes de hexágono externo devendo haver maior precisão

na preparação do leito cirúrgico e maiores cuidados

durante a instalação dos implantes, devendo haver bom

planejamento pré-cirúrgico, o que pode ser facilitado

com a melhoria da tecnologia de planejamento.

Jornal Odontonordeste.com - Qual o grau de confiabilidade?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi - O

grau de confiabilidade desta conexão é bastante elevado,

pois na conexão Cone Morse o abutment é mantido ao

implante pelo parafuso e adesão por atrito, com travamento mecânico (travamento
friccional) da superfície

interna do implante com a superfície do abutment. Esse


travamento mecânico permite que o abutment tenha

uma perda de pré-carga extremamente reduzida, diminuindo a possibilidade de


micromovimentação durante

as cargas, de forma a não sobrecarregar o seu parafuso

de retenção. Todas essas características proporcionam à

conexão Cone Morse uma maior estabilidade, quando

comparada a outras conexões disponíveis no mercado.

Mônica Studart Moreira - O grau de confiabilidade

de um produto médico ou odontológico está relacionado à idoneidade da empresa que o


fabrica e aos

trabalhos científicos publicados sobre as pesquisas

desenvolvidas com o recurso. Em relação ao sistema

“Cone Morse”, podemos dizer que é confiável porque

existem empresas que desenvolvem estudos mecânicos e clínicos, sendo os resultados


satisfatórios.

Antonio Alberto De Cara - Confiabilidade: pesquisas

clínicas apontam o sucesso clínico em mais de 90%

dos casos em dez anos, mesmo em áreas estéticas.

Ariel Lenharo - Confiabilidade Clínica: é total, desde

que o profissional esteja embasado tecnicamente

nos aspectos biológicos e biomecânicos e faça um

planejamento protético reverso no critério de seleção

quanto a diâmetro e comprimento.

Confiabilidade mecânica: alto grau de confiabilidade

por causa da robustez mecânica do projeto.


Lécio Pitombeira Pinto - Se considerarmos a literatura científica e não apenas o
“marketing” das empresas

de implantes, a confiabilidade na conexão Cone Morse

está diretamente relacionada à qualidade do seu respectivo fabricante. Em uma


dissertação de mestrado

defendida recentemente, disponível na íntegra na

Internet, foi avaliado in vitro o grau de adaptação de

implantes de diferentes marcas brasileiras a diferentes

pilares protéticos, bem como seu efeito na infiltração

bacteriana (DIAS, 2007). Contraditoriamente, o maior

grau de não adaptação e de infiltração bacteriana

foi encontrado na conexão tipo Cone Morse, em

contraste com os melhores resultados encontrados

em conexões tipo hexágono externo. Além disso,

esses melhores e piores resultados foram produzidos

pela mesma empresa, que na época do experimento

lançava seus primeiros implantes com Cone Morse

no mercado. Assim, considerando que a qualidade

da conexão é um quesito técnico de responsabilidade

eminentemente do fabricante, saliento novamente a

responsabilidade do cirurgião-dentista na escolha

do sistema de implantes, baseado em publicações

científicas que comprovem pelo menos cinco anos

de pesquisa clínica.
Ricardo Teixeira Abreu - A confiabilidade na

implantodontia é consensual. Já a confiabilidade

no sistema depende principalmente do processo

de fabricação e da continuidade da produção de

peças de reposição. A escolha de um sistema Cone

Morse, devido as suas características, é a tendência

para a implantodontia em curto prazo. Como cada

fabricante apresenta um desenho específico, a confiabilidade do sistema Cone Morse


deve-se levar em

consideração as certificações de qualidade do fabricante e a confiança de que haverá


peças protéticas

de reposição nos anos seguintes.

Jornal Odontonordeste.com - Qual a chance de esses

componentes se soltarem?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi - Essa

é uma pergunta bastante complexa. Em nossa clínica

utilizamos este sistema há quase dez anos, e durante este

tempo tivemos poucos casos de afrouxamento do abutment e nenhum caso de fratura do


parafuso de retenção

do abutment. Também, com o intuito de responder a

esta pergunta, realizamos recentemente um estudo em

parceria com o Departamento de Materiais Dentários

da Faculdade de Odontologia da Universidade de São

Paulo. O objetivo foi avaliar o torque de afrouxamento de

abutments sólidos conectados a implantes de dois estágios


com conexão Cone Morse em relação à condição inicial

do torque de apertamento de 25 Ncm, após ensaio de

ciclagem mecânica. Foram formados dois grupos (n=10),

quais sejam: grupo A (Implantes Ankylos® unidos a abutments Standard retos); grupo
C (Implantes Conexão AR

Morse® unidos a abutments Speed sólidos retos). Para a

realização da ciclagem mecânica, os abutments foram

apertados com torque de 25 Ncm e reapertados após 10

minutos. Todas as amostras foram submetidas a 345.600

ciclos (equivalente a 14 meses de mastigação) em uma

máquina de ensaio. Imediatamente após o término dos

ciclos, o torque necessário para o afrouxamento dos

abutments foi aferido. Como resultado, tivemos que: a

média do torque de afrouxamento do grupo A (Ankylos®)

ficou 9,6% acima do torque de apertamento preconizado

pelo fabricante, e a média do torque de afrouxamento

do grupo C (Conexão AR Morse®) ficou 7,6% acima do

torque de apertamento do preconizado pelo fabricante.

Com os dados clínicos e este estudo, podemos afirmar

que as chances de os componentes se soltarem são bem

menores que nos outros sistemas.

Mônica Studart Moreira - A soltura de um componente pode representar a defesa


biomecânica da

unidade de ancoragem. A fixação de um elemento


protético sobre implante sempre utiliza um parafusamento, mesmo as coroas
cimentadas. Se pensarmos

nesse parafuso, que possui dimensões milimétricas,

dentro de um universo estomatológico de forças horizontais e verticais, hábitos


parafuncionais presentes e

adquiridos, forças musculares e mastigatórias, poderí-

amos concluir que soltar componentes é sinal de que

algo não vai bem. O sistema que não solta, quebra.

Antonio Alberto De Cara - A chance de os componentes se soltarem, desde que o torque


correto tenha

sido aplicado, é praticamente nula.

Ariel Lenharo - Os componentes protéticos apresentam um efeito de adaptação anti-


rotacional, com

parafusos de retenção adequada à sua necessidade

funcional. O não soltar parafuso é multifatorial, torque

5adequado, parafunção, contato prematuro, interferência oclusal etc. Portanto, seguindo


todo o protocolo,

as chances são mínimas.

Lécio Pitombeira Pinto - Devido ao aumento da estabilidade propiciada pela fricção


mecânica na interface

cônica implante-pilar protético, impedindo, inclusive, a

rotação do abutment sem a necessidade de polígonos

na conexão, a força para o afrouxamento do parafuso

protético em conexões Cone Morse pode ser de 10 a 20%

maior que a força utilizada para o aperto do parafuso, já


que nas outras conexões a força para o destorque é geralmente 10% menor que a força
para o aperto (SUTTER

et al, 1993). Isso diminui as chances de os componentes

se soltarem. Entretanto, mesmo em empresas pioneiras

na produção da conexão Cone Morse, há relatos de

afrouxamento do pilar protético numa ordem de 3,7%

e de afrouxamento do parafuso oclusal de 8,7%, em

próteses unitárias submetidas a cargas funcionais de pelo

menos seis meses sob tal conexão (LEVINE et al, 1997).

Não se pode deixar de citar a importância da aplicação

do torque de apertamento recomendado pelo fabricante

para se minimizar as chances de afrouxamento.

Jorge Mulatinho - Se forem seguidas as normas de aperto

e torque, os componentes protéticos não se soltarão. Vale

salientar que se houver necessidade de remoção, um dispositivo especial solta o


componente com facilidade.

Ricardo Teixeira Abreu - O sistema Cone Morse no

desenho que encontramos hoje é bastante confiável.

Problemas encontrados em outros tipos de encaixes

foram melhorados com a experiência adquirida ao

longo dos anos. O sistema Cone Morse atual associa

além das características apresentadas pelos outros

sistemas como anti-rotacional e travamento por

parafuso, o ajuste e a fricção proporcionada pelo


Cone Morse, que são consideráveis ferramentas para

impedir o afrouxamento dos pilares protéticos.

Jornal Odontonordeste.com - Quais são os procedimentos para a moldagem?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi -

Como na maioria dos sistemas de implantes podemos

moldar os implantes e/ou os abutments, nós preferimos selecionar e instalar os


abutments diretamente na

cavidade bucal, e em seguida transferi-los. Apesar de a

maioria dos sistemas já possuir copings de transferência pré-fabricados, nós optamos


por confeccioná-los

em resina acrílica Pattern Resin (GC Corporation,

Tóquio, Japão). Esses copings são adaptados sobre

os abutments e capturados pela técnica da moldeira

fechada com dupla mistura (silicone densa e regular),

depois da moldagem os análogos dos abutments são

conectados e o modelo de trabalho vazado.

Mônica Studart Moreira - Os procedimentos de impressão seguem os mesmos padrões


da prótese sobre implantes convencionais, utilizando transferentes e réplicas.

Antonio Alberto de Cara - Para moldagem não necessitamos de segunda cirurgia. Basta
remover o cicatrizador,

encaixar os componentes plásticos de transferência (transfers) para moldeira fechada e


moldar com silicone de

adição em tempo único, pesado e leve simultaneamente.

Podemos afirmar seguramente que os procedimentos de

moldagem do sistema de conexão morse estão entre os

mais simples de todos os sistemas disponíveis.


Ariel Lenharo - Procedimentos para moldagem semelhantes aos dos sistemas
tradicionais: moldagem

de transferência direto do implante ou intermediário,

como mini-abutment, abutment cônico ou cimentado,

podendo utilizar ainda transferentes de moldeira

aberta e fechada.

Lécio Pitombeira Pinto - Após a instalação do pilar

protético, os procedimentos para a moldagem serão os

mesmos utilizados nas demais conexões. No entanto, se a

intenção é moldar o próprio implante, esta transferência

da sua posição tridimensional tende a ser mais fácil com

a utilização da conexão Cone Morse, por não depender

do encaixe entre polígonos (hexágonos, octógonos etc.)

para a perfeita moldagem, sendo o assentamento entre

dois corpos cônicos mais fácil, auto-direcionado.

Jorge Mulatinho - Muito simples. Os próprios munhões

com ombro podem ser utilizados para moldagem sem

necessidade de removê-los da boca. Se o profissional

quiser moldar na técnica convencional dos implantes,

também existem componentes para transferência de

moldeira fechada e moldeira aberta.

Ricardo Teixeira Abreu - Os procedimentos para

moldagem foram bastante simplificados. Além da

facilidade de encaixe dos transferentes e componentes


protéticos evitando o famoso “gap” que aparecia quando os pilares não encaixavam no
hexágono externo,

os transferentes de encaixe rápido reduzem bastante

o tempo clínico e a complexidade nas moldagens.

Jornal Odontonordeste.com - Quais os cuidados

que o profissional deve ter quando da utilização

deste sistema?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi -

Além dos cuidados que todo implantodontista deve

ter ao indicar o tratamento com implantes dentários, o

profissional deverá: selecionar adequadamente os casos,

número e localização das fixações, qualidade e quantidade

óssea, expectativas do paciente em relação ao prognóstico,

entre outros; uma especial atenção deve ser dada à oclusão

do paciente, pois, como relatado anteriormente, a conexão

Cone Morse apresenta uma maior estabilidade, porém,

caso uma força de maior magnitude incidida em um implante, pode ser que esta
conexão seja capaz de suportá-la

sem que ocorra um afrouxamento do abutment, todavia

esta força se dissipará ocasionando problemas como perda

óssea e disfunção temporomadibular.

Mônica Studart Moreira - Domínio das técnicas,

tanto na fase cirúrgica quanto na fase protética.

Antonio Alberto De Cara - Independentemente do


implante utilizado, o profissional deve ser habilitado e

conhecer muito bem o sistema com o qual irá trabalhar. O

correto planejamento protético e cirúrgico é fundamental.

A avaliação criteriosa clínica e radiográfica das estruturas

duras do sítio implantar e adjacências, no que diz respeito à

altura e largura óssea, é fator de extrema importância para

o sucesso. O tipo de recobrimento gengival, a espessura e a

quantidade de tecido mole disponível também são fatores

decisivos no resultado estético.

Ariel Lenharo - Os cuidados com os implantes Cone

Morse é de adequação da técnica cirúrgica, similar a

outros tipos de implantes. O profissional deve tomar cuidado com relação à melhor
distribuição e alinhamento

do implante durante a fase de preparação do alvéolo. O

implante deve ser colocado infra-ósseo de 1 a 2 mm.

Lécio Pitombeira Pinto - Inicialmente, deve-se conhecer bem o sistema escolhido.


Assim será possível

adquirir todo o instrumental exclusivo e imprescindível

para a utilização da conexão Cone Morse, como montadores, cicatrizadores,


transferentes, análogos, chaves,

além do arsenal de pilares protéticos oferecidos especificamente para o sistema. Além


disso, toda a equipe

envolvida no tratamento, incluindo os TPDs, ACDs,

protesistas e cirurgiões, deve passar por um processo

de adaptação ao novo sistema. Outra recomendação é


a pesquisa por comprovação científica de pelo menos

cinco anos de pesquisa clínica com implantes Cone

Morse do sistema escolhido, para se evitar utilização

de conexões de baixa qualidade produzidas durante a

curva de aprendizagem da empresa.

Jorge Mulatinho - Excetuando os cuidados gerais

aplicados a todos os sistemas de implantes, pela facilidade cirúrgica e protética, o


profissional deverá certificar-se do aperto correto dos componentes protéticos

que ficaram permanentemente nos pacientes.

Ricardo Teixeira Abreu - A evolução da implantodontia trouxe consigo uma série de


benefícios para a

odontologia. Houve uma notável melhoria nos sistemas

de planejamento e imagens; materiais e técnicas cirúrgicas; e materiais e técnicas em


próteses e laboratórios

6 :: Cone Morsede prótese. Tudo isso proporcionou a possibilidade de

simplificação dos produtos para implantodontia e uma

diminuição da variedade de componentes protéticos.

Portanto os principais cuidados que o profissional

deve ter quando da utilização desse sistema, além de

todos os cuidados convencionais, são os relacionados

ao posicionamento do implante, devendo haver maior

precisão na preparação do leito cirúrgico e maiores

cuidados durante a instalação dos implantes.

Jornal Odontonordeste.com - É possível afirmar que

os atuais sistemas tipo Cone Morse para conexões


protéticas dos implantes osseointegrados tornaram

muito mais previsíveis, duradouras e menos complexas as reabilitações sobre


implantes?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi -

Sim. Os fabricantes têm desenvolvido constantemente

novos implantes e componentes com a finalidade

de melhorar a adaptação entre abutment/implante e

estabelecer uma interface mais estável. Não estamos

com isso condenando os outros sistemas existentes,

mesmo porque fazemos uso deles na clínica diária,

porém, nos casos em que a estabilidade da conexão

é um fator indispensável (restaurações unitárias), o

nosso sistema de escolha é o Cone Morse.

Mônica Studart Moreira - Podemos dizer que, estatisticamente, todos os sistemas de


fixação existentes

no mercado, quando são de qualidade e quando utilizados corretamente, funcionam


muito bem. O sistema

Cone Morse é uma opção que apresenta propriedades

biomecânicas adicionais.

Antonio Alberto De Cara - A previsibilidade de

sucesso depende de uma gama de fatores que devem

ser muito bem avaliados pelo profissional. As grandes reabilitações sobre implantes não
têm grande

dependência do tipo em si do implante, haja vista

que, com vários implantes, independentemente do


tipo de conexão, a assimilação da carga funcional fica

mais distribuída ao longo de toda a peça protética e,

conseqüentemente, sobre todos os implantes. Penso

que a grande diferença do morse se faz notar quando

utilizamos implantes para coroas unitárias. Nessa condição o morse é capaz de resistir a
forças tangenciais

e torsionais a que estão sujeitos dentes individuais

sem risco de afrouxamento ou quebra do parafuso.

A reabilitação com implantes envolve procedimentos

de grande complexidade, qualquer que seja o sistema

utilizado. O sistema de implantes não a torna mais

ou menos complexa. Torna, isso sim, mais fácil de

executar e mais previsível.

Ariel Lenharo - Em absoluto, o Cone Morse e seus

componentes protéticos são opções a mais, para melhor selamento biológico, menor
reabsorção óssea,

maior estabilidade, porém é impossível viabilizar

previsibilidade superior a outros implantes.

Lécio Pitombeira Pinto - Receio concordar com

tal afirmação. As conexões Cone Morse têm como

principal indicação as próteses unitárias cimentadas, porque após o torque o


componente protético

dificilmente se afrouxará. Acredito que no Brasil “a

velha e conhecida” conexão tipo hexágono-externo

ainda terá muito “tempo de vida”, se considerarmos


que nestes mais de 40 anos de osteointegração esta

sempre foi a conexão mais utilizada, estudada e conhecida (conceito de padrão-ouro),


com milhões de

implantes instalados e em função atualmente. Como

falamos anteriormente, são inúmeras as vantagens

biomecânicas das conexões Cone Morse sobre as

outras conexões e, apesar da Implantodontia ser

uma especialidade de evolução extraordinariamente

rápida, tais mudanças de paradigma precisam de

considerável prazo de tempo.

Jorge Mulatinho - Sim. É inequívoca a opinião geral

dos implantodontistas sobre as vantagens cirúrgicas

e protéticas do sistema Cone Morse.

Ricardo Teixeira Abreu - Pela associação das melhores características observadas em


cada plataforma de

implante, os sistemas tipo Cone Morse apresentados

hoje parecem mostrar excelente prognóstico e a experiência adquirida durante anos de


acompanhamento

clínico e estudos biomecânicos tornaram as reabilitações em implantodontia menos


complexas desde

a fase de moldagem à instalação e manutenção das

próteses, simplificando a fase de seleção e instalação

de componentes protéticos.

Jornal Odontonordeste.com - Mais alguma consideração?

Ricardo Padilha Fortes/Wander Célio Kobayashi -


Não.

Mônica Studart Moreira - Estamos ministrando na

ABO-CE, juntamente com os professores Vicente

Mauro Neto e André Soratto, um Curso de Técnicas

Avançadas e Reciclagem para Especialistas em Implantodontia, no qual o dentista tem a


oportunidade de

instalar implantes que utilizam este sistema de retenção.

A equipe vem realizando um acompanhamento clínico

e radiográfico em aproximadamente 40 pacientes que

receberam cerca de 120 implantes com o sistema Cone

Morse, e os resultados têm sido satisfatórios.

Antonio Alberto De Cara - Finalizando, eu arriscaria prever que daqui a três ou quatro
anos nós,

implantodontistas, só usaremos morse para implantes

unitários, pela simples razão de que é o único que

resiste a forças tangenciais e torsionais sem induzir

maiores tensões no parafuso. Adicionaria ainda que

a ausência de inflamação perimplantar e a perda

óssea reduzidíssima são as grandes responsáveis pela

manutenção da estética no longo prazo.

Ariel Lenharo - Há muitos tópicos a serem discutidos

a respeito dos implantes tipo Cone Morse, desde testes

em laboratórios submetidos à tensão, ciclagem, elementos finitos até acompanhamento


clínico e radiográfico
de casos, sendo necessários mais subsídios, principalmente de multicentricos, para
definir conceitos.

Lécio Pitombeira Pinto - A conexão tipo hexágonoexterno foi feita com o intuito de
apenas ajudar na

condução do implante ao leito cirúrgico, sem a inten-

ção de ser anti-rotacional, considerando que, na época

em que foram idealizados os implantes, estes eram

recomendados apenas para casos de próteses tipo

protocolo Brånemark. Se considerarmos as paredes

das conexões hexagonais paralelas, a mínima diferen-

ça entre tais superfícies é necessária para se permitir

o assentamento total entre os polígonos. No entanto,

este mesmo espaço na interface implante-pilar protético favorece o desenvolvimento e o


acúmulo do

biofilme bacteriano, que pode resultar em inflamação

dos tecidos perimplantares.

Estudos in vitro e in vivo (QUIRYNEN et al, 1994; JANSEN, CONRADS, RICHTER,


1997; HERMANN et al.,

2001) demonstraram a contaminação da porção interna

de implantes osseointegráveis por bactérias. Considerando o biofilme bacteriano como


um importante fator

etiológico da perimplantite, a infiltração bacteriana poderá

afetar a evolução do tratamento e interferir no sucesso em

longo prazo dos implantes osseointegráveis. Uma adapta-

ção inadequada entre o implante e o pilar protético pode

ser considerada um fator de risco similar às restaurações


dentárias mal adaptadas, podendo levar a alterações clí-

nicas e microbiológicas nos tecidos perimplantares. Além

disso, esta não adaptação permite micromovimentos do

pilar protético quando submetido a cargas funcionais,

representando um risco biomecânico por submeter o

conjunto a cargas indesejáveis e podendo resultar em

afrouxamento ou fratura do parafuso protético, fratura

do próprio corpo do implante ou, ainda, favorecer a

perda óssea perimplantar conhecida como saucerização

(GROSS, ABRAMOVICH, WEISS, 1999). Esses fatores

podem resultar no comprometimento estético e funcional

dos implantes osseointegráveis ou mesmo na perda da

osseointegração. A conexão tipo Cone Morse representa

a possibilidade de otimização de tais problemas. Apesar de

implantes com tais conexões estarem disponíveis e serem

preponderantes no mercado estrangeiro há décadas, a

logística e os custos de importação não permitiram a

Cone Morse :: 7socialização desses benefícios no mercado nacional. Nos

últimos dois a três anos, todas as grandes empresas brasileiras de implantes começaram
a disponibilizar sistemas

com tal conexão. Acredito que o momento é de mudança

e que as empresas e todos nós, os profissionais envolvidos

com a Implantodontia, estamos iniciando uma curva de

aprendizagem. O tempo confirmará tais suspeitas.


Jorge Mulatinho - Uma pesquisa de opinião realizada

entre profissionais que utilizavam outros sistemas e

que passaram para o sistema Cone Morse revelou que

a maioria (92,43%) declarou estar muito satisfeita

com o sistema.

Ricardo Teixeira Abreu - Quando se leva em consideração o tratamento com seres


humanos, a ciência

sempre deve ser cautelosa e conservadora para evitar

riscos à saúde e erros que levem a danos a integridade

do paciente. Em relação ao implantes osseointegrávies

não há dúvida de sua indicação. E é exatamente por

isso que sempre deverá haver dúvida de quando indicar um sistema de implante para o
paciente. Devemos

sempre levar em consideração que o implante ficará

em função por muitos anos, mas que a prótese deverá

ser substituída eventualmente. Para isso, quando da

seleção do implante e seu sistema de encaixe devese escolher um sistema confiável de


um fabricante

confiável. O sistema de encaixe interno tipo Cone

Morse associado a um sistema anti-rotacional parece

ser um sistema confiável e escolha para a substituição

do famoso e aparentemente insubstituível sistema

“Hexágono Externo”. Nós, cirurgiões-dentistas devemos estar sempre atualizados para


oferecer aquilo

que existe de melhor aos nossos pacientes e não


ficarmos presos a uma técnica ou sistema por plena

comodidade profissional. No entanto, devemos ser

bastante conservadores quando tratamos de reabilitações com prognóstico duradouro e


sermos céticos

as propagandas comerciais. Como diria o Prof. Dr.

Luiz Marins... Pense nisso!

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